História Trouble Maker (yoonseok) - Azul é a cor mais quente?

Assim que recebi a tal mensagem de Namjoon liguei imediatamente antes de Hobe voltar. Combinamos de nos encontrarmos em sua casa no dia seguinte para que tudo fosse explicado para mim. E aqui estou eu, na casa que de humildade não tem nem o banheiro, de Namjoon.

—Você mora sozinho aqui?—.

Não pude deixar de perguntar assim que passei pela porta. Também não pude deixar de pensar em quão solitário seria morar naquele castelo real, sozinho.

—Digamos que sim, mas agora Jimin passa mais tempo aqui do que em sua própria casa então é difícil eu ficar completamente sozinho—.

Esse foi de longe o maior diálogo que já tivemos sem palavrões no final, estava surpreso por isso.

Lancei um olhar do tipo “hm entendi” para o mais velho que continuou andando pelos cômodos comigo atrás, como uma sombra.

Claro que não era algo que eu queria, no mínimo um metro de distância desse pervertido era tudo que eu desejava, mas e o medo de me perder ali dentro e ter que viver para sempre isolado no piso frio e bem lustrado da grande casa? Okay, talvez eu esteja sendo muito dramático, mas foco no caminho já era o bastante para não me perder. Talvez se eu jogasse migalhas de pão pelo chão... Min Yoongi, concentra.

—Ta’ tudo bem?—. Perguntou o moreno se virando para me encarar.

—Sim, só estava... admirando a sua casa, é realmente bonita—.

O moreno sorriu e abriu uma porta, esta que eu mal percebi estar ali a pouco tempo atrás.

—Ah, obrigado, trabalhei muito para tê-la, resultado de muito esforço—. Disse parecendo orgulhoso.

Muito esforço? Ata, na conta desse daí entra dinheiro igual água, que eu sei.

O mais velho adentrou no cômodo e segurou a porta para que eu entrasse em seguida. Vendo que se tratava de uma sala, provavelmente uma mais particular sem ser as de visita que já havia visto pelo caminho, segui até o sofá e me sentei sem precisar de um convite.

—Eu vou acordar Jimin, já esclareço tudo para você—. Disse pegando um telefone branco ao lado do sofá ao qual estava sentado.

Pelo amor, deixe o filho de Satã dormir. Eu não me importo.

—Minnie? Bom dia amor, você pode vir até a sala de TV? – Um silêncio se fez no cômodo, provavelmente estava escutando a resposta do garoto. —Tudo bem, ah, Yoongi está aqui. Eu sei, Jimin, já conversamos sobre isso. Venha logo—. Retirou o aparelho da orelha e encerrou a ligação.

—Então. –Pigarreou. —Você sabe que eu não pretendo fazer nada pequeno ou discreto não é?—.

Assenti juntando as mãos sobre os joelhos.

—Pois bem, a festa vai ser aqui mesmo e terá o tema de festa a fantasia, é clichê? Sim, mas acho que seria bem legal. E Hoseok é alguém muito importante para mim, não vou medir esforços para ser a festa do ano, portanto, conto total e inteiramente com você—.

—Tudo bem, só me diga o que quer que eu faça, farei por Hoseok—. Soltei sem pestanejar.

O mais velho massageou as têmporas e piscou lentamente.

—Olha Yoongi, eu sei que não começamos muito bem, pelo menos pelo seu lado da coisa. Também tem todo o lance com Jimin agora e tal, tudo começou a problematizar. Eu não quero problematizar okay? Paz e amor, pelo menos até a festa—.

—Tudo que eu menos quero é problematizar Namjoon, vai por mim, só... me diz o que precisa que então eu faço numa boa—. Sorri simplista.

Eu não esperava construir uma amizade com Namjoon, não que eu acredite inteiramente que ele não preste. Mas minha mãe sempre me aconselhou a ficar longe desse tipinho.

A porta ao meu lado se abriu e um Jimin ainda de pijamas adentrou a sala, encostando a porta e rumando até o moreno. Selou seus lábios nos dele e aconchegou sua cabeleira ruiva no colo do maior. Ignorando completamente a minha presença.

Não sabia se isso era, de alguma maneira, bom ou ruim.

—Desculpe te acordar cedo depois da corrida de ontem, você merecia dormir até tarde como prêmio—.

Disse Namjoon afagando os dedos sobre os fios ruivos desbotado.

—Tudo bem, meu maior prêmio já ta' aqui—. Falou sorrindo e fazendo o moreno sorrir também.

HELLO EU NÃO VIM AQUI PARA SER UMA TOCHA OLÍMPICA, VIM?

Pigarreei fazendo Namjoon se tocar do quanto eu estava deslocado ali dentro. O mais velho sussurrou um “Desculpe” em minha direção e se levantou fazendo Jimin deitar-se sobre o estofado do sofá.

—Alguns dos convites já estão prontos, a ideia foi totalmente de Jimin, vou pegar alguns para te mostrar—.

Antes que eu dissesse algo o mais velho já estava saindo da sala, deixando o caminho livre para Jimin arrancar, a qualquer momento, uma arma do seu pijama de gatinho e atirar na minha cara. Bom, pelo menos era tudo que eu esperava que poderia acontecer.

O garoto se remexeu no sofá e pegou seu celular no bolso esquerdo.

—Não sabia que estava correndo—. Disse indiferente, olhando para a decoração do lugar.

Tudo era em um tom branco, com exceção da lareira de pedras escuras na mesma parede que a grande TV, que mais parecia um telão. As grandes janelas de vidro clareavam o local com os raios do começo do dia e em cima delas, persianas romanas, também brancas tampavam um pouco da luz do sol. Tornando o ambiente fresco e não muito claro.

—Sim, estou—. Respondeu o mais novo, após um bom tempo. —É legal, também é algo que você nunca faria—.

—Como é?—. Perguntei um pouco ofendido, mas sem demonstrar isso.

—Qual é, Yoongi, banca o rebelde mas é o mais sem atitude do grupo—.

Ri soprado, não poderia acreditar no que os meus ouvidos estavam sendo sujeitados a ouvir.

—Claro, até por que não era eu quem sempre levava o grupo todo para as festinhas, sempre pagava as bebidas de vocês por que era o mais velho e tinham medo da mamãe de vocês descobrirem. Me economiza Park Jimin porque eu sempre fiz muito por vocês terem medo —.

—Eu duvido que você tenha essa coragem toda na frente de um volante—.

—Você está me desafiando?—.

Ajeitei-me no sofá, encarando o ruivo.

—Talvez eu esteja—.

Jimin se levantou e sentou-se no estofado, apoiou os cotovelos nas coxas e fixou o olhar em mim e eu acabei por copia-lo. Ficamos assim por um tempo, apenas analisando um ao outro em silêncio.

—Certo, eu aceito—.

Voltei ao encosto do sofá e segui com os olhos quando Namjoon estava de volta ao cômodo com uma caixa escura em mãos. O moreno se aproximou e deixou a caixa em meu colo, voltando a sentar ao lado do ruivo.

Abri a caixa escura de madeira e analisei os convites. Todos em cor preta com um selo animado, alguns eram vampiros, zumbis e outros eram selos de múmias e caveiras.

Se não fosse ideia de Jimin eu até estranharia.

—Não está um pouco infantil para Hoseok?—.

Não que eu não tenha gostado, estava divertindo. Mas não deixaria oportunidade alguma de irritar Jimin passar. Não mais.

—A princípio eu também pensei nisso, mas vamos lá, é uma a fantasia, tem tema mais infantil para festas?— Disse o mais velho.

Pelo jeito o pobre pervertido não ia a festas fantasias a no mínimo um século. Das festas que eu já compareci, a palavra “infantil” não fez nem uma visitinha rápida pelo lugar.

—Namjoon, você quer mesmo que eu fale o que estou pensando?—.

—Claro Yoongi, eu te chamei para isso—.

—Primeiramente, quem usa convite nesse século? Você já ouviu falar em rede social? Grupos nos chats? Pense na economia de convidar centenas de pessoas pela internet ao invés de centenas por convite, gastaria tempo e muito dinheiro, sei que isso é o de menos para você, mas pense bem—.

O moreno pareceu pensar sobre o assunto e assentiu percebendo que havia lógica em minhas palavras.

—Em segundo lugar, se tem uma coisa que não tem em festas a fantasia, essa coisa é infantilidade. A menos que seja uma festa infantil. Mas quando o assunto são jovens-adultos, eles viriam pelados se pudessem. Grandes festas são sinônimos de bebedeira e pegação, parece até que você não sai de casa Namjoon—.

O mais velho sorriu, novamente eu me via com razão.

—Isso me fez mudar completamente o que havia pensado para a festa, a decoração em si, tudo—. Disse passando a mão sobre o rosto.

—E outra, estamos no começo do ano, mesmo que esse tema seja clichê, já estamos fora dos padrões de uma festa clichê a fantasia, já que normalmente essas acontecem próximo ao Halloween. Agora se quer que seja A festa do ano ai sim precisamos de diferenciais—.

—Min Yoongi é um gênio—. Falou o moreno, recolhendo os convites e deixando a caixa de lado.

Em momento algum Jimin entrou no assunto, a menos que o mais velho perguntasse sobre algo. A princípio eu percebi o desapontamento do ruivo pelos convites, mas acha que eu, Min Yoongi genius, deixaria a festa do meu Hobe ser um fracasso? Isso nunca.

                      •°•°•°•°•♦

Após terminarmos de discutir sobre a festa e toda a decoração, voltei ao apartamento para encontrar com Hobe. Havia saído cedo para que o mesmo não fizesse perguntas, apenas deixando um recado ao lado de sua cama, avisando que precisava encontrar com os garotos do colégio. Não que isso fosse mentira, eu realmente os encontraria essa manhã mas antes veria Namjoon.

Abri a porta e andei pelos cômodos a procura do mais velho, queria o abraçar e dizer o quanto estava feliz pela noite anterior, mesmo ainda com dor, não conseguia me arrepender de nada.

Ao notar que o moreno não estava no apartamento, fui ao local onde havia deixado o recado de mais cedo e pude ver a letra redonda e bem feita do mais velho no mesmo papel que a minha.

_______________Nota__________________

Yoonie, Nam me ligou e pediu para que eu fosse a trabalho para Las Vegas, volto daqui algumas horas. Me liga se sentir saudades.

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Las Vegas Namjoon, sério? Não poderia mandar meu Hobe para Disney? Porra.

Voltei a andar até a porta e saí, sabendo que provavelmente o mais velho chegaria tarde e eu chegaria antes dele.

Atravessei a cidade indo até a casa de Jungkook, combinamos de faltar ao colégio já que eu precisava retocar o cabelo e essa era uma especialidade de Taehyung, ninguém mexe no meu cabelo se não o deus da tintura Kim Taehyung.

Bati incessantemente na porta até ser atendido, sem me preocupar com os pais do mais novo já que os mesmos estavam no trabalho. Logo a cabeleira escura abriu a porta me recebendo com um abraço de lado e um sorriso da parte de Tae que estava no sofá com Jimin.

—Não sabia que ele estaria aqui, já não basta ter que ver a cara dele logo cedo uma vez?—. Disse para Jungkook que me arrastava até o sofá.

O moreno bufou, seguido por Tae que revirou os olhos.

—Parecem crianças da pré escola—. Disse Tae.

Se ele soubesse que Jimin quase atirou em mim, com certeza veria que a briga estava um pouco pior do que as das crianças da pré escola.

—Mas vamos para o que interessa, hun? Trouxe a tinta?—.

Tanta coisa para esquecer e eu esqueço logo o mais importante?

Olhei para o garoto negando com a cabeça, provavelmente teria de sair para comprar a maldita tinta.

—Espera, minha mãe tem algumas no banheiro, não acho que ela vá perceber se faltar alguma—. Disse o moreno.

Estava dando graças, a preguiça de sair para comprar uma tinta era enorme.

— TaeTae decidiu, finalmente, tirar a virgindade do cabelo?—. Perguntou o ruivo que até então estava calado.

—Vou me arriscar, provavelmente minha mãe me de uma bronca daquelas, mas meu sonho é pintar de azul—.

—Meu Deus, Taehyung, azul?—.

—Qual é Yoongi, deixa o garoto realizar o sonho dele—. Disse Jungkook já aos risos.

Enquanto Tae preparava as luvas, Jungkook corria para forrar o chão e a minha roupa, já estabelecendo as tão repetidas regras.

Não suje os móveis.

Não brinque com o pincel enquanto o mesmo estiver sujo.

Não suje os móveis.

Não encoste em nada.

Não suje os malditos móveis.

Ele até imprimiu as regras e nos fez assinar uma vez.

Jimin foi até o banheiro e pegou a tinta clara, assustadoramente ajudando no processo para pintar o meu cabelo, eu deveria suspeitar de algo? Sim deveria, mas dei de ombros, talvez ele estivesse com o humor melhor.

O ruivo despejou as tintas em potes separados, a minha e a de Tae que pintaria o próprio cabelo assim que terminasse o meu, e colocou sobre a mesa próximo onde estávamos.

Assuntos iam e vinham, Tae terminou o meu cabelo e colocou uma toalha pra não sujar nada, em seguida pintou o seu e permanecemos assim até que o mesmo ditasse para tirar a tintura.

Corri até o banheiro e enquanto retirava cuidadosamente a tinta percebi uma coloração escura na água que escorria pelo ralo.

—KIM TAEHYUNG MEU CABELO TA' AZUL! AZUL—. Gritei desesperado e logo os dois mais novos chegaram no cômodo.

Os olhos se encheram e sorrisos divertidos tomaram a face dos dois, essas que logo levariam soco de minha linda mão.

—Taehyung, você precisa arrumar isso, como eu vou aparecer assim na frente do Hoseok? Meu pai amado, ele vai rir de mim—.

Os sorrisos divertidos se fecharam e a expressão confusa de ambos me advertiu, havia aberto de mais a boca. Min Yoongi língua grande, meu novo nome.

—Como assim Yoongi hyung? Vocês estão... Juntos?—.

A naja ruiva apareceu na porta cruzando os braços e soltando o veneno por todo o lugar.

—Nós podemos, hm, dar um jeito nesse avatar em cima da minha cabeça primeiro?—.

Os dois mais novos assentiram e me puxaram para fora do banheiro. Enquanto um secava com o pano e tirava o restante da tinta, o outro já ligava o secador e mirava em minha direção. Eu não teria história alguma para inventar, certo que Hoseok e eu não tínhamos nada de uma noite, mas eu também não poderia dizer que estávamos juntos.

Assim que todos os fios estavam bem secos, Tae trouxe um espelho pequeno e eu o segurei, vendo o resultado. Estava uma merda, eu parecia um algodão doce ambulante. E sem mais espera os dois sentaram, no chão mesmo, e me encaravam curiosos. Jimin apenas continuou escorado no sofá fingindo que estava curioso também.

—Não estamos juntos, mas não posso dizer que foi só uma transa—.

—Ai meu santo deus vocês já transaram e eu nem sabia que estavam de casinho, Yoongi, cadê a irmandade?—. Disse o moreno.

—Eu bem que estranhei mesmo vocês indo embora juntos, também ouvi algo como vocês estarem morando juntos, é verdade Yoongi?—. A naja ruiva ataca novamente.

Jungkook e Tae fizeram um perfeito “O” com a boca e eu engoli em seco, cadê uma arma quando preciso de uma? Um tiro e eu estava longe de ter de explicar toda essa história.

—Não é o que vocês estão pensando, eu trabalho para o Hoseok, por isso estou morando com ele—.

As bocas abriram ainda mais, talvez a escolha das palavras não tenha sido a melhor.

—Também não é isso que estão pensando, por causa da merda da moto, se lembram? Por causa daquilo ele me fez assinar um contrato onde eu deveria ser a empregada dele até a dívida ser paga, eu juro que não tem nada a mais. Quer dizer, não tinha até ontem. Mas foi por prazer e não por dinheiro, entendam por favor—.

Depois desse momento tenso, os dois começaram um interrogatório sobre todo o lance com o mais velho, fazendo o resto do dia ter um ar mais relaxado.

                             •°•°•°•°

Havia acabado de mandar algumas mensagens para Hobe, esse que alegou estar chegando no apartamento. E eu não via a hora, passei o dia todo sem vê-lo, sem toca-lo, nunca admitiria isso em voz alta mas eu sentia saudade sim.

O relógio bateu três da manhã, o moreno deveria estar cansado, e ao invés de chegar em casa e ser recebido por um loirinho lindo, iria ser recebido por um Smurf, o tamanho e a cor eu já tinha.

Assim que a porta abriu, corri para o espelho e arrumei o cabelo na touca vermelha que usava.

—Yoongi?—. Chamou o mais velho.

Corri até o corpo virado de cortas para mim e pulei sobre o mesmo.

—Buh!—. Disse antes de selar sua bochecha.

Min Yoongi não era alguém muito romântico mas Hoseok conseguia acender algo dentro de mim, era estranho e me fazia sentir bem.

Desci das costas alheia e fui prensado na parede pelo mais velho, logo os lábios finos que eu tanto gostava vieram em minha direção e eu não hesitei em beija-los, suga-los e mordisca-los com carinho, claro.

—Eu senti sua falta, é estranho eu dizer isso?—. Perguntou sorrindo enquanto os dedos adentravam a touca vermelha, essa que em instantes estava sobre o chão, me fazendo corar.

—Eu adorei a cor, ficou lindo em você—. Disse, novamente selando os lábios.

Não pude conter o bico em meu rosto, lógico que alguma ele iria ver mas eu queria adiar, até que eu pudesse voltar ao loiro ou ao preto.

—Ah droga, você está beijando um Smurf Hoseok, não era bem isso que eu queria, Taehyung mudou a cor sem querer—. Disse em um quase sussurro as últimas palavras.

O moreno segurou-me pelo queixo e levantou meu olhar até o dele, sorrindo em seguida.

—Eu não me importo, ficaria incrível até de verde, meu anjo—.

E então eu sorri, pela primeira vez no dia eu não desejava que essa cor fosse nenhuma outra além dessa mesma, Hoseok havia gostado e isso importava.

Pela primeira vez a opinião de alguém, além da minha, importava muito para mim.