História Trouble Maker (yoonseok) - Proibidos

Ok, eu entendo que nasceu um algodão doce na minha cabeça e que a touca escura que estou usando não esconde totalmente todos os fios coloridos. Também entendo que além de bizarro, eu não fiquei assim tão feio com essa cor e pretendo investir nela por uns messes. Mas nada disso é motivo para rebuliço enquanto passo pelos corredores. Certo? Certo.

Desde que entrei pelos portões, todos os olhos me seguem e sinto minhas orelhas arderem de tanto que as más línguas são usadas contra mim. Seria eu, Min Yoongi, o novo esquisitão do colégio?

Ah, fala sério, tem um garoto do segundo ano com metade do cabelo vermelho e a outra loira. O meu cabelo azul não é nada, comparado ao dele.

“Eu ouvi que eles estão morando juntos”.

Olhei rapidamente em direção a garota que cochichava com a outra, as duas desviaram o olhar e fingiram conversar sobre outra coisa.

“Será que eles tem um relacionamento do tipo Sugar Daddy?”.

—Sugar Daddy? Quem me dera!—. Murmurei para quem quer que fosse a pessoa que havia falado aquela besteira.

Nunca me abalei com os murmurinhos, não era de hoje que falavam sobre mim e Hoseok pelos corredores dessa escola. Mas hoje, especificamente, todos pareciam empenhados em falar do nosso relacionamento.

“Me falaram que ele cobra alto pelo serviço”.

“E então ele pegou a arma e apontou para Jimin, acredita? Tudo por ciúmes do universitário bonitão que paga ele”.

É o que? 

“Eu tenho certeza que aquele não é o único pra quem ele trabalha”.

Tá, agora estavam pegando pesado. Min Yoongi a nova puta bem sucedida do colégio.

—Qual é, galera chata da porra—. Resmunguei enquanto arrumava a alça de minha mochila.

Apressei o passo e rumei rapidamente até minha sala de cabeça baixa.

Eu não queria problemas, tudo resultaria em mais problemas.

Não consigo nem imaginar o que pode acontecer se isso chegar até a minha mãe. Deus me drible disso .

Enquanto caminhava até a sala, e já longe da multidão de pessoas desocupadas e fofoqueiras. Encontrei com Taehyung e Jungkook, estes que quando me viram abaixaram a cabeça e continuaram andando como se eu não estivesse bem no meio do caminho.

Segurei os dois pelo pulso e arrastei até o banheiro mais próximo, sem me importar com o sinal tocando e avisando sobre o começo das aulas.

Virei a chave assim que entrei e abri todas as cabines, me assegurando de que estava realmente vazio.

—Okay, quem foi que não segurou a língua dentro da boca?—. Fui direto.

Os dois se olharam ainda com a cabeça baixa. Estava claro que o telefone sem fio começou com os dois.

—Eu não faço ideia do que você está dizendo hyung—. Disse o mais novo e o outro pigarreou, passando os dedos no cabelo.

—Sério? Porque estão todos cochichando sobre mim na escola inteira, e nem é pelo meu cabelo azul! Quem dera se fosse—. Escorei na pia, analisando os dois nervosos e provavelmente assustados.

—Tudo bem, talvez eu tenha contado para uma ou duas pessoas que vocês estão morando juntos—. Disse Tae olhando, pela primeira vez no dia, em minha direção.

—E talvez eu tenha contado para mais duas ou três também. Mas não tínhamos ideia de que isso ia explodir em menos de uma hora hyung, desculpa a gente—. Disse o mais novo, limpando o suor das mãos no jeans da calça que usava.

—Vocês só contaram sobre estarmos morando juntos então?—. Perguntei.

Mas claro que havia sido apenas isso, foi tudo o que contei a eles. Em momento algum contei sobre o incidente com Jimin, mas... Então por que estavam comentando sobre o caso da arma?

—Jimin!—. Exclamei alto fazendo os dois mais novos saltarem de susto.

—O que tem ele?—

Ouvi Taehyung perguntar antes que eu voasse para fora do banheiro e fosse atrás daquele filhote de naja.

Andei de volta ao corredor de armários já um pouco vazio pelo horário e felizmente Jimin estava escorado em um armário conversando com uma garota.

Não medi forças para empurra-lo contra o objetivo de metal e puxa-lo de volta pelo pano da blusa escura que usava.

—O que você está pensando? Eu vou acabar com essa sua cara—.

—Vai mesmo? Veja bem, você é o vilão aqui Yoongi. A sua mamãe não vai gostar de saber de toda essa história—.

—Que se foda, eu me preocupo com isso depois—.

Fechei a mão e acertei o punho contra o olho direito do menor. Logo em seguida deferi um soco abaixo de seu estômago fazendo-o soltar um gemido de dor e voltei a empurra-lo contra o armário com força. O corpo do ruivo deslizou contra o objeto e parou no chão, sendo prontamente atendido pela garota que minutos antes conversava consigo.

Me afastei lentamente observando as câmeras dos celulares apontadas em minha direção e os alunos saindo de suas salas junto aos professores para assistir ao show.

—Satisfeitos?—. Disse antes de mostrar o dedo para todas as câmeras e pessoas dali.

                         °•°•°•°•°

Min fodido Yoongi, o meu nome.

Depois que os vídeos da surra que eu dei no Jimin foram postados, não demorou muito para que meu nome fosse anunciado pelos corredores em uma ordem de que eu fosse até a direção.

Toda a história do rumor foi contada e minha mãe foi chamada para uma... breve conversinha com a louca da minha diretora.

—Por que a senhora precisa chamar a minha mãe? São só boatos dona He—.

Continuava insistindo que chamar minha mãe era desnecessário.

—Yoongi, querido. Muitos rumores passam por essa sala, a maioria são de alunos pervertidos no banheiro dos funcionários ou no terraço. Não é algo com que eu me preocupo já que não será minha a gravidez indesejada. Mas quando isso afeta realmente a vida dos alunos, então eu preciso me meter, não acha?—.

Okay, uma gravidez indesejada não afeta uma vida, muito menos um futuro acadêmico, que lógica grandiosa.

—Como eu poderia dormir essa noite sabendo que um dos meus melhores alunos está vendendo o corpo por caprichos?—. Continuou a mulher, escorada na mesa grande de sua sala.

—Mas Sra. He, isso não é verdade!—.

—Veremos quando sua mãe chegar, querido—.

Me afundei na cadeira bem acolchoada em que estava sentado, bufei. Minha mãe vai acabar com toda e qualquer possibilidade de continuar uma vida saudável ao lado de Hoseok.

—Eu posso fazer uma ligação antes do meu julgamento? Sei que tenho direito a uma—. Perguntei e a mulher assentiu.

Saí da sala e me encostei em uma parede próxima. Puxei o celular do bolso e corri até o número de Hoseok.

—Hobe? Sei que está em aula, desculpe ligar assim—.

—Estou mesmo, mas tudo bem, aconteceu algo?—.

—O Jimin espalhou para a escola inteira sobre nós, sobre o incidente no apartamento, é horrível tudo o que estão falando sobre mim. Eu soquei a cara dele, e agora estou na direção esperando minha mãe, eu estou fodido e nem é do jeito que eu queria—.

O mais velho deixou uma risada escapar e suspirou pesado.

—Estou indo ai—. Foi a última coisa que disse antes de encerrar a chamada.

Eu não sabia se tê-lo aqui seria melhor ou pior. Minha mãe poderia ficar puta e dar na cara dele ou ela poderia ficar puta e dar na cara de nós dois.

Mas de qualquer jeito, minha mãe já vai ficar puta mesmo.

Puta pelo cartão que eu usei, puta pela moto de Hoseok, puta por eu ter aceitado um contrato estranho de um estranho, puta pelas mentiras, puta por eu estar andando com um homem mais velho, puta pela escola toda achar que o bebê dela é uma puta e puta por todo o problema que eu me meti.

Talvez eu seja mesmo um Trouble Maker.

Hoseok acabou chegando antes de minha mãe, algo que eu já esperava já que a universidade dele é bem próxima daqui.

Nós entramos na sala e nos sentamos lado a lado. O mais velho pegou em minha mão e a segurou firmemente, como se dissesse “Hey, eu estou aqui, está tudo bem”. E eu sorri em sua direção.

A porta atrás de nós foi aberta e uma mãe um pouco atrapalhada entrou, derrubando algumas peças de decoração enquanto passava a bolsa de um braço para outro. Ela sorriu para dona He e foi logo me abraçando, em seguida abraçou Hobe que pareceu surpreso, assim como a diretora.

Provavelmente ela achava que eles não se conheciam, pois é, não é que se conhecem?.

—Então, agora que está aqui, creio que Min Yoongi já possa dizer tudo o que tem a dizer sobre os rumores—. Disse a diretora.

—Rumores? E o que Hoseok faz aqui?—. Perguntou minha mãe, com a maior cara de ponto de interrogação.

Todo esse clima tenso estava me deixando nervoso. Certo, eu teria que abrir o jogo hoje mesmo, aqui nessa sala.

—Mãe, a senhora não sabia? Eu estou gravida—. Disse erguendo as mãos entrelaçadas em sua direção e ela riu, não antes de bater com a bolsa em minha cabeça.

—Pare de piada criança idiota, desembucha, preciso voltar ao trabalho—.

—Então a senhora senta porque a história é longa—.

Certo, eu não queria dizer tudo. Mas como contaria da briga com Jimin, dos rumores sobre mim e Hobe, sem tocar no assunto do cartão? Onde todo o problema começou?.

—Tudo bem se eu contar tudo a ela?—. Me virei, perguntando ao moreno.

—Claro Yoongi, sabe que eu só guardei isso por você—.

Ata.

—Então, mãe, a algum tempo atrás eu usei o nosso cartão de emergência, na mesma época em que me envolvi em um acidente com Hoseok. Toda essa história de acampamento é blefe. Na verdade eu me sujeitei a trabalhar para ele para pagar a moto e o cartão. No começo eu achei que estava indo tudo bem, Hobe até me ajudou não contando a verdade, mas então tudo começou a desmoronar. Os alunos acham que eu me deito com Hoseok em troca de dinheiro, tudo isso porque os amigos em quem eu confiava são uns idiotas. –Suspirei e massageei as têmporas. —Hobe e eu estamos juntos, eu bati no Jimin e sim, meu cabelo ta' azul—.

Me espremi na cadeira, fechei os olhos já esperando um senhora tapa no rosto mas tudo que ela fez foi rir, um riso cheio de ironia.

—Estou muito desapontada com você Yoongi, vamos embora—. Se levantou, tirando a bolsa do colo e derrubando outras peças da decoração da sala.

—E você, você pode ser preso, Yoongi é uma criança—.

—Eu posso pagar uma fiança, e o contrato era falso—. Disse o moreno.

—O que?—. Eu e minha mãe dissemos um uníssono.

—Eu inventei o tal contrato, poderia muito bem pagar a moto mas eu me interessei por Yoongi, sei que leva-lo a morar comigo foi muito extremo mas eu queria me aproximar e... acabei usando isso ao meu favor—.

Eu daria na cara dele se minha mãe já não tivesse feito isso por mim.

E com o barulho do estalo na sala, a mulher me puxou, tirando-me de perto de Hoseok que segurava o rosto vermelho.

Eu não estava bravo com ele, quer dizer, estava sim. Eu limpei a merda da casa dele por dias e tudo isso por ele estar interessado em mim?

Hoseok precisa urgentemente aprender que fazer o garoto do qual você está afim limpar a sua bagunça, não é nada muito romântico e atraente.

                       •°•°•°•

O caminho de volta para casa naquele dia foi sufocante, eu sabia que minha mãe queria dar uma bronca em mim mas ela entendia que a culpa não era totalmente minha. 

Hello fui eu quem foi feito de trouxa aqui. Bom, pelo menos era o que eu pensava.

Eu briguei com meu melhor amigo, perdi a confiança em Taehyung e Jungkook, fui feito de trouxa pelo cara que eu gosto, desapontei minha mãe e estou de castigo pelo resto da vida. Não era bem isso que eu imaginava para meu futuro.

A mulher me ignorou o caminho todo e me despejou em frente de casa.

—Eu não quero você falando ou se encontrando com aquele cara, entendeu? Quando eu chegar quero você aqui em casa, não acabei ainda—. Disse antes de fechar os vidros e pisar no acelerador.

Dessa noite eu não passo.

Sinto o celular vibrar e logo desbloqueio vendo uma mensagem de Hoseok. Abro a conversa enquanto destranco a porta de casa e corro para o meu quarto.

Ah o meu quarto, já estava com saudades, confesso.

____________Chat on_____________

Hoseok message:

Você está chateado comigo?

Yoongi message:

Não totalmente, digo, estou bolado por ter tido que limpar a sua casa. Você poderia ter simplesmente me chamado para sair.

Hoseok message:

Desculpa, eu não sou de seguir padrões.

Yoongi message:

Idiota. Desculpe pelo tapa que minha mãe te deu, mas se ela não tivesse dado, eu teria dado.

Hoseok message:

Tudo bem, eu fui mesmo um idiota. Posso passar ai?

Yoongi message:

Já deveria estar aqui.

_____________Chat off____________

Não demorou muito até o moreno aparecer na minha porta com sua melhor cara de cachorrinho sem dono. Puxei-o para dentro antes que algum vizinho fofoqueiro venha fofocar para minha mãe que nos viu juntos no mesmo dia em que ela me proibiu de vê-lo.

—Minha mãe não nos quer juntos, disse que quando chegar vamos ter uma conversa. Eu me sinto mal por ter mentindo tanto, ela confiava em mim—.

O moreno se aproximou, passou as mãos por meu cabelo e me apertou em um abraço enquanto eu me escorava na escrivaninha de meu quarto.

— Vamos continuar nos vendo não é?—.

Me afastei brevemente de seus braços, analisando as galáxias escuras nos orbes do mais velho.

—Todos os dias, nem que eu tenha de passar o resto dessa vida, e de alguma outra de castigo—.

O mais velho sorriu e juntou nossos lábios.

Eu não me importava com a mentira do contrato, eu gostava muito de Hoseok para ficar fazendo cu doce por qualquer coisa. Mil vezes ter ele nos meus braços.

O moreno desceu as mãos por minha cintura e parou quando já estavam em minha bunda.

—Você está me apalpando depois de uma treta dessas?—. Perguntei mordendo seu lábio.

—Estou, algum problema?—.

Neguei com a cabeça, passando os braços pelo pescoço do maior.

—Que horas a sua mãe chega mesmo?—. Perguntou me fazendo sentar sobre a escrivaninha, derrubando algumas coisas que ali estavam.

—Daqui três, ou cinco horas—.

Puxei seu corpo em minha direção e forcei a blusa que usava para cima, já passando por seus braços.

—Ótimo—. Sussurrou antes de avançar sobre meu pescoço.

                         •°•°•

A hora da minha morte estava próxima. Hobe saiu algumas horas antes que minha mãe chegasse, me dando tempo para me arrumar e arrumar o quarto.

Assim que ouvi a porta da frente batendo, estremeci. A mulher subiu em passos lentos até seu quarto, fechou a porta e pude ouvir o chuveiro ligar. Eu sabia que ela viria aqui então apenas permaneci jogado na cama esperando o abate.

—Yoongi, querido. Podemos conversar, certo?—.

Yoongi, querido? Okay, eu não esperava isso.

Me levantei, sentando ereto na cama que logo foi ocupada também por minha mãe de cabelos molhados e pijama.

—Não posso negar meu desapontamento, e nem me refiro ao uso do cartão. Quero dizer, eu não sou burra e percebi que o usou, mas decidi relevar e pagar pela fatura porque conheço o filho que tenho e sei que ele daria um jeito de pagar—.

A mulher suspirou e se jogou na cama, levantando os braços e analisando a aliança em seu dedo.

—Agora, mentir sobre um acidente e aceitar uma proposta absurda daquelas? Isso não esperava do meu filho. Yoongi, você é meu único filho e eu tenho um amor enorme por você, você sabe. Sabe como esse mundo está, não poderia sair confiando assim num estranho. Eu sou muito superprotetora sim, sabe o que aconteceria comigo se algo acontecesse com você? Eu me jogava da primeira ponte que visse na minha frente—.

—Você é muito dramática, mãe—. Disse me jogando na cama também.

O silêncio invadiu o quarto por um tempo, até que eu voltasse a falar.

—Me desculpe por mentir sobre isso, eu não pensei muito. Na verdade me vi sem escolhas, não queria que soubesse sobre o acidente e simplesmente pirei por causa do cartão, não quero que me odeie, você é minha única mãe, sabe? Não quero desaponta-la—.

—Tudo bem, querido. Mas ainda está de castigo por me desobedecer—.

—Te desobedecer?—. Perguntei curioso.

—Garoto. –Sua mão bateu com força em minha testa, fazendo um estalo ecoar no quarto. — Você me acha com cara de tonta? Vai me dizer que esse roxo no seu pescoço você fez sozinho enquanto eu estava fora? —.

Eu ri mas logo outro tapa estalou na minha testa.

—Ai porra!—. Soltei enquanto massageava a testa.

—MIN YOONGI!—. Gritou a mulher, antes que eu me levantasse correndo do próximo tapa.