História Trouble Maker (yoonseok) - Eles estavam se pegando?

 Assim que entrei na sala me tornei o centro das atenções, até parece que nunca viram alguém com uma calça rasgada, o que há de mais nisso? Passei a mão sobre o cabelo bagunçando os fios e tornei a prestar atenção na aula.

Tocando o sinal para o intervalo saí da sala e fui ao refeitório de encontro com os outros.

—Wow!—. Ouvi Taehyung dizer assim que sentei na mesa.

—Será que tem algo estranho no meu rosto? As pessoas não param de me encarar—. Perguntei indignado.

Jimin me olhava curioso e eu me lembrei da noite em que fui obrigado a deixa-lo no meio da madrugada e de que ainda não havia tido chances de conversar com o menor.

—Jimin, podemos conversar em outro lugar?—.

Ele soltou sua comida e se levantou bruscamente da mesa, seguindo em direção as escadas.

—Jimin está furioso com você, tente não causar mais problemas—. Jungkook disse antes de dar uma boa mordida em sua maçã.

Jimin estava encostado no corrimão me esperando como se estivesse pronto para me dar a surra do século.

—Minnie...—. comecei a falar mas ele me interrompeu erguendo a mão em protesto.

—Não me venha com essa Min Yoongi, nada que fizer poderá pagar aquela noite—.

—Jimin eu não tive culpa, acha mesmo que te dispensaria daquele jeito? Hoseok é um idiota—.

—E você o respeita ao ponto de me deixar sozinho depois de uma boa transa! O que é? Ele te da mais prazer do que eu? Me diz!—.

Jimin já estava aos berros no meio do colégio fazendo todos que passavam pararem para ouvir nossa discussão.

—Jimin, abaixe o tom, não estamos em casa—. Disse olhando para as pessoas, seus olhares curiosos me davam nos nervos.

—Você não percebe o que ele está fazendo com você? Está parecendo um rebelde e vocês só se conhecem a alguns dias—.

Eu não contaria para Jimin o por que de estar andando com Hoseok, não por medo ou vergonha e sim por não achar necessário. Isso era entre eu e ele. Eu pagaria a dívida antes que alguém soubesse sobre eu estar trabalhando para ele.

— Você não está falando nada com nada Jimin e quer saber, aceite minhas desculpas se quiser, não vou implorar por isso—.

Me virei voltando para o refeitório e assim que voltei a sentar Jimin apareceu na mesa com os olhos marejados.

—Você está se tornando um idiota Yoongi—. Gritou pegando a maçã na mesa e se retirando, os outros que estavam na mesa me olharam assustados. Jungkook se levantou correndo e foi atrás do menor.

Jimin estava agindo feito uma criança, ele tem que entender que não pertenço a ele e que estou pagando por algo. Mesmo que ter o deixado naquela noite tenha sido errado, eu não suplicaria por seu perdão.

(...)

Hoseok já me esperava no carro quando saí, as pessoas não eram discretas quanto ao carro estacionado em frente ao portão e Hoseok também não parecia se importar.

—Será que você poderia não me fazer virar o centro das atenções de novo?—. Disse me sentando.

—Será que você poderia apenas agradecer por isso?—. Ele se aproximou e puxou meu cinto.

—Eu sei por um cinto Hoseok, obrigado—. Ele sorriu e terminou de posicionar o cinto.

—Você parece irritado, algo aconteceu? —. Perguntou dando partida no carro.

—Eu e Jimin discutimos, sinto que o aborreci mas não posso fazer nada a respeito—. O moreno me ouvia atento mesmo prestando atenção na rua —Jimin gosta muito de mim e não é como se eu pudesse fazer algo por ele entende?—.

Por um momento sentia meu peito apertado, não queria o perder assim, não por um sentimento não correspondido, não por chateá-lo tanto.

Hoseok estendeu uma das mãos em minha direção e eu a segurei, não me importei com o fato de não termos essa intimidade, eu queria apenas que essa dor passasse e me agarrar a Hoseok não seria tão ruim assim.

Segurei firme sua mão olhando para fora e percebendo que o mais velho estava tomando um caminho diferente.

—Para onde estamos indo? —. Perguntei mesmo reconhecendo o caminho.

—Vamos ver seus pais—.

—Meus pais? Assim tão de repente? Mas por que?—.

—Devem estar com saudades, sua mãe disse que prepararia uma boa comida para a nós—. Ele sorriu largo mostrando seus dentes brancos, seu lindo sorriso branco.

—E o que exatamente você disse a eles para que eu saísse de casa?—.

—A verdade é que pelo o que pude perceber sua mãe queria muito que estivesse fora de casa já que a mesma não pensou duas vezes quando ofereci alguns meses em um programa comunitário—.

—Algo tipo para a caridade?—.

Essa é uma história muito ruim, mesmo sendo completamente a favor desses movimentos para a caridade, eu sou a última pessoa que aceitaria algo assim, minha mãe me jogou para fora de casa, essa é a real.

—Sim, atualmente você trabalha e mora em um acampamento como voluntário no resgate de animais de rua nos tempos livres, e eu sou encarregado por você —.

Não dá para acreditar nesse bolo de mentiras que Hoseok inventou, mas eu agradeço eternamente por ele não abrir a boca a contar a verdade.

(...)

—Filhote!—. Disse minha mãe assim que abriu a porta.

—Mãe!—.

A abracei apertado. Seu cabelo tinha cheiro de cereja, eu sentia falta desse cheiro doce pela manhã.

—Sra. Min—. disse Hoseok estendendo a mão mas minha mãe o puxou para um abraço.

—Está cuidando bem do meu bebê? E os estudos? Ele está comendo todos os dias? Anda trabalhando muito?—. Hoseok assentiu para todas as perguntas e sorriu para ela que pareceu satisfeita.

—Vamos, entrem. Infelizmente seu pai está trabalhando, Yoongi, mas garanto que sente saudades de você tanto quanto eu senti nesses dias—.

Meu pai sempre estava trabalhando, não o via a no mínimo um mês, espero que ele ainda se lembre de sua família.

Minha mãe realmente havia feito uma boa comida, a minha preferida aliás. Hoseok pareceu gostar também mas além de tudo, pareceu gostar de minha mãe, seus sorrisos saíam tão facilmente enquanto conversávamos, era incrível vê-lo assim sem aquela áurea sinistra de mistérios.

—Yoongi me ajude com os pratos—. Disse minha mãe juntando os pratos sujos e eu a acompanhei até a cozinha.

—Então, você e Hobe? Há algo que preciso saber?—. 

Aonde exatamente ele queria chegar com aquilo?.

—Não mãe, somos amigos, ele cuida de mim enquanto trabalho e só, foi o que construímos nesse curto tempo —.

—Amigos como você e Jimin são?—.

Pigarreei e fingi uma tosse.

—Mãe! Não, não é nada disso. Hoseok é bem mais velho, o que ia querer comigo? E ele é meu tutor lá fora, seria errado—.

Terminei de secar os pratos e me encostei na pia enquanto ela terminava os copos.

—Ah Yoongi, eu achei que estava acontecendo algo, o jeito que ele te olha, vejo seus olhos brilharem—. Joguei o pano de prato em cima de sua cabeça e ela me jogou um pouco de água enquanto ria alto.

O jeito que ele me olha? Seus olhos brilham? Seria mesmo?.

—Yoongi, precisamos ir, me desculpem. Namjoon está me esperando para trabalharmos e você precisa voltar ao acampamento—. Assenti já abraçando minha mãe e dessa vez foi ela quem abraçou apertado.

—Obrigada pela visita meninos, se cuidem—. A mulher disse se despedindo do outro também.

Mesmo me jogando para fora eu a amava e sentia saudades de casa também.

Saímos pela porta da frente e entramos no carro enquanto minha mãe acenava da porta.

(...)

Havia sido um jantar maravilhoso na companhia de minha mãe e de Hoseok, mas bastou nos encontrarmos com Namjoon na porta do apartamento que a noite pareceu se tornar um saco instantaneamente.

—O que é isso?—. Hoseok perguntou apontando para uma sacola branca e bonita que Namjoon carregava.

—Isso? Ah, apenas um presente para Yoongi—.

Um presente para mim? Não poderia ser boa coisa. O moreno alto me estendeu a sacola e eu a peguei desconfiado, abri e retirei uma saia rosa bebê de renda, uma meia branca 7/8 com laços grandes que ficariam em minhas coxas e uma calcinha transparente.

—O que é isso?—. Perguntei encarando-o.

—Acho que seria um babyboy perfeito, tirando o fato de ter um mau-humor terrível as vezes—. Ele sorriu para Hoseok que permaneceu calado.

Coloquei as roupas de volta na sacola e deixei no chão enquanto andava em direção ao quarto.

—Yoongi! Pegue a sacola, leve para seu quarto, seja educado e agradeça—.

—Agradecer? Ele está me zoando!—. Disse me voltando para os dois que me encaravam, ambos com os braços cruzados.

—Pegue a sacola antes que eu te faça vestir isso—. Disse firme me fazendo ficar assustado pelo tom que usou.

Peguei a sacola mantendo o olhar indiferente e entrei no quarto batendo a porta, joguei a sacola em qualquer canto do cômodo e me joguei na cama. Como Hoseok conseguia mudar da água para o vinho assim? Isso me assustava.

Da sacola ouvi algo rolando pelo chão e antes que rolasse para debaixo da cama corri e peguei o gloss de morango. O cheiro era extremamente instigante. Cheguei em frente ao espelho e tirei o plástico da embalagem, eu adorava coisas de morango.

Olhei fixamente para o reflexo observando os fios descoloridos, as sardas sobre o nariz e os lábios já rosados naturalmente, não querendo me gabar mas eu me sentia muito bonito.

Passei o gloss sobre meus lábios sentindo o cheiro doce sem me importar com o que fazia, eu precisava mesmo de algo para hidratar os lábios. Me sentei na beirada da cama e analisei a sacola com a roupa já caindo no chão, a meia era bonita não há como negar, talvez eu devesse experimentar e esfregar na cara daqueles dois ignorantes que não teria problema em usar roupas fofas. Corri até a sacola e puxei as meias brancas, retirei minha calça e com cuidado as coloquei.

Não que eu goste desse tipo de coisa, mas elas ficaram realmente boas em mim mesmo que eu não faça esse estilo. Céus o que estava fazendo? A roupa caíra bem em mim mas eu sentia vergonha em sair pela porta assim, mesmo que o motivo me desse razão de sair e provar que eram apenas roupas.

No momento em que decidi tira-las me sentei sobre o chão e ouvi a porta se abrindo.

—Yoongi, eu...—.

Hoseok paralisou assim como a mim, não sabia como reagir. O rosto ruborizando naturalmente só piorava tudo.

—Não é o que você está pensando, eu apenas...e-eu...—.

Juntei minhas pernas e as abracei com os braços como um tatu-bola, escondendo o rosto e tentando me afundar em qualquer buraco que aparecesse. Hoseok riu, riu alto como nunca o ouvi rindo, ele estava se divertindo.

—Não se preocupe Yoongi, eu não contarei a ninguém sobre você ser um babyboy—. O mais velho fechou a porta e saiu correndo para contar ao outro que provavelmente riria também. Droga Yoongi, por que não tranca a merda da porta.

(...)

Hoseok e Namjoon passaram a noite no escritório, por algum motivo eu não conseguia dormir, virava pela cama, levantava e caminhava pelo quarto e então voltava para a cama, até que decidi fazer um café, talvez pudesse até oferecer aos dois que trabalhavam no escritório.

Juntando todas as forças e escondendo a vergonha saí e fiz o café, dei um gole para provar e decidi que estava agradável, talvez eles esqueceriam do que havia acontecido a horas atrás com um pouco de bajulação. Caminhei até o escritório e então bati na porta.

—Eu sei que estão ocupados, fiz um café—. Falei chegando próximo a porta, o silêncio se estendeu por um tempo até que ouvi Namjoon rir.

—Só vou aceitar o café se estiver usando roupas de empregada—. Comentou irônico

Hoseok abriu a porta com um sorriso. Os cabelos como se estivessem sidos arrumados agora, os lábios inchados e avermelhados, Namjoon me lançou um olhar malicioso e passou a mão sobre a camisa amassada.

Ai meu Deus do céu eles estavam se pegando?.

Coloquei as xícaras no chão e corri de volta para o quarto deixando até a minha xícara para trás.

—Yoongi!—. Ouvi Hobe falar alto ainda da porta, toda aquela cena me deixava confuso e envergonhado de mais para simplesmente ficar lá e agir normalmente.