Ryan Butler Point Of View
Todo o tecido que reveste o colchão está encoberto por peças multicoloridas que, posteriormente, serão entulhadas dentro da mala preta, aparentemente estreita o bastante para suportar as necessidades exageradas da minha namorada. Em contrapartida, esta gosta de se intitular uma mulher precavida, absolvendo sua culpa pelo excesso de bagagem no carro.
Dentre a montanha de roupas formada, um fragmento de uma lingerie vermelha chama a minha atenção e, furtivamente, envolvo-a nas roupas que já preenchem a mala na cor roxa.
— Não pense que eu não vi, Butler!
Sobressalto, deslocando o rosto até a loura que, parada na porta, fita-me com uma expressão acusadora.
— Pode tirando essa calcinha dai. — a determinação em seu timbre causa-me um desânimo, em resposta, solto um muxoxo, que é ignorado pela mesma.
— Ah, que isso, amor. — reclamo em um tom manho, mantendo-me no fio de esperança que palpita em meu peito. — Você já está levando esse amontoado de coisas mesmo, mais uma pecinha não fará muita diferença.
— Não, Ryan. Nós nem vamos ter tempo para isso.
Ao que a loura adentra no quarto e segue vasculhando entre os móveis mais coisas desnecessárias para amontoar em sua mala, reviro os olhos, de maneira disfarçada, embolo ainda mais a calcinha em suas roupas para que esta não seja notada.
— É claro que vamos ter tempo. É feriado, iremos descansar. — alego, confiante de que o meu argumento possa convencê-la.
— É claro que não. Nós iremos sair e conhecer o vilarejo.
— Não...
O meu resmungo pirracento não a incomoda, afinal. Embora seja deveras humilhante, Ashley tem total consciência de que não precisa de qualquer esforço para me obrigar a fazer algo.
— Você não está ansioso para nadar em lagos sob as montanhas? Ou caminhar pelas ruas de pedra? — à medida em que suas grandiosas esferas azuis tomam um brilho extra, meus lábios erguem-se minimamente, indicando um sorriso.
— Não estou nem um pouco.
— Ah, sinto muito, mas você irá. — ela sorri de forma presunçosa e, posteriormente, atira uma blusa em meu rosto. — Leve essa. Eu a adoro.
— Por que em todo lugar que vamos você precisa fazer com que seja um lugar para compras? — questiono, levemente injuriado por sua falsa sensibilidade com as minhas intenções maliciosas.
— Porque eu gosto de ter lembranças de todos os lugares, oras.
— Comprar sapatos em Mammoth Lake ou em Los Angeles não fará a menor diferença, sendo da mesma marca. — meu timbre flui de maneira seria, entretanto, a loura sabe do humor contido nele.
— Mas eu saberei que são de lugares diferentes, isso é o suficiente.
A idealização de andar por horas em diversas ruas em busca de um sapato ou uma saia perfeita parece-me tortuosa e, evidentemente, a loura não se importa com o meu futuro sofrimento. Ocasionalmente, além de consultor de moda e acompanhante, sou feito de cabide também.
— Você irá sozinha. Duvido que os caras queiram te acompanhar nessa, se nem eu quero. — sob mais um resmungo de minha parte, ela dá uma risada, fazendo-a ecoar por todo o quarto.
— A Selena irá comigo.
No exato instante em que o nome da latina é mencionado, sinto-me paralisar em meus movimentos, cessando a organização dos compartimentos na minha mala. Por segundos, busco em minha memória alguma possível situação em que a ida da Gomez tenha sido, se quer, cogitada, entretanto, não obtenho qualquer resultado positivo.
— Como assim a Selena irá? — indago, a minha voz se propaga de forma instável e amedrontada.
— Ela irá conosco, oras. Eu a convidei.
Com seu timbre soando tão firmemente íntegro, noto que não houve qualquer má intenção em sua atitude, embora isso possa vir a ser catastrófico.
— Você a convidou? Quando?
— No sábado quando fui ao apartamento dela. Eu lhe disse até que a Vanessa não iria, pois ficará com a mãe. — analisando a minha expressão surpresa, exceto por minha testa enrugada indicando dúvida, a loura se manifesta de modo cauteloso, aproximando-se do meu corpo. — Por que? Qual é o problema?
— Você não me disse nada sobre a Selena, amor. Eu me lembro de ouvi-la falar apenas sobre a Vanessa. — intervenho, porém, Ashley não aparenta localizar o problema monstruoso que prefiguro.
— Tudo bem, Ryan. Eu realmente não me lembrava disso mas, qual é o problema? A Selena não é nenhuma estranha. — abanando a mão direita no ar, ela desdenha.
— O problema é que o Justin vai. — murmuro, sendo conduzido pelo receio.
— Uh.
— Uh?
— Você não me disse que o Justin iria também.
— Achei que seria meio óbvio. — justifico prontamente.
— Como eu iria imaginar, Ryan?
— E como eu iria imaginar que você convidaria a Selena?
— Eu poderia não convidar? Ela é a minha melhor amiga. — profere e, de modo pensativo, sua expressão da indícios de que ela recorre à uma solução mentalmente. — Além disso, ela ficou um pouco distante de mim, eu não poderia fazer isso.
Em um suspiro breve, ela desaba seu corpo sobre a cama, encarando-me de maneira inquisitiva, como se aguardasse uma resposta milagrosa.
— Eu sou uma péssima amiga.
— Por que?
— A Selena deixou explícito que não queria que o Justin fosse.
— Sério? — a minha feição se alarga em surpresa e a loura assente movimentando a cabeça. — O Justin quer evitá-la.
— Eles brigaram na festa, mas a Selena não disse o motivo e muito menos quis se aprofundar no assunto.
Seu relato desperta o meu raciocínio, recordando-me da surpresa que vi o meu amigo aderir em sua expressão ao saber que Elena usava um vestido desenhado por Selena na festa da empresa.
— O Justin não me disse nada sobre isso.
— Eu estava esperando a ocasião para encontrá-lo sozinho e saber da fofoca inteira, já que a Selena não quis contar.
— Por que você não agiu com a sua inconveniência de sempre? — o meu tom humorado não é levado na esportiva por Ashley que, no segundo seguinte, joga um travesseiro em minha direção.
— Cale a boca! Ela não queria contar e eu a respeitei.
— É, mas isso não muda o fato de que teremos longos dois dias pela frente. Não deixe nenhum tipo de arma letal perto daqueles dois.
[...]
A estrutura de madeira dá uma aparência sofisticada e moderna à casa, localizada no alto de uma ladeira, onde a vegetação predomina no amplo espaço. O vislumbre de montanhas e lagos sendo contornados por árvores majestosas é capaz de causar o relaxamento imediato dos meus músculos. Além disso, o ar puro que faço questão de inalar com apreço, indica que os problemas da cidade estão suficientemente distantes.
— Obrigado pela ajuda, amor. — sorrio com sarcasmo, sentindo-me ofegar pelo peso excessivo qual carrego nos braços. — Adorei que você tenha me ajudado a carregar as suas três malas, enquanto eu só tenho uma.
— É bom pra você dar uma fortalecida nos músculos. — Ashley caçoa e, diminuindo a distância entre nós, aperta os meus antebraços. — Pare de ser um bebê chorão.
O aroma, já enfraquecido, que emana de sua nuca invade as minhas narinas, impregnando-me com a fragrância de algum perfume importado. A loura inclina levemente os tornozelos, no intuito de manter sua face de frente à minha. Contornando os meus lábios secos com a textura de um gloss que ilumina a sua boca, ela me beija com suavidade, entretanto, o nosso contato é cortado pelas mãos agitadas de Chaz que, ao passar por nossos corpos, defere um tapa em minha nuca. Ashley se afasta minimamente para rir, optando por não prosseguir com a nossa curta demonstração de afeto.
— Hm, pelo menos está funcionando.— comento, referindo-me à sua reclamação de segundos atrás e, ao vê-la dar as costas, não resisto em depositar uma palmada leve em sua nádega esquerda.
Nos acomodamos no quarto oferecido por Chaz, que se empenha em fazer a instalação do video-game na sala de estar. Enquanto Ashley invade cada cômodo da casa, escancarando portas e janelas para que toda a casa fique arejada.
Retornando ao andar superior, encontro a porta principal da mesma maneira que fora deixada ao chegarmos e, desta, enxergo o carro prateado sendo estacionado sobre o gramado recém podado.
A face do louro está parcialmente coberta por óculos escuros e, rumando na direção interior da casa, ele rodopia a chave de seu carro no indicador.
— Já começaram a encher a cara? — ele brinca e, em um gesto rápido, fazemos um high-five como cumprimento. — Chaz, seu nerd viciado, nem mesmo aqui você larga essa porra?
O moreno ergue seu dedo médio e, posteriormente, ambos se abraçam.
— Não é pra ficar jogando LOL aqui não hein, seu trouxa.
— O que mais eu poderia fazer? A maior festa que esse vilarejo já viu teve o inacreditável número de cento e vinte pessoas, isso incluindo os idosos.
Gargalhadas cordiais são dadas diante da fala do Somers. De fato, Mammoth Lake é um cartão postal para viagens relaxantes, visto que esta se localiza bem distante dos agitos da cidade.
— Justin, seu merda, por que estacionou a sua lata velha no gramado da minha mãe? Ela vai te matar. — através da vidraça na janela, Chaz ralha em um tom sério, contudo, o louro nota o sorriso de escárnio que o outro sustenta em sua face.
— Lata velha? — inclinando-se mais à frente, Justin mira uma direção semelhante. — Mas o seu carro está estacionado do outro lado da rua!
Consequentemente, uma nova sessão de risadas é iniciada e, com a descontração, atiro o meu corpo contra a poltrona localizada no canto inferior da sala, sentindo-a acolher os meus músculos rígidos.
— Justin, cadê a Nattie? — indago, estranhando não tê-la visto chegar junto ao marido.
— Ah, ela não quis vir. Precisava trabalhar.
A maneira qual o louro revira os olhos para cima indica que uma adversidade fora criada com tal decisão, entretanto, opto por não abordar o assunto em meio ao clima, momentaneamente, leve.
Entre conversas triviais, Ashley dá-se por satisfeita em sua organização superficial por toda a casa e aconchega-se em meu colo, cortando qualquer assunto do mundo masculino que ela não domine.
Por nossa distração, mal percebemos uma nova chegada à casa e, no momento em que a morena adentra à casa, o silêncio sai sobre nós como uma bomba que fora jogada do céu.
— Oi. — ela profere, em um tom baixo e acanhado, evidentemente surpresa e incomodada com a presença do louro ao fundo da sala.
Encarando-se de maneiras distintas, porém, arduamente na mesma medida, Selena e Justin parecem travar uma batalha mental entre dizer algo ou, simplesmente, ignorar a presença um do outro.
— Alguém quer torta?
A piada vindo disfarçada por uma singela sugestão que provém do Somers, não é eficaz o bastante para descentraliza-los e, tampouco, para dissipar a tensão formada.
SURPRESAAAAAAAAAAAA!
Sim, eu acabo de postar a minha nova fanfic, além desse bônus, especialmente para vocês! O meu novo bebê chama-se Irresistible Deal e o link estará nas notas finais. Espero que aproveitem!
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