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História Troublemaker - Turn The Game.


Escrita por: _rachm

Capítulo 17 - Turn The Game.


Selena Gomez Point Of View

— Então? — o impacto posterior à queda da minha mala sobre o carpete traz consigo o silêncio que reflete a apreensão nos globos azulados da loira.

Sob o meu olhar inquisitivo, Ashley engole o seco, transmitindo toda a sua carência de firmeza para me responder.

— Eu não sabia que ele viria. — reviro os olhos ante à sua justificativa, a loura percebe a minha impaciência, o que aumenta o seu nervosismo com a situação. — Sel, eu juro que não sabia. Mas não era você que não queria estar sempre perto dele?

Ela ergue uma sobrancelha, fitando-me com desconfiança. O meu foco redireciona ao chão, incomodada com aa lembranças que assombram os meus pensamentos.

— Eu estava sendo idiota. — murmuro contragosto.

— Será que vocês não podem passar dois dias convivendo civilizadamente?

Um olhar piedoso é sustentado em sua face límpida, em (força), ela entrelaça as duas mãos e as ergue próximas ao queixo.

— Desde que ele fique longe o máximo possível.

Dois toques secos ecoam, em seguida, giro o corpo na direção contrária à tempo de ver Ryan enfiar metade do corpo para dentro do quarto.

— Posso? — assinto e suponho que Ashley faça o mesmo ao vê-lo adentrar.

O louro não aparenta notar o clima de tensão que se propaga no cômodo, no entanto, o sorriso oprimido estampado em sua face dá indícios de que sua função é transpassar alguma notícia que possa vir a ser desagradável.

— Você vai ter que ficar no quarto com o Chaz. — ele avisa, por fim. — Nós não sabíamos que você iria vir, não tem quartos o suficiente.

— Eu tenho outra opção?

— Ficar com o Justin.

O arrepio que percorre com velocidade a minha espinha não deixa rastros de significados, contudo, a idealização em dividir a cama com o Bieber causa-me um fervilhamento no cérebro, trabalhando em pensamentos conturbados.

Não, definitivamente isso é ruim. 

— Eu vou adorar dividir o quarto com o Chaz.

O casal anui com a cabeça, decididos a não questionar a minha resposta. 

Sem mais prescrições, rumamos ao andar inferior, onde os dois últimos permanecem.   

Por sua visão periférica, Justin nota a minha aproximação e, de imediato, o sorriso desmancha em sua face risonha. A cozinha é banhada pelo silêncio e, evitando algum possível constrangimento, o Butler decide quebrá-lo.

— Somers, a Selena vai ficar no seu quarto. — avisa, enquanto movimenta-se pela cozinha em busca de um copo. — Aproveite, é o máximo de presença feminina na sua cama que você terá em muito tempo.

A brincadeira arranca-nos algumas risadas, ao me aproximar do mesmo, Chaz envolve o braço direito por mei quadril, aproximando-me de seu corpo.

— Que honra ter sido escolhido! — ele brinca ao fazer uma breve reverência.

— A outra opção não era lá muito boa. — provoco, em bom tom. — Eu vou ser a melhor parceira de cama que você já teve na vida.

A gargalhada do moreno desperta o foco das íris carameladas, fitando-nos. Justin possui uma faca na mão, ao mesmo tempo em que a desliza lentamente sobre o pão de forma, pincelando-o com pasta de amendoim. Os nós em seus dedos esbranquiçam conforme o louro pressiona o objeto contra a pele.

— No bom sentido, é claro. — seu olhar redireciona ao meu, acompanhado por um sorriso sarcástico.

— Droga, você matou as minhas esperanças!

— Como se houvesse alguma chance... — Ashley zomba, atirando um pequeno pedaço de miolo de pão em nossa direção.

— A Sel sempre foi a minha cheerleader favorita, acho que agora eu já posso dizer que sempre a achei gostosa. — Chaz justifica abdicando de um tom humorado. — Além disso, agora eu não tenho mais o Bieber enchendo o saco quando falo disso.

Dou risada ao envolver os meus braços por cima dos ombros do moreno, no entanto, ao fazer menção em retrucar a brincadeira, a voz de Justin ecoa em uma entonação áspera por todo o cômodo.

— Você deveria se preocupar sobre isso com o namoradinho dela, agora. — o sarcasmo contido em suas palavras faz-me revirar os olhos.

Justin não faz qualquer esforço para ocultar a sua intenção em me provocar e arrancar alguma reação da minha parte, visto que tenho o ignorado nas últimas semanas. Para a minha infelicidade, a impulsividade domina grande parte do meu corpo, impedindo-me de abstrair sua frase venenosa. 

— Ele tem um nome, sabia? — encaro-o semicerrando os olhos, entretanto, o louro ignora a minha expressão desafiadora, transformando um semblante provocativo em raivoso ao travar o maxilar. 

— Pouco me importa. — ele resmunga, desdenhoso. 

Sinto as veias do meu corpo esquentarem pela raiva que o consome aos poucos, aperto os punhos sobre a pele morna de Chaz, sentindo-o segurar-me, temendo que eu acabe atacando fisicamente seu amigo. 

— Você não cansa de ser tão babaca? — questiono-o, libertando as partículas de irritação que se agitam com rapidez. Deduzo uma ruborização do meu rosto ao que a minha pele facial esquenta. 

— Então! — a intromissão provém de tom alto e desesperado usado por Ashley, evitando o prosseguimento da troca de farpas. Ao receber as devidas atenções e concluir seu objetivo, a loura sorri de maneira forçada. — Vamos sair? Estou louca para passear pelo bairro.

Ryan e eu estamos prontos para negar, contudo, a provável drama exagerado da mulher seria uma das nossas últimas opções para o dia. Portanto, sem direitos à escolha, acatamos ao pedido silenciosamente. 

Alguma parte de mim se sente agradecida, afinal. Não precisar estar, necessariamente, presa à um cômodo junto com Justin diminui, em média, cinquenta porcento das minhas angústias e um passeio por Mammoth Lakes poderia, de fato, me deixar relaxada. 

 

Justin Bieber Point Of View

Para o desgosto de Ashley, todas as suas atividades programadas precisaram ser adiadas por conta do mau tempo, nuvens escuras passam a cobrir o céu, escurecendo toda a cidade com seu indício de chuva forte. Contudo, um possível resfriado debaixo de uma tempestade não nos afastou de conhecer o festival de verão que acontece. 

A circulação de pessoas por ruas habitualmente calmas é intensa, o evento parece atrair cada morador de Mammoth Lakes, agitando-os com músicas que se concentram em uma praça central. Porém, embora todo o clima festeiro nos envolva, o espírito consumidor de Ashley nos faz segui-la por alguns minutos por variadas lojas até que tenha piedade de nossos pés doloridos. E, inevitavelmente, mantenho-me próximo à latina, embriagando-me com seu perfume agradável à cada vez em que ela se distrai com algum artefato e perde distância de mim. 

Observando-a a de soslaio, a serenidade em seu semblante remete-me à tempos antigos, onde não precisávamos estar dependendo de palavras afiadas para nos defender de acusações alheias. A simplicidade fora tão soberana que eu mal poderia imaginar o que estaria por vir.

— Você pode parar? — a entonação vocal levemente aguda me desperta, posteriormente, o meu olhar cai sobre o amendoado raivoso, sua insatisfação é esclarecida no instante em que a morena recua em um passo.

— O quê? — meus músculos faciais se contraem, transmitindo a minha hesitação em sua atitude. 

— Pode parar de ficar me seguindo como uma sombra? — Selena rebate de forma notoriamente incomodada ao cruzar os braços sobre os seios. — Está me incomodando!

— A rua é pública. — defendo-me, beirando à indignação. Ela não demonstra abalo. — Além disso, se você não percebeu, estamos em grupo.

Ela bufa e, devido à sua falta de argumento, dá-me as costas na intenção de prosseguir o trajeto pelas ruas de pedra. Entretanto, o efeito de um lapso do meu orgulho obriga-me a envolver seu pulso em minha mão, puxando-a contra mim. Suas íris pardas se perdem em minha face por poucos segundos antes de aderir a típica camada rigorosa.

Droga, continuar brigando com ela está longe de ser o meu objetivo. 

— Selena...

— Justin, eu estou tentando aturar a sua presença mas você não está facilitando... — a morena me corta, de maneira dura e impermeável. Suspiro longamente, embora a minha vontade seja de gargalhar devido à ironia em sua frase.

— Olha só quem fala. — sorrio sarcasticamente, vendo-a revirar os olhos novamente. Reprimo os lábios, receoso em tentar iniciar um assunto que possa vir a acabar em uma briga pior do que a última. — Ouça, eu quero conversar com você.

— Mas eu não, obrigada.

Mais uma vez, ela tenta deixar-me falando ao vento, contudo, ponho-me em sua frente, prendendo-a entre o meu corpo e um poste de luz.

— Ei, espera. — peço e, contragosto, ela se aquieta na mesma posição. — Você falou tudo o que queria, não foi? Acho que eu tenho esse direito também.

— Ah, então tem mais? — ela solta uma risada evidentemente forçada, enquanto seu olhar está preso em qualquer distante ao meu rosto. — Desculpe, eu pensei que você havia dito tudo o que queria na festa.

— É, eu... — a atenção das orbes pardas sobre a minha resposta, causa uma falha em minhas cordas vocais. Faíscam de mágoa se acendem, denunciando o efeito impensado das minhas palavras. — Olha, me desculpa, eu não queria...

— Não queria o que? Ser um completo estúpido e injusto?

Seria tolice imaginar que a morena não seria, no mínimo, hostil com toda a situação. A expressão inquisitiva não obtém qualquer falha, demonstrando o quão árduo será o meu trabalho. 

— Merda, eu não sabia que se tratava de uma coincidência! — justifico, determinado de minha quase inocência. — Pensei que você estava tentando me provocar!

— Ah, por Deus, Bieber! Eu tenho mais o que fazer!

A lânguida risada nasal escapa involuntariamente, tamanho o meu deboche por sua afirmação.

— Francamente, Selena, não me faça rir. 

Seu semblante severo cede tão rapidamente que se eu não tivesse me abstido em piscar para observar sua reação, não teria notado. 

— Olha, isso não me interessa mais. — retruca, ao transpassar o peso de seu corpo de um pé para o outro. — Você não disse que me queria longe? Pois bem, estou cumprindo.

Grunho, irritado com a minha própria estupidez. Merda, o impasse sobre afastá-la ou aproximá-la se torna cada vez mais vívido em mim. 

— Eu sei, mas eu não queria dizer exatamen... — Selena, novamente, revira os olhos e, agilmente, desvia de minha barreira e torna a caminhar na direção contrária. — Eu ainda estou falando! Eu não queria dizer daquela forma, eu sei que fui rude e lamento. Mas é que eu...

— Acho que a minha atenção te deixou um pouco prepotente. — profere, enquanto caminha em velocidade comigo em seu encalço. À esta altura, sou incapaz de localizar os outros três que haviam se perdido entre as inúmeras pessoas. — Você realmente achou que eu iria me prestar ao papel de invadir a festa da sua empresa apenas para te irritar?

— Você já fez tanta coisa, não seria de se surpreender...

Ela parece ponderar, no entanto, sua feição permanece irredutível. 

— Bom, você estava enganado. Eu nunca perderia o meu tempo com uma merda dessas.

Embora a firmeza em sua voz transmita segurança, não garanto que, de fato, esta não seria uma atitude previsível da morena. Porém, decido evitar contestamentos. 

— Então, eu estou aqui me desculpando pelo meu erro. — ela mantém sua atenção reta, como se toda e qualquer palavra minha fosse descartável aos seus ouvidos. — Isso não é o bastante pra você?

Selena cessa seus passos velozmente, à ponto de fazer-me pensar que ela poderia me agredir. Fita-me diretamente, sustentando seu habitual olhar superior.

— Hm, eu não sei. É o bastante pra você?

— Selena, por favor... — esgotado e sem fôlego, encontro-me sem argumentos para prosseguir com a discussão. — Eu estou tentando ficar numa boa com você.

— Era o que eu estava tentando em todo esse tempo. — sarcástica, ela retruca.

— Não, você estava tentando... — o constrangimento que me assombra ao relembrar o êxito que a latina obteve em seu plano faz-me diminuir o meu tom vocal, como se estivesse compartilhando o pior dos fatos. — Me seduzir.

— Ah, é péssimo quando não chegamos aos nossos objetivos, não é? Que pena!

A delimitação da rua se encerra, abrangindo o nosso campo de visão à praça onde se concentram a maior parte das pessoas e, obviamente, onde a sonoridade de nossas vozes é gravemente afetada 

— Pare de ser tão orgulhosa! — permaneço seguindo-a, porém, desvio o foco algumas vezes em direções paralelas, no intuito de localizar algum rosto conhecido. — Será que é tão difícil entender que as pessoas erram?

— Eu não sei, me diga você.

Sou atingido pela correlação de suas palavras, permitindo que uma sensação amarga se alastre pelo meu corpo. Atraídos por um mesmo ângulos, deparamo-nos com Ashley e Ryan sob a lona de uma barraca de cachorro quente e, ao notar que não terá uma resposta, Selena faz menção em seguir até o casal. 

— A situação é bem diferente. — profiro em baixo tom, contudo, certifico-me de estar próximo o bastante para que ela possa me ouvir.

— É, mas o rancor é a melhor solução, não é mesmo? — ela encara-me pela última vez e o sorriso que ganha vida em seu rosto não permite um deciframento. — O jogo sempre vira, Capitão. 
 

***      

 

A melodia romântica induz a locomoção de algumas pessoas à ficarem mais próximas ao palanque onde uma banda desconhecida reproduz alguns sucessos famosos. Em meio à alguns idosos, observo os meus melhores amigos em uma dança desajeitada, compartilhando risadas cúmplices e comentários sussurrados. As gargalhadas de Ashley dificultam a minha compreensão sobre se tratarem da diversão do momento ou de seu namorado ser um péssimo dançarino. 

No instante seguinte, imagino o que Natalie estaria fazendo enquanto poderíamos estar desfrutando de um feriado agradável. Na medida do possível, obviamente. Conhecendo-a tão meticulosamente, reconheceria de longe o seu desconforto com a presença de Selena. 

Mas que inferno, essa mulher parece estar entre nós até mesmo intencionalmente.

— Para! Você está comendo o meu lado! — a voz da bendita soa próxima à mim, dividindo um algodão doce com Chaz, ela reclama manhosamente. 

Contenho uma risada ao vê-la aderir uma expressão brava, as bochechas inchadas pela nuvem rosa anulam qualquer seriedade em sua face. Ao notar a minha atenção, Selena desiste da luta pelo algodão doce e esfrega as mãos pela roupa, limpando os vestígios de açúcar. 

 

(...)        

 

Um trovão desperta todos os cidadãos que, até então, divertiam-se nas ruas. O anúncio de uma tempestade não demora a ser concretizado e, em poucos minutos, a cidade é atingida por grossos pingos de chuva. Lamentamos a nossa decisão em vir à pé para o centro antes de começarmos a correr de volta à casa. 

O limo em alguns trechos das ruas dificulta o nosso trajeto, além da névoa criada pelo impacto da água caindo sobre as pedras. Vez ou outra, os meus músculos vacilam e sou obrigado a cessar os meus passos para recuperar o fôlego que os meus pulmões buscam desesperadamente. 

Um grito agudo posterior à mim alerta-me e, ao olhar na direção contrária, assusto-me ao encontrar a morena sentada no chão. 

— Selena! — chamo-a, contudo, obtenho unicamente um resmungo como resposta. 

Recuo em alguns passos até estar próximo o bastante para enxergar o rasgo em sua calça jeans e o filete de sangue que se forma na região de seu joelho.

— O que aconteceu?

— Não é meio óbvio? — reviro os olhos por sua rebeldia e, ainda assim, estendo a mão para ajudá-la a levantar. Entretanto, a latina recusa. 

— Para de fazer doce!

— Não preciso de você! — rebate, enraivecida. Com algum esforço, ela põe-se de pé e o gesto causa-lhe uma careta de dor. — Não era você quem queria distância de mim?

— Selena, por Deus, pare de ser tão dramática! — rogo, exasperando-me. Toda a sua teimosia começa a puxar-me dos trilhos. — Como eu poderia imaginar? Olha, eu sei que te julguei mas é difícil acreditar no que você diz!

Embora a nossa vontade seja, de fato, gritar um com o outro, o som estrondoso da chuva não nos permitiria controlar a sonoridade de nossas vozes. Afasto as gotículas que escorrem dos meus cabelos encharcados, prestes a cegar-me com toda a água.

— Pra mim também é difícil acreditar que você tenha sido tão idiota por puro ciúme! — acusa-me ao apontar seu indicador contra o meu peito.

Pigarreio, sentindo-me levemente baqueado e traído por minhas cordas vocais, que falham arduamente. 

— O... O quê?! — devido à nossa proximidade, o meu sussurro não passa despercebido e, de certa forma, praguejo por isso. Sinto-me ridiculamente vulnerável.

— Ah, não faça essa cara! Você sabe do que estou falando.

— Ciumes?! — rio com sarcasmo, movimentando a cabeça em negação. Selena claramente diverte-se com tal afirmação. — Está vendo? Você continua louca!

A fúria da tempestade parece rebater em nós, visto que nos irritamos cada vez mais e, evidentemente, percebo que a batalha não se encerrará tão facilmente.

— Ah, é? Se não foi, por que você deu aquele showzinho todo?

— Eu... É... — gaguejo e, posteriormente, grunho por raiva ao vê-la rir da minha reação desconcertada. Merda, eu não poderia deixar tão óbvio. — Bem, eu pensei que você estava tentando me deixar irritado com aquele cara e...

— O fato de eu estar saindo com o Charlie não tem nada a ver com você!

— VOCÊS VÃO MESMO FICAR DISCUTINDO NA PORRA DESSA CHUVA?

Brava, à alguns metros de distância, Ashley berra chamando a nossa atenção. Encaramo-nos por alguns segundos e, bufando em conjunto, tornamos a caminhar em silêncio de volta à casa de Chaz.

 

***        

 

Após um banho quente e a persistência da chuva em castigar a cidade, optamos pela opção de vinhos e poker na sala de estar do Somers. Aparentemente aliviada por ter jogado inúmeras acusações na minha cara, o humor de Selena mantém-se estável de ameno durante algum tempo. Contudo, sinto-me estranhamente incomodado com o seu distanciamento, em horas, a morena mal me olha e quando o faz, desvia rapidamente. 

Começo a deduzir que, talvez, seu descaso não seja apenas fruto da minha estupidez e sim, de um novo relacionamento em sua vida.

Porra.

— Bieber!

— O que?!  — sobressalto com o grito rende aos meus tímpanos, Ryan gargalha e, posteriormente, atinge a minha nuca com um tapa.

— Acorda para o jogo, seu animal!

Acordar...

Talvez eu deva mesmo acordar e tirar essa merda de dúvida, concluo.

O vinho começa a fazer efeito em meu organismo, deixando o meu metabolismo levemente mais lento. Ao decidirmos dar uma pausa para que Chaz retorne com uma nova rodada de anéis de cebola frita, repouso as costas no sofá, causando o relaxamento imediato dos meus músculos. 

Quando reabro os olhos, Ashley e Ryan não se encontram mais no cômodo e eu acabo não evitando uma careta ao imaginar o que os dois estariam fazendo. O aroma dos anéis de cebola preenchem a sala, anunciando que o Somers ainda se ocupa em fritá-los, restando unicamente Selena e eu na sala. 

Em silêncio, ela mantém sua concentração na tela de seu celular, como se a arte mais interessada que já existiu estivesse sendo exibida ali.

— Então... Você está mesmo com ele? — questiono, antes mesmo que eu possa policiar-me. A latina levanta o olhar ao meu, fitando-me em dúvida.

— Com quem?

— O cara da festa. — ressalto contragosto, descrente de mim mesmo por estar interrogando-a. 

— Isso te importa?

— Não. Nem um pouco. — dou de ombros, na tentativa de transparecer casualidade e indiferença. Não parece ter surtido efeito, já que um singelo sorriso ameaça surgir em seus lábios. — É só... Curiosidade.

O silêncio posterior explicita sua vontade em deixar-me sem respostas, entretanto, ainda que eu me sinta um garoto infantil, não controlo uma provocação que arde na ponta da minha língua. 

— Me admira você estar com um cara como ele.

— Como assim "cara como ele"? — Selena franze o cenho, agarrando-se à habitual expressão questionadora. — O que você quer dizer com isso?

— Ele parece ser um bananão. — alfineto, divertindo-me com semblante injuriado que se forma me seu rosto esférico. 

— Olha só, o Charlie é lindo e é um dos caras mais divertidos que já conheci. Se não, o mais. — garante, no entanto, acredito que toda a exaltação seja apenas com o intuito de me aborrecer.

— Aham, acredito. — debocho, desdenhoso. 

— Ei, eu não fico questionando a aparência de girafa filhote da sua esposa.

Ainda que o comentário tenha me ofendido, sinto-me aliviado pelo retorno das provocações, afinal, esta vem sendo a nossa zona de conforto desde que Selena retornara. Devo admitir que estou familiarizado com as nossas discussões. 

— Você queria era ser como ela.

— Por que eu iria querer isso?

— Porque...

— Se eu mal preciso estalar os dedos para ter o marido dela enlouquecendo por mim? — a morena põe de joelhos sobre o carpete e engatinha em minha direção, apoiando o tronco em minhas pernas. — Você deveria assumir que está com ciumes do Charlie, seria mais elegante.

— Eu gostaria de saber o que te faz pensar que eu teria ciúmes de você. — sustento firmemente o contato visual, impedindo-a de pensar que há qualquer hesitação de minha parte. 

— Eu preciso mesmo responder?

— Por que eu teria ciúmes de alguém que anda implorando para estar comigo? — provoco-a e, impulsivamente, inclino o meu tronco, diminuindo a distância entre os nossos rostos.

— Eu nunca implorei, querido. Se toca. — ela ri de forma debochada. 

— Você nem precisaria, o desejo está explícito nos seus olhos.

— E o medo está explícito nos seus. — desafiadoramente, ela anula mais alguns centímetros em nossa distância, sussurrando provocativa contra o meu rosto.

Um olhar perdido direcionado aos seus lábios roliços é o suficiente para que eu recue, completamente encurralado no jogo em que resolvi me meter. Selena sorri com satisfação, notando a minha desistência rápida em comprovação à sua teoria.

— Está vendo? Você não consegue manter a nossa convivência agradável. — acuso, desviando o foco principal do assunto. 

— Eu sei que você está fazendo tudo isso para tentar se redimir. — rebate friamente. 

— Eu já me desculpei, não tenho muito o que me redimir.

— Nem sempre desculpas são o suficiente.

Suas íris pardas se perdem e, no outro instante, a morena se afasta, voltando à sua posição anterior. Sinto-me corroer internamente pela culpa, ainda que a vontade em questioná-la sobre estar magoada exista, eu não me arriscaria a receber uma resposta falsa.

— Se eu não estiver me rastejando aos seus pés, nada é o suficiente pra você. — alego, convicto do que digo. O egoísmo sempre acabaria por sufocar qualquer outro sentimento da latina.

— Então por que você insiste se sabe que não pode me dar o que eu quero? — em um tom baixo e singelo, ela indaga. Sou incapaz de desviar o olhar, hipnotizado e cativo às pequenas bilhas amendoadas.

Enquanto o silêncio nos engole, lembranças dos anos anteriores percorrem os meus pensamentos, causando a pontada sobre o meu peito que indica todos os danos causados pelos rastros de Selena.

Toda a minha entrega que não obtivera validez, todo o amor que fora descartado na primeira oportunidade. Fria. A maneira na qual ela me encarava no corredor do ginásio era completamente desprovida de afetuosidade. E, ainda assim, estive implorando, mesmo sem escolha. Por tanto tempo, a mesma frieza estivera habitando em mim, amparada por uma solidão melancólica que insistia em desejar, até mesmo, os dias ruins com Selena novamente.

Até encontrar Natalie. Estar com ela é a minha cura de todos os maus tempos. E, desta vez, eu tenho a opção de me negar a perder a coisa mais importante para mim. 

— Porque te dar o que você quer, envolve muito mais do que os seus caprichos.

No lugar de uma resposta afiada, observo seu rosto empalidecer e o tronco encurvar-se levemente para frente, enquanto ela pressiona as mãos sobre o estômago. Em um ato ágil, Selena levanta e corre ao andar superior.

 

Flashback

— Por que você teve que dizer aquilo lá na frente de todo mundo?

A voz da garota soa esganiçada enquanto persegue-me pelos corredores vazios do colégio, ignorá-la me parece impossível, visto que os meus tímpanos imploram por um cessar fogo.

— Selena, eles estavam mexendo com você! O que você queria que eu fizesse? — defendo-me, injuriado com tamanha ingratidão. A morena revira os olhos em um gesto comum de irritação.

— Eu posso me defender sozinha, não quero que pensem que sou a garotinha do capitão!

— E por que não? — a alteração do meu tom vocal indica o quanto me sinto ofendido por sua repulsa em ser vista como minha namorada. — Nós já estamos juntos!

— O fato de ficarmos não significa que estamos verdadeiramente juntos, Justin, por Deus! — ela desdenha, aborrecida. — Eu não quero que me vejam como a garota apaixonadinha que precisa do namorado para defendê-la, até porque, nem isso nós somos.

— Mas...

— Sem mas! Você sempre soube que isso nunca iria rolar, não sei porquê insiste. 

O impacto que suas palavras me causam concentra-se em um nó entalado na minha garganta, sem qualquer consideração, Selena me dá as costas e refaz o caminho de volta à região externa do colégio, deixando-me na companhia de uma dor incômoda no peito.

 

"Eu amei você com um fogo vermelho, agora está se tornando azul, e você diz "sinto muito" como um anjo. É tarde demais para se desculpar." - OneRepublic. 


Notas Finais


That's all folks!

Oi? Tem alguém esperando por capítulo dessa fanfic ainda?

Bem, eu apareci finalmente, após um mês. Mas antes de tudo, preciso me justificar, não é?
Primeiro eu tive um super bloqueio criativo com Troublemaker, eu senti que havia me perdido completamente nos meus planos e não conseguia desenvolver nada dessa fanfic. Além disso, acabei me empenhando demais em outras estórias que decidi criar. Então, depois disso, eu tive uma "decepção" como a minha nova fanfic, aquilo me deixou desmotivada e algumas vezes eu até pensei em não voltar mais para o SS. Por último e pior, eu passei por um problema familiar que me deixou bem mal, eu não conseguia escrever. Enfim, foram esses os motivos do meu sumiço.

Agora eu quero me desculpar por erros no capítulo, são duas da manhã, eu nem mesmo o revisei e estou com um pouco de sono, relevem vai. Além disso, eu espero que toda essa demora tenha valido a pena para vocês. Apesar de ter achado a minha escrita meio desleixada nesse capítulo, eu espero não ter decepcionado vocês porque, francamente, Troublemaker está me dando um pouco de trabalho para escrever. Agradeço infinitamente à Lay, que além de nunca me deixar desistir, ainda me dá apoio e sugere ideias. Se não fosse por ela, nem sei o que eu faria.

Ah, eu quero desejar um Feliz Natal atrasado para todas vocês e já adianto um Feliz Ano Novo próspero, caso eu não apareça por aqui no domingo.

Então, é só isso mesmo. Os comentários de vocês serão muito importantes para mim então, mesmo que eu não mereça, comentem, hahahaha.

Minha outra fanfic: https://spiritfanfics.com/historia/irresistible-deal-7130789

Twitter: @fckzemog

Até o próximo! Um beijo e um queijo! ❤


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