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História Troublemaker - It's Over.


Escrita por: _rachm

Capítulo 19 - It's Over.


Justin Bieber Point Of View

Os segundos seguem de forma lenta, enquanto observo a expressão irritadiça em sua face. O olhar minucioso me intimida, embora eu ainda tente decifrar do que exatamente estes me acusam. Atordoado, decido perguntar:

— O que?

Observo o movimento em que seu peito faz ao subir rapidamente e descer de forma lenta, ela fecha por olhos por algum tempo, como se estivesse controlando todos os músculos do corpo.

— Você estava com ela, não estava? — repete, fitando-me da mesma forma.

Franzo o cenho, sendo atingido por uma dúvida ainda maior, não sei do que trata,  tampouco a razão de uma aparente raiva crescente. 

— Ela quem? — torno a perguntar, assustando-me com o sorriso sarcástico que surge em seus lábios de forma instantânea. 

— Selena. Diga que estava com ela, Justin. — profere, o tom de sua voz diminui e se torna áspero, soando de forma ameaçadora. —Diga que vocês passaram esses dois dias juntos.

Surpreso, sinto as minhas pupilas dilatarem e, ao tentar balbuciar qualquer coisa, seu olhar inquisitivo me deixa acuado. 

— Como você sabe...

— COMO EU SEI?! — ela grita, pondo-se de pé à minha frente. As veias de seu pescoço ganham volume, evidenciando a raiva que percorre dentre elas. — Você acha que sou idiota? Eu iria ver uma foto dela com a Ashley e pensar o que?

— Natalie, ela estava lá mas...

— MAS O QUÊ, MERDA?! — fecho os olhos, afastando-me em três passos para trás. Seu grito ecoa diretamente em meus tímpanos, fazendo-os latejarem. — Eu não acredito que você esteja brincando comigo dessa forma, logo eu, Justin! Logo eu que...

  — Espera ai! — interrompo-a, soando em um tom agudo, devido à minha indignação. Mal posso acreditar que minhas conclusões estão corretas. — O que você está tentando insinuar? — questiono. A mulher engole o seco, contudo, mantém o contato visual firme entre nós. A ficha cai como um soco em meu estômago. — Eu não acredito... Você está ficando maluca?

 — Não, mas vocês dois provavelmente acham que eu estou ficando demente! — diz, exasperando-se em gestos com as mãos. Natalie começa a caminhar de um lado para o outro, em uma tentativa comum de afastar o descontrole. — Eu não sou cega, Justin. Eu vi tudo acontecer, de longe, quieta... Eu vi tudo o que essa mulher fez na nossa vida!

Reviro os olhos, rindo de modo sarcástico. A minha irritação começa a se intensificar a cada palavra proferida pela loura, despejando-me a teoria absurda que vaga por sua mente perturbada.

— Na nossa vida?! Qual é o seu problema? — exalto-me, aumentando algumas oitavas em minha voz. Natalie não se abala, de todo modo. Parece cada vez mais disposta à levar o assunto à diante. — A nossa vida é a mesma desde que nos casamos!

— NÃO! — ela protesta em um grito estridente, avançando em minha direção. — Não é e você sabe muito bem disso! Eu vejo como vocês se olham, eu sei o quanto ela te afeta! Por que você não admite?

- O QUE VOCÊ QUER QUE EU ADMITA, CARALHO? NÃO ESTÁ ACONTECENDO NADA! — berro contra sua face, vejo seus músculos estremecerem em choque. Eu nunca havia gritado com ela antes. Cesso a respiração, esforçando-me para controlá-la. — Natalie, me ouça, eu nunca toquei na Selena, isso nunca aconteceu!

A firmeza em meu tom não a convence, de um modo inesperado, parece instigar ainda mais a sua ira. A face, antes pálida, da mulher torna-se rubra, juntamente à indícios de lágrimas que surgem em suas íris brilhantes. 

—PARE DE MENTIR! — ela empurra os meus ombros, afastando o meu corpo para que possa ultrapassá-lo, rumando à outro canto do cômodo. — Vocês estavam lá, juntos, enquanto eu ficava aqui igual uma idiota, arrependida por não poder passar algum tempo com você.

—Você está sendo ridícula! — retruco, suspirando com exaustão. É inacreditável que estejamos tendo essa discussão, principalmente, após todo o meu esforço para nos manter imunes à latina. — Você está sendo ridícula, paranoica e injusta!

— INJUSTA? Francamente Justin, não me faça rir. — sinto-me à ponto de explodir, vendo-a agir de maneira irracional e absurda. Natalie prende as lágrimas em seus olhos, movimentando-se de forma agitada. — Se as coisas fossem como você diz, ela não agiria com tanta segurança em relação à você. Ela quer você!

— MAS EU ESTOU AQUI, NÃO ESTOU? EU ESTOU AQUI, NATALIE! EU SOU FIEL À VOCÊ E TE RESPEITO.

— NÃO, VOCÊ NÃO É FIEL! SÓ DE VOCÊ PENSAR EM ESTAR COM ELA JÁ É UMA TRAIÇÃO, JUSTIN!

—O QUE?! — rio de um modo incrédulo, repassando toda a raiva que percorre o meu corpo para as minhas mãos, que castigam rigorosamente os meus fios de cabelo. — Agora eu estou te traindo em pensamento? Deus! Você está completamente fora de si.

— SIM! Eu estou, sabe por que? — caminhando em minha direção, ela aponta para o próprio peito, fazendo-me notar toda a vermelhidão nesta área. — Porque eu me contive por muito tempo. Eu vi o meu marido estremecer só com a presença de uma vagabunda qualquer e engoli tudo calada. EU CANSEI!

Tento, miseravelmente, canalizar toda a minha raiva. Estar diante de Natalie, à beira da loucura, acusando-me de forma tão obtusa, é inaceitável. Todo o esforço que precisei utilizar para manter-me distante de Selena parece ter sido em vão. 

A mágoa profunda perceptível nos olhos de Natalie, indicam exatamente o ponto qual o nosso casamento está. 

— Você cansou? — a ironia da situação me faz sorrir, enxergando-me como um idiota que esteve apoiado à algo tão instável. — Então eu acho que eu tenho esse direito também, não é?

Seus olhos arregalam. Natalie cambaleia, escorando-se sobre o espaldar do sofá. Ela está atônita, sem esboçar qualquer reação.

— O-o que?

— Eu te fiz promessas, Natalie. — o meu tom vocal é baixo, fluindo de forma sussurrada devido ao cansaço e o ressentimento carregados neste. — Eu jurei te amar diante de Deus e da minha família. Eu dei o meu máximo para te fazer feliz. Fui atencioso e companheiro. E agora, é isso o que eu recebo em troca? Ser acusado de traição, mesmo quando eu estive tentando arduamente não te fazer sentir inferior à ela?

Ela recua, fraquejando em sua própria guerra interna. Embora a raiva ainda esteja estampada em sua face, consigo enxergar o medo através de seu olhar.

— Pare de tentar se vitimizar! Eu nunca ficaria procurando problema onde não tem, se eu estou lhe dizendo isso, é porque eu sei que algo está acontecendo!

— MAS EU NÃO TRAI VOCÊ, PORRA! — rebato, ainda que não alcance qualquer efeito. Natalie está impassível. — Como você pode não confiar em mim, Natalie?

— Da mesma forma que você pôde me fazer de idiota. — as lágrimas que esteve sustentando, finalmente, rolam por suas bochechas. Ela anula a distância entre nossos rostos, obrigando-me a olhá-la de maneira direta. O movimento de suas orbes indicam a busca de qualquer falha em meu semblante firme. Ela espera que eu minta. — O que foi, Justin? O que ela faz melhor que eu não faço, huh? Qual foi a maldita feitiçaria que essa mulher jogou em você?

Ela prende o lábio inferior entre os dentes, contendo o choro que ameaça se intensificar. Sinto o meu peito apertar-se em dor, contudo, apenas me afasto. Ela observa cada mísero movimento, pronta para argumentar qualquer defesa da minha parte. 

Eu não o farei. Não mais. 

— Chega, eu cansei. — murmuro, engolindo o nó que se formava em minha garganta. As chaves do carro ainda estão em meus bolsos, portanto, logo vou em direção à porta. — Não vou ficar escutando essas merdas.

— Onde você está indo? — seus passos ecoam atrás de mim, juntamente à um tom vocal estremecido. — JUSTIN! Onde você vai?

— Sair! Eu preciso de ar.

Ela agarra os meus braços, posteriormente, pondo-se à minha frente, obrigando-me à parar antes que pudesse tocar a maçaneta. 

— Não, não fuja da nossa conversa!

— Isso não é uma conversa, Natalie! — falo pacientemente, apesar das circunstâncias. — É um julgamento. Você jogou uma tonelada de acusações sem fundamentos para cima de mim e quer que eu confesse algo que não fiz.

— Então fique! Fique e me prove, me faça acreditar em você. — ela pede, sinalizando um desespero incabível após toda a cena que havia feito.

Ela não tem o direito de se sentir arrependida agora.

— Eu não preciso disso. — respondo com determinação, desvencilhando-me de seu toque em meus braços. — Quando se ama alguém, ela não precisa provar nada para você saber que está falando a verdade.

O ar gélido atinge a minha face, ocasionando em arrepios que se estendem por todo o corpo. Apesar da baixa temperatura, sinto-me ferver internamente. Meus pensamentos aglomeram-se em momentos distintos, afetando o meu raciocínio rápido.

Encontro-me paralisado na porta da minha casa fitando o céu, como se pudesse tomar uma decisão unicamente com alguma ajuda divina. Imediatamente, a imagem de Selena surge, agravando a minha confusão mental.

Que porra está acontecendo com  minha vida?

Retiro o celular do bolso, discando com rapidez os números que já estou familiarizado. O som de espera cessa, deixando-me aliviado.

— Ryan? Onde você está? Eu preciso de você, cara.

* * *        

Selena Gomez Point Of View

Questiono-me, mentalmente, como poderíamos ter permitido que o ateliê estivesse em tamanha desorganização, visto que havia encontrado, pela manhã, um suéter jogado sobre a minha mesa. Com a ajuda de Sam, tento recordar-me de onde provém cada peça, recolocando-as em seus devidos lugares. 

— Sel, tem um cara ai que quer falar com você.

Samantha informa, ao retornar do bistrô do Sr Evans com um saco de papel em mãos. Em seguida, o moreno atravessa a lacuna da porta, adentrando no ateliê. Ele sorri, no entanto, limito-me a apenas franzir o cenho.

— Chaz?

— Oi, abelha rainha! — saúda, ao alcançar o meu rosto, ele deposita um beijo rápido em minha bochecha esquerda. Mantenho a minha expressão desconfiada, intrigada com sua aparição repentina. 

— O que faz aqui? — indago, erguendo uma sobrancelha, em um gesto automático. Noto a curiosidade em seu olhar que desvia repetitivamente. 

— Ah, eu... — ele balbucia, pigarreando ao buscar firmeza em sua voz. — Vim te visitar!

O sorriso entusiasmado que surge em sua face não é convincente, tampouco, o olhar falsamente inocente. 

— Não, você não veio me visitar.

— Eu vim sim!

— Não veio, Charles. — rebato com determinação. Meu olhar cruza com o dele, encontrando a direção qual ele é constantemente atraído. A morena permanece sentada por detrás de sua mesa, onde o foco em algumas contas parece ter maior importância do que a nossa conversa. —Mônica, você se lembra do Chaz?

Ela desloca o olhar até nós, posteriormente, adquire uma expressão pensativa.

— Ahn... Chaz?

— É, um dos meus amigos da escola. — explico, apontando para o moreno à minha frente. Isto não parece relembrá-la. — Você o pegou te espionando com um binóculo uma vez.

Sinto o olhar raivoso do homem sobre mim, contudo, concentro-me na reação de Mônica, que solta uma risada por tal recordação. 

— Ah! Sim, agora eu me lembrei. — ela levanta e, esboçando um sorriso educado, estende à mão ao homem. — Olá.

— Oi...

A instabilidade no tom vocal de Chaz ao toque de suas mãos me faz querer gargalhar. É surpreende como, em poucos atos, Mônica consiga desmontar a postura galanteadora dele. 

— Eu espero que você tenha perdido esse hábito, sabe que não terá a sorte de se livrar da polícia outra vez. — ela brinca, ocasionando no rubor das bochechas do moreno.

— Hm, não. Agora, quando eu estou afim de alguém, eu a chamo para sair. — ele sorri sem graça, intercalando o olhar entre nós duas. — É mais tradicional.

Desloco o rosto até a porta, onde corpo de Sam consiste paralisado, ela movimenta os lábios, indagando-me:

"Eles estão flertando?"

O entusiasmo incrédulo estampado em sua face causa-me uma risada, ao acenar positivamente, retorno a minha atenção ao casal, quebrando o contato visual intenso qual eles sustentam ao pigarrear. 

— Então... Mô, eu vou dar uma saída. É bem rápido. — ela assente de modo constrangido ao desviar o olhar ao homem novamente. — Chaz, você se importa?

— Não, claro que não. — responde, de imediato, sorrindo discretamente. 

— Ótimo. Eu volto daqui a pouco, se comporte.

— Certo, capitã. — ele brinca ao bater continência. 

[...]        

— Você tem uma voz muito bonita.

O silêncio no ambiente é tranquilizador, faz-me sentir em paz, ainda que seja apenas externamente. Charlie sorri ao desligar alguns aparelhos, onde foram armazenados áudios aleatórios de trechos de músicas que havíamos cantado juntos em uma tarde qualquer após o almoço. 

— Quanto exagero da sua parte. — falo, escorando-me em uma das mesas de som. Ele para ao meu lado, analisando o meu rosto de modo atento. 

— É verdade! Ela é suave e afinada, eu gosto. — suspira e, ao cruzar os braços sobre o peito enquanto bate a sola do tênis de forma repetida, noto que algo o inquieta. — Então... Você está certa desta decisão?

Aceno positivamente, encarando a parede escura à minha frente. Sinto-me covarde para olhá-lo e enxergar a chateação em suas íris claras. Embora tal situação seja comum em minha vida, pela primeira vez, a culpa me atinge por precisar terminar com alguém. 

— É, eu estou. — murmuro. — Ouça, eu não quero que você me entenda de uma forma ruim, tudo bem? É que eu... — suspiro longamente. Charlie mantém seu foco diretamente sobre mim. — Bem, no momento, eu sou como uma bola de dúvidas prestes à explodir!

— Eu adoro responder dúvidas.

— Hm, acho que essas nem Einstein conseguiria.

Minha risada soa fraca, porém, altamente melancólica. 

— Me deixe adivinhar. — ele põe-se a minha frente, roubando o foco dos meus olhos. Charlie sorri, embora não demonstre humor. — É ele, não é? O cara louro?

— O que?

— Quando fomos àquela festa juntos, fui apresentado à um cara chamado Justin. Ele nos olhava a cada dois segundos e parecia que iria derreter de ódio. — esclarece, sinto o meu rosto empalidecer, tamanho o choque. — Eu vi quando você sumiu e ele também, logo depois, ele voltou e quando você apareceu, estava abalada e pálida. As suas dúvidas são sobre ele, estou certo?

— É... — balbucio, ainda atordoada com sua surpreendente observação detalhada. — Bom, mais ou menos. Eu não sei, na verdade.

— Ele é casado.

— Eu sei.— reviro os olhos, incomodada apenas com a menção de tal fato. — Antes fosse somente esse o problema. Nós temos uma história antiga que é difícil de esquecer.

— Então... Qual é o problema agora? Você sente algo por ele, mas ele não sente?

Minhas têmporas latejam, juntamente à dor que se espalha por todo o meu peito. Mal consigo definir os meus próprios sentimento, se quer, explicar a situação.

— Eu não sei, Charlie. — choramingo, sentindo-me estupidamente fraca para tentar aparentar indiferença perante ao avalanche que me atinge, puxando-me cada vez mais ao fundo. — Tudo isso é muito angustiante. É como se algo estivesse crescendo dentro de mim, esmagando todos os meus órgãos e fechando a minha garganta, eu me sinto sufocada!

— Talvez sejam sentimentos que você guardou por muito tempo. Você deveria colocar isso pra fora, Selena. — sugere em um tom sereno que, de certa forma, acalma o meu sistema nervoso. 

— De fato, não mudaria em nada. — contesto, de modo fatigado, entregue à realidade que tanto custei à aceitar. — O Justin me odeia.

— O ódio e o amor caminham juntos, não sabia?

— Não nesse caso, já é tarde demais.

— Nunca é tarde demais, Selena.

— Para mim, é. — sorrio tristemente, embora a cadência dos meus batimentos cardíacos se percam cada vez mais, contenho a imensa vontade de chorar que me consome. — Uma das coisas que eu me dei conta é que o amor não nos permite ser egoístas. Pela primeira vez, Charlie, eu quero colocar a felicidade dele à frente da minha.

Ele parece surpreso, contudo, seu olhar terno pousa sobre o meu, reconfortando-me. Ponho-me entre os seus braços, sentindo-o abraçar-me com suavidade. Posteriormente, ele sussurra próximo ao lóbulo da minha orelha:

— Eu espero que a sua decisão seja a ideal para você também.

— Você sempre dá conselhos amorosos às garotas que sai? — brinco e, ao erguer o rosto, contemplo o sorriso que afasta, mesmo que momentaneamente, a minha tristeza. 

— Só para as que eu mais gosto. — revela em um tom baixo, como se acabasse de contar um segredo. 

— Hm, eu acho que vou continuar marcando hora.

* * *        

A temperatura noturna é amena, devido ao dia ensolarado que havia dado lugar à escuridão pouco tempo antes, possibilitando-me viajar com a janela do carro aberta, desfrutando da brisa leve que se choca contra o meu rosto.

No outro banco dianteiro, a loura tagarela, eufórica sobre a minha recente revelação desta tarde. Saber que Mônica havia correspondido as investidas de Chaz parece ter feito o dia de Ashley. 

— Eles estavam flertando? Não acredito!

— A Mônica estava vermelha como um tomate, eu os peguei no flagra! — conto, vendo-a gargalhar. 

— Aposto que ele estava falando sacanagens para ela...

— Ashley! — ralho, ela desfaz a expressão pensativa para encarar-me com espanto.

— O que? É verdade! Isso é bem típico do Chaz.

— Mas não da Mônica! Ela parece ser tão reservada...

— Essas são as piores, você sabe bem disso.

— Eu acho que ele vai chamá-la para sair... — comento de modo vago. — Isso é tão estranho, ela é quase dez anos mais velha.

— Não tem idade para o amor, Sel. Além disso, imagina o quanto o Chaz deve estar eufórico? — ela sorri, quase encontro brilho nos seus lábios devido à tamanha empolgação contida neles. — Ela foi o amor platônico dele na adolescência!

— Espero que ele não fique tão apressado, se é que me entende.— ela sorri de forma maliciosa, posteriormente, entregamos-nos em gargalhadas que ecoam por todo o carro.

— Hm, e ai... — ela balbucia descontraída, embora tenha o olhar concentrado no trânsito. — Você pensou no que eu te disse?

— Sobre o que?

— Justin.

Os meus músculos enrijecem devido ao arrepio que percorre a minha espinha. Sinto-me cada vez mais exausta de manter este nome em meus pensamentos. 

— Ah... É, eu pensei.

— Qual foi o veredito?

— Espero que ele tenha um casamento próspero e feliz.

Noto quando seu rosto se desloca rapidamente em minha direção, ela parece esquecer-se de que estamos em uma avenida movimentada apenas para demonstrar a sua total indignação à minha resposta. Bufo, afundando-me contra o estofado do carro.

— É isso? Você não vai fazer nada?

— Não. Eu estou, definitivamente, tirando o meu time de campo. — tento soar firme, embora as minhas mãos comecem a suar de maneira incômoda. Droga, até o meu estômago dói. — Eu não posso enfrentar isso, Ash. Você estava certa, é injusto.

— Eu disse aquilo apenas para você tomar uma decisão, ao invés de ficar apenas o provocando! — ela protesta, seu tom vocal flui de modo alterado, assustando-me. 

O que ela pensou, afinal?

— Você não é contra o que eu estive fazendo? — questiono ao franzir o cenho, mesmo que ela não possa enxergar a minha expressão duvidosa. 

— Sim, mas não sou contra vocês! — argumenta e, em seguida, cochicha de maneira receosa. — Eu ainda tinha esperanças...

— Bom, você pode descartá-las agora.

— Eu não acredito que você, Selena Gomez, está desistindo!

— Abrir mão não é desistir. — intervenho. — Eu me vi exatamente como o Justin me descreveu, uma mulher egoísta, fria e egocêntrica.

— Ei! Não diga isso! — Ashley repreende. — Você não é nada disso!

— Eu sei. É por isso que eu devo parar de agir como tal.

[...]        

Por uma insistência insuportável da loura, rumamos para o apartamento de Ryan com a alegação de Ashley estar sentindo-se suja com a roupa que havia passado quase todo o dia. Embora sinta o meu estômago revirar-se de fome, acato ao pedido e pacientemente, sigo a mulher pelo corredor até adentrarmos à residência. 

Todavia, os meus passos cessam com brutalidade ao encontrar um homem que não atende por Butler no sofá. 

— Justin? — Ashley franze o cenho, evidentemente tão surpresa com sua presença quanto eu, ainda estagnada no hall de entrada. — O que faz aqui?

Retornando de algum cômodo, Ryan toma à frente, sorrindo de maneira constrangida ao notar a nossa presença. 

— Ah, nós precisamos conversar. — diz ao coçar a nuca, fitando diretamente a namorada. — Vocês não iriam sair?

— Sim, mas eu queria trocar a roupa do trabalho. — ela esclarece, em seguida, seu olhar intercala entre o louro que ainda ocupa o sofá e eu. — Vocês...

— Tudo bem, vai lá. — asseguro, tentando demonstrar alguma confiança em estar na presença de Justin. 

No entanto, a firmeza em minhas pernas indica sinais de falha. 

— Olha, resolvam isso, eu não quero ser obrigada à trancá-los em um quarto até estar tudo em paz.— ela fala e, embora tenha soado de maneira humorada, sei o quão séria sua ameaça pode vir a ser. 

Eles somem entre as extensões do apartamento, deixando-me sozinha, sob uma tensão palpável. Qualquer direção ao meu alcança se torna absurdamente interessante de se encarar, sem qualquer fundamento. 

— Oi Selena. — Justin diz, em um tom baixo. Esboço um fraco sorriso em resposta. — Tudo bem? —   aceno positivamente. — O gato comeu a sua língua?

Apesar da brincadeira, ele parece hesitante, como se estivesse invadindo um campo minado por tentar criar algum diálogo entre nós. 

— Não. — sorrio de forma sarcástica. — Mas algum invadiu a sua casa? — questiono, referindo-me à mala posta ao seu lado. Ele segue o meu olhar, certificando-se do assunto.

— Ah... Não. — ele parece envergonhado, entretanto, não desvia o olhar do meu, como costuma fazer. — Eu vou passar uns dois dias aqui.

— Hm. — balbucio, indiferente. Porém, o deboche escorre por meus lábios antes que eu consiga conter-me. — Por que? Problemas no paraíso?

Ele solta uma fraca risada, suponho eu, pela forma provocativa que a pergunta havia soado.

— É, um pouco.

— Espero que tudo se resolva.

— Sério? — Justin ergue uma sobrancelha, encarando-me curiosamente. — Achei que o seu objetivo fosse ver o meu casamento desmoronar.

Ainda que tenha sido de um modo simples, sem qualquer pretensão de me alfinetar, encolho-me sobre os meus próprios braços ao tentar conter a chateação que me aflige. Droga, eu sou uma megera. 

— Eu... — balbucio, sentindo as minhas cordas vocais falharem. — Fui mal interpretada. Não quero o seu mal. Nem da sua esposa.

Justin esbanja incredulidade em seu semblante, como se estivesse diante de um universo paralelo. De certo modo, alivio-me por encerrar essa fase exaustiva, onde estive constantemente preocupando-me em afetá-lo, quando na verdade, todos os efeitos se voltavam contra mim. 

— É isso? Acabou?

— Eu me perdi nesse jogo, Justin. — confesso entre um suspiro. — Eu achava que tinha o total controle ao agir como uma adolescente mimada mas, eu não sabia onde estava me metendo.

— Ah... Então era isso mesmo. Um jogo. — sorri, ainda que a opacidade em suas íris intensifique-se. Ele está decepcionado. — Capricho, não é?

— Mas não era só isso, o que não vem ao caso. Eu só quero que você saiba que não precisa se preocupar com a minha presença.

Justin avança alguns passos e, embora a nossa distância seja significativa, sinto-me encurralada contra a parede que apoia as minhas costas. 

— Ah, não? Por que?

— Porque eu desejo que você seja feliz, mesmo com ela.

— Como mudou de opinião tão rápido?

— Eu não mudei de opinião. O amor faz essas coisas, ele te faz abrir mão do que você quer pelo outro. — vejo-o cambalear, em choque por minhas palavras. Suspiro, engolindo o nó que ameaça se formar em minha garganta e, apesar da ardência em minhas escleróticas, prossigo: — Eu sei o caos que deixei a sua vida mas, de verdade, não era a minha intenção. Eu não fui egoísta por querer te infernizar, Justin. Eu fui egoísta porque estive me segurando em você por um longo tempo, eu sabia que nunca iria cair por ter você esperando para me segurar. Você foi o meu porto seguro e eu sabia que quando voltasse para Los Angeles, eu estaria em casa. Porque você estaria aqui. Você era a minha casa. — o sorriso que se alarga em meus lábios está sobrecarregado de amargor, sinto cada músculo do meu corpo estremecer enquanto as duas e solitárias gotas escorregam pelo meu rosto. — Eu sei, é ridículo, eu deveria ter entendido desde o começo que não foram um ou dois dias que fiquei em Milão.

Ele permanece mudo, estagnado com o que acabara de ouvir. Justin abre a boca algumas vezes, contudo, nenhum som é produzido. Ele não tem nada à me dizer, afinal. Esta dor é toda minha e ele não merece senti-la.

Não outra vez.

— Está tudo bem agora, você não precisa me perdoar. — acrescento e, apesar da afirmação, a minha voz flui altamente embargada. Seu olhar perdido se torna a minha maior fraqueza, fazendo-me querer desmontar toda a postura destemida que enfrentará toda a situação facilmente. — É hora de caminhar sozinha.

De soslaio, noto a aproximação da loura que, hesitante, sinaliza se deve entrar. Anuo com a cabeça, enquanto um sussurro rouco soa entre os meus lábios. 

— Tenha uma boa vida, Justin.

Giro os calcanhares, seguindo em direção à saída. Não aguardo sua reação, tampouco, alguma resposta, pois sei que estas não virão. 

 

Flashback

A folha de papel balança em suas mãos trêmulas, ele consiste seu corpo umedecido por suor sobre a cama, expelindo sua respiração forte e ofegante pelos lábios entreabertos. 

Seu olhar se desloca até o meu e, gaguejando, ele tenta opinar. Porém, logo desiste. 

— O que você acha? — indago, de modo ansioso. Sua mudez intensifica a velocidade dos meus batimentos cardíacos. — É incrível, não é?

— Sim, Selena. Mas... Milão?

Aceno positivamente, através de um sorriso emocionado, demonstro toda a minha instabilidade com a chegada da carta assinada pelo Istituto Marangoni.

— Eu estou chocado, apesar de estar muito feliz por você. — ele sorri, fazendo-me suspirar com alívio. Ryan me envolve em um abraço caloroso, enquanto afaga os meus cabelos. — Você vai ser um sucesso, garota. 

— Eu fico tão feliz de ouvir isso. — confesso em um tom sussurrado, encolhendo-me em seu peito. — Você é a única pessoa que eu tive coragem de contar. 

— Por que?

— Você não acha que a Ashley e a Vanessa vão dar um ataque?

Ele silencia, de modo pensativo. Posteriormente, solta uma risada e concorda. Conhecendo-as tão bem, não seria difícil imaginá-las chorando pelo restante do mês. 

— Eu estou com medo. 

— Não fique. Vai dar tudo certo. — Ryan lança-me um olhar sereno, deslizando seus polegares por minhas mãos em um carinho suave. — Mas, e o Justin?

— O que tem ele?

— Como você acha que ele irá reagir?

Paraliso por alguns instantes, refletindo sobre tal questão. Eu poderia prever um semblante entristecido, no entanto, sei o quão compreensivo ele é e que, certamente, demonstraria total apoio à minha decisão.

— O Justin vai ficar bem. Ele entende que é o meu sonho.

— Os sentimentos dele por você...

— Ryan, é exatamente por isso que eu não coloco esse tipo de sentimento na minha vida. Eles atrapalham tudo e, nada ficará à frente do meu sonho. 

 

"Mas eu nunca te disse, o que eu devia ter dito. Não, eu nunca te disse, eu simplesmente segurei dentro de mim. Não acredito que eu ainda te quero. E depois de tudo o que a gente passou, eu sinto falta de tudo sobre você." - Colbie Caillat.


Notas Finais


That's all folks!

OLÁ VOCÊS! Como estão?
Quarta feira, dia de att e um capítulo com um pouco de drama.
Gente, COMENTEM esse capítulo porque a fic vai entrar em uma "nova fase" e eu quero saber o que vocês estão achando das mudanças que estão acontecendo.
Ah, e obrigada aos comentários, eu vou responder todos! Vocês são maravilhosas!

E eu quero dedicar esse capítulo especialmente à Bárbara, uma das minhas maravilhosas leitoras que tive o prazer de conhecer melhor no grupo e ver o quão louca e pervertida essa criaturinha é! Feliz aniversário, babe, apesar de não ter ganho o jogo da música, pelo menos o capítulo é pra você! Hahahahaha.

Link do grupo no whatsapp das minhas fanfics: https://chat.whatsapp.com/6bw7XQ6K7TQBC84tFx7i5L

Minha outra fanfic, Irresistible Deal: https://spiritfanfics.com/historia/irresistible-deal-7130789

Até a próxima att! Um beijo e um queijo! ❤


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