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História Troublemaker - Recovery.


Escrita por: _rachm

Capítulo 4 - Recovery.


Justin Bieber Point Of View

Fito o líquido escuro paralisado no interior da taça cristalina, este que não é tocado há algum tempo, mais precisamente, desde que fora posto no recipiente. Algo parece apertar-se em mim, suponho que seja o embrulho em meu estômago que, neste momento, revira em movimentos sincronizados. 

Demoro a erguer o meu olhar, evitando a falsa expressão contente da mulher, propositadamente, sentada à minha frente. Suspiro em desejo pelo aconchego da minha casa, onde tenho a certeza do controle sobre os meus movimentos.

 — Ela me acusou de editar as fotos dela, quando na verdade, eu a fiz um favor. Deus me livre ter aquelas fotos originais!

Alfredo os envolvia com sua história, tomando a atenção e as gargalhadas de todos, aparentemente, eles não sentem qualquer incômodo nesta situação constrangedora falsamente dissipada e, além disso, estão irritantemente familiarizados com a presença de Selena ali, novamente, fazendo questão de tè-la em qualquer um dos assuntos triviais. 

— Não me admira que você prefira fotografar paisagens. — Natalie opina, em seguida, beberica dois goles de seu vinho, mantendo o contato visual com o moreno. — Deve ser desgastante lidar com modelos histéricas. 

Avulso ao real assunto, limito-me a revezar o meu olhar entre rosto de cada um e a minha taça de vinho, contudo, meus músculos enrijecem ao ouvi-la questionar, em seu tom baixo. 

—  Ainda está fotografando, Fredo? — indaga, retorno a minha atenção à bebida, após vê-lo assentir. — Você não me enviou mais as suas fotos... — em tom de reclamação, ela resmunga. 

Me flagro imaginando a infinita quantidade de conversas mantidas entre eles, durante todos esses anos. Não nego que, por muito tempo, a curiosidade queimava em meu peito, porém, com o passar dos dias, o sentimento fora substituído por uma rija indiferença.

— Ah, Sel, estive tão ocupado nos últimos meses, acabei me esquecendo.

— Você iria amar Milão...

— Por que voltou, Selena?

 Em um lapso, mal noto a emissão da voz neutra, coberta por um interesse repentino, de Natalie. Vagueio o olhar por toda a extensão da mesa, até enfrentar as íris amarronzadas que, de maneira cínica, expressam falsa simpatia pela loira. 

— Sinto que aqui é o meu verdadeiro lugar. — por uma mísera fração de segundos, vislumbro seu olhar perdendo-se detrás dos ombros de minha esposa. — Eu não seria mais feliz em qualquer outro lugar do que sou aqui.

Disfarçadamente, limito-me a rolar os olhos por sua enganosa comoção, com um pouco de observação, qualquer um enxergaria o deboche em sua fala.

— E eu espero que você não vá mais à lugar algum!

Suas bochechas inflam, logo, um sorriso transparece em sua face enquanto braços finos rodeiam os ombros de Vanessa.

— Eu não irei.

— Ei! — na extremidade oposta da mesa, a Benson emite um resmungo incomodado. — Ciúmes!

— Não estaria se não estivesse grudada nesse palerma que chama de namorado. — retruca em um tom zombeteiro. Ryan separa levemente os lábios, ofendido, porém, retribui ao levantar seu dedo médio na direção da latina. 

— Quando você chegou, Sel?— Chaz encerra sua aniquilação às batatas fritas e indaga, esfregando seus dedos gordurosos no guardanapo de pano. 

— Há dois dias. Ryan me buscou no aeroporto.

Involuntariamente, meus músculos faciais se contraem, paralisando ao fitar a expressão massacrada pela culpa que o meu melhor amigo me lança. Inspiro fortemente o ar para os meus pulmões, em uma tentativa falha de aliviar a raiva que corre de maneira desenfreada por minhas veias. Incrédulo, balanço a cabeça de uma direção para a outra, em negação. Ryan sabia de tudo. O desgraçado sabia perfeitamente que ela voltaria e que eu a encontraria hoje. Ele sabia e não me disse nada. Filho da puta. 

— E a sua mudança?

Todos parecem absurdamente interessados em qualquer que seja o novo fato na vida da morena, causando-me um desgaste, enquanto repudio mentalmente cada palavra proferida pela mesma, como uma criancinha birrenta. Contudo, não me importo e torno a imaginar o precioso momento em que eu não precisaria mais escutar sua voz morna.

[...]

Arremesso meu corpo dolorido contra o estofado macio do sofá, expirando lentamente o ar purificado do ambiente vazio e silencioso. Em um efeito imediato, sinto os meus músculos relaxarem pela sensação aliviante que percorre minhas articulações por estar, finalmente, em casa. Quando a escuridão domina a minha visão, desejo abrir os olhos após um pesadelo de uma noite exaustiva. Todavia, o movimento no acolchoado do sofá traz me à realidade, minhas pernas são erguidas e, posteriormente, apoiadas sobre a estrutura macia das pernas de Natalie.

— Então, quem é a Selena?

Durante o percurso silencioso do apartamento no centro até a nossa casa em um bairro residencial, hesitei em iniciar um assunto com Natalie por receio que a mulher resolvesse despejar uma porção de perguntas sobre o que havia acontecido no jantar. Iludi à mim mesmo que nenhuma curiosidade pairava por seus pensamentos sobre a chegada da latina, contudo, o destino desfrutava da minha desgraça contínua naquela noite e, alcançando o que já me era esperado, minha esposa aborda o assunto. A serenidade em seu timbre, no entanto, não surte efeito em minhas células, que se agitam ao ter que dialogar sobre Selena.

— Ela... — minha garganta seca e, novamente, torno a me sentir o adolescente incapaz de comandar os meus movimentos. Um avalanche de pensamentos trabalham ao mesmo tempo, trazendo-me uma dor angustiante. Esfrego, suavemente, as palmas de minhas mãos sobre o meu rosto, angustiado em estar diante daquela conversa. Algo dentro de mim rejeita copiosamente as lembranças que surgem demasiadamente. — Ela fez o colegial com a gente.

— Vocês nunca falaram dela, embora pareçam muito próximos. — aponta, mesmo que eu não possa enxergar sua feição, sinto a queimação de seu olhar desconfiado em mim. — Era algum assunto proibido?

Conto a quantidade de vezes em que inspirei e expirei o ar lentamente, encenando um cansaço enquanto tento elaborar uma resposta rápida e convincente. Não seria capaz de explicá-la, nem mesmo em um milhão de palavras, a razão pela qual, praticamente, proibi todos os meus amigos de citarem a morena na minha presença. Tal ato não me causa arrependimento, visto que, fora um auxílio para que eu pudesse, finalmente, seguir em frente.

— Não. Ela apenas foi estudar em Milão, foi algo repentino, ficou um clima estranho.

Meu olhar cai ante ao rosto límpido de fortes expressões, a loira pende a cabeça para trás, apoiando-a no espaldar do sofá.

— Mas me pareceu que ficou um clima estranho apenas com você. — contrapôs. Praguejo mentalmente minha escolha de palavras, sua formação em advocacia, obviamente, não a deixariam aceitar minha resposta sem questionamentos. — Ela foi muito bem acolhida pelos outros.

Desvio o olhar, em desespero ao me ver sem saída. Resgato, em meu interior, minhas habilidades em mentir, pouco usadas após um dos últimos semestres da faculdade. E há três meses, quando disse à vovó que seu bolo de carne mofado estava delicioso.

— Nós nunca nos demos bem, Nattie. Tivemos uma relação complicada. — confesso, em um suspiro forte. Omito certa realidade em minha fala, deixando-a imaginar que, de fato, não havia qualquer afeto por Selena de minha parte. — Enfim, nunca fomos próximos. 

Minha entonação cansada parece satisfazê-la, dando um fim ao assunto. Agradeço mentalmente por meu êxito em convencê-la, pois em menos de quatro horas, a latina conseguiu se infiltrar em noventa porcento dos meus pensamentos e, qualquer minuto em que eu pudesse estar em paz, com o pensamento avoado em outras situações, traziam-me um alívio.

— O que acha de irmos à um pub, qualquer dia desses? — sugere, formando um sorriso singelo em sua face. Em contrapartida, franzo o cenho, estranhando sua ideia inesperada, por ter conhecimento de seu desprezo por lugares pequenos, barulhentos e abafados.

— Pub? Está falando sério? Não prefere ir ao teatro...? — questiono, em desconfiança de sua atitude.

— Não, meu amor. Quero ir à um pub. — insiste, mantendo a expressão capaz de anestesiar todos os meus músculos. Retribuo o gesto, sorrindo em sua direção. Seu olhar transborda doçura, aquecendo-me internamente. — Eu sei que você adora esses programas, estamos trabalhando tanto ultimamente e... Bom, eu quero te ver feliz, Justin.

— Você é maravilhosa. — sibilo, atordoado em admiração.

Por alguns momentos, encontro-me agradecendo por ter me permitido a deixá-la entrar em minha vida e, novamente, embarcar em uma nova história. Embora tenhamos certas desavenças, Natalie me parece, na maioria das vezes, como uma manhã ensolarada onde pássaros cantarolam melodias relaxantes. Quem a enxerga por sua habitual expressão centrada, mal consegue imaginar a ternura que se abrange em suas íris esverdeadas ao me olhar. A calmaria e racionalidade que está sempre presente entre nós, é o que me mantém em órbita. Compreensiva em todas as ocasiões e disposta à se sacrificar para me ver feliz, sinto-me seguro ao saber que terei seu apoio no fim do dia. Natalie é o meu ponto de paz. Sou, definitivamente, sortudo por tê-la. 

— Eu amo você. — ela inclina o tronco, sobrepondo seu corpo ao meu. Beijo-a de maneira terna, acolhendo-a em meus braços.

[...]

Courtney estica seus lábios pintados por um batom vermelho, cedendo-me um sorriso excessivamente largo para o horário. Aceno brevemente, ao empurrar a porta de madeira maciça, ouvindo o leve toque da maçaneta contra o trinco, em seguida.

Em um movimento único, recosto no espaldar macio do couro da poltrona, apoiando a caneca preenchida com o líquido escuro e fumegante sobre a estrutura extensa, coberta por uma camada de papéis desordenados. Sinais evidentes de assuntos deixados para trás na noite anterior. Ergo a tela do notebook e digito com agilidade o login para acesso, recebendo, posteriormente, os arquivos necessários para dar continuidade ao trabalho da noite anterior. No instante em que meus dedos iniciam sua batalha contra as teclas, o som da maçaneta sendo girada soa e, em meio à um suspiro, não me dou ao trabalho de desviar o olhar para saber quem invadiria a minha sala, ser ser anunciado ou chamado, àquela hora da manhã.

Se aquilo se tratasse de qualquer outra pessoa, eu duvidaria que alguém seria capaz de ficar de tocaia esperando a minha chegada para me encher com assuntos inconvenientes, destruindo a minha diária paz matinal. Para o meu azar, é de Ryan Butler que se trata. O loiro permanece em silêncio, contudo. Ele parece estar à espera de alguma reação de minha parte, um olhar, um cumprimento, ou um grampeador voando em sua direção, talvez.

— O que você quer, Butler? — indago, sem forçar qualquer expressão que me faça parecer bem humorado ou disposto à ouvi-lo.

— Quero conversar com você. — apesar de sua breve movimentação, Ryan não se aproxima. Seu tom soa hesitante, embora pareça calmo.

Desvio o olhar para o canto inferior da tela que ilumina levemente a minha face, checando o horário informado ali. Em seguida, encaro a feição branda do loiro.

— Conversar? Às oito e dezessete da manhã?

— Justin, eu sei que você deve estar chateado, mas a Selena me pediu e...

A culpa pingando em suas palavras causa um breve tremor em minhas mãos e, gradativamente, a irritação começa a percorrer por minhas veias.

— Chateado? Você acha mesmo que estou chateado, Ryan? — minha falsa despreocupação vem acompanha de um sorriso cínico, que não passa despercebido pelo homem. Ele suspira longamente. — O que te faz pensar que eu estou chateado? Diga-me! O que te faz pensar que estou chateado e não, extremamente puto, por você ter feito isso? — noto toda a serenidade esvair-se do meu corpo, à medida em que a minha entonação torna-se mais aguda. — Eu não me importo com o que diabos ela tenha pedido à você! Eu sou o seu melhor amigo, você me devia isso!

— Você não acha que está sendo um pouco... Dramático? — sem pestanejar, ele retruca com sua acusação. Sinto minhas pupilas dilatarem, enquanto um riso sarcástico é contido em minhas cordas vocais.

— Dramático? Então, eu deveria recebê-la com beijos, abraços e talvez um presente? 

— Eu não disse isso, Bieber. — objeta, rolando os olhos, posteriormente. Ryan gesticula brevemente, contudo, parece não saber como se expressar. — Mas é que seis anos se passaram! Seis anos, isso... É tempo pra caramba! Como eu poderia imaginar? — balbucia, sustentando uma feição chateada. — Você nunca quis conversar sobre isso comigo e, além do mais, praticamente bloqueou ou proibiu qualquer mísera coisa que lembrasse a Selena.

— E isso não foi o suficiente para você perceber que eu não queria vê-la? — retruco, deixando o aborrecimento estampado em minha face. A possível culpa que estaria corroendo o Butler não diminui a minha irritação, de todo modo. 

Ryan havia sido completamente displicente com este assunto, provavelmente, por tamanha euforia pela volta de Selena, contudo, sou incapaz de perdoá-lo por não ter parado, ao menos que fosse por cinco minutos, para refletir o que eu estaria achando perante tudo aquilo.

— Mas como eu poderia saber que você não superou? — defende-se, em um tom beirando a indignação.

Se a sanidade me abandonasse por meio segundo, eu poderia sortear algum dos objetos espalhados sobre a minha mesa e acertá-lo na parte central da testa de Ryan. Explodo, porém, em um gesto mais pacífico.

— Mas eu superei, caralho! — esbravejo, camuflando o incômodo que aquela frase me causa, com uma firmeza descomunal. — Isso não tem nada a ver com ter superado, Ryan! Você deveria saber bem disso.

— Então, diga-me, Justin! Diga-me o problema, porque eu realmente não consigo te entender. — pede, com avidez. Suas íris azuladas fitam-me atentas a qualquer mínimo gesto que denuncie alguma instabilidade.— Eu realmente não pensei que você daria tanta importância à isso, quero dizer, você parecia não se importar mais. Então, ela me pediu para não dizer nada, queria fazer uma surpresa à todos e eu aceitei. Nada mais que isso.

— Ela... — expiro o ar com certa brutalidade, como se toda a aflição que se abrange em minhas células pudesse ser expelida naquele gesto. — Ela é diabólica, cara. Sempre foi.

Fracassado. É como me sinto ao admitir que, após seis anos sem qualquer sinal de vida, Selena ainda me faz sair de órbita. A vulnerabilidade que se apossa do meu corpo quando ela está próxima é o que me enfurece, nem mesmo quando me apaixono novamente pareço imune à seus olhares. Estupidamente patético.

Ryan me observa atentamente, em silêncio, provavelmente aguardando o desabafo que não viera antes. Ocultei todo e qualquer sentimento que habitasse em mim desde a partida da latina, pois cada vez que seu nome era proferido, era como jogar sal na ferida profunda. Evitei, de todas as maneiras que pude, expressar o que a mulher causara em minha vida.

— Ela é tão egoísta e egocêntrica, acha que tem o mundo em suas mãos e que pode controlar tudo. — em minha risada nasal, contém o sarcasmo amargurado do ressurgimento daquele passado obscuro. — Ela ainda acha que me tem em suas mãos, mesmo depois de tudo. Ela me deixou e queria que eu estivesse aqui, esperando-a? Quem ela pensa que é? — questiono, injuriado, contudo, as palavras que emito são direcionadas mais à mim mesmo do que ao meu melhor amigo.

Esfrego, descontroladamente, os dedos entre meus cabelos ralos, sentindo-me desgastado com a sensação de ter um peso gigantesco em minhas costas. Ergo o olhar ao loiro apoiado à parede mais próxima da porta, fitando-me com seu olhar inquisitivo.

— Ela não vai mexer com a minha vida outra vez, eu não sou mais aquele adolescente idiota. — garanto, sustentado pela raiva que consome o meu corpo ao me lembrar que fui ridiculamente usado por uma garota sem sentimentos. — Além disso, eu não engoli aquela simpatia dela com a Natalie. Se tem uma coisa que ela nunca saberá disfarçar, é quando não está satisfeita com algo.

— Olha, cara, eu não vou mentir... — ele finalmente profere algo, após minutos de silêncio, sua entonação contém certo pesar. — Eu tenho as minhas dúvidas de que ela tenha voltado com esperança em vocês, você sabe, a Selena era louca por você.

— Oh, claro. — intervenho, com sarcasmo. Tão louca que nem hesitou em me deixar. Ryan revira aos olhos diante do meu gesto e prossegue.

— Enfim, apesar disso, eu acredito que ela tenha visto que a sua relação com a Natalie é algo sólido e vai aceitar isso muito bem. Ela não faria algo contra isso, relaxa.

— Ela nem precisou fazer algo, Butler. — confesso, com a sensação amarga do desgosto em minha garganta. — Eu menti para a Natalie ontem à noite, inventei uma desculpa pela minha reação com a chegada da Selena. — solto a lufada de ar que estive prendendo por alguns segundos, em seguida, firmo meu olhar afetado, diante do culposo de Ryan. — A Nattie é muito coerente e compreensiva, nunca criaria um caso, mas é inevitável que ela fique incomodada caso saiba... Bem, saiba o que aconteceu.

— Mas se a Selena não lhe importa mais, não há porquê mentir, a Natalie não precisa ficar insegura.

— Certo. Mas isso não quer dizer que eu queira a Selena por perto. — contraponho, permitindo que um sorriso ácido tome forma em meus lábios. — E já que você quem criou a situação, você fará o trabalho de me manter distante desta mulher, embora isso seja quase impossível. Mas, não me importa. Dê seu jeito, Butler.

— Justin, pare de ser um bunda mole! — Ryan profere, com escárnio. Torno a considerar a ideia de atirá-lo um grampeador no rosto. — A Selena não é nenhum tipo de feiticeira, não há porquê ficar fugindo dela! Aliás, a culpa é toda sua, se tivesse sido sincero comigo, seis anos atrás, não estaríamos vivendo essa situação. — ameaço erguer o meu dedo médio em sua direção, contudo, ele prossegue com sua incansável defesa à latina. — Você deveria perdoá-la e esquecer isso. Enfrente a situação, de uma vez por todas! Ou, por favor, evite esse olhar de bicha ressentida quando nos encontrarmos, vamos tentar fingir que são águas passadas, certo?

O meu silêncio após o seu discurso entrega o meu total desprezo por seu pedido.

 

Selena Gomez Point Of View

Levo o doce de formato retangular aos meus lábios, esmago-o com meus dentes e aprecio o sabor cítrico espalhando-se por toda a minha boca. Meus pés descalços deslizam sobre o carpete que cobre parcialmente o piso de toda a área central da sala de estar. Analiso os detalhes recém adicionados, até que o meu olhar fixe em um quadro, preso acima do sofá. Nele, está uma pintura à óleo da praia de Santa Mônica, um dos meus favoritos que, coincidentemente, comprei de um artista de rua em minha primeira semana em Milão. Santa Monica me remetia à lembranças de casa, embora tenha vivido em Venice, recordar os acontecimentos naquela cidade sempre me trouxeram certa nostalgia e, com ela, uma felicidade plena por momentos tão deliciosos. No entanto, todos eles me levam à Justin.

Meu olhar se perde na mistura de cores vibrantes da imagem, enquanto meus pensamentos sofrem o avalanche de memórias relacionadas ao loiro. Este costumava dizer que Santa Mônica seria o nosso refúgio particular e, talvez, isto esteja relacionado ao meu apego pelo local. Justin fora algo tão importante em um dos melhores momentos de toda a minha vida, que me pergunto como algo tão especial pôde se perder.

Ainda não havia tido a oportunidade de xingar Ryan, ou qualquer um dos meus outros amigos, por não terem tido a capacidade de mencionar a loira de pernas longas e seu casamento com Justin. Sinto a irritação atingir todas as minhas articulações ao lembrar de suas palavras hostis, proferidas à mim com uma raiva incontrolada. Ele não poderia ter me deixado em seu passado, visto que, eu não o deixei no meu. Eu quis contatá-lo, pedi compreensão e tudo o que ele fez foi agir como um adolescente mimado, indisposto a aceitar a realidade da vida.

Ele iria me transformar na vilã? Logo eu, quem ele amou incondicionalmente?

Contudo, suas palavras não são algo que me afetam, diretamente. Conhecendo a personalidade de Justin mais do que à mim mesma, consigo distinguir facilmente quando algo é apenas o reflexo de seu orgulho querendo sobressair. É o que o leva a carregar esta mágoa. Entretanto, para a sua infelicidade, o desconforto presente em seus olhares, denunciam que a minha presença ainda o afeta de maneiras distintas e, certamente, isto é algo que me agrada. Ele não está tão inabalável assim, afinal.

O amor por sua esposa não fora capaz de cobrir as minhas marcas. Ela nunca seria capaz de me substituir.

Um sentimento disforme grita em meu interior, causando-me uma aversão ao imaginá-lo seguindo com aquele rancor à meu respeito, concedendo à loira entojada, um amor que sempre pertenceu à mim. Por conseguinte, constato que a minha possessividade em relação à Justin nunca diminuiria. Me recuso a aceitar que ele tenha, de fato, me esquecido. Ele nunca teria por ela a admiração que sentia por mim, seus toques, seus sorrisos, suas declarações, não teriam a mesma intensidade se não fossem direcionadas à mim. Teria?

Eu o guardei em meu coração durante todos esses anos, ele não teria feito o mesmo? Eu não poderia ser abandonada pelo único que fora capaz de me amar, incondicionalmente. Justin não faria isso.

Suas promessas de que nunca, jamais, sob nenhuma hipótese, haveria outra capaz de fazê-lo se sentir como eu fazia, me levam à boas lembranças. Eu o cuidei, o protegi, o ensinei a amar. Como um bibelô, eu o mantive comigo.

O que vivemos não seria esquecido com uma relação vaga de poucos anos e, obviamente, Justin saberia que eu não desisto tão fácil do que é meu, de fato.

 

Flashback

Maio, 2010.

Receosa, seguro a mão estendida de Allan e, quando penso estar equilibrada, solto-a, substituindo seu amparo com o peso da minha mão pelo o do meu pé, porém, em fração de segundos, pressinto que há algo errado na base da pirâmide e, antes que eu possa questionar, meu corpo está livre para despencar no chão.

O gramado sintético parece não amortecer a minha queda, o impacto faz com que eu bata em velocidade com a testa no chão. Ouço as vozes alteradas atrás de mim e, posteriormente, o meu corpo é virado para cima. Minha visão está turva pela queda e fraca pela luz solar que atinge diretamente as minhas esferas oculares. Fecho os meus olhos e puxo lentamente o ar para os meus pulmões, sentindo os primeiros sinais de ardência em minha pele gélida.

— Selena?! Consegue me ouvir?

Reconheço a voz de Vanessa, no entanto, minha garganta parece estar fechada e meus músculos doem o suficiente para que nenhuma palavra consiga ser proferida por minhas cordas vocais.

— Temos que levá-la para a enfermaria... — há uma pausa em sua entonação desesperada, meus sentidos conseguem captar sua gesticulação desordenada. — Justin!

Com os olhos fechados, não sei o que acontece à minha volta, embora deixe claro que estou consciente nos resmungos que passam por minha garganta. Contudo, disponho do tempo que tenho, imobilizada por minhas escoriações, para me perguntar mentalmente como aquilo teria acontecido.

— O que aconteceu com ela?! — a voz de Justin torna-se mais alta gradativamente, suponho, à medida em que ele se aproxima. — Selena! Você está bem? Consegue me ouvir?

— Acho que ela está grogue... — Dana profere, concluo que possa haver uma roda de curiosos à minha volta. Contudo, nenhum sendo capaz de ocultar a claridade do sol que fere a minha visão.

— Ela deve ter se desequilibrado... — reconheceria, até mesmo no estado mental mais abalado, o tom agudo e nasal da voz de Becky, carregado por uma falsa preocupação.

Se o meu corpo obedecesse aos comandos do meu cérebro, eu estaria de pé, causando um encontro bruto da minha mão contra o rosto da ruiva. Era ela quem estava na base. Era ela quem estava sustentando o lado no qual eu me encontrava apoiada.

Interrompendo os meus pensamentos homicidas, o movimento do meu corpo sendo puxado para cima me alarma, no entanto, o perfume de Justin impregna minhas narinas e, em um efeito imediato, meu corpo amolece, balançando em seus braços, posteriormente, a escuridão me vence e eu perco os sentidos.

[...]

Uma substância gelada é colocada sobre a minha testa e isto me desperta, pisco lentamente ao abrir os olhos, desacostumada com a forte claridade, após algum tempo imersa à escuridão. As íris carameladas são a primeira coisa que encontro em meu campo de visão, estas estão arregaladas, acompanhadas de uma expressão preocupada.

— Se sente melhor? — indaga, no instante em que nota os meus olhos abertos. Anuo com a cabeça, sentindo a minha garganta secar, impossibilitando as minhas cordas vocais de agirem. —Que susto você me deu, Selena! Ficou mais de meia hora desacordada, já estávamos pensando em te levar ao hospital...

Sorrio, frisando o meu gesto anterior de demonstrá-lo que estou bem. Justin solta uma grande lufada de ar e suas feições suavizam, aos poucos.

— Eu vou pedir um passe lá na direção e vou te levar para casa, ok?

— Obrigada... — embora minha voz tenha soado um sussurro falho, a proximidade de nossos corpos permite que ele ouça e, esta é capaz de fazer os lábios do loiro repuxarem em um sorriso singelo.

— Pelo o quê? — suas sobrancelhas se unem e Justin se inclina, em minha direção, poupando o esforço excessivo da minha voz.

— Por sempre se preocupar e cuidar de mim. Obrigada.
 

"Quero que você me ame como se eu fosse um passeio gostoso, continue pensando em mim, fazendo o que você gosta." - Rihanna.


Notas Finais


That's all folks!

Reloooou, olha quem está de volta!

Olha, particularmente, eu achei esse capítulo bem farofa, mas é aquele típico que não dava pra pular, às vezes essas partes mais chatinhas são necessárias para que comece a verdadeira ação, não é?

Aiai, Ryan é tão inocente... A Selena está mais do que decidida nesse capítulo, o que será que a louca vai aprontar? Justin que se prepare, hahahaha.

Aliás, a Natalie eu imagino como a Blake Lively. Mas na mente de vocês, ela pode parecer qualquer outra, no problem.

AVISO SOBRE AS ATUALIZAÇÕES: Gente, consegui definir aqui os dias para atualizar. O dia correto, será no domingo, porém, se eu não postar no domingo, postarei na quarta-feira. E vice-versa. Maaaaaaaas, dependendo da minha criatividade, do entusiasmo de vocês, do meu tempo, dos cosmos, etc... Eu posso vir a atualizar nos dois dias, na quarta-feira e no domingo também.

Um momento para indicar três pessoinhas:

A Carol, com esta fanfic maravilhosa onde o Justin é VIRGEM! "O Noivo" é incrível, uma das minhas favoritas.

https://spiritfanfics.com/historia/o-noivo-5614121

A Beatriz, junto com a Lana, escrevem Slip Of A Night, mais uma fanfic incrível e fofa, sobre gravidez inesperada.

https://spiritfanfics.com/historia/slip-of-a-night-5984423

E a Tore, que escreve algumas fanfics completamente viciantes e, além de tudo, possui uma escrita magnífica.

https://spiritfanfics.com/historia/borderline-6077683

Bom, é só isso! Comentem e me digam o que acharam do capítulo, façam suas apostas sobre o que a Selena irá aprontar.

Até o próximo! Um beijo e um queijo! ❤


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