História Troublesome Love Stories - Feliz Aniversário, Bebê Chorão!

Shikamaru abriu os olhos, sentindo alguns raios de sol acertarem seu rosto. Bufou, apertando os olhos e virando para o outro lado, colocando o travesseiro em cima da cabeça. Pela intensidade do sol, já era tarde. Mas ele não estava ligando para aquilo naquele momento: Ele estava de folga e ele iria dormir até mais tarde, nada o impediria disso.

Conseguiu arrumar uma posição confortável mesmo com o travesseiro sob a cabeça e estava quase caindo de novo no sono, quando escutou a porta do quarto abrir. Ele soltou um lamento, sabendo que, além dos raios de sol, mais alguma coisa tentaria tirar ele da cama naquele momento.

— Acorda, preguiçoso! — a voz de Temari soou em seu ouvido, a presença dela já imposta ao lado da cama.

— Pelos céus, Temari! — ele resmungou, a voz um pouco abafada pelo travesseiro — É minha folga, me deixa dormir.

Ele escutou a mulher bufar e sentiu o travesseiro ser arrancado de cima de sua cabeça.

— Pedi delicadamente para você acordar, Shikamaru. — ela disse com sua voz altiva — Já passou das dez da manhã. Você já dormiu demais.

Ele suspirou. Ela estava certa, já estava tarde. Mas ele continuava com vontade de dormir mais. Virou na cama, de forma que pudesse olhar para a mulher ao seu lado, a iluminação do quarto, que ele constatou agora estar com a janela aberta e por isso tão claro, feriu um pouco seus olhos antes que ele pudesse focalizar Temari. Ela o encarava com um sorrisinho irônico, os cabelos loiros soltos emoldurando o rosto um pouco rechonchudo, uma das mãos apoiava as costas e a outra segurava o travesseiro que ela tirara de sua cabeça. Ela vestia ainda a camisola lavanda com que fora dormir na noite passada. A peça de roupa leve sempre havia ficado larga no corpo da kunoichi, mas agora delineava perfeitamente a curva acentuada que era sua barriga. Temari estava no final da gestação agora e o bebê podia nascer a qualquer momento.

Mesmo um pouco mal-humorado por sua mulher não deixá-lo dormir um pouco mais, ele sorriu de leve para a visão dela colocando o travesseiro na cama e voltando a olhá-lo, acariciando a barriga distraidamente. Para Shikamaru, ela tinha ficado ainda mais linda grávida, mesmo que ela afirmasse estar horrível todas as noites, com os pés inchados e reclamando de dores que o faziam querer trocar de lugar com ela.

— Por que você não deita aqui comigo em vez de me tirar da cama? — ele resmungou depois de apreciar mais uma vez a beleza dela.

— Porque minhas costas doem. — ela respondeu, levantando as sobrancelhas.

— As almofadas estão aí pra te deixar confortável. — ele rebateu, apontando o monte de travesseiros e almofadas no outro lado da cama. Temari as usava para se acomodar melhor a noite, ficando mais confortável para dormir, já que não achava mais posição com a barriga do tamanho que estava. — E você deveria descansar um pouco mais.

— Não consigo ficar parada, Shika. — ela respondeu, revirando os olhos — Me dá agonia e dói ficar muito tempo na mesma posição, você sabe disso.

Ele suspirou de novo, resignado, e sentou-se devagar na cama, jogando as pernas para fora. Fazia alguns dias já que Temari não parava quieta. Sentava, levantava, deitava, andava, sentava de novo. Sempre que achava uma posição cômoda, não durava muito e ela estava se mexendo de novo, desconfortável. Sua mãe disse que isso era sinal que o nascimento do bebê estava próximo e Shikamaru se sentia nervoso e ansioso com essa informação. As contrações esporádicas que faziam sua esposa contorcer a expressão de vez em quando há mais de dois dias, como ela fazia agora enquanto ele se sentava, piorava ainda mais esses sentimentos.

Temari sorriu para ele quando finalmente ficou de pé, satisfeita, parecendo ter passado o incomodo da contração. Ele não conseguiu deixar de sorrir de volta. Deu o passo que os separava e pousou a mão carinhosamente na barriga avantajada dela, fazendo um afago suave e se inclinou para beijar os lábios dela.

— Pronto, problemática. — ele disse, seus lábios ainda perto dos dela — Estou de pé.

— Bom mesmo. — ela respondeu com seu sorrisinho — Vem!

Ela puxou sua mão sem que ele tivesse tempo de protestar, se movendo rápido pela casa. Ele não entendia como Temari conseguia ser tão ágio parecendo tão pesada, mas ele acreditava ser algo haver com ela ser uma kunoichi.

— Espera, Tema! Eu... — ele tento se pronunciar enquanto era arrastado pelos corredores da casa.

— Quieto. — ela mandou, passando com Shikamaru pela sala até a cozinha e empurrando-o de leve pela porta a sua frente.

Ele ia protestar novamente, mas encontrou a mesa servida com um café-da-manhã farto. Ele fitou tudo aquilo um pouco espantado num primeiro momento, mas sorriu logo depois. Temari não era dada a fazer surpresas e, mesmo estando casados há um ano agora, eram raros os dias que faziam a primeira refeição do dia juntos. Shikamaru era o assistente do Hokage e ela a embaixadora de Suna. A manhã dos dois começava cedo e eles acabavam tomando o desjejum na rua, ou rapidamente cada um em seu horário.

Ele sentiu os braços fortes, mesmo que femininos, abraçando sua cintura e a barriga proeminente encostando-se a suas costas. Seu sorriso se alargou um pouco mais e ele acariciou o braço dela.

— Você devia descansar mais. — repetiu o que havia dito no quarto, se virando no abraço dela e o correspondendo.

— Não seja ingrato! — ela ralhou, franzindo o cenho.

— Não estou sendo. — se defendeu e deu um beijo em sua testa — Obrigada.

— Feliz aniversário, bebê chorão. — ela disse, desfazendo a carranca e sorrindo.

Ele revirou os olhos para o antigo apelido, mas sorriu.

— Obrigada. — ele repetiu — É bom ter você aqui nessas datas.

— Eu sei. — ela respondeu e tocou o rosto dele — É bom estar aqui... Você sabe que eu só comecei a comemorar essas coisas depois de você.

Ele sorriu.

— Lembro quando você fingia que não se importava. — Shikamaru acusou de brincadeira — Mas fazia questão de estar aqui, mesmo que alguns dias depois.

Ela corou e ele sabia que Temari pensava que ele nunca tinha notado aquilo. Shikamaru deu uma risada e ela tentou desconversar:

— O que está dizendo?

— Você está corada, Tema. — ele apontou — Não dá pra mentir assim.

— Idiota. — xingou e o empurrou de leve, tentando se separar dele.

O bebê no ventre dela fez um pequeno movimento, e o sorriso de Shikamaru se ampliou. Ele adorava aquelas manifestações de vida do seu filho ou filha – eles não sabiam. Temari pediu para ser surpresa até o dia do nascimento e ele, meio a contra gosto e às vezes tentando convencê-la do contrário, aceitou. Soltou os braços do redor de sua mulher e colocou a mão onde o movimento se repetiu. Temari deixou a expressão brava de lado, curtindo o momento com ele.

Quando os movimentos no ventre de Temari pararam, ele pegou a mão dela e foram para a mesa, onde ele se encantou com tudo que Temari tinha feito para surpreendê-lo. Comeram entre conversas sobre os últimos acontecimentos na União Shinobi, sobre o bebê e sobre os amigos. Depois que já estavam satisfeitos, Shikamaru insistiu que Temari ficasse um pouco quieta, e retirou a mesa, lavando a louça sobre o olhar crítico dela. Ele deixou a cozinha arrumada e depois disso foram para a sala, onde Temari demorou um pouco para achar uma posição confortável no sofá enquanto ele ligava a televisão e passava por canais aleatórios.

— Vamos encontrar com o pessoal às oito no Restaurante Q. — lembrou-a quando ela decidiu estender as pernas em seu colo, apoiando as costas no braço do sofá. Ele sorriu e passou a massagear os pés inchados, Temari suspirou de alivio.

— Eu adoro quando você faz isso, de verdade. — ela fechou os olhos, apreciando a massagem — E sim, eu sei. Ino passou aqui enquanto você ainda dormia. Ela está começando a reclamar das pernas inchadas. Coitada, nem sabe o que a espera.

Shikamaru soltou uma risada pelo nariz. Ficaram alguns minutos em silêncio, um programa de auditório passando na televisão, mas nenhum dos dois parecia muito interessado.

— Conversei com Chouji ontem à tarde. –ele começou — Ele disse que tem sido cansativo, mas que vale a pena cada minuto.

Temari abriu os olhos e o fitou, seus olhos se encontraram. Ela sorriu de leve.

— Você está inseguro. — ela constatou depois dessa troca de olhar.

Ele riu novamente pelo nariz.

— E tem como não estar?

Ela concordou.

— Eu sei. —  continuou — Mas... Nós... Nós vamos dar conta.

— Eu sei. — ele respondeu e sorriu, segurando a mão dela que estava sob a barriga, apertando de leve.

Temari sorriu, corando. Desviou os olhos para a televisão e fez uma careta, tirando os pés do colo dele e mudando de posição. Shikamaru ofereceu uma almofada, que ela pegou e colocou em suas costas, ficando numa postura mais reta.

— Céus, isso podia terminar logo. — Temari resmungou, apertando a lombar com o que Shikamaru supôs ser outra contração de treinamento.

— Está acabando, Tema. — ele consolou, passando a mão nos cabelos dela — Mais duas semanas, no máximo.

— Você fala assim porque não é você que está sentindo tudo isso! — ela resmungou novamente e no minuto seguinte olhou para ele um tanto espantada — Desculpe, você está me ajudando como pode, não deveria ficar falando assim com você.

Ele acariciou o rosto dela com carinho.

— Não se preocupe com isso. — ele disse, se levantando e estendendo a mão para ajudá-la a levantar — Vem, vamos tomar um banho quente. Isso sempre te faz se sentir melhor.

OoOoOoOoOoOoOoo

A noite chegou e Shikamaru já estava pronto, esperando por Temari, sentado no sofá. Não demorou para que sua esposa aparecesse pelo corredor, usando um vestido preto folgado. Temari preferia quimonos, Shikamaru sabia, mas o obi a incomodava bastante nos últimos meses. Ela trazia uma pasta de papelão branca na mão e ele estranhou por um momento antes de lembrar que ela havia feito um ultrassom há dois dias atrás.

— Vamos? — ele perguntou.

— Tenho uma surpresa pra você antes. — ela respondeu.

Ele levantou as duas sobrancelhas.

— Uma surpresa? — questionou.

— Sim. — ela confirmou, remexendo na pasta em sua mão.

— O que é? — ele perguntou.

Temari estendeu a pasta para ele e respondeu:

— Você queria tanto saber o sexo do bebê... — ela deu uma pausa — Eu ia falar para Shizune te contar no ultimo ultrassom, mas você não pode ir...

Ele arregalou os olhos e perguntou:

— Serio?

Ela riu.

— Sim, Shika.

Shikamaru encarou a pasta por um momento.

— Você já sabe? — ele perguntou, levantando os olhos para Temari, que fazia uma nova careta. — Tudo bem? –apressou-se em perguntar, preocupado.

— Sim, tudo. — ela respondeu com um suspiro, apoiando a mão na lombar e massageando as próprias costas — Não, não vi ainda. Não seria justo ter escondido de você todos esses meses e agora saber antes.

— Então vamos descobrir juntos? — Shikamaru perguntou e sentiu um sorriso bobo se desenhando em seus lábios.

Temari riu de novo.

— Sim, Shika. — respondeu — Nós vamos.

— Vem aqui então. — ele a chamou para se aproximar.

Temari estava a dois passos dele. Ela deu o primeiro e novamente o rosto dela se contorceu em uma careta, mas de estranhamento e não de dor, e ela estacou no lugar. O sorriso de Shikamaru morreu enquanto ele encarava Temari, sem entender o que aconteceu. Ela arregalou os olhos e ele franziu o cenho, a preocupação o inundando.

— O que foi Temari? — ele perguntou, se aproximando dela.

— Eu... Eu acho que... — ela deu uma pausa e olhou para baixo. Shikamaru fez o mesmo e o vinco em sua testa se aprofundou ao encontrar o chão molhado abaixo dela — A bolsa estourou.

— Oh! — Shikamaru exclamou ao escutar o que ela disse, levantando o olhar de volta para o rosto de Temari.

Eles se encararam por um momento, a mão dela achou o braço dele e ela apertou. Shikamaru sabia que provavelmente estava branco, porque o pânico se apossou dele naquele primeiro momento. Temari o olhava de volta, os olhos verdes sempre tão seguros expressavam o medo que ela sentia ali. Eles se encararam por mais um momento, sem reação.

— Shika... — ela chamou, um pouco temerosa que ele tivesse travado naquele momento.

Então ele sorriu para ela. E Temari sorriu de volta, mesmo com a situação assustadora que se colocava a frente deles.

— Eu acho que podemos esperar algumas horas a mais para saber se é menino ou menina. — ele disse.

— Oh, sim, claro. — ela respondeu — Isso é a última coisa que me preocupa nesse momento para falar a verdade.

Ele soltou uma risada um tanto nervosa e colocou a pasta na mesa de centro.

— Liga para minha mãe e avisa que eu vou receber um outro presente de aniversário. –ele disse, beijando levemente a testa dela — Eu vou pegar sua mala e a do bebê.

— Se ele puxar a mim e ser problemático como eu — ela começou — Ele vai ser um presente de aniversário para Ino.

— Não duvido disso. — ele riu de novo, entre nervoso e bobo com a situação. — E ela vai encher nossos ouvidos sobre ser a tia preferida dele, ou dela, pelo resto de nossas vidas.

Ela riu também e eles se encararam por um momento.

— Vai lá, papai. — ela disse carinhosamente, de forma que Temari poucas vezes era.

E ele soube que aquele sorriso bobo que nascia em seus lábios se repetiria muitas vezes dali pra frente.

— Já volto, mamãe.