História Troublesome Love Stories - Situação Problemática

Temari estava em Konoha a dois meses. Com o Exame Chuunin, assuntos da União Shinobi e assuntos diplomáticos entre Konoha e Suna, ela teve que estender seu tempo de estadia na vila. Não que eu achasse ruim de qualquer forma, muito pelo contrário. Mas fazia alguns dias que minha loira estava estranha: Distraída, se perdia em devaneios, irritadiça, evasiva. Também fazia alguns dias que ela evitava qualquer contato mais... Intimo entre a gente e até minha mãe estava estranhando eu dormir em casa todos esses dias seguidos com ela aqui (e foi nesse momento constrangedor que eu descobri que minha mãe não só desconfiava, mas tinha certeza sobre a gente).

Então, naquela manhã, quando eu fui busca-la no hotel para irmos para o prédio do Hokage, ela abriu a porta do quarto e me mandou entrar. Eu estranhei, mas atendi seu pedido. Ela pediu para eu sentar e o fiz, sem saber o que estava acontecendo. Ela se afastou, ficando de costas para mim.

-Eu acho que estou grávida. –soltou de uma vez, sem aviso, sem qualquer preparação.

Aquelas cinco palavras me fizeram sentir vertigens. Eu encarei as costas dela pelo que me pareceu uma eternidade. Obviamente aquilo era totalmente possível, visto que nós tínhamos uma vida sexual plenamente ativa. Mas, ao mesmo tempo, nós nos preveníamos muito bem... Ou não, visto que eu realmente tinha esquecido qualquer coisa quando a trouxe pro hotel quando ela chegou em Konoha a dois meses atrás.

-Certo... –murmurei, todas aquelas coisas e mais centenas passando em minha cabeça –O que te faz achar isso? –perguntei, tentando fingir que a situação não era comigo para poder raciocinar corretamente.

- Não sei se você reparou, minha menstruação não veio.–ela começou a responder, ainda de costas – Eu não tinha me dado conta até o início da semana.

Na verdade, eu não tinha reparado. Mas ela tinha razão. Nos dois meses que ela esteve aqui, em nenhum momento ela comentou sobre “sinal vermelho”.

-Certo... –repeti. Aquilo nos colocava numa situação... Problemática. –Você... Fez algum tipo de... teste?

-Não. –ela murmurou, a voz repentinamente mais baixa e isso fez todos meus sentidos ficarem alertas.

Temari só falava baixo daquele jeito em duas situações: Quando ela estava extremamente irritada e pularia no segundo seguinte no pescoço de quem estivesse perto ou quando ela estava para chorar. Eu sempre torceia pela primeira, por mais problemático que fosse, eu simplesmente detestava ver ela chorar.

Mas eu sabia que, naquele momento, Temari não estava irritada. Levantei da cama devagar, me aproximando dela, que ainda de costas, abraçava o próprio corpo. Passei meu braço por sua cintura e trouxe ela de encontro ao meu peito, apoiando a cabeça em seu ombro.

-Ei –chamei baixo. –Eu sei que isso é inesperado e assustador... Mas...

-Mas nada, Shikamaru. –ela me interrompeu, a voz embargada denunciava que ela já chorava mesmo que eu não pudesse ver –Como a gente pode ter sido tão irresponsáveis? Estamos juntos a cinco anos e nunca... Céus, você sabe o que isso implica? O que isso muda?

Eu a virei pra mim, os olhos verdes e avermelhados pelo choro desviaram assim que encontraram os meus. Eu odiava vê-la assim.

-Não muda nada, Temari. –disse com firmeza. Eu estava morto de medo de tudo que teríamos que enfrentar, principalmente os irmãos dela e minha mãe, mas Temari não precisava de um covarde nesse momento –Isso não muda o que eu sinto por você, pelo contrário. E não muda o que você sente por mim, eu espero.

Ela me abraçou, escondendo a cabeça no meu peito e chorando mais. A abracei de volta, querendo ao mesmo tempo que ela não estivesse gravida e que estivesse. Eu tinha ciência de todos os receios que ela tinha em relação a ser mãe e isso me deixava com um nó na garganta, junto com meus próprios receios em ser pai nessa altura da vida. Ao mesmo tempo que, mesmo eu sabendo ser um pensamento egoísta, ela estar esperando um filho meu implicaria em ela finalmente aceitar se mudar para Konoha e casar comigo (e sim, ela já tinha negado duas vezes, dizendo que ainda não era a hora pra isso).

-Vai dar tudo certo. –sussurrei pra ela repetidas vezes enquanto ela se acalmava.

Depois dela parar de chorar, sai do hotel em direção a farmácia mais próxima. Sozinho e constrangido por entrar lá e pegar um teste de gravidez. Foi um processo um tanto vergonhoso e tomei uns olhares curiosos de algumas pessoas que me conheciam de vista. Eu esperava que nenhum boato sobre eu ser pai se espalhasse pela vila antes de eu confirmar tal fato.

Encontrei Temari sentada na cama quando voltei pro hotel. Ela não tinha mais cara de choro, para qualquer um que olhasse, era apenas a cara de sempre da Temari. Mas eu conhecia ela o suficiente para saber que por trás daqueles olhos determinados, tudo estava uma bagunça.

Estendi o teste pra ela sem falar nada, mas ela não pegou, olhando para o outro lado. Franzi o cenho e larguei-o no criado mudo, sentando do lado dela.

-Tem... –chamei –Só vamos ter certeza se você fizer o teste... Eu sei que você ta com..

-Desceu. –ela me cortou.

-O que? –perguntei confuso.

-Minha menstruarão desceu. –ela explicou.

Fiquei mais confuso ainda. Se ela tinha tido a confirmação que não estava grávida, porque ela estava com essa cara? Não era para ela estar feliz? Eu sentia um misto de desapontamento e alivio no momento, junto com a confusão que só se intensificou com seus olhos rasos d’agua.

-Não fique brava comigo –eu pedi –Mas eu não estou te entendendo nesse momento.

Ela suspirou, limpando uma lagrima que escorreu de seu olho, e cruzando as pernas.

-Por um momento nessa confusão... –ela começou –Eu desejei... Apenas por um momento... Que...

-Que fosse de verdade? –perguntei um pouco atônito. –Você... Queria estar grávida?

Ela ficou calada por um momento, mas então disse:

-Sim...E não.

Levantei as duas sobrancelhas, surpreso.

-Mas... –tentei dizer algo, mas não saiu.

Ela suspirou de novo.

-Shikamaru. –começou –Você mais do que ninguém sabe como essas coisas são difíceis para mim... Falar de sentimentos, falar dos meus medos, deixar meu orgulho de lado... –ela deu uma pausa –Eu... Estava morta de medo de ser real, de ter um filho seu crescendo dentro de mim. Ao mesmo tempo, senti uma felicidade que eu não sabia que era possível existir. Eu... Acho que fiquei desapontada e aliviada quase que no mesmo nível.

Encarei os olhos dela por um momento quando ela finalmente me fitou. Sorri.

-Isso quer dizer que você vai aceitar casar comigo agora? –perguntei.

Ela me olhou duramente.

-Não, Nara. –respondeu –Isso quer dizer que acho que quero ser mãe daqui a alguns anos, de preferência de um filho seu, mas não tão logo.

Suspirei pesadamente.

-Um dia vou me cansar das suas recusas aos meus pedidos de casamento. –resmunguei –E nem vem com esse negócio de “de preferência”. Vai ser meu, não é uma escolha.

-Não foi você que acabou de dizer que um dia vai cansar das minhas recusas? –ela perguntou irônica.

Revirei os olhos.

-No dia que isso acontecer –cheguei mais perto dela, olhando em seus olhos –Vou te sequestrar e te obrigar a nunca mais ficar longe de mim.

Ela sorriu, zombeteira.

-Não quero ficar longe de você, não precisa me obrigar. –ela laçou meu pescoço.

-Então pare de fugir e casa comigo de uma vez. –murmurei contra seus lábios antes de finalmente a beijar.

-Logo mais. –ela respondeu entre um beijo e outro.

A abracei quando nossos lábios se separaram, aliviado que finalmente aquele comportamento estranho tinha passado. No mais, mesmo tendo tomado outra recusa dela, saber que Temari tinha superado um pouco seu receio em ser mãe, me deixava feliz. Pelo menos esse alarme falso serviu para algo além de pensar em quantas formas diferentes Kankuro, Gaara e minha mãe poderia me torturar sem me matar.