POV Sara Lance
Eu estava indo para o meu quarto, exausta depois da aula de Educação Física, a professora Kyle era exigente, e gostosa... Mas isso não vem ao caso.
Paro na porta do quarto quando ouço uma música tocando lá dentro e abro a porta devagar, ficando levemente catatônica ao ver Ava ensaiando uma dança um tanto sensual com aquele uniforme ainda mais sensual que as Líderes de Torcida usavam. Observo o movimento das suas pernas, e que pernas, e o jeito que ela mexe o quadril com maestria, os movimentos coordenados dos braços fortes e o jeito que seu cabelo balança junto com a coreografia.
Quando a música acaba e Ava faz uma pose no chão e eu demoro alguns segundos até começar a bater palmas, assustando ela.
- SARA! - ela levanta com pressa, ajeitando a postura e ficando com as bochechas vermelhas. - Não sabe bater?
- Esse é meu quarto também Sharpe! - Eu digo risonha.
- Mesmo assim, eu bato antes de entrar. - Ela diz de braços cruzados.
- Ava, não comece a querer ditar regras! - Eu digo.
- Eu não estou ditando regras. é só que eu... - Ela fica ainda mais vermelha, ela estava pensando que eu havia a flagrado dançando.
- Pra que toda essa vergonha? Você dança essa coreografia na frente da escola toda! - Eu digo.
- Com várias outras pessoas, não é como se estivessem olhando para mim! - Ela se defende.
- Eu com certeza estaria olhando para você... - Eu digo passando os olhos por todo o seu corpo e depois voltando para o seu rosto, como era possível essa garota ficar ainda mais vermelha?
- Cala a boca Sara, só bata na porta antes de entrar e deu, não vai cair a sua mão! - Ela diz brava e o meu senso de humor acaba, essa garota não sabia levar nada na brincadeira não?
- Olha aqui Ava, eu não sou uma das suas Líderes de Torcida para você achar que pode mandar em mim, esse quarto é tão meu quanto seu e se eu não quiser bater na porta quando chegar cansada da aula eu não bato! - Eu digo em um tom de voz mais alto que o dela.
- Tudo bem, nesse caso eu tranco a porta quando for ensaiar! - Ela diz dando de ombros.
- Puta que pariu garota, como você é chata, como é que seus pais te aguentam? - Eu digo exaltada.
Ava tira sua postura de durona e nariz em pé, vejo seus ombros caírem e seus olhos encherem de lágrimas, naquele momento eu percebo que falei merda.
- Não fale do que você não sabe! - Ela diz com a voz trêmula empurrando meu ombro.
- Ava... - Eu viro de costas mas ela já saiu do quarto, eu corro para a porta e vejo que ela já está descendo as escadas correndo, corro o mais rápido que posso atrás dela, maldita Selina e suas 25 voltas na quadra.
Encontro Ava depois de quase 20 minutos na biblioteca, vazia pois aleluia o período de provas havia acabado, ela estava sentada entre a estante de Ficção Cientifica e a estante de Mistério, abraçando os joelhos e chorando.
- Vá embora! - Ela diz quando me vê, tentando limpar as lágrimas,
- Me desculpa, eu mais do que ninguém não podia falar sobre isso, fui uma idiota! - Eu digo me sentando (estilo perna de índio) na frente dela.
- Concordo, você foi uma idiota, agora já pode ir! - Ela fala me empurrando com os pés.
- Não até você me perdoar! - Eu digo com um sorriso fraco e ela revira os olhos.
- Você não vai com a minha cara, isso não é segredo para ninguém, para de fingir que se importa e sai daqui! - Ela diz brava.
- Ei isso não é verdade, talvez um pouco, mas eu não te conheço... me conte sobre você! - Eu digo e ela me olha desacreditada.
- Eu não vou me abrir com você, não sou tão masoquista assim! - Ela diz e eu me sinto uma idiota por não ter tentado fazer amizade com ela antes.
- Tem certeza? Porque eu sou ÓTIMA em guardar segredos! - Eu digo e ela suspira.
- Você deve ter razão, eu realmente sou uma chata e nem meus pais me aguentam! - Ela diz, - Minha mãe morreu de desgosto e meu pai me enfiou no primeiro colégio interno que encontrou.
- Ava, isso não é verdade... Mesmo não te conhecendo direito já deu pra ver que você é inteligente, talentosa e linda, não tem como ter dado desgosto para seus pais! - Eu digo na intenção de fazer ela se sentir melhor.
- Diz a garota que me acha insuportável! - Ela fala com ironia. - Minha mãe era extremamente religiosa e adoeceu depois que eu contei para ela que era lésbica, eu a amava mais do que tudo, depois que ela morreu meu pai mandou uma psicóloga usar a "cura gay" em mim... foram os piores meses da minha vida, quando acabou e ele viu que eu não podia ser curada ele me mandou pra cá, acho que o vi três vezes nos últimos dois anos.
- Ava... eu sinto muito! Você é incrível, olha tudo que passou, você não merceia isso, eu sinto muito! - Eu digo a abraçando e ela chora compulsivamente.
- Sua vez... - Ela diz limpando as lágrimas quando o abraço acaba.
- Bom, eu fui sequestrada a cinco anos atrás, um homem nojento e tirano me levou para o país dele e me usou como sua escrava... eu devia limpar a sua mansão, preparar as suas refeições e não podia passar do jardim, caso eu o desobedecesse o castigo era ficar sem comida, água ou luz do sol até quando ele dissesse que o castigo acabou, ele era horrível, mas algo me impedia de acabar com tudo lá dentro, a sua filha, Nyssa e eu éramos amantes, e conseguimos esconder isso dele durante cinco anos... ele nunca tinha tocado em um fio de cabelo meu, até o dia em que pegou eu e Nyssa no quarto de hóspedes... - Eu sinto as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas ao lembrar daquilo, tiro a minha camiseta e viro de costas, mostrando a Ava as enormes cicatrizes nela. - Depois disso ele ameaçou me matar, mas Nyssa deu um jeito de que me encontrassem e em levassem para casa!
- Nossa Sara, eu não tinha ideia... - Ela diz também chorando.
- Você é a primeira pessoa que eu conto isso... - Eu digo e dessa vez ela me abraça.
- Não se preocupe, eu também sou ótima em guardar segredos! -Ela diz grudando sua testa na minha e acariciando meus cabelos.
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