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História Trust me - Sourwolf


Escrita por: LauraEllyse

Notas do Autor


OEEEEE GENTEEEEE, OLHA EU CUMPRINDO HORARIO HAUHAUHAUHAUHA
to tao orgulhosa de mim
espero que gostem :3

Capítulo 40 - Sourwolf


Por incrível que pareça, o silêncio naquele carro estava começando a incomodar Scott. Ele que estava dirigindo dessa vez, com Isaac no banco do passageiro. Stiles estava deixando eles revessarem o volante. As garotas estavam no carro de Lydia, que ia na frente deles.

Aquela era provavelmente a primeira e única vez que Stiles deixava Isaac dirigir. Isso porque o garoto não ia sair dali. Estava no banco de trás, e Derek estava deitado com a cabeça em seu colo. Estavam dirigindo a horas, e o Beta continuava desacordado.

Quer dizer, o Derek adolescente. Stiles o havia enrolado em um cobertor, e agora fazia carinho em seus cabelos, olhando-o fixamente, como se esperasse que ele acordasse a qualquer momento.

- Okay, eu tenho que perguntar. - a voz de Isaac interrompeu seus pensamentos. - Eu sou o único que está achando isso loucura?

- É loucura. - concordou com a cabeça.

- Vocês têm certeza que esse é o Derek mesmo? Como isso é possível? Por que a Kate faria isso?

- Eu não tenho nem ideia. - admitiu. - Isso é bizarro demais. Stiles, alguma teoria?

Não houve resposta. Scott olhou para o pequeno espelho do teto para ver o amigo no banco de trás. Ele estava com a cabeça baixa, parecia não perceber nada que acontecesse ao seu redor.

O Alpha lançou um olhar preocupado para Isaac, que lhe devolveu um olhar que dizia "fala com ele".

Assentiu.

- Stiles? - chamou. - Stiles.

- O quê? - ele ergueu a cabeça pela primeira vez em horas. Ele parecia cansado.

- Você está bem?

- Estou, eu só... - voltou o olhar para Derek em seu colo. - só estou preocupado.

- Ele vai ficar bem. - Scott tentou consola-lo, mas não soou muito confiante.

- Vocês acham que é permanente?

O Alpha trocou olhares com o beta, que deu de ombros. Nenhum dos dois respondeu.

- Isso não faz sentido. - Stiles voltou a falar, mas não parecia que era com Scott ou Isaac. - O que ela fez? Por que Kate mergulharia ele na fonte já juventude? O que ela quer? O que a gente vai fazer com ele quando chegar em Beacon Hills?

- Vamos levá-lo ao Deaton. - Scott respondeu.

- Vamos levar um lobisomem ao veterinário. - riu levemente. - Tantas piadas não feitas.

- E por favor, não as faça. - disse Isaac.

- Eu só queria entender... Kate estava viva todo esse tempo e só apareceu agora. Por que voltar agora?

- Por causa de Allison. - Scott sentiu uma dor em seu peito. - É a única coisa que faria ela voltar.

- Ela quer vingança? O que o Derek tem a ver com isso? Que vantagem ela ganha?

Novamente, não ouve uma resposta. Mas de qualquer jeito, não parecia que Stiles esperava por uma. Scott apenas continuou dirigindo. A viagem de volta com certeza com certeza ia parecer bem mais longa do que a de ida.

***

Stiles podia matar Scott a qualquer momento. Ele precisava muito ensinar o amigo a usar a droga do GPS, ou pelo menos a ter algum senso de direção. Lydia estava guiando o caminho, mas Scott achou que viu um atalho, pegou uma saída, e eles acabaram levando uma hora a mais para chegar em Beacon Hills.

Falaram com Lydia e Kira no celular. As garotas iriam direto para casa, eles cuidariam do resto.

Quando finalmente chegaram em Beacon Hills, foram direto para a clínica veterinária. Deaton já estava lá. Scott tinha ligado para o veterinário e o feito ir até a clínica no meio da madrugada. Stiles constatou que Deaton realmente gostava de Scott.

Stiles tirou a cabeça do namorado de seu colocar com cuidado para descer do jipe. A chuva estava muito forte. Os dois lobisomens carregaram o corpo desacordado de Derek para dentro da clínica. Deaton indicou para eles uma mesa de metal, onde Derek foi colocado.

- Uau. - foi tudo o que Deaton disse, olhando para o garoto desmaiado na mesa.

- Uau? - Stiles ergueu uma das sobrancelhas. - "Uau" no sentido de "eu já vi isso antes e sei exatamente o que fazer"? Porque esse é o tipo de "uau" que eu quero.

- Acho que estão superestimando minhas habilidades.

Stiles suspirou, cansado. Levou a mão molhada até a de Derek e a apertou. Um nó se formou em sua garganta.

- Ele está frio. - disse, preocupado. Derek tinha tomado muita chuva. - Frio demais.

- Eu vou pegar o cobertor no carro. - Isaac se ofereceu.

- O cobertor vai molhar até você chegar aqui.

- Tem cobertores naquela sala ali. - Deaton indicou uma sala atrás dos garotos. Isaac assentiu, indo até ela.

Deaton colocou dois dedos no pescoço de Derek, checando seu batimento cardíaco. Stiles teve que respirar fundo várias vezes para se acalmar. Deaton não tinha ideia do que estava acontecendo, ninguém tinha.

- Você acha que é permanente? - Scott perguntou, enquanto Isaac saía da clínica.

O veterinário demorou para responder. Pegou uma daquelas lanterninhas de médico, apontando para o rosto de Derek e checando suas pupilas. O beta se mexeu um pouco na mesa, mas continuou desacordado.

- Não tenho nem certeza se um diagnóstico médico é adequado. - admitiu. - Isso vai muito além de minha experiência.

- Então o que fazemos? - Stiles perguntou, tamborilando seus dedos em sua perna.

- Até ele acordar? Não muito. Talvez seja melhor deixá-lo descansar. Ele vai ficar seguro aqui.

- Da Kate?

- Se ela estiver viva, e for o que você diz, ela não vai poder passar por aquele portão.

Isaac voltou, o cobertor em suas mãos. Stiles e Scott levantaram o corpo adormecido do beta, enquanto o loiro o enrolava no cobertor.

- Por que ela faria isso com ele? - Stiles tentou engoliu o nó em sua garganta, sem sucesso.

- Conhecendo Kate, deve ser por um motivo que só vai servir a ela mesma.

- E fazer mal para todos os outros. - o garoto completou. Abraçou o próprio corpo, tentando não tremer de frio.

Deaton assentiu.

- Vocês deviam ir para casa. Ele não parece estar em perigo. Então talvez seja melhor vocês dormirem um pouco? Vocês têm aula amanhã.

- Eu não vou a lugar nenhum. - Stiles se curvou, apoiando os cotovelos na mesa.

- Vocês todos têm que voltar a cuidar de suas vidas.

- Tem razão. - Stiles admitiu. - Mas eu vou ficar aqui. Minhas notas são ótimas, não tem problema.

- Faz um mês que você não vai pra escola, Stiles. - disse Isaac.

- Fazem só três semanas. - o garoto revirou os olhos. - Que exagero.

Stiles sentiu que todos ali trocaram olhares preocupados. Ele não se importava. Não ia sair do lado de Derek.

- Tudo bem. - foi Scott quem falou. - Me mande mensagem se algo acontecer.

- Espera, como a gente vai para casa então? - perguntou Isaac. - Só estamos com seu jipe, Stiles.

Stiles pensou seriamente em suas próximas palavras.

- Peguem o jipe então. - estendeu a chave no ar. - Se alguma coisa acontecer com ele, não me responsabilizo por meus atos violentos.

- Tudo bem. - Isaac foi pegar a chave, mas Stiles a afastou.

- Você não. - entregou a chave para Scott. - E você. - apontou para o Alpha. - Não se perca no caminho. Não entre em nenhuma rua que você não conheça.

- Cala boca. - revirou os olhos.

Os lobisomens se despediram de Deaton e se viraram, indo rumo à saída da clínica.

- Cuidado com o meu jipe!

***

Scott e Isaac chegaram em casa extremamente cansados. E molhados. Estavam sujos, ensopados e exaustos. Ótimos.

O pior, é que eles só teriam umas três horas antes de terem que acordar para ir para a escola. Então tudo o que Scott queria era tomar um banho rápido e ir dormir o quanto antes.

Assim que entrou em casa, percebeu que isso não ia acontecer. Sua mãe não estava em casa, estava fazendo turnos extras no hospital. Mas tinha alguém ali.

Scott reconheceu o cheiro de seu pai no mesmo instante. O que seu pai estava fazendo ali?

O Alpha atravessou a sala, se desviando das várias panelas espalhadas no chão. Seu pai deve tê-las colocado quando viu as diversas goteiras do teto.

Ele sentiu seu peito se afundar um pouco quando viu que seu pai dormia no sofá. Será que ele estava li por ele? Scott não sabia se ficava com raiva, ou apenas triste.

Pulou de susto com um barulho alto, assim como seu pai. Isaac tinha tropeçado numa caixa de ferramentas no chão. As ferramentas se espalharam, fazendo barulhos altos de metal batendo.

- Opa. - Isaac murmurou, com um tom de desculpas.

- Scott? - o agente McCall se sentou no sofá, ainda sonolento.

- Ah... oi, pai. - respondeu, sem graça. - Ah... para que as ferramentas?

O agente se levantou, esfregando os olhos. Scott não se lembrava da última vez que havia visto seu pai de forma tão casual. Uma camiseta simples, o cabelo bagunçado.

- Eu só estava... ah... começando os consertos que vocês precisam. - bocejou. - Que horas são?

- São... - Scott olhou para o pequeno relógio na cômoda da sala. Marcava quatro horas da manhã.

Isaac foi mais rápido, virou o relógio de frente para a parede, não deixando o mais velho ver.

- É meia noite. - disse.

- Vocês voltaram agora? - McCall se aproximou do filho. - Do acampamento?

- Como você sabe disso? - Scott cruzou os braços. - O que está fazendo aqui?

- Eu... - coçou a nuca. - Eu vim falar com você. Comprei o jantar, mas você não estava aqui.

- Não precisa me comprar nada. Eu posso me virar sozinho.

- Eu sei. - suspirou. - Eu só quero conversar, Scott.

- Bom, da última vez que você disse isso, você...

- Eu sei. - o agente ergueu a mão, interrompendo-o. - Eu sei, e sinto muito.

- Sente muito?

- Sim. - balançou a cabeça. Scott não sabia o que pensar. Seu pai parecia... triste? - Eu sei que fui um idiota, tudo bem? Eu quero te compensar por isso.

- Quer me compensar pelos anos de ausência, ou pelos comentários ofensivos?

Scott se arrependeu assim que terminou a frase, mas não a retirou. Pôde sentir que seu pai ficou magoado, o que o deixou triste.

- Os dois. - o Alpha ouvia seus batimentos cardíacos. Seu pai estava falando a verdade. - Eu me desculpo pela minha ignorância. Eu conversei com várias pessoas, e... bom, eu percebi que... talvez as coisas não sejam tão preto e branco como eu pensava que eram.

- No caso do Scott, é mais um arco-íris mesmo. - Isaac murmurou, atraindo sem querer o olhar dos outros dois. O loiro arregalou os olhos. - Ah... me desculpe. Eu estou estragando o momento pai e filho. Ah... eu devia... - apontou para a escada. - subir...

- Não, Isaac, está tudo bem. - McCall o interrompeu. Estendendo a mão para o loiro. - É ótimo finalmente conhecer o namorado do meu filho.

Scott arregalou os olhos. Ele tinha acabado de falar namorado? Sem surtar, ou fazer nenhum comentário ofensivo? Uau, ele realmente estava se esforçando.

- Prazer em conhece-lo. - Isaac respondeu.

- Então agora você não se importa? - Scott o enfrentou, levemente confuso.

- Scott, - McCall respirou fundo. - eu me precipitei no outro dia. Peço desculpas. Você é meu filho. Não devia me importar se você namora com homens, ou... ou se... se usa um peixe na cabeça. Você é meu filho, e eu quero consertar as coisas.

Scott não respondeu. Não tinha ideia do que responder. Queria muito se reaproximar de seu pai, sempre quis. Mas depois de tudo o que seu pai havia dito aquele dia, Scott estava tendo que lutar com seu próprio orgulho.

Então não disse nada. Porque queria que seu pai continuasse atrás dele, que continuasse se esforçando.

- Então... - McCall voltou a falar depois de um tempo de silêncio. - Talvez... eu possa trazer o jantar amanhã de novo?

Scott olhou o pai nos olhos. Mesmo se não fosse um lobisomem, e não pudesse ouvir os batimentos cardíacos do outro, saberia que estava falando a verdade. Ele podia ver a sinceridade em seus olhos, a dor também.

Já havia pensado se algum dia aquele momento chegaria. O momento que seu pai pediria desculpas e tentaria se reaproximar dele. Toda vez que pensava nessa situação, sua reação era diferente.

Às vezes pensava que iria recusar e tratá-lo com indiferença, dizendo que nunca havia precisado dele antes. Às vezes se imaginava um adolescente muito maturo e simplesmente aceitava a proposta, recomeçando aquela relação.

Era óbvio que a segunda opção era melhor. Mas Scott ainda sentia aquele receio, o que o deixava com um pé atrás. Receio de aceitar e seu pai o decepcionar de novo.

Lançou um olhar interrogativo para Isaac. O loiro assentiu levemente, incentivando Scott a aceitar.

Bom, - pensou consigo mesmo. - se algo der errado, não vai ser por culpa minha.

Então ele assentiu, concordando.

Concordou em aceitar seu pai de volta.

McCall apenas sorriu, mas Scott pôde ver em seus olhos toda a alegria daquele momento.

- Obrigado, Scott. - ele colocou as mãos no bolso. Houve um momento de silêncio. - Então... ah... vocês comeram alguma coisa?

Scott e Isaac se entreolharam, falando em uníssono.

- Comida mexicana.

***

Stiles não se lembrava de ter caído no sono, mas quando acordou, estava com a cabeça deitada na barriga de Derek, sentado em uma cadeira ao lado daquela mesa de metal. Em seus ombros, havia um cobertor. Deaton devia tê-lo cobrido.

Falando no veterinário, Stiles percebeu que ele estava em pé ao lado de Derek, com dois dedos em seu pescoço, medindo novamente seus batimentos cardíacos.

- Como ele está? - o garoto endireitou as costas, sentindo seu corpo todo doer por ter dormindo naquela posição. Levou as mãos ao rosto, esfregando os olhos e bocejando.

- Seus batimentos cardíacos estão perigosamente rápidos. - o médico respondeu, o que fez Stiles acordar na hora.

- O que isso significa? - se levantou, ficando ao lado do maior.

- Eu não sei. - admitiu. - Stiles, eu quero tentar uma coisa. Quero que segure a mão dele. E não se assuste.

- Não me assustar? - franziu as sobrancelhas, segurando a mão do namorado. - Só por causa dessa frase, já estou assustado.

Stiles arregalou os olhos quando viu Deaton pegar um bisturi e aproximar ele do braço de Derek. 

- Wow! O que você vai... - o garoto se interrompeu. Deaton fazia um corte longo e profundo na pele. E, menos de dois segundos depois, o corte se fechava completamente, sem nem ao menos sangrar. - Uau. Isso foi extremamente rápido.

- E extremamente anormal.

- O que significa?

- Não sei direito. - voltou seu olhar para seus armários encostados à parece. - Vamos tentar outra coisa. Me traga uma seringa de cinco milímetros. Gaveta de cima.

Stiles assentiu. Ele e o veterinário andaram até os armários. Deaton começou a abrir as portas, retirando frascos de várias coisas de lá. O garoto procurou nas gavetas, pegando a seringa.

Engoliu em seco. Odiava seringas.

Eles colocaram tudo o que haviam pegado em cima da mesa ao lado da parede. Ainda de costas para Derek. Deaton parecia que ia começar a falar, mas se interrompeu.

Stiles sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Um barulho vinha de trás deles.

Um rosnado.

Lentamente, eles se viraram para trás. Derek havia se levantado. Sua respiração era pesada, e rosnados saiam de sua garganta. Quando levantou sua cabeça, Stiles pôde ver que estava transformado. Seus olhos brilhavam em azul, suas presas estavam para fora, assim como suas garras. Ele estava em posição de ataque.

Stiles arregalou os olhos. Já tinha visto aquele olhar antes. Era o olhar que Scott tinha nas primeiras luas cheias. Era um péssimo olhar.

- Derek? - Stiles chamou. O lobisomem se voltou para o garoto, mas não pareceu reconhece-lo. - Derek? Derek, sou eu.

- Derek? - Deaton ficou na frente de Stiles, protegendo-o. - Derek?

O beta colocou as mãos nos ouvidos

***

Scott estava extremamente cansado. Tinha dormido no máximo duas horas, e agora tinha que conseguir ficar acordado por todas as aulas. Principalmente a de história. Não tinha ideia de como ia ficar acordado na aula de história. Tinha tomado bastante café, mas ele era um lobisomem, então o efeito da cafeína sumia rápido.

Estava em seu armário, pegando seus livros, quando Isaac apareceu ao seu lado.

- Het, Scott.

Scott teve que pensar um pouco para responder. Piscou forte os olhos, tentando espantar o sono.

- Hey. - foi tudo o que pensou em dizer com o seu raciocínio lento.

- Você acha que eles vão ficar bem? - perguntou o maior, claramente falando de Stiles e Derek.

- Acho que sim, acabamos de vê-los. - respondeu. Eles haviam passado na clínica veterinária antes de chegar na escola para deixar o jipe ali. Entregaram a chave para o veterinário, e aproveitaram para ver se tudo estava bem. - E Stiles provavelmente ainda está dormindo.

- Que inveja. - bufou.

- Eu que o diga. - bocejou. - E agora nós temos aula de história.

Isaac estava prestes a dizer alguma coisa, mas foi interrompido por uma voz.

- Isy! - Scott se virou para trás, vendo aquela pessoa se aproximar, com um sorriso no rosto.

- Hey, Nath. - Isaac sorriu. Como ele ousava sorrir daquele jeito?

Scott imediatamente despertou. Apertou a porta do armário que segurava, se obrigando a se manter indiferente. Ele não tinha ciúmes. Não. Não se importava com o Nathan. Não se importava se ele era loiro, pequeno, e extremamente adorável. Aquele tipo de pessoa que dá vontade de abraçar e apertar.

Que maldito.

- Oi Scott. - Nathan sorriu para ele. - Ainda não nos apresentamos. Eu sou o Nathan amigo do Isaac. Ele fala muito de você.

- Sério? - Scott forçou um sorriso. - Ele nunca me fala de você.

- Eu me pergunto o porquê.

- Porque o Scott ia pular no meu pescoço. - Isaac murmurou, mas ainda sim, os outros dois conseguiram ouvir.

- O quê? - o menor franziu as sobrancelhas.

- Hahá! - o Alpha forçou uma risada, que saiu um pouco mais alta e estridente que o planejado. - É brincadeira. Isaac adora fazer piadas.

- Okay... - Nathan deu de ombros, então se virou para o beta. - O que você fez ontem?

- Ontem?

- É. Não teve aula. O que vocês fizeram?

Scott podia ver o quanto Isaac se esforçou para não responder "resgatamos alguém em um tempo asteca no México".

- Ficamos em casa. - foi o que acabou dizendo. - Nada demais. Por que a pergunta?

- Eu queria que você falasse que não fez nada antes de eu esfregar na sua cara que eu finalmente me tornei sócio do clube. - levantou a cabeça e estufou o peito, como se estivesse se exibindo.

- Nem acredito. - o loiro sorriu. - O que tem sete piscinas?

- Aham. - Nathan pegou o celular em seu bolso, ainda sorrindo. - O clube é lindo. Eu tirei fotos para te mostrar. Fiquei nas piscinas o dia todo ontem. Inveje-me.

Scott demorou alguns segundos para processar aquelas informações. Nathan tinha passado o dia na piscina, e agora estava mostrando fotos para Isaac. Ele tinha tirado fotos para mostrar para Isaac. Fotos do clube, ou... fotos dele no clube.

Espera. Nathan estava mostrando fotos dele numa piscina para o namorado de Scott, na frente de Scott?

Oh, não, não, não.

- Wow, wow, wow. - o Alpha deu uns passos para frente, ficando entre aqueles dois. Ficou de frente para Nathan e estendeu os braços no ar, como se bloqueasse o acesso à Isaac. - Olha cara, eu não sei o que há com você. Mas o Isaac está comigo agora, você não pode simplesmente ficar mostrando suas fotos seminuas pra ele!

- Como é que é? - o menor franziu a testa e ergueu os braços em forma de rendição.

- Ai meu Deus, Scott. - Isaac murmurou, batendo a mão na própria testa. - Para com isso.

- Ah, qual é. - Scott bufou irritado, se virou para o namorado. - Tá óbvio que esse cara ainda gosta de você.

- Oi? - a voz de Nathan subiu algumas notas. - Wow, olha, eu não... eu... o Isy e eu...

- Para de chamar ele assim! - cruzou os braços.

Aquela conversa foi interrompida quando uma garota se aproximou. Era alta, mais alta que Scott. Tinha cabelo encaracolado e pele escura, parecia ser do primeiro ano.

- Oi, amor. - ela se aproximou de Nathan, que sorriu para ela e ficou nas pontas dos pés para receber seu beijo.

Scott travou no lugar. Aqueles dois tinham acabado de se... beijar? Nathan estava beijando uma menina? Espera... o quê?

- Oi Isaac. - ela sorriu para o loiro.

- Oi Amanda. - o beta sorriu de volta.

- Esse é o Scott? - estendeu a mão para ele. - Prazer em te conhecer, Isaac fala muito de você.

- Ah... prazer. - o Alpha apertou a mão da garota, ainda confuso.

- Scott, - Isaac cruzou os braços, com um sorriso. Parecia extremamente satisfeito. - essa é a Amanda, a namorada do Nathan.

O garoto arregalou os olhos. Olhou de Nathan para Isaac, de Isaac para a garota, da garota para Nathan de novo, e de novo, e de novo. Sentiu suas bochechas queimarem.

- Ah! - sua voz saiu um pouco esganiçada. - Ah! Ah... ela... ah... então... - apontou para Nathan. - então você e... - apontou para Amanda.

- Aham. - o menor assentiu, sorrindo.

- E você e... - apontou para Isaac.

- Aham.

- Então você é...

- Aham.

- Ah, olha só. - Scott riu de nervoso. - Ah... uau, eu não... ah, eu não sabia disso. Definitivamente não. - riu de novo. - Ah, vocês ouviram isso?

- Ouvir o quê? - a morena franziu as sobrancelhas.

- O sinal. - Scott falava rápido. - Eu tenho que ir pra aula.

- Ainda faltam quinze minut...

- Tchau!

***

Scott se recusava a olhar para Isaac. Quando o loiro entrou na sala, acompanhado de Nathan, fingiu que estava estudando e nem olhou para ele.

Talvez um dia ele voltasse a falar com Isaac. Sabe, quando não quisesse se enfiar num buraco no chão.

Scott agradeceu quando o professor finalmente chegou. Agora se Isaac fosse conversar com ele, o Alpha teria um motivo para recusar. Scott ainda não tinha pensado no que faria quando chegasse em casa, já que eles moravam juntos, mas ele ia dar um jeito.

- Bom dia, pessoal. - o senhor Yukimura já foi direto para o quadro negro, começando a escrever. - Vamos falar sobre líderes hoje. Talvez se surpreendam ao saber que alguns dos maiores líderes tiveram que aguentar grandes fracassos. Um deles vocês vão reconhecer da leitura de ontem. Quer dizer, assumindo que vocês leram o texto que pedi.

Opa. - Scott pensou.

- Ele falhou nos negócios. - o professor continuou. - Teve um colapso nervoso. Foi derrotado em ambas as câmaras do congresso e perdeu o vice-presidente. Isso tudo antes de ser finalmente eleito como um dos maiores presidentes que esse país já viu. Quem era ele?

Alguns alunos levantaram a mão, assim como Scott.

- Isaac? - o Sr. Yukimura perguntou.

O loiro estava prestes a responder, mas toda a atenção da sala se voltou para Scott quando seu celular começou a tocar em cima da mesa.

- Scott, desligue o telefone. - o professor repreendeu.

O Alpha assentiu, rejeitando a ligação sem nem ao menos ver quem era e desligando o celular.

- Isso é básico, pessoal: nunca entrem na sala de aula com o celular ligado. - lançou um olhar reprovador para Scott, que apenas concordou com a cabeça.

- Desculpe, professor.

- Tudo bem. - voltou sua atenção para Isaac. - Então, Sr. Lahey?

- Abraham Li... - o loiro teve que se interromper quando seu próprio celular começou a tocar.

- Você também? - o Sr. Yukimura suspirou.

- Desculpe professor. - Isaac rejeitou a ligação. - Ah... Abraham Lincon.

- Muito bem. - assentiu. - E como nós vamos ver na aula de hoje... - mais uma interrupção, dessa vez, era um barulho de mensagem. - Eu já disse para deligarem os celulares!

- Pai, - Kira se pronunciou. - esse foi o seu.

- Oh. - o professor pareceu perdido por um momento. Andou até sua mesa e pegou seu celular, encarando a mensagem na tela com as sobrancelhas franzidas. - "Scott, ligue para o Stiles."

Scott, Isaac, Lydia e Kira se entreolharam. Derek estava com problemas.

***

- Não acho que só o corpo dele esteja mais novo. - Deaton falava enquanto Stiles enfaixava, ou pelo menos, tentava enfaixar seu braço. - Eu acho que sua mente também está.

- Ele não nos reconheceu. - Stiles tentou esconder a preocupação em sua voz. - E ele estava morrendo de medo, dava para ver.

- Para onde um Derek mais novo e com medo iria? - Isaac perguntou. Somente ele e Scott estavam ali na clínica veterinária. As garotas haviam ficado na aula.

- Um lobo volta à sua toca. - o Alpha respondeu. - Mas o Derek mora em um loft.

- Não quando era um adolescente. - Stiles deu um passo para trás, observando seu trabalho em enfaixar o braço do veterinário. Bom, pelo menos não iria mais sangrar. - Quantos anos ele parece ter agora? Dezessete? Acho que a família dele ainda estava viva.

- Ele não se lembra do incêndio. - Deaton acrescentou. - Ainda não teria acontecido.

- Então é para onde ele está indo. - disse Isaac. - O que tem lá? Ele não vai encontrar as ruínas da casa dele?

- Não. - Stiles balançou a cabeça. - A casa foi demolida, estão construindo outra coisa lá.

- Então temos que ir logo. - Scott falou, já andando em direção à saída.

- Espera, - disse Deaton. - Quando o alcançarem, o que dirão a ele? Que toda a sua família está morta?

- Nem toda. - apontou Isaac. - Só noventa e oito por cento dela.

- Acho que terei que dizer. - Scott respondeu.

- Oh, boa sorte. - disse Stiles, irônico. - Não podemos falar para ele.

- Não posso mentir para ele.

- Tudo bem, eu minto.

- Eu não acho que nenhum de nós pode. Ele pode ouvir nossos batimentos cardíacos, lembra?

- Eu ainda odeio que vocês façam isso. - Stiles bufou.

- E eu ainda lembro que você me acha gostoso.

- Oh meu Deus, Scott...

- Como é? - Isaac cruzou os braços.

- Como esse assunto surgiu? - Stiles ergueu os braços, exasperado. - Foco! Não podemos contar para ele.

- Não podemos mentir, ele vai ouvir os nossos...

- Eu sou um ótimo mentiroso. Qual é, não podemos fazer ele perder a família toda de novo. Ele já sofreu com isso uma vez.

Scott suspirou, Stiles estava certo.

- Eu poso tentar. - deu de ombros, não parecendo muito confiante.

- Se ele chegar à casa antes, - disse Deaton. - vocês não vão precisar.

- Então vamos logo. - o Alpha foi andando em direção à saída.

- Vamos todos na sua moto? - Stiles perguntou.

- Não, o seu jipe está ai fora.

- O quê? Vocês não foram com ele para casa?

- Deixamos ele aqui no caminho para a escola.

- É verdade. - disse o veterinário, pegando as chaves de Stiles de seu bolso e as entregando ao garoto.

- Que inteligente. - Stiles disse, impressionado. - Vamos então.

Os garotos saíram da clínica veterinária. Scott foi para sua moto, enquanto Isaac insistiu que seria mais confortável para todos se ele fosse no jipe com Stiles. O garoto claramente não concordou, mas teve que aceitar no final das contas. Achou estranho Isaac preferir ir com ele do que com Scott, mas estava muito eufórico para prestar atenção nisso.

Entraram no jipe. Como de costume, Stiles ligou o rádio direto na estação da polícia. Gostava de sempre saber o que estava acontecendo. Deu a partida no carro.

...garoto invadiu uma área de construção, está sendo levado à delegacia...

Stiles e Isaac se entreolharam.

- Você acha que... - o loiro começou a falar.

- Aham. - o menor assentiu. - É o Derek.

***

Derek estava se controlando para não desmoronar.

Tinha acordado em um lugar que nunca havia estado antes, com pessoas que não conhecia e com roupas que não eram suas. Estava aterrorizado.

Assim que fugiu do que parecia ser uma clínica, foi correndo para sua casa. Correu o máximo que pôde. Quem eram aquelas pessoas? Por que o capturaram? Eram caçadores? Se fossem, Derek tinha que chegar até sua mãe e contar tudo o mais rápido possível.

Mas, quando chegou em sua casa, não havia mais nada lá. Quer dizer, haviam caminhões e máquinas de cimento. Sua casa havia virado uma pilha de madeira velha no chão, e estavam construindo outra coisa ali.

Aquilo era impossível, não tinha como terem destruído tudo do dia para noite. Quanto tempo ele esteve fora? Quanto tempo os caçadores o mantiveram preso? O que tinham feito co sua família?

Será que... não. Eles não podiam estar mortos. Não podiam. Eles provavelmente fugiram. Isso. Sua mãe não gostava de lutas, se caçadores estavam atrás de sua família... bom, primeiro ela tentaria negociar com eles. Se não desse certo, fugiriam.

Mas porque o deixaram para trás. Sua mãe não o deixaria para trás. Nunca. Os caçadores deviam tê-la capturado também.

Mas aquilo não fazia sentido. Aqueles dois homens na clínica não pareciam caçadores. Eles não o atacaram. Pareciam estar com medo de Derek. E simplesmente o deixaram sair.

E não era só isso, tudo parecia diferente. Tudo. As ruas, as casas, as pessoas, até mesmo o tempo. No dia anterior, estava tão frio que poderia estar nevando. Agora, estava sol, como se fosse verão. Ele não sabia o que, mas algo estava muito errado.

Derek batia o pé no chão enquanto tentava pensar o que fazer. Estava na delegacia de polícia. Suas mãos estavam presas por algemas ao banco em que estava sentado. Dois guardas o haviam tirado de sua casa. Aparentemente, aquela área agora era uma área restrita.

O garoto tinha que se controlar para não se transformar. Aquela área não era restrita, era sua casa. Eles não o deixaram ficar em sua própria casa.

Sentiu seus olhos arderem. O que estava acontecendo?

Viu um dos guardas que o havia prendido se aproximar. Ele era bem mais novo que a maioria, e Derek confiava mais nele do que no outro guarda. O outro guarda era um idiota que havia usado a arma de choque nele.

O guarda se agachou no chão, ficando na altura do olhar de Derek.

- O outro oficial acha que sou um idiota por perguntar, - disse, com uma voz gentil. - mas tenho a impressão de que, se eu tirar as algemas, você vai ficar bem.

Derek bufou. Ele podia tirar aquelas algemas quando quisesse. Aquele era o menor de seus problemas.

- E eu acho - continuou. - que vai nos ajudar a descobrir o que houve com sua família para que possamos te tirar daqui. Estou certo?

O menor não disse nada, apenas assentiu. Não tinha certeza se devia contar com a polícia, isso nunca funcionava para lobisomens. Mas não estava vendo muita escolha.

O oficial levou a mão que segurava a chave até o pulso do garoto, retirando as algemas.

- O outro policial é um idiota. - disse Derek, ainda sentindo uma sensação incômoda onde havia sido eletrocutado.

O maior sorriu.

- Não posso discutir.

- Parrish, - outro policial chamou. Era o que havia atacado o menor. Estava sentado em frente à uma escrivaninha, olhando no computador. - venha aqui.

Aquele oficial - que agora Derek sabia que se chama Parrish. - se levantou e andou até a mesa. O beta aguçou sua audição.

- Testei as digitais do garoto oito vezes, - disse o policial idiota. - Aparece isso.

- Derek Hale? - Parrish franziu as sobrancelhas, confuso.

O garoto pendeu a cabeça para o lado. Sim, claro que apareceria seu nome quando testassem suas digitais. Por que os policiais pareciam tão surpresos?

Será que Derek era uma pessoa desaparecida? Talvez tenha sido capturado a muito tempo atrás. Talvez a polícia já estivesse procurando por ele antes. Isso explicaria algumas coisas.

Um homem andou até Parrish e o policial idiota. Derek viu o distintivo de xerife em sua roupa.

- Você disse Hale? - olhou a tela do computador.

O xerife olhou para Derek, depois para o computador de novo. Então para Derek. Depois para o computador. Apertou os olhos, como se não enxergasse direito.

O garoto se inclinou um pouco para trás quando o xerife se aproximou dele, olhando cada pedacinho de seu rosto com extrema atenção. Derek franziu as sobrancelhas. Sua teoria de que era uma pessoa desaparecida ficava cada vez mais possível para ele.

O xerife arregalou os olhos. Voltou para a mesa, olhando a tela do computador. Depois para Derek. Depois para o computador. Depois para Derek.

O menor pulou de susto quando a porta da delegacia foi aberta de uma vez. Três caras entraram correndo. Pareciam ter a sua idade. Olharam para Derek alarmados, e depois para o xerife. O homem suspirou.

- Eu cuido disso. - disse para os outros policiais, indo para uma sala afastada e chamando os três adolescentes para acompanha-lo.

***

- Eu quero que sejam sinceros comigo. - enquanto seu pai falava, Stiles batia o pé no chão, nervoso. - Absolutamente e completamente honestos. - ele respirou fundo. - Vocês andaram viajando no tempo?

- Espera, - Stiles balançou a cabeça. - o quê?

- Porque se viajem no tempo é real, quer saber, acabou pra mim! - mexia as mãos enquanto falava. - Estou fora! Vocês vão ter que me levar para a Eichen House.

- Nós o encontramos desse jeito. - Scott explicou.

- Onde?! Nadando na fonte da juventude?!

- Não. - Stiles respondeu. - Nós o achamos enterrado em um túmulo de wolfsbane em um tempo asteca no México, debaixo de uma igreja no meio de uma cidade que foi destruída por um terremoto. Ontem.

Com o canto dos olhos, o garoto pôde ver Scott e Isaac, tapando o rosto com as mãos. Seu pai apenas o encarou, com uma expressão incrédula.

- Você me disse que tinha ido acampar! - Stiles teve a impressão que o xerife estava sussurrando para não gritar.

- É, nós estávamos. - assentiu, coçando a nuca. - Foi... foi no... México.

O xerife fez como se fosse começar a xinga-lo, mas se controlou. Apenas apontou para o filho, com uma expressão furiosa em seu rosto.

- Derek envelheceu ao contrário. - Isaac resolveu se pronunciar. - Ele voltou no tempo. Não se lembra de nada.

- Nós precisamos falar com ele. - Stiles falou, com um pouco de receio de seu pai pular em seu pescoço.

John suspirou, desistindo.

- O irônico de tudo isso, - disse. - é que você pelo menos tem um namorado da sua idade agora, Stiles.

O garoto piscou.

- Você não gosta da idade real do Derek? - cruzou os braços.

- Eu não sei a idade real dele. - o xerife imitou o gesto do filho.

- Bom, ninguém sabe, na verdade. - Stiles deu de ombros. - Essa é uma daquelas coisas que ficam em aberto. Podemos falar com ele então?

- Bom, - se apoiou em sua mesa, a trás dele. - até agora, ele não está falando com ninguém.

Scott deu um passo para frente.

- Ele vai falar comigo.

***

- Por que eu iria a qualquer lugar com você? - Derek cruzou os braços, olhando desconfiado para aquele tal de Scott.

Estavam na sala do xerife, mas ele não estava ali. Estava do lado de fora, vigiando a porta. Aqueles três adolescentes que haviam chegado estavam ali, olhando cada movimento do beta, o que o deixava ainda mais desconfortável. Um deles em específico, não havia tirado os olhos dele por um segundo desde que entrou.

- Houve um acidente, okay? - ele respondeu. - Você perdeu a memória, mas podemos te ajudar a recuperar.

Derek demorou para responder. Aquilo podia fazer sentido.

- Quanta memória?

- Muita. Mas pode confiar em nós. - Scott se abaixou, ficando cara a cara com Derek.

O garoto prendeu a respiração. Os olhos de Scott brilharam. Em vermelho.

- Você é um Alpha. - disse, instantaneamente confiando um pouco mais no outro. Mas essa sensação durou pouco. Aquele cara não devia ter nem dezoito anos, quem ele havia matado por aquele poder? - Está bem, quem é você? Quem são eles? - olhou diretamente para o garoto que não tirava os olhos dele. - Quem é você?

- Oh, nós somos os caras te mantendo fora da cadeia. - ele respondeu, em uma voz irônica.

Derek bufou, irritado.

- Cara, - o garoto loiro falou pela primeira vez. - a gente pode te ajudar. Você está com sérios problemas. Na verdade, você está bem fodido. Fodido nem começa a descrever...

- Isaac, - o garoto sarcástico o interrompeu. - sendo útil, como sempre. Pode para agora.

- Deixe a gente ajudar. - Scott voltou a falar, ignorando os dois amigos.

- Não. - Derek se inclinou para trás, olhando desconfiado para o Alpha.

- Cara, - disse o sarcástico. - você quase rasgou dois policiais ali fora. Precisa nos escutar. E isso significa sem garras, presas e olhos azuis brilhantes, okay?

Derek franziu as sobrancelhas. Havia alguma coisa estranha com aquele garoto. Ele não era um lobisomem, tinha certeza disso. Mas também não parecia ser humano. Tinha um cheiro estranho. E parecia ter sentimentos estranhos também. Derek podia sentir seus vestígios químicos. Sentimentos como preocupação, ansiedade, e... carinho?

É, ele provavelmente devia ficar longe daquele cara.

- Eu estou bem, contanto que não seja lua cheia. - bufou.

- Ainda tem problemas com a lua cheia? - Scott se levantou.

- Eu disse que estou bem.

- Você não nasceu um lobisomem? - perguntou aquele garoto. - Você não devia ter aprendido a controlar com cinco anos?

- Por que parece que vocês sabem mais de mim do que deviam? - a voz do beta era irritada. - Quem são vocês? Você. - apontou para o humano. - Como sabe que meus olhos são azuis?

- Ah... - ele pareceu pensar um pouco. - Eu estava lá quando você acordou. Você atacou nosso amigo, se lembra?

- Você estava lá? E o que eu estava fazendo lá?

- Nós te encontramos desse jeito. - foi Isaac quem respondeu. - Bem longe daqui. Nós o trouxemos de volta.

- E quem me levou daqui?

- Uma psicopata.

- Adoro respostas vagas. - Derek revirou os olhos, sentindo os mesmo arderem novamente. Estava ficando cada vez mais confuso e assustado.

- Derek, - o humano se aproximou alguns passos. - você perdeu muita memória, okay? Você nos conhece. A gente te conhece faz tempo. Nós te resgatamos.

- Eu conheço vocês? - Derek claramente não acreditava.

- Sim, você é nosso amigo.

- Prove.

Os três adolescentes se entreolharam.

- Ah... - o humano coçou a nuca. - Sua mãe se chama Talia, ela é uma Alpha. Ah... você tem um tio chamado Peter...

- Duas irmãs. - o loiro ajudou. - Cora e Laura.

- Você estuda na mesma escola que a gente. - o Alpha acrescentou.

- Tem gente na sua família que é humano. - o cara sarcástico voltou a falar, contava todos os fatos em seus dedos.

- Isso não prova nada. - Derek cruzou os braços.

- E... - o humano suspirou. - sabemos o porquê de seus olhos serem azuis.

Derek sentiu um peso em seu peito. Nunca havia contado isso para ninguém além de sua mãe. Se aqueles caras o conheciam antes como diziam, Derek devia realmente confiar neles.

- O que vocês sabem?

- Sabemos sobre Paige. - assentiu, com um certo pesar. - Você nos conhece, Derek. Você vem com a gente ou não?

- Querem que eu confie em vocês? - seus olhos marejaram, estava ficando difícil de controlar todas as suas emoções naquele momento. Ele se virou para o Alpha. - Onde está a minha família?

Derek pôde sentir a tensão na sala. Os três adolescentes, trocaram olhares, um parecendo mais desconfortável que o outro. Scott respirou fundo, como se estivesse se preparando para fazer algo muito difícil.

O garoto sentiu um nó em sua garganta. Seus pais estavam mortos.

- Houve um incêndio, - o Alpha começou. - e...

Suas mãos começaram a tremer, seus olhos se encheram de água. Ele só estava esperando o fim da frase para desmoronar de vez.

- Eles não estão mais aqui. - foi o que o Alpha disse. - Eles estão bem. Só tiveram que se mudar de Beacon Hills. E nós vamos te levar à eles. Assim que descobrirmos como recuperar suas memórias.

Derek um alívio percorrer seu corpo. Respirou fundo, se controlando para não chorar. Ele ia ver sua família de novo. Ia ficar tudo bem. Ele só precisava esperar.

- Okay. - sua voz saiu baixa, mas foi o máximo que conseguiu responder.

***

- Eu não devia ter feito isso. - a perna de Scott balançava enquanto eles viam Derek preencher alguns papéis para poder ser solto. - E menti pra caramba.

- Não, você mentiu para caralho, Scott. - disse Isaac.

- Foi melhor assim. - Stiles não tirava os olhos do mini-Derek. - Você o poupou de uma tonelada de sofrimento desnecessário. Vamos resolver tudo isso em um dia ou dois. Ele vai voltar a ser o Derek de sempre, e todos ficamos feliz.

- Menos o Derek, - disse o loiro. - que nunca está feliz.

- Fala isso porque nunca viu ele na cama comigo.

- Oh, meu Deus. - Isaac cobriu o rosto com as mãos. - Eu não precisava desse comentário.

Scott revirou os olhos. Tinha que aprender a ignorar as conversas dos dois.

- Ele é uma outra pessoa para quem mentimos. - suspirou. - Parece que sempre é melhor quando contamos a verdade. Com a Lydia, minha mãe, seu pai.

- Ele perdeu a família inteira, Scott. - Stiles não conseguiu esconder a dor em sua voz. - Ninguém devia ter que passar por isso. Ainda mais duas vezes.

- Ele tem razão. - Isaac assentiu.

- Sempre tenho.

- Em alguns momentos raros.

- Okay. - Scott os interrompeu antes que aquilo virasse uma discussão. - Levem ele para a minha casa. E não o perca de vista.

- E onde vocês vão?

- Falar com quem já devíamos ter falado.

Stiles revirou os olhos, sabia o que significava.

Peter.

- É, eu odeio esse cara.

- É a nossa única opção. Eu também já vou levar o dinheiro dele.

- Eu vou com você. - Isaac se aproximou do Alpha.

- Ah! - Scott sentiu seu rosto esquentar. - Não precisa, vai com o Stiles. Ele vai precisar de ajuda com o Derek.

- Ele sabe se virar. Você não devia ficar sozinho com o Peter, ele não é confiável.

- Ele não vai me atacar. O Derek pode atacar o Stiles.

Stiles deu um passo para frente, ficando entre os dois.

- O que está acontecendo com vocês dois? - franziu as sobrancelhas. - Estão brigando de novo?

- Eu não sei. - Isaac disse, irônico. - Estamos, Scott?

- Claro que não. - o Alpha bufou.

- Então problema resolvido. - Stiles sorriu. - Eu vou com o Derek, vocês dois vão falar com o Peter.

- Ótimo. - Scott murmurou, de mal humor.

- E Stiles? - Isaac abriu um sorriso e cruzou os braços. - Seja menos óbvio.

- Como assim? - o menor franziu as sobrancelhas.

- A gente sabe que você gosta do Derek e tal, mas ele não te conhece. Ele pode estar achando um pouco estranho você estar babando em cima dele.

- Eu não estou babando nele! - se defendeu. - Estou, Scott?

O Alpha não disse nada, mas Stiles pôde ver a resposta em seu rosto.

- Sabe, eu sinto falta de quando você ficava do meu lado!

- Stiles...

- Traidor!

***

- Onde ele vai? - Derek perguntou ao entrar no carro. - Onde o Alpha está indo?

- Ele vai procurar ajuda. - Stiles explicou, ligando o carro. Tinha que tomar muito cuidado para não contar nenhuma mentira, são sabia se conseguia mentir tão bem quanto Scott.

- E onde nós vamos?

- Para a minha casa.

- Por quê?

- Porque é um lugar seguro para esperarmos até Scott conseguir ajuda. E se alguém pode ajudar, é o Scott, confie em mim.

- Por que eu devia confiar em você?

Stiles ergueu uma das sobrancelhas. Derek adolescente era bem parecido com o Derek adulto. Era ranzinza, porém, bem mais rebelde.

- Eu já disse que nos conhecemos! E mesmo se não nós conhecêssemos, você ainda devia confiar em mim. Porque não sei se percebeu, mas você não tem muitas opções. - respondeu. - Não tem tanta gente com vontade de te ajudar. Então, se eu fosse você, confiaria em mim.

- Eu posso me virar sozinho. - teimou. - Só estou confiando em vocês porque disseram que podem achar a minha família. Minha mãe deve estar preocupada comigo.

Stiles sentiu uma tristeza em seu peito.

- O que foi? - Derek perguntou, percebendo a mudança de humor no outro.

Stiles balançou a cabeça, pensando bem no que ia dizer.

- Qualquer mãe estaria preocupada. - suspirou. - Mas você vai ficar bem. Nós vamos dar um jeito nisso, okay?

Sem pensar, ele levou a mão à coxa de Derek, que se afastou imediatamente. Stiles se afastou também, sentindo seu rosto queimar. Tudo bem, talvez Isaac tivesse razão quando o disse para ser menos óbvio.

- Olha cara, você tem que parar. - o mini Derek levantou os braços, como se se rendesse. - Eu não sei o que você está pensando, mas eu não gosto de caras, okay? Então me deixa em paz.

Stiles piscou perplexo. Levou um tempo para raciocinar aquelas palavras.

Arregalou os olhos.

Oh meu Deus, Derek naquela idade ainda não tinha assumido que era...

Oh, aquilo era bom demais.

- Ah, não? - Stiles sorriu, tirando os olhos da estrada por um momento para ver a cara do menor.

- Claro que não! - o beta enfrentou, parecendo ofendido.

- Ah, me desculpe. - Stiles fingiu o máximo que conseguiu. - É que eu pensei que tinha rolado um clima entre a gente. E eu acho que meio que senti uma vibe vindo de você...

- Você é louco? - mini-Derek e se remexia no banco, extremamente desconfortável. - Não rolou clima nenhum, cara. Eu nem sei seu nome!

- Meu nome é Stiles, muito prazer. Agora podemos nos pegar?

- Vai se ferrar. E eu não tenho vibe nenhuma. E se eu tivesse, seria uma vibe hétero. Bem hétero.

- Então você não gosta de homens? - Stiles fingiu estar confuso.

- Não! - cruzou os braços. - Eu não sou gay!

Stiles não conseguiu segurar o sorriso daquela vez. O pequeno Derek sentado ao seu lado com a cara fechada era uma das coisas mais fofas que ele já tinha visto. Oh, ele ia irritar tanto Derek quando ele voltasse.

- Talvez você seja bi? - resolveu provocar um pouquinho mais.

- Quantas vezes eu tenho que falar que sou hétero?

- Oh, me desculpe. Cem por cento hétero?

- Que bom que entendeu. - bufou, extremamente irritado.

- Eu vou me lembrar disso. - Stiles nunca mais ia esquecer aquele momento. - Mas você já ficou com caras alguma vez?

- É claro que não! - oh, Stiles podia ouvir a mentira na voz do mini-Derek de longe. - Por que eu ficaria um cara? Não, eu nunca...

- Ah, então você  ficou com um cara. - sorriu.

- Eu disse que não!

- Derek, eu já sou quase um policial. Não adianta tentar mentir para mim. E eu acho que você gostou.

- Cala a boca. - Derek desviou o olhar para a janela, oficialmente ignorando Stiles.

- Ah, não fique bravo comigo. - Stiles começou a rir. Conseguia até sentir a raiva de Derek naquele momento.

Sourwolf. - pensou consigo mesmo.

- Se você já ficou com caras, significa que eu tenho uma chance, né?

- Eu vou rasgar sua garganta. - ameaçou.

Com os meus dentes. - Stiles completou em sua mente, tendo um flashback.

Sorriu triste. Mal podia esperar para ter Derek de volta.
 


Notas Finais


OWNT, hauhauahuahuah mini-derek <3 e ai?
comentem! me digam o que acharam :3


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