História Trust Me - Clímax

Já são mais de três da madrugada e ainda não dormi, e provavelmente nem dormirei, pois minha mente está muito ocupada processando o que aconteceu hoje.

A única pergunta que rodeia a minha mente é: Onde ele está? E como esta? Provavelmente está enfiado em algum beco pensando pra onde ir, e como se livrar da polícia, já que o trouxa aqui não serviu pra nada.

Jungkook voltou do inferno pra me atormentar.

Me pergunto onde é que eu estava com a cabeça quando pensei que tudo voltaria ao normal, Jungkook está sendo procurado pela polícia e mesmo que nós dois fingíssemos, nada seria como antes, nunca vai ser.

Me levanto e caminho até o interruptor na intenção de ligar a luz, quando o faço, vou até o espelho conferir minha aparência. Olhos vermelhos, como se eu tivesse usado algum tipo de droga, mas são só os efeitos colaterais de algo muito mais perigoso para mim, Jungkook. Meu rosto está todo amassado como se eu tivesse dormido com a cara no travesseiro, as olheiras dão um efeito mais cansado e o cabelo bagunçado completa o visual, estou mais acabado do que nunca.

Desço até a cozinha em busca de um copo de água, pois preciso de mais liquido pra poder chorar amanhã, mas antes caminho até o quarto do meu pai pra conferir se ele já chegou, giro a maçaneta e adentro seu quarto, nada além da cama vazia e os móveis, onde você se meteu pai?

Continuo meu trajeto lentamente e depois de pegar um copo, o encho de água, me concentrando no barulho do liquido caindo dentro do recipiente, quando o barulho do trinco da porta me faz desligar a torneira subitamente, meu pai chegou finalmente.

-Pai? – digo enquanto ando até a sala.

-Taehyung – uma voz quase sussurrando me responde, logo depois, sinto alguém me abraçar e beijar todas as partes possíveis do meu rosto.

-Jungkook? – digo surpreso e ele logo tapa a minha boca.

-Xii, a polícia ainda está atrás de mim – diz ainda sussurrando – vamos subir.

Sem destapar minha boca Jungkook me arrasta até o meu quarto, provavelmente sabendo que vou xingá-lo assim que puder falar novamente.

- Achei que não te veria hoje, foi um sufoco chegar aqui. – diz se sentando na minha cama.

Tiro sua mão da minha boca.

- O que você está fazendo aqui?

- Ora, não é óbvio? Eu vim atrás de você.

- Atrás de mim? – perguntei, ele ainda estava brincando com a minha mente?

- É, a policia me achou na nossa casa – meus olhos se arregalam.

- Espera... Então você não foi embora de novo porque quis? – eu ainda estava confuso.

- Taehyung, eu disse que não iria embora, nunca mais – ele disse revirando os olhos – agora senta aqui.

-Eu achei que você tinha me deixado de novo – faço bico e depois sento do seu lado.

- Não se preocupe, isso nunca vai acontecer – ele sorriu me reconfortando – mas preciso te fazer uma pergunta – falou por fim, tomando uma expressão séria.

- Perguntar o que?

- Tae você contou pra alguém que eu estava na sua casa? – engulo em seco.

 Logo a memória da minha conversa com Jimin vem à minha cabeça e tento imaginar outra possibilidade porque não é possível, meu amigo não pode ter me traído.

- N-Não – minto sem saber porque.

- Impossível, você tem que ter deixado escapar, a polícia não pode ter me encontrado do nada Tae – Jungkook suspirou – tem que ter uma explicação.

- Eu vou fazer o possível pra te ajudar – sorrio tentando reconfortá-lo.

- obrigado – ele retribui e se levanta olhando o relógio na parede. – preciso ir.

- Ir pra onde? – pergunto.

- Não sei, mas por enquanto não posso ficar aqui, ou perto de você, é o primeiro lugar onde me procurariam – ele vem até e deposita um selar calmo nos meus lábios – eu volto assim que puder, tome cuidado amanhã, a polícia com certeza vai te procurar.

- Tudo bem, não suma – murmuro.

- Não vou sumir – diz com um tom zangado, mas que logo se acalma – até logo Tae.

Não respondo, apenas me deito na minha cama e ouço o barulho da porta se fechando, Jungkook finalmente foi embora, fecho os meus olhos e adormeço, desejando que ele fique bem.

(...)

Acordo lentamente e estico meus braços pra cima e bocejo, fazendo meu corpo acordar de vez, me levanto, pronto, ou quase pronto, pra mais um dia de trabalho, caminho até o banheiro e faço minha higiene e faço o que sempre faço todos os dias, hoje é um dia como todos os outros, contradição, eu não prevejo o futuro, mas sei que muita coisa pode acontecer hoje.

Desço já arrumado, mas antes vou até o quarto do meu pai pra ver se ele já havia chegado, abro a porta e vejo o quarto vazio, suspiro, ok, isso já tá ficando estranho.

Vou até a cozinha e abro  geladeira, porém não pego nada, embora meu emocional já esteja bem tranquilo por saber que Jungkook não me abandonou ou algo parecido, meu estômago ainda está revirado, resolvo não comer nada, saio e vou para o cyber café.

Chego e guardo minha bicicleta no local de costume, entro no cyber café, que estranho por já estar aberto, e me deparo com Seokjin no balcão, que fica surpreso ao me ver e logo vem até onde estou.

- Taehyung – Jin diz e me abraça – você está bem? – o olho e penso na possibilidade dele saber tudo o que aconteceu, o que seria impossível.

- Eu tô bem, mas por que a pergunta? – digo caminhando até o balcão.

- Como assim, você não sabe?

-Agradeceria se você me contasse – digo um pouco curioso.

- Taehyung, seu pai foi preso, está no jornal desde ontem...

Ergo a cabeça e tiro meu olhar dos papeis que estava olhando e os direciono até Seokjin, abro um pequeno sorriso como se perguntasse se o que ele disse era brincadeira, mas infelizmente não, não era.

- Tá falando sério?

- Muito – ele rodeia o balcão e digita um endereço no navegador do computador, logo posso ler a manchete.

“Homem é preso por esconder foragido da polícia em sua casa”

- Isso não pode estar acontecendo – coloco as mãos no rosto –eu achei que ele só estivesse em uma das noitadas dele.

- Infelizmente não, mas Tae... Por que diabos você não sabia disso?

- Odeio Jornais, e não mexo muito no computador.

- Entendo – ele assente – se quiser que eu fique aqui pra você ir lá...

- Eu não sou o mais indicado pra isso – aponto pra minha cabeça – problemas mentais, mas, sim, eu estou preocupado, e eu vou lá sim.

- Boa sorte – ele diz e faço menção de sair, mas Namjoon entra no estabelecimento e eu apenas paro.

Meio frenético Jin caminha até ele e o abraça, com uma cara exageradamente feliz.

- Veio me ver logo de manhã? – diz.

- Na verdade eu vim atrás do Taehyung – Namjoon responde.

- Do Taehyung? – Seokjin fica surpreso.

- De mim? – exclamo não menos surpreso.

- É – ele diz e caminha até mim – onde você estava ontem?

- Em casa – digo recuando – Por que?

- Taehyung, você está preso – num movimento ele tira uma algema do casaco e me prende.

- Preso? Por que? – Jin pergunta – Por que você tá prendendo ele? Nem policial você é Nam.

- Sou sim, e Taehyung, você esta preso por acobertar seu “falecido” namorado, Jeon Jungkook,.

- Que? – bufo – Peraí, você tá me prendendo por esconde uma pessoa que está morta?

- Não se faça de sonso, você sabe que ele está vivo, mas não importa – exclama – você vai nos contar o que sabe e nós vamos pegar ele, e então seu namoradinho vai pagar por todos os crimes que ele cometeu, vamos embora – diz por fim.

- Não espera aí – Seokjin se coloca na nossa frente – você vem, diz que é policial, prende o Taehyung, e vai embora sem me dar nenhuma satisfação?

- Jin, agora não...

- Agora não O CARALHO – ele grita e me assusto, pois nunca o vi dizer palavrões – eu confiei em você Nam, a polícia mandou você me seduzir pra eu te contar sobre o Taehyung é? Pra poder se aproximar de nós?

- Eu estou sendo preso e vocês vão ter uma DR? Ah não – interfiro – e o que você contou de mim pra ele?

- Calado – Namjoon diz – Jin eu precisei – reviro os olhos e Jin também – Mas eu te amo, acredite nisso.

- Foi tudo uma mentira – ele murmura – nunca mais quero ver a sua cara –Jin senta na cadeira mais próxima e desata em lágrimas, observo os olhos de Namjoon marejarem.

- Eu...Não tenho tempo pra isso – ele diz e sai de lá me levando consigo aos puxões.

Caminhamos até um carro preto e sou atirado num banco de trás e Namjoon caminha ate o banco da frente e começa a dirigir, provavelmente em direção à delegacia.

- Você gosta dele né – digo ao ver o garoto enxugar as lágrimas.

- Gosto – diz após um breve silêncio.

- Pois é, eu também gosto muito do Jungkook, eu o amo, e sei que ele é inocente.

- Impossível.

- Não, é muito possível – digo – você não parece um policial corrupto ou algo do tipo.

- O que quer dizer com isso? – vejo-o me olhar pelo retrovisor.

- Seu chefe, ele é da máfia, eu não sei te explicar bem, Jungkook sabe, quando o pegar, ele pode te explicar, e se você é mesmo um policial, dos bons, você pode desmascará-lo.

-Isso é só uma história que seu namorado inventou pra você não denunciar ele.

- Não, não é, eu sei disso – murmuro – e ele vai provar, faça isso, pelo Seokjin, quem sabe assim ele pense em te perdoar.

O observo murchar, e sei que ele está pensando no que fazer, e espero sinceramente que Namjoon seja capaz de desmascaram seu chefe, porque sei que sozinho Jungkook não chegará a lugar algum.

- Eu vou pensar no seu caso – diz por fim.