História Try - Capítulo VIII - Tudo que vai, volta

Yoongi

Ouvi àquelas palavras saírem da boca de Keary e uma tristeza me fez de refém. Repeti o que ela disse, e pareceu não se arrepender, porque repetiu-as no tom mais frio que eu já a ouvi falar.

- Você foi o maior erro da minha vida, Suga – meu coração pareceu falhar naquele momento e tudo que eu queria era apenas tomá-la em meus braços e dizer que eu não queria fazer aquilo, mas eu não podia. Eu não consegui. Abaixei a cabeça e sai de seu quarto, ouvindo ela fechar a porta detrás de si. Desbloqueei meu celular e notei que o wallpaper era uma foto minha e dela, onde ria daquela maneira inocente e brilhante de sempre. Uma gota havia escorrido na tela do meu celular e eu estranhei, porque não estava soado. Levei minha mão até meu rosto e notei que a gota não era de suor, era uma lágrima.

Eu estava chorando?

Talvez isso seja a explicação para eu sentir tanta dor no meu peito. Fui até meu quarto e me sentei na borda da minha cama e passei a mão em meus cabelos, bagunçando-os. Foi então que tudo que passei com ela começou vir à tona.

- Irmão – sua voz doce me chamava, enquanto ela me olhava fixamente com aqueles pares de olhos heterocromáticos.

- Sim, Kea?

- Posso te fazer uma pergunta? – seus olhos agora ficaram meio receosos e eu ri timidez dela.

- Claro, baby

- Quando eu crescer... – ela pareceu hesitar e suas bochechas adotaram um tom levemente roseado.

- Quando você crescer...?

- Eu posso ser sua noiva? – senti um arrepio percorrer todo meu corpo e o susto tomar conta também. Um sorriso tomou conta dos meus lábios e eu caminhei até ela, passando a mão em seus cabelos loiros.

- Você sabe que não pode, Kea

- Eu não ligo – ela me abraçou, fazendo com que eu sentisse àquela maciez e seu delicioso cheiro. – Eu só quero ser sua

- Só minha? – sorri. Só de pensar que ela seria minha uma felicidade indescritível tomava conta da minha mente.

- Só sua, oppa – me apertou ainda mais em seus braços e eu sorri, inevitavelmente.

Para de pensar nisso, caralho, Yoongi! Me repreendi por ter esses flashes em minha mente, porque tudo não havia passado de um sexo com minha irmã gostosa. Peguei meu celular e disquei um número aleatório, sorrindo ao ouvir sua voz.

- Yoongi? – a voz de Sakura tomou conta da outra linha.

- Quando é a próxima festa? – perguntei, me sentando no meu sofá e colocando meus pés em cima da mesa de centro dali.

- Hoje

- Horário?

- Um segundo... – ela pareceu verificar os papeis e depois voltou: - Às 23:30. Posso confirmar sua presença? – Perguntou e eu liguei, seguido do meu videogame.

- Marca a presença pro grupo inteiro. Valeu, Sakura – Respondeu um imagine e eu desliguei. Peguei meu controle do console e apertei play. Disquei o número do Namjoon e ele não demorou para atender.

- O que foi, Suga?

 - Festa hoje – minha concentração foi total ao jogo, que era uma parte extremamente difícil. Um dos meus jogos favoritos era The Last of Us, então já tinha perdido a conta de quantas vezes eu havia o zerado.

- Que horas?

- Esteja aqui às 23:00. Não esquece de chamar a turma

- Fechado. Até lá – despedi-me dele e voltei minha atenção ao jogo.

Eu fiquei praticamente a manhã inteira jogando, porque só tirei os olhos da televisão quando minha mãe veio me chamar.

- O almoço está pronto. Chame a Keary – meu coração bateu rápido quando eu ouvi o nome dela. Pausei a campanha e fui até o seu quarto, encostando minha cabeça na porta antes de bater. Por que era tão difícil esquecê-la? Só foi uma foda, mesmo sendo minha irmã. Bati na porta e consegui um ‘’que é?’’ do outro lado.

- Vem comer – um silêncio se instalou e depois finalmente abriu-a, passando por mim de cabeça baixa e com o celular em mãos. Era incrível a forma que ela mexia comigo, ainda mais com nós brigados. Desci logo após e me sentei ao seu lado da mesa, que pareceu a incomodar.

- O que tem para comer, mamãe? – perguntou, levantando o rosto e eu podendo notar que seu rosto agora estava roxo.

- Minha filha... – mamãe correu até Keary, pegando com seu queixo, fazendo-a virar o rosto como resposta.

- Não foi nada. O que tem para comer? – perguntou de maneira fria e apoiou sua cabeça em suas mãos.

- Espaguete, sua comida favorita – mamãe colocou a forma na mesa e o cheiro gostoso havia tomado conta da cozinha.

- Estou sem fome

- Mamãe não perguntou se você está – eu disse, irritado com seu drama.

- Tem razão – sorriu daquela maneira que fez meu coração bater rápido. – Desculpe, mamãe

- Tudo bem, querida – Kea colocou uma pequena quantidade em seu prato e começou a brincar com a comida. Prestei atenção em meu prato, que já estava posto, e terminei de comer em silêncio. Até que a voz dócil dela voltou a tomar conta da cozinha:

- Eu vou numa festa hoje, mamãe – ela bebeu seu suco e eu encarei-a. – Com o Tae – Minha mãe sorriu com a resposta e eu senti uma pontada de incômodo no meu corpo.

Pelo visto, eu poderia dar o troco nela o mais cedo que pensei.