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História Tsukiko-chan Taiyou-kun - Capítulo 5


Escrita por: phmmoura

Capítulo 5 - Capítulo 5


— Tsukiko… Tsukiko… — A garota ouvia uma voz chamando-a de algum lugar distante.

— Hã? — falou, sem se dar o trabalho de tirar os olhos do celular.

— Tsukiko! — A voz gritou em seus ouvidos logo em seguida. Um segundo depois, uma mão agarrou seu celular e o tirou de seus dedos.

— Ei… — Tsukiko piscou e virou a cabeça. Quando viu Yui segurando o aparelho, ela estendeu o braço sem levantar da cadeira. — Devolve.

Sua amiga levantou o braço, tirando o celular do alcance de sua dona.

— Agora vai finalmente prestar atenção, hum? Estou te chamando há séculos.

Tsukiko pressionou os lábios e suspirou.

— Foi mal — disse, abaixando a mão. — Estou esperando uma mensagem e…

— Daquele garoto? — Yui devolveu o celular. — Taichi-kun?

— O nome dele é Taiyou-kun, e não. Estou esperando uma mensagem da tia dele — disse ela, com os olhos novamente grudados na tela. Rin-nee já devia ter enviado agora, pensou Tsukiko. Ela conferiu se tinha sinal, estalando a língua quando viu todas as barras. Por que está demorando tanto? Aconteceu alguma coisa? Fazem dias desde que falei com ele…

Taiyou-kun voltou para sua cidade natal para passar o final das férias com os avós. Não passara-se nem uma semana desde que ele fora, mas depois de passar quase todo o recesso com ele, era estranho não ter o garoto ao seu lado. Nem ler mangá é tão divertido sem ter ele lendo outra coisa no mesmo quarto.

E eu queria vê-lo no uniforme do colégio dele. Ela queria ver desde o momento em que Taiyou-kun contou que iria para a Academia Particular Teikou. Queria ver só porque sabia que o uniforme do Teikou era um gakuran.

Não combina nada com ele… Aposto que vai ficar uma gracinha usando, bem fora de lugar e envergonhado, pensou ela, um sorriso malicioso nos lábios. É uma pena que ele se recusou a vestir pra mim. Ele percebeu que eu queria tirar sarro dele?

Com um sorriso nos lábios e a imagem do rapaz usando o uniforme preto em seu coração, Tsukiko bateu na porta dele àquela manhã. Você não vai pra a escola sem que eu veja antes, pensou, controlando a risada.

Rin-nee abriu a porta.

— Bom dia, Tsukiko-chan. Pode entrar — disse a mulher, com um bocejo, voltando para dentro. — Se estiver aqui para ver o Taiyou, sinto informar que ele não voltou ainda.

— Quê? — Tsukiko sentiu toda a animação deixar seu corpo, junto com o sorriso. Ela seguiu a mulher e sentou no banquinho. — Ele não deveria ter voltado ontem de noite?

Rin-nee tinha um sorriso desconfortável nos lábios enquanto preparava uma xícara de café para si.

— Sim… Ele e meu pai foram pescar ontem e aparentemente perderam a noção do tempo. O pai ligou ontem à noite dizendo que Taiyou estava cansado e que o mandaria de volta de manhã. — A médica riu quando viu a expressão chocada da garota. — Minha irmã fez a mesma cara antes de dar um sermão no pai. Vou te dizer, nunca irrite a nee-san — falou, sentindo calafrios pelo corpo. — De toda forma, ela foi buscá-lo na estação. Vou encontrá-los na escola.

Tsukiko olhou para o chão.

— Ah, qual é. Não fique tão deprimida — disse Rin-nee. — Só foram cinco dias desde que vocês se viram. Não pode estar sentindo tanta falta dele assim.

A garota suspirou e mostrou um pequeno sorriso.

— Não é isso. É só que eu queria… — A voz de Tsukiko foi sumindo e seu rosto ficando vermelho.

— Ver ele de uniforme? — completou Rin-nee, rindo.

Tsukiko abriu a boca e então riu.

— Sim — admitiu. — Ele não quis me mostrar todas as vezes em que pedi.

— É… foi a mesma coisa comigo. Me pergunto o porquê. — Ambas riram dessa vez. — Só quando minha irmã pediu que ele colocou. Vou te contar, ele fica muito fofo e é difícil não provocar.

A garota deitou na mesa.

— Quero ver ele — sussurrou.

— Calma, você vai vê-lo ainda hoje. Mas, para poder sacanear meu sobrinho, vou tirar muitas fotos e mandar para você.

Tsukiko ergueu a cabeça e sorriu para a mulher.

Rin-nee disse aquilo… e ainda não mandou nada! Nem uma única mensagem, pensou ela, desbloqueando o celular e conferindo seus e-mails. Ela perdeu a conta de quantas vezes fizera aquilo.

— Taiyou isso, Taiyou aquilo — disse Yui, revirando os olhos. — Você sabe que falou desse garoto durante o recesso todo?

Tsukiko se virou para sua amiga e piscou.

— Não falei — protestou, embora fracamente. Lá no fundo, ela sabia que a amiga tinha razão.

— Falou. Falou tanto que até pensei que ele era seu namorado ou que você ao menos gostava dele ou algo assim.

Tsukiko parou por um instante para deixar a ideia ser digerida por sua mente. Depois riu e balançou a mão livre para deixar para lá.

— Ele é um amigo. Um grande amigo, mas ainda é só uma criança.

Embora eu tenho que admitir que quero ver a reação dele durante o primeiro beijo. Aposto que vai ficar todo vermelhinho e vai tremer dos pés à cabeça. Ela fechou os olhos e tentou imaginar por um instante. Taiyou-kun com seu rosto todo um tom alarmante de vermelho, os olhos bem arregalados, inclinando-se para beijar uma sombra com os lábios contraídos. Mas, quando a mente de Tsukiko colocou o rosto de uma garota bonita na sombra, aquilo a irritou. Então sua mente acabou mostrando ela e Taiyou-kun se beijando. Ela balançou a cabeça para sumir com as imagem, suas maçãs do rosto ficaram um pouco quentes e rosadas.

— Ele não vai ser um estudante ginasial como a gente partir de hoje?

— Hã? — A garota levou um momento para entender o que a amiga disse. Assim que compreendeu, Tsukiko balançou a mão de novo. — São duas coisas diferentes. Ele é puro, inocente e precisa continuar assim.

— Se você diz. Mas ainda acho que você está em negação. — A amiga revirou os olhos de novo. Yui virou a cabeça algumas vezes. — Em vez de falarmos daquele garoto, melhor conversarmos sobre as pessoas da nossa turma. Já viu quem são nossos colegas de sala?

Tsukiko pensou por um instante.

— Nós… — Ela se lembrou de visto o nome dela e o nome de suas amigas mais próximas. Também se lembrou do alívio que sentiu por ficar na mesma sala que elas. Só isso.

Yui suspirou, fechou os olhos e balançou a cabeça, decepcionada.

— Você não tem jeito mesmo, tem? — Ela colocou as mãos na cabeça de Tsukiko e forçou a garota a olhar para a direção oposta. — Ele também está na nossa turma.

Tsukiko piscou e olhou na direção que ela mostrava, mas na quadra lotada, onde a cerimônia de abertura aconteceria, ela só viu o resto dos alunos e nenhum rosto se destacava entre a multidão. A garota não fazia ideia de quem a amiga dela falava.

— Ah… então ele também está na nossa turma? Que bom — disse, fingindo entender. Yui soltou a cabeça dela, mas a garota não se virou para encará-la. — As coisas vão ser mais legais e divertidas este ano. Yay. — A voz dela continha tão pouco entusiasmo que até Tsukiko sentiu vontade de rir de si mesma.

— Você mente muito mal, sabia? — Yui suspirou ruidosamente. — É o Kobayashi.

— Ah… — disse Tsukiko, agora era de verdade, virando a cabeça de novo. O garoto em questão estava duas fileiras atrás delas, conversando com um amigo.

Todo mundo na escola conhecia o Kobayashi. Apesar de não ter as melhores notas, o astro do clube de futebol tinha um carisma que conquistava até os professores. E graças a esse dito charme, a maioria das garotas tinha uma queda por ele. Até Tsukiko já achou o rapaz bonito em algumas ocasiões, embora preferisse nunca admitir às suas amigas.

Enquanto assistia o garoto rir com seus amigos, Tsukiko se lembrou de quem mais estava na turma deles e não conteve seu sorriso.

— Ei… A Uihara não está na nossa turma também? — perguntou ela para confirmar, voltando-se para Yui.

— Está — disse a garota, também sorrindo. — Vai ter bastante drama com eles na mesma turma. Soube que terminaram e não foi nada bonito. Algo sobre ele se importar mais com o futebol do que com ela.

— Foi esse o motivo? Sério? — Tsukiko se esquecera da maioria das fofocas durante as férias, mas lembrava vagamente de algumas. Se minha memória cooperar, foi logo antes do final do semestre. — Ele sempre disse que futebol era a prioridade dele. Ele está tentando uma bolsa esportiva desde o primeiro ano.

— Sim, e todo mundo acha que ele vai conseguir. Graças ao Kobayashi, nosso time de futebol chegou às nacionais. Embora tenha perdido na primeira partida, foi o melhor resultado da nossa escola em anos.

Tsukiko murmurou, impressionada, dando outra olhada no rapaz. De repente, algo surgiu em sua mente.

— Ei, a Teikou é forte?

— Dá pra parar de pensar naquele garoto por um segundo? Deveria estar pensando no Kobayashi. — Yui esfregou as têmporas.

— Hum? Por quê?

Sua amiga olhou em volta. Quando se certificou que ninguém estava escutando elas, Yui aproximou-se e cobriu a boca com uma mão.

— Porque eu sei que ele está interessado em você — sussurrou ela e depois pressionou os lábios juntos, seu rosto cheio de entusiasmo.

Tsukiko abriu a boca e a fechou logo em seguida, virando-se para olhar o rapaz de novo.

— Sério? — disse. Yui assentiu, ainda pressionando os lábios para esconder o sorriso. Tsukiko não conseguia conter o dela, as maçãs de seu rosto ficaram rosadas. — Como você sabe?

— O Kobayashi estava falando disso com os amigos e a irmã escutou. A gente é do clube de literatura e ela me contou tudo. — Yui estava com a expressão de quem descobriu o maior segredo do país.

Tsukiko se virou para olhar e viu o garoto de novo. Kobayashi-kun olhava para frente e seus olhares acabaram se encontrando. O tempo se moveu devagar para a garota enquanto o rapaz sorria para ela. Tsukiko sorriu de volta e, antes que percebesse, acenava para ele, com o rosto vermelho.

— Viu? Eu falei! — A voz de Yui a trouxe de volta. — Você devia falar com ele antes da aula.

Tsukiko abriu e fechou a boca, finalmente abaixando a cabeça. Ela brincou com os dedos.

— Nem sei o que dizer — murmurou.

— Pergunte do futebol. Pode perguntar do clube de futebol do Teikou ou qualquer coisa, mas precisa aproveitar a oportunidade logo. Senão vai perder ele pro clube igual a Uihara.

Tsukiko abriu a boca, mas antes que pudesse pensar em qualquer coisa, as luzes do palco acenderam. Enquanto a quadra ficava quieta, o diretor caminhou até o centro do palco e a cerimônia de abertura começou.

— Então essas são todas as informações que vocês precisam por enquanto — disse o professor, a voz cheia de entusiasmo. Enquanto organizava os papéis, seus olhos conferiam a sala. — Lembrem-se que são terceiranistas agora e precisam pensar sobre o futuro. Discutam com suas famílias e tragam esses papéis ao final da semana. Vamos direcionar seus estudos a partir daí.

No instante que o professor de matemática deixou a sala, Tsukiko deitou na carteira e suspirou.

— Podia jurar que o Fujiwara-sensei seria diferente depois de ter um filho, mas parece que o entusiasmo dele só piorou.

— Esperava o quê? Ele fala daquele filho desde que soube da gravidez da esposa. Não tem como ficar deprimido com alguma coisa.

— Tem razão. Mas ele não deveria ao menos estar um pouco cansado? Tipo, cuidar de um bebê deve ser cansativo, ainda mais se forem gêmeos. Quanta energia aquele homem tem?

— Será um dia negro pra escola se aquele homem ficar cansado — disse Yui, assentindo.

Foi impossível não estremecer enquanto imaginava. É… seria estranho, pensou Tsukiko, voltando sua atenção para o papel que Fujiwara-sensei mencionara. Respirando fundo algumas vezes, a garota colocou as mãos dentro da carteira e pegou a folha, usando todo tempo do mundo para virá-la.

Tsukiko podia preencher os primeiros espaços em branco sem pensar muito; nome, turma, clubes e outras atividades escolares que o aluno participou. Mas ela não tinha ideia do que escrever no maior espaço, com quase o triplo do tamanho dos outros. Quais são seus objetivos para o futuro? Mudaram desde o ano passado? leu ela em sua mente. Acho que não posso escrever “nada em especial” desta vez… ou posso? Mas é a verdade…

— Ainda sem ideia do que escrever? — perguntou Yui em voz baixa.

Tsukiko olhou para a amiga e suspirou.

— É… — Ela enterrou a cabeça nos braços. — E você?

— Eu… — A hesitação da amiga fez Tsukiko erguer os olhos. Yui olhou para todas as direções, menos para ela. — Quero ir para o Colégio Endou — murmurou, rosto bem vermelho.

Tsukiko abriu a boca, mas fechou logo após, formando um sorriso.

O famoso colégio focado em literatura? — Ainda que não tivesse interesse em escolas famosas, até ela conhecia o Colégio Endou.

Alguns autores que gosto estudaram lá, pensou, lembrando-se dos espaços dedicado ao autores nas revistas. Contudo, ela não mencionou isso. Yui assentiu levemente, seu rosto ficava mais vermelho.

— Quer dizer que você quer virar escritora, hein? — Era mais uma afirmação do que uma pergunta.

— Sim…

— Eu não tinha a mínima ideia — disse Tsukiko, aumentando seu entusiasmo. — Eu sabia que você gostava de ler, mas nunca me disse que também escrevia.

— Na verdade, comecei a escrever faz um ano só. Nunca tive a coragem de contar pra ninguém… não até agora…

— Quando terminar, me deixe ler — disse Tsukiko, sorrindo. — Quero ser sua primeira fã!

— Tá bom… — disse Yui, finalmente olhando Tsukiko nos olhos, mesmo envergonhada.

— Que inveja — disse ela, fechando os olhos e colocando a mão no queixo. — Você sabe o que quer. Vai conseguir preencher o papel fácil fácil.

— Tsukiko. — A repentina mudança de tom na voz da amiga fez a garota abrir os olhos. Yui parou de sorrir, seu rosto de volta ao normal. — Você devia falar com seu pai. Pessoalmente.

Tsukiko pressionou os lábios. Eu sabia que ela diria isso, pensou, coçando a bochecha com um dedo. Sua amiga provavelmente era a única pessoa, fora Taiyou-kun, quem sabia das circunstâncias dela. Embora Tsukiko e seu pai conversassem bastante, era por grande parte via telefone e mensagens de texto, e conversas superficiais. Mas essa vai ser uma conversa séria e cara a cara, pensou ela, olhando para o papel.

— Você já sabe o que precisa fazer com relação a isso — disse Yui após um tempo, tirando o papel da mão de Tsukiko. — Agora, você deveria pensar nele.

Tsukiko não precisava se virar para saber de quem a amiga falava. O papel pode ter tirado Kobayashi-kun de sua mente por um instante, mas graças a Yui, o garoto voltou a dominar seus pensamentos.

— Por que você tinha que falar dele agora? — perguntou ela, com o rosto vermelho.

— Porque ele está vindo para cá neste momento — sussurrou ela com pressa e jogou o papel de volta a Tsukiko. — Oi, Kobayashi-kun.

— E aí, Shirosaki — cumprimentou o rapaz.

— Ei, Kobayashi-kun, eu preciso ir agora, mas pode me fazer um favor? A Tsukiko está meio pra baixo por causa do papel de orientação dela. Poderia animá-la?

O rapaz olhou de uma garota para a outra com uma expressão de surpresa no rosto. Durou apenas um segundo, contudo, antes de um sorriso brotar em seus lábios no instante seguinte.

— Claro, sem problema.

Tsukiko olhou para Yui com olhos arregalados e as bochechas vermelhas. A amiga sorriu e soprou fale com ele para ela enquanto pegava sua bolsa para sair da sala.

Kobayashi se virou para Tsukiko e sorriu. A garota se forçou a sorrir de volta, mas, do nada, notou que seu cabelo estava bagunçado e o uniforme desarrumado. Droga… eu precisava de tempo para me preparar.

— Então você não sabe o que escrever, é? — perguntou, olhando para o papel nas mãos dela.

Tsukiko abriu a boca, mas, em vez de palavras, dela saiu um suspiro.

— Sim. Eu queria dizer que eles deviam nos dar mais tempo, mas estão entregando isso desde o primeiro ano.

— Pois é, te entendendo bem. Não estamos nem no ensino médio e eles já nos mandam escolher o que queremos fazer pelos próximos quarenta anos.

— Você não tem moral alguma pra falar isso — disse Tsukiko, rindo. — É um dos sortudos que já sabe o que quer fazer da vida.

Kobayashi riu.

— É. Sou um dos poucos sortudos.

— Acha que consegue uma bolsa?

— Minhas chances andam melhorando. Sem querer me gabar, mas fui o principal motivo de termos chegado às nacionais — disse, passando uma mão pelo cabelo, o sorriso maroto de volta nos lábios. — E estou malhando feito louco. Estou bem melhor do que o ano passado. — Kobayashi-kun puxou as mangas e flexionou o braço. — Se tudo der certo, e as coisas normalmente dão comigo, serei o melhor jogador dessa temporada.

— Isso é… incrível… — Tsukiko conseguiu dizer com um sorriso desconfortável nos lábios. — Ei, a escola Teikou é forte? — perguntou após se lembrar de repente.

— Teikou? — Ele puxou as mangas de volta e fechou os olhos. — Eu sei que o time de basquete deles é incrível, mas são bem na média no futebol — respondeu, dando de ombros. — Duvido que tentem chegar às nacionais. Porque pergunta?

— Pura curiosidade. Um amigo meu vai tentar entrar no time do Teikou — disse ela, suas mãos puxavam o celular do bolso antes que notasse. Sem mensagens ainda, pensou Tsukiko, olhando a tela e pressionando os lábios.

— Quer me dar seu número? — perguntou Kobayashi, já pegando seu celular.

Tsukiko piscou, abrindo a boca e fechando algumas vezes.

— Eu…

Antes que pudesse responder, dois garotos de outra turma abriram a porta.

— Ei, capitão — disse um deles para Kobayashi-kun. — Precisamos de você, tá ligado?

— Já vou — gritou ele de volta. Ele levantou o celular para Tsukiko e sorriu. Sem qualquer desculpa em mente, ela passou seu número para ele e pegou o dele em troca. — Preciso ir. Sou o novo capitão agora, eles não vão conseguir fazer nada sem mim. Falamos depois — disse, indo embora.

Tsukiko suspirou e olhou em volta. Um lado dela esperava que Yui viesse correndo até ela, mas, tirando as meninas conversando no canto perto da janela, a sala estaria vazia. Elas olharam para Tsukiko por um instante e depois voltaram a sua conversa.

Nossa… essa fofoca vai longe, pensou Tsukiko enquanto segurava a bolsa e deixava a sala. Aposto que a Uihara vai descobrir antes que eu coloque os pés do outro lado do portão. No meio do caminho até a estação, seu celular vibrou. Com o coração acelerado, ela rapidamente desbloqueou o aparelho. É a Rin-nee?

Como foi? mandou Yui, e por algum motivo, Tsukiko imaginou a amiga com um sorriso de vitória naquele momento. Eu sei que deu tudo bem, mas quero os detalhes.

Todo o entusiasmo dela desapareceu. Conto os detalhes pra você depois, mas nós trocamos números, respondeu Tsukiko.

Eu disse, não disse? Se tudo der certo, você pode estar namorando o cara mais popular da escola em pouquíssimo tempo!

Você não está pulando algumas etapas? Foi só uma conversa, respondeu ela.

Namorar o Kobayashi-kun… A ideia não parecia ruim, mas não fazia o coração dela acelerar como antes. Tsukiko ficou parada junto às pessoas esperando para embarcar no trem. Quando as portas estavam prestes a se fechar, um garoto usando um gakuran entrou correndo. Se fosse alguns meses atrás, aposto que eu estaria pulando de alegria, pensou ela enquanto assistia o garoto respirar fundo.

No momento que chegou em casa, ela bateu na porta da vizinha. Como não teve resposta, Tsukiko correu até seu apartamento, entrou no quarto e se jogou na cama. Rin-nee não me mandou foto alguma, Taiyou-kun não voltou ainda e preciso contar os detalhes da conversa com o Kobayashi-kun pra a Yui! Que droga!

Com os braços em volta do travesseiro, Tsukiko olhou para o teto. Kobayashi-kun parece um cara legal. Um pouco egocêntrico, mas posso ver o porquê. Ela rolou na cama. Na realidade, ele é bem mais gente boa do que pensei que seria, mas ele parece se importar mais com o futebol do que todo o resto. Namorar ele seria assim. O rosto da Uihara apareceu na mente dela. Duvido que será tão interessante quanto conversar com o Taiyou-kun…

Taiyou-kun… porque você ainda não voltou? Idiota… quero falar com você… quero jogar com você… quero provocar você! Tsukiko balançou o travesseiro para descontar um pouco de sua frustração. Se não fosse pelo leve som da campainha, a garota continuaria balançando o travesseiro.

Com um suspiro, ela jogou o travesseiro na cama e arrastou seus pés até a entrada. Quem seria a essa hora? Ela se perguntou, amarga, mas quando abriu a porta e viu Taiyou-kun parado do outro lado, Tsukiko sorriu.

— Taiyou-kun! — Antes que percebesse, ela estava com os braços em volta do garoto. Quando parou, ela beliscou as bochechas dele. — Por que não respondeu minhas mensagens?

— Desculpe — disse ele quando a garota o soltou. O rapaz esfregou suas bochechas vermelhas e olhou para baixo. — Meu carregador quebrou. Minha mãe enviou um novo pelo correio, mas eu… — Sua voz foi sumindo.

— …se divertiu demais e esqueceu de usá-lo? — Tsukiko completou a frase dele com um sorriso.

O garoto assentiu algumas vezes, as maçãs do rosto um pouco mais vermelhas, e não por conta dela. A garota suspirou e olhou para ele com a cabeça abaixada. Sempre que ele fala dos seus avós, ele para de ser o garoto educado e vira um normal, pensou ela, bagunçando o cabelo dele.

— Tá. Como sou muito boazinha, vou perdoar você — disse ela, com os braços cruzados e uma expressão brava no rosto. O garoto levantou a cabeça e sorriu. — Mas, para conseguir meu perdão, você vai precisar fazer algo para mim. — Havia um sorriso malicioso nos lábios dela.

Taiyou-kun estreitou os olhos.

— O que…?

— Você deve… colocar seu novo uniforme na minha frente! — Ela tentou manter um rosto sério, mal conseguindo conter o sorriso.

O garoto arregalou os olhos e suas bochechas ficaram com um tom alarmante de vermelho.

— Você vai ver amanhã — murmurou em voz baixa, sem encontrar os olhos dela.

— Eh? — Tsukiko caminhou até o garoto, olhando-o no rosto. — Vai demorar demais. Estive esperando a semana toda para ver você de gakuran.

Olhando-a nos olhos, Taiyou-kun abriu a boca, suas bochechas ainda mais vermelhas. Mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, a porta do apartamento ao lado se abriu e fechou, os tirando do mundinho particular no qual estavam.

— Você vem, Tsukiko-chan? — perguntou Rin-nee.

A garota olhou a mulher de depois o sobrinho dela.

— O que?

— Vim convidá-la para almoçar conosco — disse Taiyou-kun em voz baixa.

A boca de Tsukiko ficou aberta por um segundo, então ela sorriu.

— Claro! Só me deixa pegar meu casaco — disse ela, correndo para dentro do próprio apartamento.

— Então, como foi o primeiro dia? Aposto que encheram seu saco sobre estar no terceiro ano — disse Rin-nee quando a garota voltou. — Na minha época era assim.

— Foi praticamente só disso que meu professor falava durante a aula — reclamou Tsukiko, balançando a cabeça. — Tipo, eu sei que escolher pra qual ensino médio vamos, ou se queremos uma escola técnica é importante, mas pra começar isso logo no primeiro dia…

A mulher riu.

— Não mudaram nada do meu tempo. Embora não consiga me lembrar desse tal papel “o que você quer fazer no futuro” que a Sawako estava falando.

Tsukiko congelou por um instante. Quando a mulher e o menino olharam para ela, a menina riu e coçou a cabeça.

— Eu recebei um…

— Que pressão — disse Rin-nee, rindo novamente. Ela acariciou a cabeça de Taiyou-kun. — Ele também recebeu.

— Sério? Deram pros calouros logo no primeiro dia? Acho que as coisas mudaram em alguns anos. Ou quem sabe a escola esteja em outro nível — disse Tsukiko e de repente arregalou os olhos. — Ah, é mesmo! Quase esqueci! Rin-nee, e as fotos?

As mulheres se viraram para Taiyou-kun com um sorriso. Embora rapaz tenha abaixado a cabeça, não foi rápido o bastante para esconder seu embaraço.

— Desculpe, mas ele me fez prometer que não te enviaria foto alguma.

Tsukiko abriu a boca, fingindo ficar chocada demais para falar.

— Eu sabia que as fotos eram pra você, Tsukiko — murmurou Taiyou-kun.

A garota controlou a vontade de rir e o abraçou.

— Ah, qual é. Estive morrendo de vontade de ver você usando seu uniforme a semana toda. Só uma foto… — A garota se voltou para a mulher.

— Desculpa, Tsukiko-chan. Promessa é promessa — disse ela, negando com a cabeça. — Por sorte, o Taiyou-kun nunca disse nada sobre vídeos. Vou te mandar eles depois.

Com os braços ainda em volta do rapaz, ambos se viraram na direção da médica; o rosto de Tsukiko todo alegre e com um sorriso, enquanto Taiyou-kun estava chocado demais para dizer algo.

— Valeu, Rin-nee! Você é demais!

Eu não deveria ter comido tanto… mas a carne estava tão boa, pensou Tsukiko, deitando o rosto em sua cama. Então ele é que nem eu… ela sorriu quando se lembrou do rosto de Taiyou-kun.

Boa parte dos amigos de Tsukiko tinham alguma ideia do que eles queriam fazer no futuro. Ainda que fosse perseguir um hobby ou fazer algo porque os pais mandaram, eles tinham alguma direção a seguir. Já que havia muitas crianças como ela, aquilo não incomodou Tsukiko tanto, embora tenha sempre ficado no canto de sua mente.

Acho que, já que o Taiyou-kun parece tão maduro à primeira vista, pensei que ele já teria algo em mente. Mas ele disse aquilo com tanta determinação, pensou Tsukiko, lembrando-se, seu coração batendo um pouco mais forte.

— Aposto que o Taiyou-kun já sabe o que quer, né? — perguntou ela com um sorriso, enrolando o cabelo com um dedo, assistindo o garoto com atenção. — Quer ser um jogador de futebol, certo?

— Não — respondeu ele imediatamente e de forma direta. — Eu gosto bastante de futebol e quero jogar o máximo possível. Mas não me vejo jogando profissionalmente. Meu pai… — Ele fechou os olhos e respirou fundo. Quando os abriu, olhou para Tsukiko, seus olhos brilhando de determinação. — Meu pai costumava dizer que ele nunca sabia o que queria. Fazer o que você gosta é uma opção. É um caminho que pode levá-lo ao que você realmente quer.

Tsukiko não conseguiu reagir a essas palavras. Ele… parece tão incrível agora, pensou ela e de repente a imagem dos dois se beijando apareceu em sua mente. A garota ficou vermelha e desviou o olhar.

Ainda bem que Rin-nee falou naquele momento, senão ele teria visto meu rosto, pensou Tsukiko, virando a cabeça. Mas ele tem razão. Ela se levantou e agarrou o celular na escrivaninha. Respirando fundo algumas vezes, ela olhou para a tela. Demorou um pouco, mas seus dedos finalmente se moveram. Quando você está livre?

Ela devolveu o celular à escrivaninha e deitou na cama. Quanto tempo vai levar até ele responder? perguntou-se Tsukiko enquanto olhava o teto e abraçava o travesseiro. Ele está ocupado e tal… Alguns minutos depois, o celular tocou. Já? pensou, levantando-se. Respirando fundo, ela pegou o telefone e leu o texto.

Tem um problema em um projeto e pode levar a semana toda para resolver, respondeu seu pai. Qual o problema?

Então ele está ocupado, pensou, um pequeno sorriso surgiu nos lábios. Se estiver ocupado, deixa pra lá. Podemos falar quando você tiver tempo, ela enviou.

Falar sobre o quê?

A garota engoliu em seco, o suor descendo por sua testa. Por que estou nervosa? A ideia cruzou sua mente enquanto ela limpava o suor com a mão livre. É sobre a escola… recebemos esse papel sobre nossos planos futuros e objetivos. O professor nos mandou falar com nossos pais, mas podemos fazer isso quando seu projeto terminar. Sei que é muito importante…

Desta vez, o pai dela não respondeu imediatamente. Tsukiko esperou, seu estômago se contraindo e a garganta secando. Finalmente, após o que pareceu ser uma eternidade, a tela piscou e o telefone tocou com uma nova resposta.

Você está livre amanhã à noite? Podemos discutir durante o jantar.

Tsukiko arregalou os olhos e esqueceu de respirar. Ela engoliu sua saliva enquanto os dedos se moviam. Podemos conversar depois. Você deve estar ocupado…

Sete horas, no restaurante de família que você gosta. Preciso ir agora, mas até amanhã.

Embora parte dela se sentisse culpada por preocupar seu pai durante o serviço, a garota não conseguiu conter o sorriso enquanto escrevia uma resposta final. Ok, até amanhã, escreveu e então colocou o telefone na escrivaninha.

Tsukiko jogou-se na cama antes e que percebesse, sua mente pensava no guarda-roupa, já pensando no que vestir para amanhã. Já faz uma semana desde que eu vi o papai. Espero que ele esteja cuidando de si. Ele sempre perde peso toda vez que vai pra um projeto novo.

O celular tocou e trouxe a mente de Tsukiko de volta com um susto. É o papai de novo…? De repente, ela teve dificuldade de respirar, seu coração batendo tão rápido que a machucou um pouco. Ele vai cancelar?

Com pernas e dedos trêmulos, Tsukiko levantou e foi até o telefone. Antes de agarrá-lo, a campainha tocou. Ela olhou para a porta enquanto a mão pegava o aparelho. Sem olhar na tela, Tsukiko arrastou os pés para a entrada. Respirando fundo, ela olhou para o telefone e o desbloqueou.

Aconteceu alguma coisa hoje? Era do Taiyou-kun, e  ela respirou aliviada.

Já com um sorriso, ela respondeu, abrindo a porta ao mesmo tempo. É. Por que a pergunta?

— Porque você parece desanimada — falou a pessoa na porta.

Tsukiko quase derrubou seu celular quando viu Taiyou-kun parado lá, usando seu uniforme escolar. Ela abriu e fechou a boca algumas vezes, mas demorou um pouco para ela formar qualquer frase.

— Por que você está usando…?

Taiyou-kun ficou vermelho e desviou o olhar.

— Você parecia desanimada — repetiu. — E como você queria me ver com ele… pensei em…

Tsukiko ficou feliz e saltou para abraçá-lo.

— Você é demais! — disse, beijando-o na bochecha.

O garoto não a empurrou ou recusou. Quando a garota parou e olhou para ele da cabeça aos pés, a mão de Taiyou-kun foi para sua bochecha, no mesmo lugar em que ela o beijou.

Tsukiko contornou o garoto, assentindo a cabeça, aprovando.

— Hum, hum. Achei que um gakuran não ia ficar bem em você, mas estava errada. Combina perfeitamente. Você está tão legal agora — disse, sorrindo de novo.

Taiyou-kun ficou ainda mais vermelho. Ele desviou o olhar, mas não foi rápido o bastante para esconder o sorriso em seus lábios.

— Você fez isso tudo por mim — disse ela, abraçando-o de novo, dessa vez gentilmente. — Obrigada. — A princípio, o garoto não se moveu, mas então seus braços a envolveram. — Vamos, me diga como foi sua semana com seus avós. Quero escutar tudo.

Tsukiko desfez o abraço e entrou no apartamento dela.

Taiyou-kun sorriu e foi atrás dela, fechando a porta.


Notas Finais


Não sei se terá cap quarta que vem. Estou esperando minha tradutora


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