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História Tsukiko-chan Taiyou-kun - Capítulo 6


Escrita por: phmmoura

Capítulo 6 - Capítulo 6


Taiyou olhou para o portão, prendendo a respiração sem perceber. Quando confirmou que sua mãe ainda estava lá, ele soltou um suspiro aliviado.

— Vai ser uma vergonha — disse o garoto ao seu lado. Apesar de se esforçar para evitar olhar na direção do portão, Kazama-kun arrumou o cabelo com uma mão.

— Né? — Mitobe-kun esfregou uma mão no rosto. — Não posso acreditar que a escola faz isto. Quantos anos eles acham que temos?

— Pois é… — Taiyou concordou com seus amigos, olhando de relance para sua mãe de novo. Ela conversava com os outros pais, contudo, quando notou que o filho a observava, acenou com a mão e um sorriso.

— Olhe elas conversando — falou seu amigo antes que Taiyou dissesse qualquer coisa. Ele também olhava para os pais, balançando a cabeça. — Minha mãe falou o caminho todo de que queria ver como eu era na sala de aula.

— A sua também? A minha disse que seria uma benção se eu não me comportasse que nem em casa — disse Mitobe-kun, e os três riram. — Ela até penteou meu cabelo assim. — Apontou para a cabeça, as mãos ansiando para deixar o cabelo do como sempre. — Ao menos Teikou não tem gravata, senão ela me faria colocar e abotoar tudo.

Taiyou sorriu com a conversa dos amigos e para contribuir, comentou o que sua mãe disse, tirando algumas risadas deles, mas congelou ao ouvir um toque de celular. Parou de sorrir por um momento enquanto virava a cabeça e via sua mãe fazendo uma mesura para os demais pais.

Ela caminhou até estar longe o suficiente para não a escutarem e levou o telefone ao ouvido. Taiyou ficou sem respirar enquanto a via levar a mão livre até a testa, negar com a cabeça e falar com pressa. A mãe assentiu, guardou o celular e suspirou. Ela ficou vários segundos de olhos fechados, pressionando a têmpora, antes de caminhar até os outros pais. Então disse algo e fez outra mesura.

Mitobe-kun e Kazama-kun ainda reclamavam sobre o Dia de Visita dos Pais, mas suas vozes pareciam distantes para Taiyou. Ele finalmente lembrou-se de respirar, embora de maneira lenta e irregular, quando sua mãe caminhou com pressa até ele. Só de ver o rosto dela, ele já sabia; algo do trabalho surgiu e ela precisaria ir. Mesmo com as pernas tensas, ele forçou-as a se mexerem e encontrou com a mãe no meio do caminho.

— Desculpe — disse ela, unindo as mãos e abaixando a cabeça. — Um cliente importante perdeu metade das flores para um casamento porque alguém ligou o ar condicionado do armazém e as flores morreram. Eles nos imploraram para trazer mais e preciso ir pro trabalho.

O garoto conteve as emoções em seu rosto enquanto olhava para a mãe. Você prometeu… você prometeu, era o que Taiyou queria dizer, gritar, mas guardou as palavras em seu coração enquanto abaixava os olhos. Ele respirou fundo e quando levantou a cabeça de novo, havia um sorriso forçado nos lábios.

— Tudo bem, mãe — disse, forçando as palavras a saírem enquanto segurava as lágrimas. — Seu trabalho é importante, eu entendo.

A mãe pressionou os lábios e depois sorriu.

— Obrigada por ser tão compreensivo, Taiyou. Eu prometo que compensarei você — disse ela no mesmo momento em que o celular tocou. Ela beijou Taiyou na bochecha antes de olhar para a tela e se afastar. — Eu tenho os papéis, mas estão em casa… Tudo bem, eu vou pegar antes de ir para o escritório… certo…

Taiyou assistiu enquanto ela acenava adeus para ele antes de sumir portão afora.

— Sua mãe não vai ficar? — Seus amigos vieram para perto dele.

— Que sorte — disse Mitobe-kun, colocando as duas mãos na nuca. — Não vai precisar levantar a mão quando os professores perguntarem qualquer coisa só porque sua mãe tá vendo.

— E torcer pro professor não te escolher. — Kazama-kun terminou a frase e eles riram.

— É, sorte. — Taiyou-kun riu com eles, mas não encontrou seus olhares. — Preciso usar o banheiro — disse, de repente, e correu antes que pudessem falar mais.

Taiyou se esforçou para ignorar o pessoal do primeiro ano e seus pais enquanto trocava de sapatos o mais rápido que podia. Sabia que não deveria, era uma regra não dita da escola, e se fosse pego, os professores dariam um belo sermão. Mesmo assim, ele correu até as escadas. No segundo andar, onde as salas do segundo ano ficavam, ele não encontraria nenhum pai ou mãe ali.

Torcendo para não encontrar ninguém que o conhecesse, ele correu para o banheiro. Quando confirmou estar sozinho, Taiyou foi para o sanitário mais afastado da porta e se trancou dentro.

Tudo bem… tá tudo bem… Eu entendo, falou para si repetidas vezes. Desde que o papai morreu, a mãe se esforça por nós dois. Agora todo o esforço dela finalmente está sendo recompensado… Não posso ser egoísta… No entanto, não importava o quanto respirasse e cerrasse o maxilar, as lágrimas ainda caíram.

Droga… droga… Ele passou a mão no rosto, mas as lágrimas não pararam. Se alguém ver isso, boatos estranhos podem começar a se espalhar… se disserem algo ruim sobre minha mãe… Ele sentiu um aperto no peito.

Taiyou desistiu e esperou até que as lágrimas parassem. Quando elas finalmente secaram, ele saiu do sanitário e pegou o celular, conferindo a hora. Quase quinze minutos… Preciso ir. A aula já vai começar, pensou, conferindo-se no espelho. Não posso voltar assim. Usando as mãos, Taiyou jogou água no rosto, apreciando a sensação gelada contra as bochechas.

Enquanto se lavava, a imagem de todos os pais assistindo a turma no fim da sala surgiu em sua mente. Só pensar que sua mãe não estaria lá quase o fez chorar de novo, mas, dessa vez, ele conseguiu segurar as lágrimas. Não posso chorar por algo assim, disse para si.

O garoto pegou um lenço de dentro do bolso de seu uniforme e secou o rosto. Ao menos eu pareço como sempre, pensou, observando o reflexo. Taiyou estava prestes a guardar o lenço quando seus olhos viram o logotipo do anime no canto. Antes que notasse, um sorriso surgiu enquanto olhava para a marca e não conseguiu evitar a lembrança que veio em seguida.

Em uma das poucas vezes em que correram juntos, Tsukiko pregou uma peça nele. Ela ofereceu para comprar uma bebida durante a pausa, mas Taiyou nunca suspeitou que a garota agitaria a lata antes de entregar a ele.

A bebida se espalhou pelo rosto dele inteiro. Taiyou não reagiu enquanto Tsukiko se revezava entre o riso e pedido de desculpas. Quando ela finalmente parou, entregou um lenço para ele. Mais tarde, quando ele foi devolver após lavá-lo, a garota disse que ele podia ficar com o lenço. Pense em mim toda vez que usar, disse ela com um sorriso que fez o rosto dele corar na hora.

Pensar em Tsukiko e seu sorriso fez o coração de Taiyou acalmar. Com um humor bem melhor do que quando se trancou no banheiro, o menino saiu de lá e foi para sua sala.

Ele encontrou com seus amigos no corredor.

— Taiyou! — gritaram os dois quando o viram.

— Por que você demorou tanto? — Mitobe-kun correu até ele perguntou. — Estávamos ficando preocupados.

— Fale por si. Ainda acho que ele foi celebrar — disse Kazama-kun com um sorriso. — Valeu por não esfregar nas nossas caras. — Ambos riram.

Apesar de seus sentimentos, Taiyou riu e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. Os três caminharam até a sala, mas no momento em que abriram a porta, pararam de falar. Nunca viram a sala com um clima pesado. Todos já estavam sentados, sem conversar ou correr por aí como sempre. Eles apenas olhavam para o quadro branco, alguns corados, outros suados e muitos pálidos enquanto os pais sussurravam sobre seus próprios filhos.

Todos observavam o trio enquanto os meninos sentavam em seus lugares. Taiyou olhou para frente, como o resto, e esperou que o Dia de Visita dos Pais acabasse logo.

A porta abriu e o clima ficou ainda mais pesado. Os alunos se sentaram eretos enquanto a professora caminhava até sua mesa e colocava os papéis em cima. Acho que era o esperado, pensou Taiyou, um riso fraco chegou até seus lábios. Sob as ordens do representante da turma, o garoto levantou junto de seus colegas, cumprimentou a professora e sentou de novo.

— Bom dia, pessoal! — Kaminashi-sensei disse, cheia de animação, como de costume. — Como podem ver, hoje é um dia especial. Mas mesmo que seus pais estejam vendo, quero que mostrem um dia normal de aula. Caso contrário, não teria sentido nisso.

Taiyou forçou um sim em coro com o resto, sua voz presa na garganta. Ele abaixou a cabeça e olhou para a carteira, respirando devagar. A porta se abriu e fechou mais uma vez, mas o garoto não ligou de ver quem estava atrasado.

— Uau… — Taiyou ouviu a voz de Mitobe-kun. — Ela é bonita… será que é mãe de alguém?

— Idiota — sussurrou Kazama-kun. Taiyou ergueu o olhar um pouco. Os amigos olhavam para o fundo da sala e ambos estavam meio avermelhados. — Ela é jovem demais para ser uma mãe. Deve ser irmã mais velha de alguém, né, Taiyou?

Contendo a vontade de suspirar e ignorar os amigos, o garoto virou a cabeça. Quando viu a sua vizinha parada perto da porta, falando com uma mãe, seu coração parou. Tsukiko deu uma olhada na sala e quando notou que ele a olhava, sorriu para o garoto.

Taiyou corou e virou sua cabeça de volta na mesma hora. Por que ela está aqui? O que ela está fazendo aqui? Ele se perguntou, seu coração batendo mais rápido. Ele olhou de novo. Tsukiko ainda olhava para ele, com um sorriso maior. As maçãs do rosto ficaram mais vermelhas e ele olhou para frente, tentando o melhor que podia para controlar a vontade de olhar para ela, esperando que ninguém ouvisse as batidas de seu coração.

— Ei, Taiyou, o que foi? — sussurrou Mitobe-kun para ele. — Conhece ela?

O garoto abriu a boca, mas nenhum som saiu. Não deveria ser difícil explicar; ele mencionara Tsukiko para os dois em várias ocasiões. Na verdade, eles comentaram que Taiyou falava demais dela uma ou duas vezes. Mas até o próprio garoto não tinha ideia de porque a garota estava parada lá atrás, junto aos outros pais, e era difícil explicar qualquer coisa com a mente em branco.

— Como eu dizia — a professora continuou como se nada a tivesse interrompido, novamente poupando Taiyou de pensar em algo. Valeu, Kaminashi-sensei, o garoto pensou. — O dia de hoje é para mostrar a seus pais que vocês estão se adaptando ao ensino fundamental II, então, por favor, ajam como sempre. — Ela terminou de falar com um sorriso.

Os estudantes concordaram em coro, mas nenhum deles sorria enquanto Kaminashi-sensei passava os papéis para as crianças na frente. Quando recebeu o papel, Taiyou passou o resto para Mitobe-kun e leu o cronograma do dia.

Apesar do professor dizer que seria um dia normal, eles não teriam aula após o almoço, nem as duas últimas aulas antes dele. Em vez de história, estava escrito reunião. Embora a maioria de seus amigos estivesse assustada com o que o professor diria a seus pais, Taiyou não tinha medo algum. Mas a mãe não está aqui… De repente, ele arregalou os olhos.

A Tsukiko… vai falar com o Kaminashi-sensei no lugar da minha mãe…? Ele ficou pensando nisso, olhando novamente para a garota. Parte de si já sabia a resposta. Por que ela estaria aqui se não fosse pra isso?

Antes que pudesse imaginar como seria, Kaminashi-sensei começou a aula. A mente de Taiyou estava distante demais para pensar nos números que a professora escrevia na lousa.

— Quem quer responder? — A voz excitada dela trouxe a mente do rapaz de volta. A professora olhou para a turma, seus olhos brilhavam enquanto buscava voluntários.

Taiyou olhou para a lousa e riu em sua cabeça. Eu sei a resposta, pensou, surpreso consigo mesmo. Graças à ajuda ocasional de Sawako-sensei com seu dever de casa, o garoto já estava adiantado no conteúdo. Eu só sei disso porque a Sawako-sensei se empolga ensinando matemática, lembrou-se das aulas dela, estremecendo.

Ele olhou para a sala. Metade da turma levantara as mãos, mas Taiyou sabia que a maioria não tinha confiança em acertar. Kazama-kun só olhou para a lousa com suor descendo pelo pescoço, sem ousar olhar para a mãe. Taiyou olhou de volta pra Mitobe-kun. Seu amigo também levantara o braço, mas seus olhos estavam fechados e ele murmurava algo muito parecido com eu não, eu não.

Virando a cabeça de volta, Taiyou olhou para a lousa de novo, e antes que notasse, ele levantava uma mão suada.

— Taiyou-kun, por favor — disse a professora, com alívio no rosto.

Até a professora notou que boa parte se voluntariou por causa dos pais, percebeu Taiyou, segurando a vontade de olhar para Tsukiko. Será que ela está surpresa? Respirando fundo, ele levantou do assento e caminhou até a lousa. Com as pernas tensas e os olhares de todos sobre ele, a curta distância nunca pareceu tão longa.

Tudo bem, disse para si mesmo. Você sabe a resposta… que nem a Sawako-sensei ensinou… Ele respirou devagar, enquanto a Kaminashi-sensei passava o piloto para ele. Taiyou a pegou com dedos trêmulos e fechou os olhos. Ele se lembrou das aulas de sua tutora e quando abriu os olhos de novo, sua mão parou de tremer. Com um sorriso confiante nos lábios, o garoto moveu o piloto, colocando toda sua mente na lousa.

— Excelente, Taiyou-kun — disse Kaminashi-sensei, sorrindo. Taiyou devolveu o sorriso, passou o piloto de volta a ela e caminhou até sua carteira.

Taiyou se esforçou para olhar apenas para o chão, mas quando estava prestes a sentar, não resistiu e deu olhada na direção de Tsukiko. A garota sorriu para ele, aquele sorriso fofo que fazia seu rosto arder de vez em quando. Antes de perceber, ele também sorria para ela, o coração batendo ainda mais rápido, mas ele não odiava nem um pouco a sensação.

O resto da manhã passou tão rápido que Taiyou mal notara. Só quando o sinal tocou e ele olhou para seu caderno que o garoto se deu conta de que não tinha anotado nada. Vou ter que pedir pra alguém explicar depois, pensou, suspirando. O professor reuniu os papéis, disse que a professora encarregada viria logo e então saiu para cuidar de sua própria turma. Alguns alunos corriam até seus pais, mas a maioria apenas organizava as bolsas e encarava seus pertences.

Taiyou também não se apressou, mas quando não havia mais nada na mesa, levantou-se. Tsukiko sorriu para o garoto e inclinou a cabeça na direção da porta. Ele entendeu e a seguiu.

— Foi incrível, Taiyou-kun — disse e bagunçou o cabelo dele da forma que costumava fazer. Outros pais e crianças olharam para ele, mas o garoto não ligou. — Eu tinha uma suspeita que que você era um bom aluno, mas não tinha ideia que até iria se voluntaria pra ir lá na frente responder a pergunta. Eu sempre tentava arrumar uma desculpa quando o professor me escolhia. — Ela murmurou a última parte, desviando o olhar.

— Aquilo foi… — Sua voz sumiu, as bochechas ficando com um tom vermelho. Ele balançou a cabeça quando lembrou que havia algo mais importante. — Por que você está aqui?

— Encontrei sua mãe depois que terminei o café da manhã. Ela foi correndo pra casa, toda preocupada e irritada — disse Tsukiko, sorrindo. — Quando perguntei o que havia acontecido, ela disse que hoje era o Dia de Visita dos Pais, mas aconteceu um imprevisto no trabalho e ela precisou quebrar a promessa que fez com você. Daí eu disse que podia vir e contar tudo pra ela. Além do mais, ninguém deveria ficar sozinho num dia desses. — A última parte ela sussurrou, o sorriso gentil em seus lábios ficando menor.

Taiyou abriu a boca, mas a fechou no segundo seguinte. A Tsukiko odeia esses eventos por causa da mãe dela… E mesmo que odeie, ela veio aqui por mim, pensou ele, erguendo os olhos para olhar a garota enrolando o cabelo com o dedo.

— Obrigado — murmurou. Quando Tsukiko ouviu aquilo, seu rosto iluminou com um sorriso, o mesmo que fazia o coração do garoto bater mais rápido. — N-Não tem problema você vir? E a sua escola? — ele adicionou rápido para esconder o embaraço.

Tsukiko cutucou a bochecha dele.

— Eu sei que sua cabeça está preocupada com o Dia da Visita e tudo mais, mas nem pra prestar atenção no que eu disse… — Ela balançou a cabeça, o rosto triunfante.

O garoto cerrou os olhos e forçou a mente a trabalhar. Embora fosse verdade que ele pensou neste dia a semana toda, deveria se lembrar de quando eles passam tempo juntos. Desde que o ano letivo começou, o tempo dos dois diminuíra consideravelmente, e embora se importasse muito com isso, ele demorou um pouco para se lembrar.

— Ah, hoje é o aniversário da sua escola…

— Isso mesmo — disse ela, batendo as mãos juntas. — Como não tem escola pra mim hoje, não tem problema algum. — A garota sorriu.

Taiyou abriu a boca, mas depois a fechou, rindo.

— Que coincidência — murmurou.

Tsukiko balançou um dedo, fazendo sinal de não.

— É o inevitável disfarçado de coincidência — disse, de repente séria. Ela manteve a expressão, mas durou apenas por um segundo e os dois riram juntos.

— Kazama Kenichi-kun? — Kaminashi-sensei abriu a porta e chamou o nome do amigo dele.

A voz da professora trouxe a atenção dele de volta. Embora Taiyou não tivesse notado, o corredor estava cheio agora; pais e estudantes de todas as salas esperavam por sua vez na reunião com a professora encarregada.

A maioria dos estudantes tentavam esconder o nervosismo. Eles falavam e riam, mas até a distância, Taiyou podia dizer que suas mentes não estavam lá. Outros apreciam excitados quanto à reunião. Alguns fechavam os olhos e esperavam em silêncio.

Kazama-kun era um deles. Ele parecia calmo e caminhou ao lado da mãe para a sala quando Kaminashi-sensei chamou seu nome. Taiyou sabia logo de cara que seu amigo era um dos mais nervosos. Ele tinha a mesma expressão durante o primeiro treino, o garoto pensou, lembrando-se o quão feio ele errara a bola bem ao seu lado.

Taiyou não tinha ideia de quanto tempo se passara quando a porta abriu de novo. Enquanto a mãe dele agradecia a professora, Kazama-kun fez contato visual com ele. O amigo assentiu e mostrou um sorriso confiante antes de se afastar com a mãe.

— Tudo ok com seu amigo, hã? — perguntou Tsukiko, ao lado dele, enquanto o professor chamava o próximo aluno.

— Não — sussurrou Taiyou enquanto assistia a mãe do Kazama-kun falando bem agitada, embora ele não conseguisse ouvir. — Aquele foi o sorriso de já era dele.

— Hum… O que você acha que a professora disse?

— Talvez a Kaminashi-sensei tenha dito que ele fala demais durante a aula — disse Taiyou. — Ou que joga futebol em todo lugar. Ou que chega atrasado pra primeira aula depois do almoço porque jogou bola demais.

— Hum… — murmurou Tsukiko outra vez. — Será que ela dirá o mesmo a seu respeito?

— Pode ser — respondeu Taiyou antes que notasse, ainda olhando para as costas do amigo. Ele sentiu Tsukiko o observando e só depois percebeu o que dissera. — Não… Digo… Eu… — Sua voz sumiu por causa do sorriso brincalhão no rosto dela.

— Fuyuzora Taiyou-kun? — Kaminashi-sensei chamou seu nome de repente, virando a cabeça para o corredor.

— Aqui! — disse Taiyou, o rosto vermelho.

Ela colocou uma mão no ombro dele. Quando ele olhou para ela, o sorriso dela voltou ao normal e o fez corar mais ainda. — Vamos.

— Bom dia — disse Tsukiko, fazendo uma mesura para a professora no momento em que Kaminashi-sensei fechou a porta. — Eu sou…

— Você é Aozora Tsukiko-chan, certo? — A professora respondeu antes que a garota pudesse terminar. A mulher fez um gesto para as duas carteiras em frente a sua mesa.

Taiyou olhou para Tsukiko. Embora ele nunca iria dizer, a expressão de surpresa dela era bonita. O garoto arregalou os olhos pensando naquilo e sentou na cadeira, encarando o chão.

— Ah, sim, isso. — Tsukiko se recuperou da surpresa. — Como você…

— Fuyuzora-san me ligou e explicou o ocorrido — explicou Kaminashi-sensei, depois sentou na cadeira dela e sorriu para os dois. — Ela pediu desculpas pelo inconveniente e prometeu que viria me encontrar assim que pudesse. Sua mãe é bastante carinhosa, Taiyou-kun.

Antes que notasse, o garoto sorria e suas maçãs do rosto estavam quentes.

— Agora que não preciso mais explicar — disse Tsukiko, colocando a mão na cabeça. — Tem alguma coisa que eu deva falar para a mãe dele?

— Nada de especial — disse Kaminashi-sensei. — Volta e meia ele fala durante a aula, mas nenhum professor reclamou dele. E de tempo em tempo, chega atrasado porque ficou jogando futebol com os amigos. Fora isso, os professores dizem que é um ótimo aluno a se ter em sala.

Taiyou sentiu o olhar delas sobre si. Ele encolheu-se na cadeira, sem ousar se virar para Tsukiko, apesar de que podia imaginar a expressão dela sem nem ver.

— Isso é ótimo! — disse ela. O garoto sabia que o alívio na voz dela era genuíno e olhou para cima antes que pudesse se controlar. A expressão gentil dela fez o coração dele acelerar. — Eu fiquei preocupada que ele tivesse problemas em arrumar amigos por causa da timidez.

— Também me preocupei no começo, já que ele veio do interior e tudo mais. Porém, o Taiyou-kun não teve problema algum fazendo amigos. Não só na turma, como também no clube de futebol. Pode não parecer, mas ele é bem popular.

— Ele é popular? — Tsukiko mostrou a expressão surpresa de novo. — Eu nunca imaginaria.

— Eu disse que tinha amigos — falou Taiyou. — Mas você não me escuta.

— Ah, vai. Você é tão tímido e quieto que não tinha como eu não me preocupar — disse ela, sorrindo e ficando corada ao mesmo tempo. — E é tão educado que fiquei com medo de que não se encaixasse com os demais.

— Você faz parecer que não sei conviver socialmente — respondeu ele, suspirando.

Kaminashi-sensei riu. Taiyou arregalou os olhos um pouco e se voltou para sua professora. Por um momento, ele se esqueceu dela e que estavam em reunião.

— Vocês se dão muito bem. Faz quanto tempo que se conhecem?

Eles trocaram olhares.

— Alguns meses — disse ela.

— Desde março — respondeu ele na mesma hora que ela.

— É incrível como ficaram tão próximos em um período tão curto — disse Kaminashi-sensei. — Mas vendo vocês dois me deixa tranquila. Esse era a única preocupação entre os professores. Embora não tivessem nada do que reclamar sobre o Taiyou-kun, a maioria diz que ele não age como uma criança. É quase como se não tentasse incomodar as pessoas a sua volta.

Taiyou olhou pra baixo, parte de si temendo saber a reação de Tsukiko, por algum motivo. A garota colocou um braço em volta dele e o puxou para mais perto.

— Ele é assim mesmo. Sempre coloca os outros na frente. Mas consegue ser bem infantil quando quer. — As palavras dela fizeram o rosto dele ficar quente, e o calor que ela emanava era reconfortante.

Kaminashi-sensei sorriu.

— Que bom. Vejamos… tem algo mais? — Ela perguntou para si mesma, passando pela pilha de papel na mesa. — Ah, sim. O professor de história disse, e eu concordo, que é um prazer ter o Taiyou-kun em nossa sala. Você parece estar adiantado tanto em história quanto matemática. No geral, ele está se adaptando muito bem ao ensino fundamental II.

— Eu meio que esperava algo assim — disse Tsukiko depois de se despedir da professora e sair da sala. — Mas estou realmente feliz por confirmar. Me deixa bem mais tranquila. — Ela colocou a mão na cabeça dele e bagunçou seu cabelo. — E pensar que os professores te amam.

O corredor ainda estava bem cheio com pais e alunos esperando sua vez. Alguns dos seus colegas olharam para eles e algumas garotas sussurraram entre si, mas isso não o incomodou.

— Não faça isso soar como grande coisa — disse Taiyou, corado e desviando o olhar enquanto dobravam o corredor.

— É sim. Meus professores nunca falaram um elogio sobre mim. Na verdade, eles nunca tiveram nenhuma reclamação também. Acho que só falaram que eu cochilava muito — disse ela, desviando o olhar.

— Bem que consigo ver isso — disse ele, os dois riram.

— Tá tirando uma comigo? Embora eu tenha vindo até aqui no meu dia livre só por sua causa? — Tsukiko beliscou a bochecha dele enquanto caminhava. Ela parou e cantarolou feliz, mas virou-se para trás quando notou que Taiyou parou e segurou seu vestido. — O que foi?

— Tem razão. Você veio aqui só por minha causa — sussurrou ele, não olhando nos olhos dela. — De novo, obrigado.

— Ah, para — disse ela, acenando uma mão para esconder as bochechas vermelhas. — Não foi nada demais. Não começa a falar coisas vergonhosas…

— Foi importante pra mim. E especialmente já que você odeia esses eventos…

Ambos ficaram em silêncio por um tempo. Depois de alguns momentos, Tsukiko forçou-o a olhar para ela.

— É, eu odeio. Este tipo de evento está entre os piores dias da minha vida — sussurrou ela. Suas palavras continham uma tristeza que o encheu de culpa. Embora não olhasse nos olhos dela, sabia o quanto aquilo a machucava.  — Mas se for por você, não me importo em fazer isso. Na verdade, é a melhor memória que tenho do Dia de Visita dos Pais. Obrigada — disse, envolvendo-o em seus braços.

Antes que Taiyou pudesse impedir, lágrimas silenciosas caíram e ele enterrou o rosto no peito dela. Dessa vez não demorou muito para parar. Quando o garoto se inclinou para trás, ele limpou o rosto apressadamente, olhando em volta e esperando que ninguém além de Tsukiko o vira chorar. Quando ele percebeu que estavam sozinhos, ele respirou fundo, aliviado, e voltou-se para ela.

— Foi mal sujar seu vestido — disse Taiyou.

Ela deu um peteleco na testa dele antes que ele reagisse.

— Você não precisa se preocupar com algo assim — disse ela, de repente séria. Quando ele assentiu, a garota mostrou um sorriso. — Ótimo. Agora quero que me prometa algo.

— O quê? — perguntou, esfregando o lugar onde ela dera o peteleco.

— Nunca esconda seus verdadeiros sentimentos de mim — disse, e ficou vermelha no instante seguinte. — Em troca, eu farei o mesmo.

Lentamente, ele concordou com a cabeça.

— Perfeito. — Ela pegou o celular. — Ainda temos um tempo antes do almoço. Que tal me mostrar a escola? — sugeriu ela, com um grande sorriso, oferecendo uma mão. — Quero ver onde você se esforça todo dia.

Taiyou segurou a mão dela sem pensar duas vezes.

— Sim. Deixa eu te mostrar onde treinamos — disse, com um sorriso nos lábios.



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