1. Spirit Fanfics >
  2. Tsukiko-chan Taiyou-kun >
  3. Capítulo 7

História Tsukiko-chan Taiyou-kun - Capítulo 7


Escrita por: phmmoura

Capítulo 7 - Capítulo 7


— Vamos, Yui. Rápido — reclamou Tsukiko, lutando contra a vontade de arrastar a amiga.

— Pra quê a pressa? — A garota bocejou e esfregou os olhos. — Não é como se ele fosse jogar.

— Eu sei, mas mesmo assim… — Tsukiko pressionou os lábios enquanto se lembrava do rosto de Taiyou-kun quando disse sobre sua primeira partida.

— Não tem problema. Você não precisa ir — disse ele, com um sorriso, depois de Tsukiko dizer que não perderia por nada. — É só a primeira partida e tem pouca chances de eu jogar…

Foi a primeira vez que Tsukiko odiou ver o sorriso dele. Ela soube na hora que ele estava forçando. Ele não mentiu pra mim, ela sabia. Mas nós prometemos não esconder nada um do outro, não foi? A garota bufou. Eu sei que ele queria que a mãe ou a Rin-nee fossem ver, mas ele podia ter me pedido…

Tsukiko balançou a cabeça, parou e virou pra Yui com uma expressão séria.

— Eu quero estar lá pra apoiá-lo.

Yui olhou para ela com uma expressão vazia e depois suspirou.

— Tá bom. Entendi que é importante que você esteja lá — disse, caminhando mais rápido. — Que foi? — perguntou, ao ver que Tsukiko não se movera.

— É só que… pensei que você ia refutar mais.

Yui riu e mostrou um sorriso maroto.

— Ah, fala sério. Não estou afim disso. Já desisti de falar sobre esse seu relacionamento com o Taiyou faz um bom tempo — disse ela, dando de ombros.

— Já disse que só somos amigos. Por que você fica insistindo nisso? — Tsukiko ficou vermelha e correu até a amiga.

— É porque você fica reagindo assim — riu Yui. — Mas, sério. Você fala tanto dele que é uma surpresa o Kobayashi não ter reclamado. Ou bateu um pouco de senso comum pra você não mencionar o garoto pra ele?

Tsukiko estremeceu antes que notasse.

— Sua falta de fé em minha pessoa me deixa triste. Se quiser saber, não menciono o Taiyou-kun… tanto assim — adicionou ela, em voz baixa.

— Eu ouvi isso — disse Yui e Tsukiko evitou os olhos dela. A amiga suspirou. — Ao menos já é um progresso, acho.

— Na verdade, é mais como se ele fala e eu escuto — disse, negando com a cabeça. Se qualquer um perguntasse, Tsukiko sabia o time do Kobayashi-kun. Também podia dizer quais eram seus jogadores favoritos. E a marca de chuteiras favorita dele. Além dos seus cinco melhores gols, segundo o rapaz.

— Jura? Ainda que estejam nesse nível ainda, as pessoas já os consideram um casal.

— Quê? — Tsukiko parou e agarrou o braço de Yui, forçando a amiga a olhar pra ela. — Quem está falando isso? O Kobayashi-kun?

— Ele está ocupado demais com o futebol pra sair falando disso. — Yui coçou a bochecha e desviou os olhos. — Acho que é a Uihara quem está espalhando a fofoca.

— E eu aqui tentando evitar coisas complicadas. — Tsukiko balançou a cabeça em negação.

— Você acha isso complicado? Tipo, pode virar verdade logo, né? — Yui parecia de repente ansiosa.

— Eu… não sei nada quanto a isso…

Dessa vez, foi Tsukiko quem desviou o olhar e se afastou.

— Acha que consegue esconder qualquer coisa de mim? — Yui foi atrás da amiga. — Eu sei que ele te convidou pra assistir o primeiro jogo dele.

Argh, como você ficou sabendo? Pensei que ninguém estava por perto quando ele me convidou.

— É verdade que ele me convidou… — A voz de Tsukiko foi sumindo.

— Você vai, não vai? — insistiu Yui. — Se for pro jogo do seu vizinho, que mal tem chance de jogar, você vai pro jogo do seu possível namorado.

— Namorado… Dá pra parar de chamar ele disso? Não estamos nem perto… — O rosto de Tsukiko queimava. — Por que você insiste tanto nele?

— É porque me lembro de como você olhava pra ele ano passado. E como seu sorriso sumia toda vez que via ele com a Uihara — disse Yui, olhando bem nos olhos de Tsukiko. — Eu sei que você gosta dele. Ao menos gostava até o garoto surgir.

— Yui…

— Só não quero te ver arrependida. Sofrer por amor é uma droga, sabe? — A amiga dela se afastou.

Tsukiko olhou para as costas de Yui e de repente entendeu. Ela está falando dela mesma também… Não tinha ideia que a Yui gostava de alguém, pensou. Lembro que ela evitou a pergunta até quando estávamos um pouquinho bêbadas na véspera de ano novo… Mas sei que ela não quer falar sobre isso agora. Tsukiko correu até ficar lado a lado com sua amiga.

— Obrigada por pensar em mim — disse, abraçando Yui. — Prometo que não farei nada de que possa me arrepender, ok?

— Conhecendo você, duvido disso — disse Yui, acariciando a cabeça de Tsukiko como se ela fosse uma criança. Antes que a garota ficasse brava, elas chegaram ao campo. — Acho que já vão começar.

— O quê? — Tsukiko soltou a amiga e correu entre os poucos espectadores para achar os melhores assentos. — Nos atrasamos por sua culpa.

— Não me culpe. — Yui sentou ao lado de Tsukiko. — E não é como se ele fosse titular, então não tem perigo de perder algum dos melhores momentos dele.

Tsukiko pressionou os lábios para conter sua resposta imediata.

— Cadê ele? — murmurou ela, procurando por Taiyou-kun.

— Provavelmente no banco. Isso se ele for razoável — disse Yui, sem interesse, pegando o celular.

Tsukiko estreitou os olhos.

— Ah! Lá está ele — disse, apontando. — Ele é o dezessete.

— Sério? Valeu por falar. Eu nunca reconheceria. Tipo, você só mostrou umas quatrocentas fotos dele. Como eu reconheceria só com isso?

— Seu sarcasmo não foi requisitado.

— Mas necessário — riu Yui, ao ver o rosto irritado de Tsukiko. — Estou impressionada que ele esteja no banco de reserva. Não é tão fácil pra um calouro.

— Então você acha que ele vai jogar hoje? — Tsukiko se voltou para Yui, seu rosto brilhando com um sorriso.

— Ficar no banco e jogar são duas coisas diferentes. O treinador só tem três substituições — lembrou Yui, enquanto Tsukiko observava Taiyou-kun em silêncio. — Ei, aquela é a assistente do time? Que gracinha. Vai ficar com inveja dela agora?

A voz de Yui trouxe Tsukiko para a realidade. A garota revirou os olhos, mas quando a amiga voltou a atenção para o celular, ela olhou de relance para a única garota no banco do Teikou. Ela é bonitinha, pensou Tsukiko. Taiyou-kun falou dela, mas nunca disse que era tão bonita. Todavia, quando ela moveu seu olhar um pouco e viu o garoto, se esqueceu da assistente.

— Ei, Yui, olhe o quão nervoso ele parece — disse Tsukiko, rindo. Faz um tempo desde que o vi assim.

— Nossa, que legal. Incrível — disse a amiga com um tom monótono, brincando com o celular. Mas antes que Tsukiko pudesse reclamar que ela nem viu, Yui ergueu os olhos. — O jogo já vai começar.

Os jogadores de ambos os times estavam em seus respectivos lados e Teikou começaria com a bola. O juiz soou o apito e o jogo começou.

— O Teikou não é ruim — comentou Yui após meia hora.

— Eu te disse! Eles não são uma escola forte, mas tem chance de chegar nas nacionais — disse Tsukiko, sorrindo.

— Eu não chegaria a tanto — disse Yui, finalmente deixando o celular de lado. — Além do mais, mesmo que sejam bons, não significa nada se perderem hoje.

— Hã? — Tsukiko se voltou para sua amiga, pressionando o corrimão com mais força. — Você acha que eles vão perder?

— O pessoal do Teikou está muito nervoso. Olha.

Tsukiko se voltou para o campo. Teikou estava no meio de um ataque. Eles trocaram passes, embora estivessem tensos demais, e finalmente a bola acabou no número nove, que estava livre para marcar. Ele levantou a cabeça e chutou a bola, mas acertou na trave e foi para fora.

— É a terceira chance que teve de marcar, mas ele apressou e perdeu a oportunidade. Se apenas esperasse um pouco mais, teria marcado.

Tsukiko pressionou os lábios. Yui está certa. Até uma amadora como eu consegue ver, pensou. Em comparação, o time Seiyo mal passou da linha de meio de campo, porém seus ataques foram perigosos nas poucas vezes que arriscaram. Se não fosse pelo goleiro do Teikou, o placar já teria mudado duas vezes.

— Ah! Eles perderam outra chance! — Os gemidos de lamento ecoaram pela arquibancada. Tsukiko se juntou a eles, mas logo os lamentos viraram preocupação. Não havia tempo para tristeza, pois o Seiyo contra-atacou.

— Isso é ruim. — Yui deu voz aos pensamentos de Tsukiko.

Os jogadores do Teiko avançaram demais e agora a defesa foi pega desorganizada. Foram quatro contra três. Jogadores dos dois times correram atrás da bola, mas a maioria estava longe e chegou tarde demais.

Tsukiko já estava de pé, como todo o banco do Teikou. Até Yui ergueu o pescoço, a mão puxando o braço de Tsukiko que bloqueava sua visão.

Mesmo com a desvantagem, os três zagueiros tentaram de tudo para acompanhar, mas a bola acabou com o número onze do Seiyo dentro da área de pênalti, e não havia como qualquer jogador do Teiko o alcançar antes que ele chutasse.

O goleiro correu até ele, abrindo os braços e as pernas, para crescer diante do jogador.

O atacante fechou os olhos e chutou. Seu chute atingiu o ombro do goleiro e subiu. Todos assistiram, petrificados demais para correr, enquanto a bola caía lentamente na direção do gol.

O goleiro foi o primeiro a se recuperar. Ele correu e no último instante, agarrou a bola antes que cruzasse a linha do gol. Mas, antes que seus companheiros se alegrassem, ele virou, seus olhos vasculhando o campo, então ele chutou a bola para o outro lado.

Novamente ambos os times correram em direção da bola, mas, dessa vez, foi o time do Seiyo que estava em desvantagem. Nove e Onze do Teikou trocaram passes rápidos. Sim! Tsukiko gritou em sua mente quando Onze driblou e não havia ninguém em seu caminho até o gol.

— Chuta!

A arquibancada ficou doida quando o jogador levantou a cabeça, olhos fixos no gol. Ele chutou a bola e quando ela passou por debaixo do goleiro, o grito preso nos jogadores do Teikou, no banco e nos espectadores ecoou pelo campo e arquibancada.

— GOL! — Tsukiko gritou em plenos pulmões, mas ela duvidou que alguém a tivesse ouvido. Até Yui sorria quando Tsukiko a abraçou.

A garota voltou-se para o banco e, quando viu Taiyou-kun torcendo junto a seus colegas de equipe com um grande sorriso, Tsukiko não conteve seu próprio sorriso, uma estranha felicidade a preenchendo. Ela pegou o telefone e tirou uma foto. Vou emoldurar essa.

Os espectadores começaram a se sentar enquanto o Seiyo trazia a bola do fundo da rede até o centro do campo e recomeçava o jogo.

— Se o Teikou aguentar os próximos dez minutos, vão vencer — disse Yui, sentando-se.

— Por quê?

— Se o outro time marcar antes do fim do primeiro tempo, vão ganhar um aumento de moral para o segundo tempo e daí…

— O Teikou vai sofrer contendo o entusiasmo deles… — Tsukiko terminou a frase de Yui.

— Isso… Se o Teikou chegar ao segundo tempo na frente, duvido que terão qualquer problema.

Tsukiko pressionou os lábios e se voltou de novo para o campo. Foi como sua amiga disse. O outro time desistira da precaução. Se antes eles mal tinham três jogadores além do meio campo, agora atacavam com seis ou até sete.

A defesa do Teikou não reagia tão rápido quanto antes. Eles ainda estão comemorando no gol, compreendeu Tsukiko enquanto um dos defensores errou um passe de dois metros e a bola acabou cruzando a linha de fundo, dando um escanteio para o Seiyo. Ah, como ele pôde fazer aquilo agora?

— Ei, isso é normal? — perguntou ela para Yui, quase balançando a amiga por uma resposta. — Ele pode fazer aquilo? — Ela apontou para o goleiro da Seiyo, que correu pelo gramado e se posicionou junto dos outros, perto da marca do pênalti.

— Não é incomum. No último minuto, eles precisam tentar de tudo — disse Yui, empurrando Tsukiko. — Especialmente se ele for alto daquele jeito.

— Nunca vi aquilo! Não é justo! Ele está no fundamental que nem nós, mas tem quase dois metros!

— Que tal abaixar o volume? Todos estão olhando pra gente — sussurrou Yui e forçou Tsukiko a sentar. — Se assistisse uma partida de verdade em vez de só jogar videogames, saberia disso. Agora cale a boca e assista.

Ela mordeu a unha enquanto o juiz soava o apito. Tanto o campo e a arquibancada ficaram quietos enquanto o número dez do Seiyo se preparava para cruzar. Tsukiko podia escutar seu próprio coração batendo enquanto a bola voava. Tudo se moveu em câmera lenta enquanto o goleiro de dois metros se pulou acima de todos e deu uma cabeçada forte na bola.

Ninguém se moveu ou gritou enquanto a bola caía no fundo das redes. Só quando o juiz soou o apito, apontando para o centro do campo, e o juiz assistente correu até o centro, o mundo parecia se mover de novo.

O grito dos jogadores do Seiyo e seus poucos apoiadores na arquibancada encheu o campo. Os jogadores se abraçaram e comemoraram enquanto os alunos do Teikou pegavam a bola e levavam para o centro devagar, os rostos cabisbaixos.

O juiz soou o apito, mas quando Nove tocou a bola, soou de novo. Era o fim do primeiro tempo.

Embora o placar mostrasse um empate, a diferença de semblantes entre os times era incrível. Enquanto o time do Seiyo foi para o vestiário com grandes sorrisos e se parabenizando, ninguém do Teikou disse qualquer coisa enquanto saíam do campo.

Tsukiko sentiu uma dor no peito quando viu o rosto do Taiyou-kun.

— Foi como você disse — falou ela, com voz baixa.

— É — disse Yui, embora a garota tenha notado que seu tom não era mais indiferente. — Agora o Teikou precisa se reerguer e vencer o desafio, ou acabou pra eles este ano.

— Não diga isso.

— Mas não seria melhor pra você? — Yui parecia séria de repente. — Tipo, se eles perderem, o Taiyou não vai mais ficar ocupado com o time. Assim vocês podem ficar mais tempo fazendo o que bem entendem. Você quer isso, não quer?

Tsukiko pressionou os lábios.

— Eu mentiria se dissesse que não, mas… — Sua voz sumiu. Era verdade que ela se sentia um tanto sozinha depois que as atividades do clube dele começaram. Taiyou-kun saía cedo e só voltava quase na hora do jantar todo dia. Embora eles ainda jogassem e lessem mangá juntos, ela sabia que ele estava cansado. Mas, mesmo assim, Tsukiko não estava brava com ele ou o clube. Porque toda vez que ele fala disso, seu rosto se alegra com um sorriso. Um sorriso que Tsukiko queria ver cada vez mais. — Gosto de ver ele se esforçando e quero apoiá-lo o máximo que puder. Que tipo de amiga eu seria se quisesse que ele perdesse?

— Amiga, né? — Yui riu e sorriu. Antes que Tsukiko pudesse perguntar o que era queria dizer com aquilo, a amiga se levantou. — Eu vou te apoiar a apoiá-lo. E pra isso, vou pegar umas bebidas pra gente.

As palavras da amiga fizeram Tsukiko se sentir melhor. Sim. Vou torcer pelo Teikou e pelo Taiyou-kun, pensou. Quando Yui voltou e elas terminaram de beber, os jogadores voltaram para o campo.

— Nossa, olha pros rostos dele — mencionou Yui. — Até com as duas substituições, eles não parecem prontos…

Tsukiko percebeu sem a amiga precisar comentar. Os jogadores do Teikou pareciam mais nervosos do que quando começaram o jogo. O time do Seiyo, por outro lado, parecia determinado.

O começo do segundo tempo foi quase um replay dos cinco minutos finais do primeiro. Embora Seiyo não tivesse tanta qualidade, eles pressionaram e, se não fosse pelo goleiro, estariam vencendo.

Teikou, por outro lado, não conseguia trocar mais de três passes sem perder a bola. E o pior era que os jogadores começaram a sentir a pressão. Eles cometeram mais faltas nos primeiros vinte minutos do segundo tempo do que em todo o primeiro.

— Eles vão acabar terminando o jogo com um jogador a menos assim. — Yui deu voz a preocupação de Tsukiko e a garota mordeu a unha de novo.

Mal se passaram dois minutos e o número seis do Teikou cometeu outra falta. Quando o juiz o mostrou o cartão amarelo, ninguém do time protestou.

— Ei, o Teikou vai fazer a última substituição — disse alguém da arquibancada.

Tsukiko voltou sua atenção para o banco. O técnico falou com alguém, mas ela não conseguia ver quem. Sua respiração estava rápida e irregular, mas quando o jogador caminhou para as linhas laterais, a garota sorriu quando viu o número dezessete escrito em suas costas.

— É o Taiyou-kun! — Ela puxou a manga de Yui.

— É mesmo. Para mandarem um calouro agora… Aposto que ele está mais nervoso que todo o time junto.

Yui estava certa. Até mesmo daquela distância, Tsukiko podia ver as pernas do garoto tremendo. Ele caminhou até a lateral, tão rígido que ela pensou que o menino acabaria tropeçando a qualquer momento. Antes que percebesse, Tsukiko se aproximou o máximo que podia dele.

— Boa sorte, Taiyou-kun! — gritou ela, com tudo que seus pulmões permitiram.

Taiyou-kun, e todo mundo, virou na direção dela. O rosto do garoto ficou uma tonalidade alarmante de vermelho, mas ele sorriu, ainda rígido, e assentiu, mal movendo o pescoço.

Enquanto o número seis caminhava até Taiyou-kun, Tsukiko sentou. Embora seu rosto estivesse vermelho, ela sorria. Yui olhou para ela e suspirou sem dizer nada.

Um pouco mais de dez minutos se passaram e a situação mudara. Embora eles ainda não estivessem jogando tão bem quanto o primeiro tempo, o Teikou deu uma melhorada. Mas eles não estavam conseguindo marcar.

— Eles melhoraram depois que o Taiyou entrou — disse Tsukiko, com orgulho na voz.

— Pois é — concordou Yui. — Acho que o pessoal do terceiro e segundo ano notou que, se um calouro entrou, é porque eles estavam muito mal.

— Então foi por isso que ele entrou? — Tsukiko reclamou com Yui, de repente brava. Embora ela tivesse percebido isso sozinha, a ideia de que o treinador usou Taiyou-kun daquela forma a irritava.

— Não fique brava comigo — disse Yui, calma. — O garoto não é o protagonista. Ele não vai marcar o gol da virada. Ele não está jogando para compensar o nervosismo do time, mas, ainda assim, está ajudando. Não tem razão para ficar com raiva quando ele está fazendo a parte dele.

Tsukiko mordeu os lábios e voltou a atenção para o campo. Era verdade que a presença do Taiyou-kun não fez muita diferença até o momento. As poucas vezes em que tocou na bola, ele apenas cumpriu seu papel de lateral e a cruzou, embora acabassem sendo inúteis. Uma foi alto demais e a outra foi interceptada pela defesa, mas a terceira foi perfeita. Se o Nove não estivesse tão atrasado, teria marcado graças ao Taiyou-kun, Tsukiko reclamou em sua mente.

— Corre, dezessete! — gritou um dos espectadores.

A bola acabou com o Taiyou-kun de novo, mas dessa vez foi não tinha ninguém para pará-lo, então ele correu. Quando estava quase perto do escanteio, o garoto se preparou para passar a bola… Porém um zagueiro do Seiyo apareceu do nada e interceptou com um carrinho.

Ela prendeu a respiração enquanto assistia Taiyou-kun cair para frente e deitar na grama.

— Falta! — gritaram em coro Yui e o resto da torcida. O juiz apitou e mostrou o cartão amarelo de novo.

O tempo parecia parar para ela. Só quando Taiyou-kun levantou foi que Tsukiko respirou aliviada.

— Graças aos deuses que ele está bem.

Após conferir que Taiyou-kun estava bem, o número oito do Teikou foi reclamar com o número quatro do Seiyou. Seus companheiros de equipe o impediram, mas não importava o quanto tentassem, ele gritou e agarrou a camisa do Quatro. Oito só soltou quando o juiz mostrou o cartão amarelo para ele.

— Ele precisa se acalmar — disse Yui. Tsukiko concordou.

Demorou um pouco, mas todos se acalmaram. Os jogadores se posicionaram dentro da área de pênalti.

— O dezessete que vai cruzar? — disse um espectador. — Ele não é do primeiro ano?

— É. Seria melhor se fosse o oito. Ele é o melhor, mas…

Tsukiko não precisava ouvir. Oito cuidava das cobranças de faltas, mas ele estava tão nervoso que todos o tiraram de perto da bola.

Taiyou-kun era o único perto da bola. Tirando seu peito subindo e descendo lentamente, ele era uma estátua. Até depois o juiz apitar, o garoto não se moveu. Depois do que pareceu ser uma eternidade, ele correu.

A jogada pareceu surreal demais para Tsukiko. A bola voou e o Onze pulou acima de todos. Com suas costas contra o gol, ele acertou a bola com uma bicicleta incrível. O goleiro se alongou o máximo que seu corpo permitiu, mas mesmo com toda sua envergadura, tudo que ele pôde fazer foi assistir enquanto a bola entrava.

Tsukiko não se juntou a Yui e os demais comemorando o gol. A garota só tinha olhos para o garoto. Taiyou-kun tinha uma expressão vazia no rosto, quase como se ele mesmo não pudesse acreditar. Mas quando seus colegas se juntaram para abraçá-lo, ele mostrou um sorriso que a garota vira poucas vezes.

— Ele parece tão legal — sussurrou Tsukiko, com um sorriso gentil nos lábios.

— É, nem eu posso discordar disso — disse Yui.

Tsukiko olhou para a amiga e piscou.

— Eu acabei de…

— Sim. Disse alto e claro pra todo mundo ouvir. — Yui riu e Tsukiko ficou vermelha, mas ela não desviou o olhar.

— Não é mentira — murmurou ela.

— Vamos esperar que eles consigam manter esse placar — riu Yui.

— Não diga isso! — Tsukiko colocou as duas mãos nas orelhas. — Vai trazer azar!

Antes que a amiga respondesse, o juiz apitou. O time do Seiyo correu até o gol do Teikou com quase todos os jogadores.

Teikou reagiu da mesma forma, defendendo com todos os jogadores. Seiyo tentou repetidas vezes, mas a zaga não deixava a bola entrar na área, chutando para qualquer lado longe do gol deles. Nos últimos cinco minutos, Seiyo tinha mais de quatro escanteios.

— Quê? Três minutos? — gritou um espectador para o juiz.

Tsukiko se virou e viu o juiz com três dedos levantados.

— Pra que tanto tempo extra? — A garota puxou a manga de Yui de novo.

— Aquele falta demorou um pouco — disse Yui, os braços cruzados e rosto sério.

— Ah, droga! — Tsukiko bagunçou o cabelo e voltou à atenção ao campo. Três minutos não é nada! Vai passar voando, disse para si, torcendo para nada mudar o placar.

Mas demorou. O tempo se movia devagar e quase parecia parar. Toda vez que Tsukiko pegava o celular, as horas nunca mudavam. Três minutos nunca pareceram demorar tanto, nem na escola, muito menos esperando o respawn num jogo!

Tsukiko não pensou que chegaria, mas finalmente o último minuto de jogo começou. Seiyo ainda atacava, mas Teikou resistia com tudo. Até o Taiyou-kun arfava, mas ele também não parou de correr por um segundo.

— É a última jogada… — Tsukiko ouviu alguém falar.

Seiyo tinha mais um escanteio. O goleiro deles correu para a outra área. Os jogadores do Teikou o cercaram, mas o mais alto mal batia no peito do garoto. O Dez do Seiyo suava e ofegava como os demais, contudo, ainda cruzou a bola com a mesma força.

Foi difícil entender o que aconteceu. Tudo que Tsukiko pôde ver foram todos os jogadores se empurrando e, do nada, três caíram. Ao ver que Taiyou-kun era um deles, a garota apertou a mão com tanta força que ficou branca. A bola atingiu o cotovelo do menino e no momento seguinte, o número nove do Teikou chutou a mais longe que conseguiu com suas pernas cansadas.

O som do apito do juiz ecoou pelo campo e os jogadores e torcedores do Teikou celebraram. Mas, de repente, tudo ficou quieto enquanto todos entendiam que o juiz não apontava para o centro do gramado. Sua mão apontava para o centro da área, para a pequena marca redonda.

Lembrando uma onda, gritos tomaram o lugar do silêncio.

— Quê? Foi falta do Seiyo!

— Você é cego?

— O que está acontecendo? — Tsukiko perguntou para Yui.

— Pênalti — respondeu sua amiga com uma voz séria, respirando devagar e pesadamente.

Tsukiko arregalou os olhos e olhou para Taiyou-kun no instante seguinte. O garoto mordeu os lábios e olhou para baixo. Seus companheiros de equipe cercaram o juiz, gritando e apontando para Taiyou-kun, mas o homem de camisa amarela negou com a cabeça. Ele ignorou os jogadores, pegou a bola e colocou na marca do pênalti.

Os espectadores lamentaram.

— Agora é com o Agaha-kun.

Tsukiko sabia o que viria em seguida caso Seiyo empatasse o jogo agora. Haveria uma prorrogação e embora ambos times estivessem exaustos, provavelmente seria como começo da segunda metade. Vamos lá, goleiro-kun, você consegue, rezou ela em seu coração.

Depois que Teikou parou de reclamar, o número dez se ficou em pé alguns passos da bola. Só havia o Agaha-kun entre ele e o gol. Tsukiko levou a mão para a boca, mas não havia mais unhas para roer.

O juiz apitou. O Dez ficou parado, olhando para a bola e Agaha-kun.

Tsukiko prendeu a respiração quando o garoto correu e chutou a bola. O goleiro escolheu o lado certo, mas ele não chegaria a tempo.

Agaha-kun estendeu as mãos e a ponta dos dedos tocou na bola. Ela atingiu a trave e foi para a lateral do campo.

Taiyou-kun correu mais rápido do que qualquer um. Ele pegou a bola e chutou o mais longe que podia. A bola ainda estava no ar quando o apito ecoou de novo. Todos se voltaram para o juiz. O homem de camisa amarela apontava para o centro do campo.

Somente após isso, todos comemoraram. Tsukiko abraçou a amiga, pulando de felicidade.

— Foi um bom jogo — disse Yui, ao seu lado, mas a garota mal escutava a amiga.

Ela só tinha olhos para o Taiyou-kun. O garoto arfou enquanto olhava para a bola com uma expressão vazia. Só conseguiu sorrir quando seus colegas o parabenizaram. Mas Tsukiko notou que era um sorriso forçado.

— É seu trabalho cuidar disso. Sabe, como amiga — sussurrou Yui para Tsukiko. Ela se levantou e alongou os braços. — Acabou sendo mais interessante do que eu pensei que seria, obrigada por me arrastar até aqui. Mas agora é contigo.

Tsukiko viu a amiga se afastar. Depois que o entusiasmo foi embora, ela se sentiu exausta. Todo mundo se preparava para sair da arquibancada, mas ela ainda não tinha forças para levantar. Será que vai ser assim se eu for torcer pelo Kobayashi-kun? pensou ela por um tempo, mas logo discordou. Duvido, disse para si mesma enquanto se forçava a levantar.

Os times já tinham se cumprimentado e saído do campo. Taiyou-kun conversava com um colega de time. Embora sorriso, Tsukiko sabia que ele estava mais aliviado que feliz. Em vez de celebrar, ele vai pensar mais no pênalti e o que poderia ter acontecido.

Espero que ninguém reclame, pensou Tsukiko, parada perto do vestiário do Teikou.

— Não foi o melhor que podemos fazer, mas mostramos que damos conta da pressão. — Ela ouviu alguém gritando lá dentro. Provavelmente o treinador. — E ótimo jogo, Agaha. Você também, Fuyuzora. Agora, descansem bem amanhã. Segunda vamos começar a treinar pro próximo adversário.

Tsukiko esperou enquanto os jogadores saiam do vestiário. Alguns garotos olharam para ela e ficaram vermelhos quando ela devolveu o olhar, mas a maioria estava cansada demais para notá-la. Ela acenou para Mitobe-kun e Kazama-kun. Como esperava, ele foi o último a sair.

— Oi, Taiyou-kun. Ótimo jogo — disse ela, sorrindo.

— Valeu — disse ele com a voz baixa e o tom educado. O garoto olhou para ela e sorriu, mas foi tão fraco que nem parecia tê-lo feito.

Embora seria horrível pra mim, ele deveria comemorar com os colegas, pensou ela, caminhando para seu lado. Mas eu sei que não está no humor pra isso.

— Ei, que tal um hambúrguer? Eu pago — convidou ela, então ofereceu uma mão.

— Hum — murmurou Taiyou-kun. De cabeça baixa, ele pegou a mão dela e apertou.

Tsukiko viu as lágrimas descendo pelo rosto dele e ergueu os olhos na hora.

— Olha, está chovendo — disse, olhando para o claro céu ensolarado. — Melhor irmos logo.

— Hum — murmurou ele de novo.

Tsukiko ficou quieta. Ele quer falar, ela sabia, portanto, aguardou.

— Eu quase estraguei tudo — disse, após um tempo, apertando a mão dela com mais força.

Tsukiko queria dizer que tudo deu certo no fim, porém sabia que isso não daria certo com ele. Ela parou e o forçou a olhar no rosto dela.

— Você devia parar de falar no que podia ter acontecido. Sim, você fez um erro que podia ter custado o jogo — disse, limpando as lágrimas gentilmente dele com o dedão. — Mas ninguém te culpa. Essa é a parte boa do futebol. Você tem companheiros pra compensar os seus erros.

— Mas… — Tsukiko colocou um dedo em cima dos lábios dele. Ela já sabia o que ele diria.

— Em vez de ficar preso a seus erros, aprenda com eles. — Ela descansou sua testa na dele e sorriu. — E se certifique de nunca os cometer de novo.

Quando ela se inclinou de volta, Taiyou-kun colocou uma mão na testa, bem onde ela o tocou. Após um segundo, o rosto dele relaxou e mostrou um sorriso como o Taiyou-kun com quem Tsukiko amava se divertir.

— Obrigado.

Tsukiko corou enquanto começavam a caminhar de novo. De repente, ela sentiu uma vontade provocá-lo e se inclinou para mais perto.

— Você estava tão legal naquele cruzamento que fez meu coração bater mais rápido — sussurrou ela no ouvido dele. — Se continuar mostrando esse lado para mim, vou acabar me apaixonando por você.

Taiyou-kun ficou vermelho e olhou para baixo, mas Tsukiko viu o sorriso em seus lábios. Um sorriso de verdade que fez o coração dela bater mais rápido.


Notas Finais


Tenho duas boas notícias. Mas também tenho uma ruim.
A primeira boa é que finalmente alcancei a versão em inglês. E por isso (essa é a outra boa) vamos ter um capítulo saindo nesse domingo.
A má notícia é que agora a história será mensal.
Espero que continuem acompanhando


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...