1. Spirit Fanfics >
  2. "Tudo está bem" >
  3. Alícia

História "Tudo está bem" - Alícia


Escrita por: umalamina

Notas do Autor


minha primeira fanfic e antes de qualquer coisa, quero deixar claro que não quero induzir ninguém a cometer os atos da personagem, pelo contrario, vou tentar de alguma forma fazer essa historia ser útil na vida de quem lê e talvez precise de ajuda.
beijos e qualquer coisa, estou disponível para vocês. Espero que gostem da fic

Capítulo 1 - Alícia


Quinta- feira  17/11/2016 – 00h50

Bom, falar de mim pra vocês não é fácil. Talvez porque nem eu mesma saiba me definir. Tudo é muito recente, levou tempo para acontecer, mas eu sabia que hora ou outra eu conseguiria. Eu consegui, finalmente, eu consegui. Mas será que agora eu consegui o que eu achei que seria “melhor”? Será que agora as coisas vão mudar? Eu vejo tudo acontecer, vejo as pessoas sofrendo e não posso diminuir a dor delas. Vejo as pessoas chamando por mim e eu não posso ir até elas, simplesmente porquê habitamos em mundos diferentes. Eles sempre foram diferentes. Ou será que eu era? Bom, o fato é que agora eu não posso mais voltar atrás nas minhas escolhas, e as consequências serão muitas. Me chamo Alícia, alguns me chamavam de Ali, outros de estranha, esquisita, feia, monstrinho, avulsa, autista ou qualquer outro “adjetivo” que eles consideravam legal. Na rodinha das amigas, eu era sempre a esquisita, a que os meninos não olhavam ou fingiam não existir. Afinal, quem olharia para uma garota feia, não é mesmo? Tá, vocês não devem estar entendendo nada. Vou explicar tudo do começo, até o dia de hoje.

 

                                                                                               Terça-feira 06/02/2001 – 06h00

 

Meu primeiro dia de aula, sabia que não ia ser fácil. Passei a noite praticamente em claro imaginando como seria o novo colégio, quais seriam as novas pessoas a ignorarem que por trás daquele corpo feio tinha um ser humano que sofria calado. No alto dos meus 11 anos, eu extremamente magra, alta e com cara de poucos amigos, nenhum eu diria. Tinha lá alguns colegas de turma e que moravam próximos da minha casa, mas nenhum deles pensava muito antes de soltar uma piadinha sem graça que fazia todos rirem, menos eu. Mas enfim.. Mamãe aquele dia me acordou como sempre fazia.

M: - Ali, acorda, tá na hora. – Abriu a porta do quarto e logo a fechou.

A:  - Já vou, mãe! Mais cinco minutos. – O famoso “mais cinco minutos” que eu sempre desejei virar eternidade.

M: - Se perder a hora você vai sozinha pra aula. – Ela falou alto o suficiente pra eu ouvir. Pior do que o primeiro dia de aula, seria ir sozinha para o primeiro dia. Então, mais que depressa levantei, ainda cambaleando de sono, tomei meu banho, vesti o uniforme péssimo do colégio novo e por cima aquela velha amiga blusa de frio.

                C: - Blusa de frio, Ali? – Perguntou Caio. A proposito, é meu irmão mais novo. Talvez o único que prestasse atenção em mim naquela casa.

                A: - Não enche, garoto! – Respondi passando por ele e dando um tapa na cabeça.

                M: - Não precisa ser grossa, seu irmão só fez uma pergunta. – Pra variar, mamãe defendendo os fracos e oprimidos.

                A: - Desculpa, irmãozinho. – Respondi com cara de poucos amigos e bastante ironia. – Em menos de uma hora já estavamos indo em direção ao colégio. Caio ficaria no meu antigo colégio, já que era mais novo e ainda não tinha concluido o quarto ano, para enfim se mudar. Quando paramos na porta, logo vi uma antiga professora. Não pensei duas vezes. Desci e fui em direção a ela. A abracei como quem se abraçava a ultima ponta de esperança que tinha na vida.

H: - Minha princesa! Que falta você faz, como está hein? – Ela perguntou me olhando nos olhos.

A: - Estou bem, tia Helena. – Respondi com meu melhor sorriso, na esperança de fazê-la acreditar.

H: - Pronta para o primeiro dia de aula? – Ela perguntou e eu logo me encolhi. Sabia que não seria facil, mas tentei responde-la naturalmente.

A: - Ansiosa. – Respondi retesando o corpo.

H: - Ali, minha florzinha, não precisa ter medo. Tudo vai dar certo, tá bem? Confia na tia Helena? – Ela se abaixou ficando da minha altura e me encarando nos olhos. Me agarrei no pescoço dela, como quem dissesse: “- Não quero ir. Não me deixa ir.” E então ouvi a buzina do carro de mamãe.

H: - Vai, sua mãe está chamando. – Tive que solta-lá.  Antes de sair, tia Helena pregou uma florzinha no bolso da minha blusa que estava a morta, devido a blusa de frio aberta.

A: - Tchau, tia Helena. – Me despedi e corri em direção ao carro. Entrei e só vi mamãe me encarar pelo espelho.  Trinta minutos depois lá estava eu, na porta do que deveria ser meu novo lar, segunda casa ou apenas a escola. Mas aquilo era muito mais. Era meu inferno diário.

Mamãe desceu e abriu a porta para que eu descesse.

A: - Você não vem? – Olhei para ela que já ia voltar para o carro.

M: - Não acha que já está bem grandinha? Pode ir sozinha.  – Ela disse para ainda na porta do carro.

A: - Tudo bem, mamãe. – Abaixei a cabeça e fui em direção a entrada. Logo que subi o primeiro lance de escadas dois garotos passaram por mim e derrubaram minha mochila. Chutaram, me fizeram de boba no meio da escola. Ótimo jeito de começar fazer amigos, né? Pois é, e aquele dia só estava começando. Eles brincaram com a minha mochila por mais um tempo, até que se cansaram e resolveram joga-la por ali pra eu ir pegar.

F: - Deixa eu te ajudar. – Disse uma menina que se aproximou e abaixou próximo de mim.

A: - Não precisa, obrigada! – terminei de recolher tudo e sai correndo tentando achar o lugar mais isolado e vazio que eu pudesse. Não encontrei nada além do banheiro, então foi ali. Me tranquei em uma das cabines, tirei da mochila o estojo de cantas e procurei a única coisa que aliviaria tudo aquilo. Minha lâmina.. Sim, uma lâmina. Aquilo era como um refúgio. Uma forma de aliviar tudo que eu sentia dentro de mim. Levantei a manga da blusa e não pensei em mais nada. Fechei os olhos e deixei que ela fizesse o trabalho dela. Apertei sobre o braço e puxei. Senti o sangue sair na  hora. Não foi suficiente, ainda me doía mais na alma do que no físico. Fiz mais um, e mais outro e outros.. Por fim, quando senti que doía o suficiente, guardei meu alivio e sai para encarar de fato meu primeiro de terriíeis dias. Quando abri a porta, dei de cara com a mesma menina que havia tentado me ajudar.

F: - Oi. Eu sou Flávia, como se chama? – Ela perguntou simpática, mas eu não queria conversa naquele momento.

A: - Alicia. – Respondi, baixei a cabeça e sai.

F: - Ei, espera! Você é nova aqui, né? – Ela perguntou tentando novamente puxar assunto.

A: - Sou! Quinto ano. E você?

F: - Também. Será que estudaremos na mesma sala? Vem, vamos procurar nossa turma. – Ela me pegou pelo braço e eu instantaneamente dei um leve gemido.  – Desculpa, te machuquei?

A: - Não. Só a mochila que pesou um pouco o ombro. Vamos?

F: - Vamos!



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...