História Tulín: O Outro Mundo - Batalha na Aula

Faier estava sentado em sua cadeira na sala de aula enquanto esperava o professor chegar, ainda eram 7:05. Ao seu lado estava sua amiga Maia com a cabeça deitada na mesa e o rosto virado para a parede, e aparentemente estava dormindo.
      O dia estava normal até ali, desde que acordará de seu sonho estranho, o dia ocorreu normalmente, ele levantou, tomou um banho e veio direto pra escola, encontrou seus amigos no gramado do lado do pátio e depois subiram para a sala de aula. Obviamente, ele não queria estar ali, com sono e na escola em plena segunda-feira.
      Enquanto seus amigos conversavam nas carteiras da frente, ele simplesmente estava ali, olhando pro teto pensando no que poderia acontecer de interessante naquele dia.
      Quando estava quase caindo no sono, uma mulher entra na sala, ela era alta e branca com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo apertado que ia até a cintura, estava toda de preto, com exceção do inútil jaleco branco que usava, que parecia que estava usando apenas para que parece uma professora.
      - Olá, meu nome é Clara, sou do conselho de alunos da escola, e irei entregar uma folha a vocês, e quero que escrevam seus nomes na última linha por favor. Não façam perguntas, apenas assinem.- disse ela sem demonstrar nenhuma emoção. Apesar de ser bonita o rosto dela chegava a ser entediante.
     - Ei, Faier.- cochichou Maia. Que pelo que parecia não estava dormindo, pois estava com o celular na mão.- Eu estava falando com o Anthony da sala 7, e ele disse que tem pessoas como ela em outras salas.- disse ela dando sinal em direção a mulher que estava do outro lado da classe entregando as sulfites.
     - E daí? Ela já disse que é do conselho de alunos, pouco importa o que ela quer.- Faier disse como se sua amiga fosse louca.
     - Por acaso você sabe o que é conselho dos estudantes? Porque eu não sei.- disse insinuando algo que deveria ser óbvio.- Além de que, ela está entregando folhas em branco com uma simples linha no final. Qual o sentido disso?- questionou Maia.
     A mulher passou no meio dos dois cortando a conversa enquanto entregava uma sulfite com o título escrito "Contrato do Aluno", o resto da folha estava em branco, a não ser por uma linha no final da página que era para assinar.
     Antes que Faier pudesse questionar algo, alguém abriu a porta com um estrondo.
     Um garoto branco, com cabelos castanhos bagunçados, estava apoiado na porta respirando ofegante,  provavelmente tinha acabado de correr. Sem levantar a cabeça ele disse:
     - Desculpa... professor, cheguei um pouco... atrasado.- disse o garoto cansado.
     - Como foi que você entrou?- perguntou a mulher que tinha terminado de estregar as folhas e já estava lá frente observando com curiosidade o garoto na porta.
     - Acordou atrasado de novo não é Rock?- debochou Ray, o garoto loiro que sentará na cadeira da frente da de Faier.
     - Aposto que pulou o muro.- cochichou Corey que estava na carteira de trás.
     - O que você esta fazendo aqui?- disse Rock, em tom sério, ignorando o comentário de Ray, sem levantar a cabeça, como se soubesse quem era a mulher apenas pela voz.
     - Isso não é de sua conta comandante Montano.- disse ela com um sorriso malicioso no rosto, como de Rock fosse algo valioso que ela queria muito.
     - Bom, não importa, vou te enviar de volta de qualquer maneira, depois eu vou acabar descobrindo.- disse ele calmamente enquanto se posicionava para olhar a moça.- Provavelmente seus colegas que estavam nas outras salas já foram, se é que vieram, mas eu duvido que você tenha vindo aqui na Terra sozinha.
     A mulher não respondeu, simplesmente virou de frente para Rock em intensão de desafio.
     - Mas já vou avisando, a presidente Hartz vai ficar sabendo.- falou Rock
     - Não importa se ela sabe ou não,  aquela idiota já perdeu...- disse a mulher.
     - Já perdeu?- interrompeu o garoto.- Se ela realmente tivesse perdido vocês não viriam nesse mundo recrutar adolescentes abençoados.- disse ele.
     - O que o meu partido faz é problema do meu presidente.- reclamou a mulher.
     - Realmente eu não ligo, as assinaturas deles não contam dentro do meu território, vocês não vão conseguir nada.- explicou Rock.
     A mulher olhou com desprezo para o garoto, pelo que parecia, ela não sabia daquela informação.
     A sala de aula inteira estava em silêncio, todos prestando atenção na conversa dos dois, estava um clima tenso, como se a qualquer minuto um pularia em direção ao outro.
     - Bom, já chega, vou te mandar de volta,  não vou me gabar disso, mas ok, a não ser que você vá por conta própria,  ou prefere ir pelos socos?- perguntou o garoto enquanto se preparava para lutar.
     - Bom, eu duvido que consiga, então, tenta.- desafiou a mulher.
     Dito isso, Rock pegou uma mesa e jogou na moça, que rapidamente deu um chute jogando a carteira na lousa, o garoto então pulou em direção a mulher tentando dar um soco, mas ela desviou fazendo-o acertar a parede, destruindo una grande parte dela, a mulher dando um giro deu um chute no lado da cabeça de Rock, fazendo com que ele voasse em direção as carteiras.
     Os alunos correram para o fundo da sala tentando evitar a briga.
     Rock levantando rapidamente pegou duas mesas e jogou na mulher lá na frente, ela, dando chutes evitou ser atingida, mas antes que pudesse ver, Rock já estava com o pé em sua garganta, jogando a mulher na lousa fazendo-a cuspir sangue, a mulher caiu sentada no chão, com o queixo completamente vermelho. Não pretendendo dar o golpe final, Rock jogou a mulher na janela como se fosse de papel, fazendo cacos de vidro voarem pela sala, ele pegou a mulher apelo rabo de cavalo e começou a dar joelhadas no rosto da mulher,que surpreendentemente estava consciente. Ele a virou, colocando-a de joelhos no chão, olhando para a turma no fundo da sala, dava para ver de longe que seu rosto estava consideravelmente desfigurado.
     A sala de aula inteira em choque, tremendo e pálidos. Não conseguindo não olhar para aquela cena. Alguns estavam chorando e outros sentados no chão olhando estupefatos para a mulher.
     Rock, então pegou gentilmente no queixo vermelho da mulher com uma mão, e no topo da cabeça com outra e disse:
     - Senhoras e senhores, essa, na verdade é Clarissa Grayback, do partido mutanista, e, mesmo que a maior parte de vocês não vão se lembrar dela, eu quero que saibam,- falava ele apertando cada vez mais a cabeça da mulher, que estava quase desacordada.- ela pretendia pegar vocês, levar para um lugar horrível e transforma-los em soldados alienados. E isso, é tudo pelo qual eu e meu partido lutamos contra, e é isso o que acontece com nossos inimigos.
     Com a palavra final, sem nenhum ressentimento o garoto quebrou pescoço da mulher deixando seu corpo jogado na frente da sala, uma garota gritou, mas o resto da sala ficou horrorizada com a cena.
     O corpo da mulher começou a queimar e foi desaparecendo aos poucos, depois de alguns segundos o corpo já não estava mais ali. O sangue nas mãos de Rock também desapareceu. Ele olhou entediado para a sala e deu de ombros, pegou um celular, e ligou pra alguém. No mesmo segundo a janela explodiu.
   Faier levantou a cabeça rapidamente num susto. Ele tinha dormido na carteira, a sala estava normal e arrumada, as carteiras organizadas e a parede que Rock quebrou com um soco estava inteira. Não havia nada de diferente, tirando a parte de que quase toda a sala estava dormindo.
     Será que foi tudo um sonho? Impossível,  era real de mais. Mas como poderia tudo ter voltado ao normal de repente? Tremendo, ele pegou o celular, eram 7:15, então o tempo tinha realmente passado. Mas e aquela mulher? Rock também não estava mais lá. Como isso pode ser possível? Não queria perguntar nada á ninguém para não acharem que ele era louco. Mas ainda sim queria ter certeza de que tinha sido um sonho.
     Todos os alunos já tinham acordado, todos pareciam confusos, ou só estavam cansados. De repente alguém entra na sala. Faier ficou tenso, mas era apenas seu professor de matemática que estava atrasado. Ele colocou seu material na mesa e disse para a sala:
     - Carly, Corey, Daniel, Faier, Maia, Ray e Wendy,  é para vocês irem na diretoria agora.- avisou o professor.
     Todos os seis saíram da sala e foram e direção a diretoria.
     - O que foi que você fez agora, Corey?- perguntou Wendy, que estava penteando os cabelos loiros com os dedos, ela sempre fazia isso quando estava nervosa.
     - Eu não fiz nada, deve ter sido porque a Maia fica mexendo no celular na sala de aula.- reclamou o garoto de olhos vermelhos e cabelo castanho.
     Estavam quase chegando na diretoria quando Daniel quebrou o silêncio.
     - Espera, então viu a Maia mexendo no celular?- questionou ele.
     - Sim, é claro.- disse Corey.
     - Mas ela estava falando sobre aquela mulher com o Anthony, não estava? Perguntou Daniel.
     - Então vocês também viram tudo aquilo acontecer?- perguntou Faier.
     Antes que alguém pudesse falar mais alguma coisa, uma mulher apareceu atrás deles como uma sombra.
     Uma mulher negra de cabelos cacheados e olhos incrivelmente pretos, usava uma calca jeans e uma camisa branca com a letra T no peito, parecia uma versão mais velha de Maia.
     - Mãe? O que ta fazendo aqui?- perguntou Maia.
     - Vocês vão saber. Agora andem.- disse ela dando sinal para entrarem na diretoria.
     Quando entraram na sala do diretor, perceberam que estava faltando coisas, um computador e o armário de registros. Dentro da sala estavam uma mulher branca de cabelos castanhos com os olhos verdes usando uma camisa igual a da mãe de Maia, e Rock, um garoto moreno de cabelos e olhos castanho escuro, estava de calça jeans e com a camisa do uniforme da escola, parecia completamente normal, não parecia com alguém que tinha acabado de matar uma pessoa, mas estava completamente sério,  como se exigisse respeito.
     - O que vocês querem?- perguntou Daniel. O garoto de cabelos castanhos e olhos verdes que estava sempre preocupado.
     Respirando fundo, a mulher sentada no gabinete do diretor começou a falar:
     - Estamos aqui para explicar algumas coisas, coisas que vocês precisam saber, vamos começar pela pequena luta do senhor Rock Montano e de Clarissa Grayback.
     Antes que ela pudesse começar a falar três homens abriram a porta com força entraram na sala apontado armas para a moça na mesa. Eles estavam de preto usando coletes, com jaquetas pretas grossas e luvas de couro, pareciam uma mistura de SWAT com motoqueiros
     - Qual deles é Rock Montano?- disse o do meio com sua voz grossa guiando a arma para todos os garotos a sala. O coração de Faier quase saiu pela boca, mas ele permaneceu parado, com medo de fazer qualquer movimento e o homem atirar.
     - O que pensa que está fazendo?- disse a mulher com raiva.
      Ela levantou indignada se apoiando nas mãos na mesa. Ela nem parecia abalada, como se aquele homem fosse apenas uma criança e arma fosse de brinquedo.
     - Tenho um mandado pela busca de Rock Montano, por...- falou o homem novamente.
     - Eu sei o que ele fez, e já resolvi isso, se foi por mostrar uma luta no meio de Terranos eu já tirei providências.- interrompeu a moça, falando mais alto que o necessário.
     - Não é apenas isso, além de ter mandado uma mulher de volta a Tulín através da morte sem direitos, ele atacou uma semi-comandante em outro mundo.- disse o "policial".
     A discussão parecia que ia ficar feia, Faier e seus colegas estavam tensos, apesar de quase entender a briga, ele ainda estava com medo na arma na mão do homem, que não fez o menor sinal de abaixa-la.
     Apesar do ódio no olhar da mulher, ela respirou fundo e disse:
     - Muito bem, levem-no.