História Tunnel Vision - O encontro.

Logo despertei de um sono leve, agitado, cheio de pessoas bizarras que apontavam seus dedos pra minha cara, me sentenciando. Culpa, só isso explicava. Decidi por tomar um ar na área da piscina. Coloquei um vestido solto, peguei o elevador e desci.

Algumas poucas pessoas estavam ali, tomando Sol, nadando ou apenas conversando. Sentei em uma cadeira, de frente pra piscina. Coloquei meus óculos de sol e meus fones de ouvido. Dei o play em um das músicas dele que eu mais gostava e que estava ‘me perseguindo’ desde quando li que ele viria:Tunnel Vision.

“I know you like, I know you like, I know you like…”

Aumentei o volume e fechei os olhos. Me perdi em pensamentos. A música me transportava pra milhares de lugares diferentes no qual só existíamos eu e ele…  Ouço gritos, dezenas deles. Não dou atenção. Sinto algo diferente. “ELE está aqui”, penso. Não sei como, mas eu SEI. Abro meus olhos devagar, meu coração acelerado.

Procuro, mas não o vejo. Olho em volta, no meu lado direito, através da vidraça… ELE caminha firmemente, sorrindo e acenando pra todos que o cumprimentam. Meu coração dá um salto, uma espécie de névoa se instala em frente aos meus olhos… “Não, não posso desmaiar. Não agora”, mentalizo.

Ele vem em minha direção, tiro os fones de ouvido, atônita. Será que isso está mesmo acontecendo?Justin passa por mim, me cumprimenta com o sorriso mais lindo que eu já vi, balançando a cabeça. Sorrio de volta. Tento dizer algo, mas é em vão.

O acompanho com olhar até ele sentar-se numa sala do lado oposto ao da piscina. Há vários jornalistas ali. Ele sorri para os flashes! Não consigo aquietar meu coração que bate descompassado. Tento recuperar o fôlego, respirando profundamente… Pronto!

Não sei dizer com exatidão quanto tempo se passou até que ele se levantasse e fosse embora. Assim que ele o fez, andei disfarçadamente até o lugar onde ele estava há segundos atrás. Não, não foi propositalmente, era preciso passar por ali pra que eu pudesse voltar ao quarto.

Caminhei rapidamente, como se alguém pudesse notar o meu nervosismo. Mas espera… Dei meia volta e olhei em cima da pequena mesa de madeira ao centro. Havia uma pasta. Peguei-a disfarçadamente, sem ser notada pelas outras pessoas e a abri.

Ali dentro, havia papéis e mais papéis referentes ao show dele no Rock In Rio: setlist, entrada dos dançarinos, esquemas táticos de segurança, o trajeto a ser feito até o palco… Guardei tudo exatamente como estava e prendi a pequena pasta azul rente ao peito, como se estivesse protegendo algo.

Corro em direção á ele pelos corredores, sem saber aonde encontra-lo. Meu desespero e ansiedade misturados. Vejo-o ao longe, perto do lobby, com sua assessoria e seus três guarda costas. Corro, corro, somente corro…

- Hey, Justin… Justin!- abro caminho entre as pessoas- Por favor, eu só… - balanço a pasta azul no ar.

- DÁ LICENÇA!- um dos seguranças me empurra contra a parede. Grito.

Ele se vira devagar e me olha. Me sinto congelar de dentro pra fora.

- Eu só queria te entregar… ISSO!- entrego a pasta á ele.

- Muito obrigada!- ele sorri gentilmente, aquecendo meu coração.

Assenti e o vi sair novamente porta afora, meu espírito quase saindo fora do corpo… Isso era TUDO o que eu iria conseguir?

Voltei por onde vim e sentei-me numa das imensas poltronas do lobby. Eu iria esperar o dia todo, mas eu iria vê-lo de novo. Esperei pacientemente, uma, duas, três horas… Confesso que acabei cochilando ali mesmo. Acordei com nova movimentação. ELE.

Olhei pros lados procurando Nina, mas não a vi. Queria que ela presenciasse toda a minha audácia caso um dia eu me esquecesse ou pensasse ter sido um sonho. Andei rapidamente até o meio da sala, a fim de que fosse impossível pra ele não me notar.

Justin sorriu pra mim pela terceira vez aquele dia! Achei que ele tivesse parado pra me olhar, mas não tenho certeza disso. Na minha mente, ele apenas sorriu. Apenas.

Continuei ali, decepcionada por hora. Voltei a me sentar, colocando as mãos sobre o colo, fitando o chão.

- Hey, você!- uma loira me chama, parada em frente á mim- Oi!

- Ah, oi!- dou um meio sorriso.

- Pode vir comigo, por favor?- ela me convida educadamente- JT gostaria muito de conhecê-la!

“Gostaria muito de conhecê-la… Conhece-la. Me conhecer….” – Vozes ecoam dentro da minha mente.

Me levanto apressadamente, um choque transcorrendo meu corpo. Acompanho a moça até a piscina. Não sei como consegui caminhar, a imagem desse momento não existe em minhas recordações. ANESTESIADA, eu estava.

Ela me indica uma mesa ao fundo. Caminho até lá, meu corpo tremendo, minhas mãos suando frio… Vejo-o apertar a mão de dois caras que saem logo em seguida, nos deixando á sós com um segurança.

- Oi!- ele me diz sorrindo, tirando os óculos de sol e colocando-os sobre a mesa.

- Oi!- tento não gaguejar e demonstrar toda a minha ansiedade.

- Sente-se!- ele me mostra a cadeira, de frente á ele. Sento.

Não sei como me comportar diante dele, aqueles lindos olhos azuis me fitando com curiosidade e agradecimento, aquele sorriso, aquela ternura…

- Gostaria de tomar alguma coisa?- ele pergunta-me- Um suco talvez…?

- Suco está bom!- limito-me a dizer feito uma criança encabulada- De laranja!

Ele pede pra que tragam o mesmo pra ele. Olho no grande relógio em seu pulso. 19h45.

- Queria agradecer por ter me devolvido a pasta. Foi muito gentil da sua parte!- ele puxa assunto.

- Tudo bem- tento não parecer boba demais.

Os sucos chegam rápido. Bebi quase tudo de um gole só, mas me arrependi de ter feito, pois isso só diminuiria meu tempo com ele.

- Me desculpa, mas preciso ir!- ele se levanta. Me levanto também.

- Sem problemas- sorrio forçado. Também já vou!

Ele me fita apertando os olhos, me analisando.

- Posso te acompanhar?

Assenti sentindo meu estomago se revirar. Eu estava prestes a ter uma síncope! Caminhamos lentamente até nossos respectivos quartos.

- Gostaria de saber uma coisa- ele passa as mãos pela barba, sorrindo encabulado agora- Seja sincera, ok? Você é minha fã ou…?

- Sou! – respondo rápido- Muito fã!

- Legal!- ele ri.

- Bom, aqui é minha deixa- ele para em frente ao seu quarto.

- Até logo!- digo.

Ele me olha novamente. Sinto minhas pernas fraquejarem.

- Será que você não gostaria de ir á um jantar essa noite?

- Como?- não entendo.

- A um jantar- ele ri de mim- Estou te convidando. Apenas o pessoal da banda, nada muito formal.

- Eu… Ado- adoraria! – gaguejo.

- Ás 23h então? No salão de festas? O menor!

Assenti e entrei pro meu quarto, há poucos metros do dele. Me joguei na cama e gritei de felicidade contra o travesseiro! Será que era possível ser tão feliz assim? Corri pro banheiro, enchi a banheira, acendi várias velas aromáticas, joguei sais de banho na água, tirei minha roupa e entrei…  Conectei meu i-Pod numa música qualquer e relaxei! (…)