Quase dois meses haviam se passado desde a última vez que o vi. Foram os dias mais difíceis de toda a minha vida. Uma semana depois de sua partida, me vi em uma crise depressiva, não tinha vontade de comer, de levantar da cama, de viver… Eu só pensava nele, a cada segundo. Os segundos se arrastando numa espera interminável e sem fundamento.
Aonde quer que eu fosse ele estava comigo. Mais intensamente do que antes, muito mais! Eu saía á rua e o via em toda parte, em cada cara que passava por mim, cada voz que se dirigia á mim, cada sorriso.
Me tranquei em meu mundo particular no qual só existíamos eu e ele. Revivi todos os momentos, como um filme. Ouvi suas musicas, vídeos e filmes, tentando amenizar a dor e me sentir mais perto dele, mais conectada á ele. No começo ajudou, mas com o tempo, já não era suficiente. Eu tinha crises de ansiedade, tonturas, vômitos, gritava a todo o momento, de raiva, mas principalmente de saudade…
Foi então que Ka veio ficar comigo por um tempo. Minha família e eu não tínhamos muito contato ultimamente, ela era a única com quem eu podia contar. Ela chegou em um dos piores dias. Estava chovendo muito, ventava, fazia frio e eu estava completamente jogada na cama há quase dois dias… Sem comer, sem tomar banho, só chorando e caindo cada vez mais em um abismo de desespero do qual ninguém podia me salvar.
- Levanta daí! Você não pode ficar assim!- ela diz me olhando sério, irritada e com pena do meu estado deplorável!
Olhei de volta pra ela, mas não tinha forças pra falar.
- Só você mesmo pra não ter pegado o telefone dele, o endereço ou qualquer porcaria que te levasse á ele de novo- ela senta na poltrona e acende um cigarro. Ka era a minha versão ‘doida’: extremamente confiante e decidida!
Sentei com dificuldade na cama, tentando escutar o que ela dizia.
- Vim ver como você estava e pelo jeito, tá pior do que nunca!- ela me anima- Passei no teu emprego, te deram uma licença de 15 dias… Mas acho melhor você ir lá e dizer que não vai mais voltar por um tempo. Tamo indo pros EUA!
- Como?- consegui dizer após muito esforço.
- Isso, Estados Unidos da América, Califórnia, Los Angeles!- ela revira os olhos, como se fosse tudo óbvio demais- VAMOS DESCER AQUELA CIDADE ABAIXO ATRÁS DELE!- ela grita, se empolgando.
- Mas como… Eu não tenho dinheiro, você… - pra mim, ela estava louca ou era alguma piada sem graça.
- Um cara que conheci, a gente tá se pegando há tempos, ele mora na Califórnia e me convidou pra ir morar com ele, durante uns meses, pra ver se a gente se entende… Daí tive a ideia genial de você ir com a gente! Afinal, o senhor ‘sou lindo e te peguei no hotel’ te devolveu o dinheiro, não?! Meu dinheiro e seu dinheiro é igual á gente FERVENDO em L.A, bitch!
- Você só pode tá brincando… - levantei e senti minha cabeça rodar.
- Não to! Amanhã a gente tá indo tirar seu visto e daqui uns dias, se tudo der certo, adeus vida idiota e chororô!- ela me abraça.
- Não sei o que dizer… Obrigada, obrigada, obrigada!- encho-a de beijos.
- Guarde isso pro teu homem quando você o ver!- ela me empurra, brincando (…)
Vinte dias depois, estávamos embarcando pra Los Angeles! Matt, o namorado da Ka, era músico e tinha um apartamento bacana no centro de Los Angeles. Assim que chegamos, numa sexta feira a noite, fui direto pro ‘meu’ quarto. O quarto era bem pequeno, mas arejado e com uma vista bonita. Me sentia feliz de estar ali e ansiosa pra tudo o que viria a acontecer! (…)
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