História Tunnel Vision - 2 de 2

 

[...]

POV BamBam (Kunpimook)

Quando se é adolescente é normal sentir-se atraído por outras pessoas certo? É errado me sentir assim em relação a Jackson? Espero que não, porque não pude evitar de me sentir atraído depois de vê-lo pela primeira vez.

 

Com o tempo Jack me ajudou muito, se tornou alguém muito presente e ativo na minha vida, não poderia viver sem a presença dele mais, quer dizer, poderia, mas seria horrível. Decidimos que apenas nos relacionariamos apenas pelas conexões, caso houvesse o “corte” de nossa conexão, teríamos nossos contatos, mas não deveríamos usá-los, não por enquanto.

 

Depois que alguns meses tive curiosidade para saber o rosto de Jackson, segundo sua namorada, ele era lindo e sempre afirmava quando o via no trabalho. Jackson trabalhava em uma empresa de publicidade e sua chefe era nada mais nada menos que sua incrível namorada. Às vezes me sentia enjoado em como ela era doce em extremo com Jack, acho que aquilo irritava-o um pouco também, mas nunca me meteria naquilo.

 

Estava eu mais uma vez estudando como um condenado em meu quarto quando tive mais uma conexão com Wang, mas ele não tinha falado mais cedo que iria se conectar então me assustei um pouco. Ele estava em um local muito requintado, rodeado por pessoas engravatadas e quando viu que estava conectado a mim, saiu do lugar imediatamente em direção ao que se parecia o banheiro, sua visão estava um pouco turva. Ao adentrar o local que achava ser um banheiro ele me chamou.

 

- Kunpimook? – Sua voz era ofegante.

- Sim? – Respondi com uma voz duvidosa.

- Por que se conectou agora? Algum problema? – Ele indagou olhando para seus pés.

- Hã? Não foi você? – Indaguei curioso.

- Não... – Ele suspirou baixo. – Está estudando tudo o que te ensinei? – Ele indagou levantando o rosto e olhando para o espelho a sua frente.

 

Não pude responder, pois sua imagem nunca tinha sido tão clara. Ele era loiro, seu rosto perfeitamente moldado e sua expressão de angústia era evidente. Quem entrasse em meu quarto acharia que estava em transe porque não conseguia sequer piscar.

 

- Bam? – Ele me chamou pelo apelido, mas ignorei. – Bam! Não acredito, só eu fiquei conectado?!

- Hã... Não... – Disse incerto ainda olhando sua imagem que refletia no espelho.

- Por que não me respondeu então?

- Jackson olha pra frente. – Disse calmamente e ele encarou o espelho.

- O que foi? – Ele indagou confuso.

- É a primeira vez que te vejo. – Disse sorrindo, por algum motivo meu coração no mesmo instante bateu mais forte que o normal.

- Ah! Verdade... – Disse Jackson desviando o olhar do espelho e pousando sua destra em seu peito apertando-o de leve.

 

Senti seu aperto, meu coração estava inquieto. Queria saber se era o meu mesmo ou o de Jackson, mas quando iria perguntar outra pessoa adentrou o banheiro.

Vi Jackson pegar seu celular imediatamente e digitar algo muito rapidamente, sua visão se focou somente ao celular e li o que ele havia escrito.

 

“Kunpimook, eu preciso te contar uma coisa, mas primeiro tenho que confirmar algo. Tente desconectar-se agora, não quero que veja isso.”

 

Apenas resmunguei que tinha entendido e ele colocou seu celular novamente no bolso. Curioso como era, fechei meus olhos e me concentrei apenas no local onde Jack estava, ele havia voltado a multidão de pessoas e pela angústia que sentia, ele parecia procurar alguém. Wang olhava incessantemente para todos os lados, mas não parava o olhar em nenhum local, pude vê-lo andar um pouco mais rápido em direção a uma roda de pessoas, ele encostou no braço de um homem que disse algo em chinês que não havia entendido. Jackson assentiu com a cabeça e saiu em disparada a um local que parecia ser mais reservado na festa. Haviam várias portas e Jack procurava uma em específico, a sala 7. Senti mais uma vez meu coração disparar, poderia ser minha curiosidade ou o de Jackson, nunca saberia a resposta.

 

Jackson ia empurrar a porta quando pude ouvir um comentário em chinês com o nome do mesmo no meio, Jack se repudiou e continuou ouvindo a conversa por trás da porta. Meu coração poderia sair de meu peito a qualquer momento, pois o de Wang estava trabalhando incessantemente, o vi sair de perto da porta depois de alguns instantes e ir em direção ao que se parecia a saída.

 

Jackson saiu do evento e pediu ao manobrista que lhe trouxera seu carro, esperou impacientemente pelo carro e quando o mesmo havia chegado, entrou rapidamente e saiu cantando pneu com o carro. Preocupei-me naquele instante, não tinha entendido por conta da porta e pelo chinês extremamente rápido, então não sabia o que estava acontecendo. O carro onde Jack estava acelerava a cada segundo, pude ver a velocidade, já chegava na casa dos 150 km h e fiquei extremamente preocupado, ia falar algo, mas o vi desacelerar o carro e voltar a velocidade ideal, quando parou o carro em um semáforo. Mais uma vez ele pegou seu celular e procurou um número, ligou para o mesmo assim que o achou, não pude ver o nome da pessoa, mas soube quem era quando senti o celular em meu bolso vibrar.

 

Desconectei-me imediatamente de Jack e atendi à chamada do mesmo, não pensei duas vezes.

 

BamBam: Jackson?

Jackson: Por favor me distraia.

BamBam: Por quê? O que aconteceu?

Jackson: Só me distrai, por favor.

BamBam: É… Está com internet?

Jackson: Quê? Pra quê?

BamBam: Me responda Jackson, está com ou não?

Jackson: Estou.

BamBam: Baixe o arquivo que acabei de enviar pro seu celular.

Jackson: Hm. Ok. - Um leve silêncio pairou. - É um áudio?

BamBam: Isso!

Jackson: Vou ouvir ago- - Sua fala foi cortada quando seu celular tocou revelando outra chamada. - Bam, eu já já te ligo de novo, calma aí.

BamBam: Ok…

 

Jackson desligou o celular e não sabia direito o que fazer, se me conectava novamente eu simplesmente esperava. Se eu tentasse me conectar novamente ele poderia sentir então decidi apenas esperar sua ligação de volta. Demorou alguns bons minutos, eu já estava impaciente e iria me conectar quando senti o celular vibrar novamente.

 

Jackson: Vejo que melhorou muito na pronúncia, fico feliz. - Disse ele com um riso soprado.

BamBam: Tudo graças a você. - Lhe respondi sentindo meu rosto esquentar.

Jackson: Pode se conectar comigo daqui a pouco, quando eu chegar em casa eu te chamo, tá? - Ouvi Jack falando com outra pessoa enquanto falava comigo, ele estava pagando algo.

BamBam: Tá bom, é só me ligar.

Jackson: Ok, até mais Bammie.

 

Ele desligou sem esperar uma resposta, mesmo que tivesse esperado eu não o responderia, meu coração batia feito louco contra meu peito só porque ele havia me chamado de “Bammie”.

 

[...]

 

Fiquei extasiado olhando para a parede de meu quarto até ouvir meu celular tocando de novo, era Jackson dando o aviso para me conectar. Desliguei o celular e fechei meus olhos para me concentrar, em poucos instantes estava ouvindo uma música, do meu quarto não era então isso significava que tinha me conectado.

 

- Está na sua cama? Você está quente. - Disse Jackson abrindo uma lata.

- Estou, é que tá frio aqui. - Respondi-lhe e tentava identificar que bebida era.

- Queria que estivesse aqui agora, seria bem mais fácil sabe? - Confessou ele bebendo um gole da bebida, senti meu corpo se arrepiar.

- Por que está bebendo? Não vai me contar o que tá acontecendo? - Indaguei um pouco irritado.

- Não é nada Bammie, é só que as pessoas são muito más por causa do dinheiro, sabia? Ela não se importam em machucar alguém quando o assunto é dinheiro, que se foda os sentimentos do outro. - Ele riu ironicamente bebendo mais um pouco.

- Quem fez isso com você? O que houve? Me explica! - Levantei um pouco demais o tom de voz.

- Sabe minha namorada? Ela… Aquela coisa… Eu tenho desconfiado dela há meses mas hoje foi a gota d’água, eu ouvi ela com aquele cara e como se não estivesse bom ela resolveu me ligar pra me humilhar, é por isso que estou assim e é por isso que estou bebendo. - Ele disse com a voz um pouco embargada. - Sabe o que é pior? Eu nunca a namorei por amá-la de verdade, tudo por causa do meu pai, ele que me obrigou a fazer isso e ela ainda tem a cara de pau de me trair…

- Ela te traiu?! Mas por quê?! - Perguntei revoltado.

- Porque o outro cara era mais rico. - Respondeu simplista levantando e indo até as escadas de seu apartamento que tinha dois andares.

- Jackie… Não fique assim… - Eu podia sentir o aperto no peito que ele sentia.

- Jackie, gostei do apelido, pode usar mais ok? - O corpo de Jackson ficava cada vez mais quente.

- Jackie porque não deita e tenta dormir um pouco?

- Não estou com sono… - Ele disse se levantando. - Bammie.

- Sim?

- Vai até um espelho. - Disse ele andando, fiz o mesmo parando em frente ao espelho que havia na porta de meu guarda-roupas.

- Oi. - Disse risonho me olhando no espelho, Jack fazia o mesmo.

- Seria legal se eu pudesse te conhecer né? - Ele disse bebendo o resto de líquido que havia na lata jogando-a no chão.

- Seria bem legal. - Confessei abaixando a cabeça.

- Bammie. - Ele me chamou e levantei o olhar. - Pode sentir?

 

A mão de Jackson acariciando sua própria cabeça porém eu podia senti-la passear entre meus fios, como se a mão dele estivesse ali.

 

- Isso é muito estranho. - Falei rindo enquanto levava minha mão aos cabelos também, vi Jack se assustar e rir.

- Realmente. - Ele sorriu, o sorriso mais bonito que já tinha visto. - Por que será que somos assim? Por que nós dois?

- Me pergunto isso todos os dias.

 

Um silêncio pairou até que Jack parou com o carinho na própria cabeça e fosse descendo sua mão, passando pelo pescoço, peito e quadril. Me arrepiei por cada parte e fechei os olhos para sentir suas mãos passeando por mim.

 

- Bammie, você quer tentar uma coisa comigo? - Jackson perguntou com sua mão perto do cós de sua cueca.

- De-Depende. - Disse um pouco ruborizado saindo da frente do espelho e sentando-me na cama.

- Diga sim ou não. - Ele disse autoritário.

- Nunca conseguiria te dizer não… - Confessei me largando na cama.

- Ok então.

 

Segundos depois senti a mão de Jack segurando algo que não tocava muito apesar de ser um adolescente, eu tinha vergonha só de pensar que um dia “usaria” aquilo com alguém. Ele mexeu e não pude evitar de tocar lá também, como num pedido para que ele parasse.

 

- Bam. - Eu resmunguei para que ele concluísse o que ia dizer. - Por favor.

- E-Eu- Ele me interrompeu.

- BamBam eu gosto de você.

 

Fiquei sem palavras e sem reação, deve ser o efeito da bebida, certo? Sim, só podia ser.

 

- Jack você está bêbado, pare de falar bobagens. - Disse rindo.

- Não estou, então por favor sinta. - Ele disse baixinho quase num sussurro.

 

Esperei seus próximos atos, mesmo não acreditando na confissão de momentos atrás eu desejava fazer isso, se fosse com Jackson eu gostaria. As mãos do loiro mais uma vez seguraram o seu membro que já estava levemente acordo, ainda por cima da roupa ele fez movimentos para que o estimulasse.

 

- Eu preciso que você corresponda ao que estou fazendo, senão vai ser como das outras vezes que fiz sem que você soubesse.

 

Ele disse calmamente me fazendo arrepiar, ele fizera isso outras vezes, não pensando em mim né? Ele movia sua mão cada vez com mais fervor e me fazia soltar leves arfares, aquilo era extremamente bom, não poderia negar isso. Minutos depois a mão de Jack abaixou o que cobria seu membro e eu fiz o mesmo, agora não só Jack fazia algo, eu também me estimulava, consequentemente ele sentia e gemia, gemia tão lindamente que era a coisa mais linda que havia ouvido na vida. E continuamos assim por longo minutos, eu tentava me conter por não morar sozinho como ele, mas já Jack gemia com toda sua força, se contorcia e por algumas vezes sentia que ele iria chamar meu nome, mas nada foi realmente claro. Os movimentos eram mais rápido, eu já suava assim como o loiro há milhares de quilômetros de mim, estávamos quase lá, quando Jack parou.

 

- Bammie, eu vou-

- Só continua Jackson, por favor… - Falei arrastado ainda movendo minha mão rapidamente.

 

Jackson voltou a se tocar rapidamente e acabou chegando ao ápice um pouco antes de mim, me surpreendi quando ouvi meu nome ser falado enquanto sua mão se sujava com gozo, nem tive tempo de raciocinar direito porque o meu veio em seguida e inevitavelmente chamei seu nome de forma arrastada.

 

Ficamos em silêncio depois disso, eu podia sentir o coração acelerado, porém não sabia se era realmente o meu o de Jackson, meu corpo estava suado e eu estava realmente cansado, dirá Jack que trabalha o dia inteiro… O silêncio já era constrangedor quando resolvi cessar.

 

- Jackie. - Chamei-o de forma carinhosa.

- Sim, Bammie. - Ele respondeu imadiatamente.

- Eu te amo.

 

Outro silêncio pairou, o meu coração batia feito louco, assim como o de Jack, ele se sentou na cama e riu.

 

- Eu também te amo Kunpimook Bhuwakul.

 

[...]

 

Haviam se passado mais de três meses desde nossa primeira confissão, nós nos aproximamos ainda mais, nos tornamos ainda mais dependentes um do outro e não podíamos mais viver um sem o outro. Eu fazia minha última prova do ano, a mais importante porque os melhores alunos podiam ganhar a bolsas fora do país e eu estava doido para ser contemplado com uma para China. Havia estudado muito para essa prova e esperava que desse tudo certo. Não havia falado com Jack naquele dia porque estava tão ansioso que só podia me concentrar na prova e no meu objetivo que era tirar a melhor nota. Ao sair do local onde tinha passado mais de três horas respondendo a prova fui direto para o ponto de ônibus para voltar pra casa. Peguei meu celular e liguei para Jack, mas estranhamente a chamada não podia ser completada. Então fechei meus olhos ali mesmo, no meio das pessoas tentando me conectar à ele, quando finalmente o fiz vi que ele estava num carro. Peguei meu celular para fingir que falava ao telefone.

 

- Onde você tá? - Indaguei curioso.

- Na Tailândia e você? - Ele riu olhando em volta.

- Que?

- Eu estou na Tailândia.

 

Deixei minha mão descer até meu colo, eu não podia acreditar no que estava acontecendo, não podia ser real.

 

- Você está com um casaco bege né? Levanta a cabeça Bammie. - Jackson disse animado.

 

Quando levantei o olhar vi Jackson sorrindo e vindo ao meu encontro, eu estava dormindo certo? Só podia estar!

 

- Você não está dormindo Bammie, eu estou aqui. - Respondeu Jackson chegando mais perto ainda.

- Jackie… - Suspirei alto me levantando e encontrando os braços abertos do loiro.

- Finalmente, agora sim. - Ele riu mesmo estando um pouco choroso.

- Jackson isso não pode ser real. - Eu disse lhe apertando ainda mais.

- Mas é Bammie, eu sempre fui real. Aliás, nossa conexão sempre foi real meu pequeno.

 

Nunca soubemos o porque disso acontecer com nós dois, mas de uma coisa sabemos.

Nós nunca mais vamos nos separar porque temos uma fita que nos une, a fita é o nosso destino.

Fim