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História Origins - O fim de uma jornada


Escrita por: DixBarchester

Notas do Autor


Oie ♥

Ai gente, nem sei como começar aqui, esse é o último cap de Origins e eu ainda estou meio (ou totalmente) abalada.
Estou muito orgulhosa da Char e de todo o desenvolvimento dela, e na minha opinião teremos um final muito digno.
Espero sinceramente que gostem.

Boa leitura.

Capítulo 43 - O fim de uma jornada


Fanfic / Fanfiction Origins - O fim de uma jornada

 

 

Daryl Dixon
Alexandria

Então eu já estava há quase três anos na merda do apocalipse e pensava que nada mais poderia me pegar de surpresa, que nada mais me deixaria em choque, que eu estava preparado pra tudo. Que não existia desespero que eu já não tivesse vivido. Eu achava que podia lidar com qualquer coisa...

Mas eu não podia lidar com aquilo.

Percebi toda a visão que eu tinha da vida mudar enquanto carregava o corpo inerte de Charlotte nos braços. O sangue dela escorria pela minha roupa e eu podia sentir a vida esvaindo dela em uma velocidade assustadora.

A única mulher que eu já tinha amado na vida estava morrendo nos meus braços e eu não podia fazer nada além de correr.

Eu não sabia o que tinha acontecido, eu não tinha ideia do que ainda estava acontecendo. Eu não me importava. Eu sequer ouvia as vozes ao redor ou me preocupava em saber se mais alguém estava vindo atrás de mim.

Tudo que eu sabia é que eu tinha que seguir o Alex, pois assim que vi Rick matar o médico da cidade, eu sabia que Alexander Pierce era minha única esperança.

Era como se estivéssemos correndo contra o tempo, como se cada segundo se esvaísse como areia por entre os meus dedos.

Alex abriu as portas da casa onde a enfermaria ficava sem nenhuma sutileza. Ele também estava fora do controle, exatamente como eu.

— Coloca ela aqui. — Puxou uma das macas.

Aquela foi a cena mais assustadora de toda a minha vida, o corpo de Charlotte estava totalmente mole, o rosto estava pálido e ela estava muito mais gelada que o normal.

Por favor não me deixe. Você não pode fazer isso. Eu te amo tanto. Fica comigo. Era tudo que eu conseguia pensar, repetidas vezes como um mantra.

Alex ia de um lado para o outro pegando suprimentos médicos, me mandando fazer pressão sobre o ferimento, dizendo coisas desconexas que eu não me preocupei em tentar entender.

Tinha tanto sangue que não dava pra saber o tamanho do corte, não dava pra saber se ela ficaria bem... E eu podia sentir a respiração dela cada vez mais rarefeito sob minhas palmas.

— Ela vai ficar bem, não vai? — Perguntei em desespero.

— Ela tem que ficar, ela prometeu... — A resposta de Alex veio baixa, não era pra mim, era pra ele mesmo.

— O que houve? — Ouvi a voz de Rosita, mas não levantei a cabeça pra encará-la, meus olhos estavam fixos no rosto desacordado de Charlotte.

— Foi um acidente. Pete estava com a katana da Michonne, ele estava fora do controle. Reg e Charmy tentaram detê-lo. Reg está morto. — Alex explicou muito rápido.

Rosita assumiu meu lugar, muito devagar. E eu fiquei meio de fora, parado bem do lado de Charlotte, segurando sua mão enquanto todos os nossos momentos passavam pela minha cabeça. Eu não podia perdê-la.

O sangue dela estava em mim, estava por toda parte, e isso só deixava a cena ainda mais macabra e assustadora.

— Alguém precisa trazer o Pete aqui, ele fez isso, ele tem que consertar. Apenas um cirurgião pode dar alguma chance a ela. E nós dois sequer somos médicos, Alex. — Rosita exclamou tentando limpar todo o sangue.

— Ele está morto. — Foi só o que Alex respondeu.

As pessoas foram chegando aos poucos, eu podia ouvir as vozes, nosso grupo estava lá, mas eu estava muito longe, me afogando em um mar de desespero e dor. Se eu a perdesse...

Segurava a mão de Charlotte o mais forte que podia, como se isso pudesse impedi-la de me deixar. Não era justo que depois de tudo ela fosse arrancada de mim daquela forma. Não era justo...

Ouvi Aaron tentando controlar a situação, ele mandou Eric chamar alguém. Pelo pouco que prestei atenção era uma médica ou algo assim.

Menos de um minuto depois a mulher apareceu. Dei uma olhada nela e minhas esperanças minguaram um pouco. Se chamava Denise, e obviamente nunca tinha feito algo como aquilo, eu duvidava até que ela já tivesse visto sangue de perto. E havia muito sangue ali...

Aquele ditado que diz "tudo que é ruim pode piorar" é totalmente verdadeiro. Glenn chegou carregado e todo arrebentado junto com o idiota do Nicholas.

Era o caos. Era como se o mundo estivesse acabando de novo. Eu me sentia impotente e inútil. Era como se o chão estivesse desabando sob os meus pés ou como se o céu estivesse caindo na minha cabeça.

— Ela não está respirando! — Denise advertiu e eu vi tudo perder o foco.

Foi como uma sequência de flashes macabros. As coisas acontecendo muito rápido. Os sons muito longe, como se eu estivesse submerso em tanta dor que todos os meus sentidos estivessem comprometidos. Alex fazia massagem cardíaca e acredito que eu tenha me alterado um pouco.

— Tira ele daqui. — Algum deles mandou.

Eu não queria ir. Eu não podia. Eu não ia abandonar a Charlotte. Soquei a cara de alguém que tentou me arrastar, acho que era o Abraham. De repente pelo menos três caras tentavam me conter, enquanto eu dizia, ou gritava, que não ia a lugar nenhum. Mas eu senti que não tinha metade da minha força, porque sem Charlotte Walsh não me sobrava nada...

Então eu estava do lado de fora, andando de um lado para o outro naquela varanda pequena e claustrofóbica, minha mente estava longe, em uma pequena casa no meio de Alexandria, onde Charlotte disse que me amava pela primeira vez. E Meu coração estava lá dentro da enfermaria com ela.

— Aqui, tome isso. — Carol me ofereceu um copo de água e um comprimido.

— Eu não vou tomar merda nenhuma. — Fui grosso, nem sei bem porquê.

— É calmante. — Respondeu como quem fala com uma criança. — Você precisa tomar, se tiver uma crise nervosa teremos mais um problema pra resolver, e você sabe que não temos médicos. Você precisa de acalmar, essa é a única ajuda que você pode dar pra Charlotte agora.

Peguei a merda do copo da mão dela junto com os comprimidos e tomei tudo em um gole só.

Era a merda de uma vida de bosta, eu simplesmente não podia acreditar que aquilo estava acontecendo... Por puro impulso joguei o copo longe e ouvi o vidro de espatifar em mil pedaços.

Passei a mão pelo rosto e parei de andar, respirando fundo e deixando meus ombros caírem.

— Eu não devia ter ido a lugar nenhum. Eu devia ter ficado aqui com ela... — Suspirei sentindo todo o meu corpo pesar.

— Não foi sua culpa, Daryl. — Carol afirmou muito calma tocando meu ombro e me trazendo pra um abraço.

Me deixei envolver, deixei que todos os muros caíssem e que as lágrimas viessem junto.

— Eu não posso perdê-la... Eu simplesmente não posso. — Desabafei.

— Hey, calma. Olha pra mim. — Segurou minha cabeça com doçura. — Você pensou que a tinha perdido uma vez, se lembra? E ela voltou pra você, ela vai voltar dessa vez também.

Assenti fracamente, tentando me agarrar aquilo com todas as minhas forças. Senti que o calmante fazia efeito e simplesmente deixei meu corpo cair, sentando no chão da varanda.

Não era como da outra vez, eu pensei que ela estivesse morta, mas no fundo tinha esperanças, era totalmente diferente de carregar o corpo dela, sabendo que um segundo podia ser a linha que separava a vida e a morte.

Era diferente porque eu a tinha deixado entrar totalmente. Era diferente porque ela me mostrou o que era ser amado. Era diferente porque eu a amava mais que tudo.

Aos poucos nosso grupo foi se juntando ali, Michonne, Eugene, Abraham, e até o padre apareceram, Aaron também se juntou a nós, enquanto Maggie, Glenn, Rosita e os outros estavam do lado de dentro.

Um tempo depois Rick veio caminhando com Carl e Judy, ele tinha vindo antes, mas eu mal o vi, tão imerso na minha própria dor que era incapaz de ver a dele. Depois teve que lidar com o tal Morgan e com Deanna e os corpos que tinham ficado no lugar da reunião.

— Como ela está? — Perguntou diretamente pra mim, tocando meu ombro e se sentando ao meu lado.

— Não sei... Ninguém trouxe notícias e eu não posso entrar. — Suspirei sem ânimo.

— Sinto muito, é a segunda vez que algo ruim acontece enquanto ela está comigo. — Lamentou e eu soube que estava sendo sincero, Rick se culpava, ele era o tipo de cara que sempre se veria responsável por tudo de ruim que acontecesse com as pessoas a sua volta. — É só que... Ela mudou tanto, ficou tão forte e eu acabei esquecendo que ela ainda é só uma garota, ela não é de ferro. Eu falhei com ela e falhei com você também. Sinto muito...

Assenti, embora não tenha respondido nada, eu sabia que não era culpa do Rick, mesmo que eu não estivesse lá na hora, eu tinha certeza que não era culpa dele.

— A Char vai ficar bem. — Ouvi Carl dizer muito convicto enquanto entregava a irmã para Michonne.

Desejei ter pelo menos metade da convicção do garoto com metade da minha idade, mas conforme o tempo passava eu só ficava ainda mais preocupado.

Alguém finalmente abriu a porta e eu praticamente pulei pra ficar de pé e encarar Eric que nos olhava um tanto preocupado.

— Como ela está? — Perguntei com a voz cheia de urgência.

— Estável, eu acho... — Algo no tom de Eric denunciou uma preocupação que me deixou alarmado.

— Qual o problema? — Fui rude, mesmo não querendo ser.

— Ela perdeu muito sangue, Alex é "O" negativo e está doando, mas talvez não seja o bastante. E não sabemos o tipo de sangue dela... Assim como a maioria da comunidade não sabe o próprio sangue. Isso dificulta muito as coisas

Instintivamente olhei pra Rick, e ele negou algumas vezes. Ele não sabia o tipo sanguíneo dela, isso nos colocava em um impasse.

— É "A" negativo. — Carl afirmou e Rick o fitou sem entender — Quando você levou o tiro, tudo mundo fez exame pra saber quem podia doar. Ela não podia doar pra você porque o sangue não era compatível.

Eric não pareceu contente com aquilo.

— Qual o problema? — Aaron foi o primeiro a perguntar.

— "A" negativo só pode receber doações do mesmo tipo, ou do tipo universal como o do Alex, isso dificulta nossa busca. — Explicou, deixando os ombros caírem.

— Não dificulta, não. — Retruquei. — Eu sou "A" negativo.

Meu coração estava disparado no meu peito, a adrenalina correndo a mil, poder fazer alguma coisa pela Charlotte, qualquer coisa, mesmo que fosse apenas doar sangue, foi como respirar ar puro depois de dias no meio da fumaça.

— Tem certeza? — Eric perguntou e eu tive vontade de socar a fuça dele.

— Absoluta! — Rosnei.

O que o idiota estava pensando? Que eu ia mentir e arriscar a vida da mulher que eu amava no processo?

— Okay, entre. — Chamou, abrindo mais a porta.

Do lado de dentro da enfermaria as coisas estavam calmas, Maggie e Glenn estavam em um canto, conversando com Rosita e Tara. O coreano me lançou um sorriso encorajador e eu apenas assenti com a cabeça. Eu não era muito de confraternizar, mas tinha que admitir que ter o apoio de todos eles naquele momento estava fazendo toda a diferença. De outra forma eu teria enlouquecido.

Eric apontou um dos quartos e fez sinal para que eu entrasse. O lugar não tinha cara de hospital, felizmente, mas nem isso foi capaz de amenizar a imagem de Charlotte desacordada e muito pálida. Em nada parecida com a garota cheia de vida que tinha me enlouquecido há duas noites. Parecia tão frágil e muito mais nova. Cada detalhe daquela imagem me apavorava.

Havia dois cateters, um em cada braço, um para o sangue e outro para algo que eu supus ser soro. Eu não precisava que ninguém me dissesse, eu sabia que ela estava mal, e isso fez o medo me tomar tão ferozmente que cheguei a tremer.

— Daryl vai doar, o sangue dos dois e do mesmo tipo. — Eric avisou e se retirou.

Alex estava sentando em uma cadeira ao lado da cama, segurando a mão de Charlotte com a cabeça baixa.

— Senta aqui, senhor Dixon. — A mulher chamada Denise puxou outra cadeira quase ao lado dele.

Percebi, enquanto a suposta médica me fazia algumas perguntas padrão e eu respondia mecanicamente, que ela não tinha a menor experiência ou habilidade com aquilo. Ela tremia e dava uma porção de desculpas que eu sequer ouvi. Minutos depois ela saiu enquanto meu sangue era transpassado para uma bolsa plástica.

— Alex? Como ela está? — Perguntei vendo que ele sequer me encarara uma única vez.

O moreno ergueu a cabeça e era a imagem do desespero, os olhos estavam terrivelmente vermelhos, como se tivesse chorado por horas e aquela certeza só me deixou mais devastado.

— Eu não sei. — Negou abaixando a cabeça novamente, como se estivesse envergonhado. — Tivemos sorte de ter praticamente tudo que precisávamos aqui, e mais sorte ainda porque o corte não foi tão profundo quanto parecia. Mas a verdade é que eu não sei... Não tenho como saber se deu tudo certo, não tenho como saber se...

Ele não terminou a frase, escondeu o rosto nas mãos por um tempo. Me dei conta de pra ele devia ser muito pior, ele não podia falhar, não podia se desesperar, teve que ter controle total de todas as emoções enquanto costurava a barriga de alguém que ele gostava muito, e o pior: se ele errasse...

Respirei fundo e agradeci mentalmente não estar na posição de Alex, agradeci mentalmente ele estar ali. Percebi que ele tinha salvo a vida de Charlotte mais vezes do que eu imaginava, mas nenhuma delas tinha sido tão decisiva e desesperadora como aquela.

— Tivemos uma conversa ontem, e ela prometeu que ficaria comigo, que estaria comigo. Sempre... E então a vida dela simplesmente estava na minha mão e eu não sabia o que fazer. Porque eu estava tão assustado, eu estava com tanto medo.... — Confidenciou do nada, depois de um longo tempo em silêncio, tentava limpar as lágrimas que escorriam e eu tenho quase certeza que estava derramando algumas também. — Eu sei que vocês dois tem uma conexão. Sei que se amam, e eu não quero fazer isso parecer menos do que é. Eu sei que ela é a pessoa mais importante da sua vida. Mas você tem amigos, Daryl, você tem uma família... E eu literalmente só tenho essa garota teimosa e com um grande talento pra se meter em situações mortais. — Riu por entre as lágrimas que já não lutava mais pra esconder. — Eu estou sozinho sem ela... E é apavorante pensar que eu posso não ter sido bom o suficiente pra salvar a vida dela.

Senti a dor dele nas minhas veias, eu sabia muito bem o que era se sentir sozinho... E então eu encontrei pessoas que simplesmente me aceitaram como eu era, se tornaram minha família, mesmo que não tivessem o mesmo sangue que o meu e mesmo que fossemos tão diferentes. Isso mudou tudo. Saber que tinha alguém com quem contar mudava tudo.

— Eu sei que você foi bom o suficiente, e eu sei que ela vai acordar. — Declarei, me curvando um pouco pra frente para segurar o ombro dele com a mão livre, tentando acreditar naquilo tanto quanto eu queria que ele acreditasse. — Mas, independente disso, Charlotte não é a sua única família. Eu não sei quanto as pessoas lá fora, mas você faz parte da minha família e você é meu amigo. Então você não está sozinho.

Encostei de volta na cadeira e Alex me encarou surpreso. Acho que na verdade até eu estava surpreso. Não era muito de ficar falando aquelas coisas...

— Okay... — Ele passou a mão no cabelo meio sem jeito. — Acho que você doou muito sangue, ou talvez o calmante que a Denise mandou te dar tenha sido muito forte. — Riu meio de canto, enquanto tirava a agulha do meu braço e preparava a bolsa de sangue no suporte. — Mas eu vou aceitar a oferta, porque tenho certeza que você não vai falar uma coisa assim nunca mais.

— Não mesmo. — Concordei voltando a postura de sempre.

Depois disso as horas se arrastaram, a noite foi longa. Pelo menos umas cinco pessoas apareceram pra pedir que fossemos pra casa descansar. Eu não iria a nenhum lugar, mas antes de amanhecer convenci Alex a ir.

Era uma espera angustiante, era como se tudo estivesse acontecendo ao meu redor, mas eu estivesse parado no tempo. Esperando...

Rick passou por lá, beijou a cabeça de Charlotte, disse algo no ouvido dela e depois disse que iria sair com Morgan.

Carol apareceu também, ficou comigo por algum tempo. Depois Michonne e Carl e todos eles, era um apoio que eu não conhecia. Estavam lá por ela, mas também estavam por mim e de alguma forma aquilo me deu forças. Me deu esperanças.

— Você precisa acordar... — Falei entrelaçando nossos dedos, era quase metade da manhã e todas as minhas forças estavam no limite. — Você precisa acordar, porque eu preciso de você, porque você e eu ainda temos que ter muitos "não-encontros", porque eu quero levar você pra andar de moto, porque eu quero te beijar e dizer que você é linda e que eu te amo muito, porque eu quero fazer amor com você naquele tapete felpudo e quero te ensinar todos os "truques" que você quiser aprender... Você precisa acordar porque eu não imagino mais a minha vida sem você...

Passei a mão no rosto e espantei uma lágrima, eu estava farto de chorar como um maricas, Merle provavelmente riria de mim. Mas eu não me importava, eu não me importaria em ser o maior marica de todos se isso fosse fazer Charlotte acordar.

Eu faria qualquer coisa, mas não dependia de mim, então eu teria que confiar que Charlotte lutaria pra acordar, que lutaria pra ficar comigo e com todas as pessoas que a amavam. Ela era forte e eu tinha que confiar nisso.

"Ela vai lutar como um tigre." Lembrei do que Alex dissera antes de sair.

Foi quando finalmente aconteceu... Eu tinha ficado a noite e a manhã toda olhando para o rosto dela esperando por aquele momento, mas não estava preparado pra toda a felicidade que veio com ele...

Charlotte abriu os olhos, observou o redor um tanto confusa de início e então finalmente me viu ali, algo mudou nas suas íris caramelo e ela sorriu.

— Bem-vinda de volta. — Falei sentindo a minha voz embargar.

Ela apertou um pouco mais minha mão e eu não resisti a me aproximar e lhe tomar os lábios em um beijo casto.

— Eu te amo, Charlotte Walsh. — Declarei com toda a sinceridade. — Mas por favor não me faz passar por nada assim nunca mais.

— Eu também de amo, Daryl Dixon. — Riu mesmo com a voz ainda frágil.

E eu soube que ela ficaria bem, e que ficaríamos juntos. Não importava o que o mundo nos reservasse, não importava que fosse a merda de um apocalipse zumbi e que mais problemas aparecessem todos os dias...

Eu a amava e ela me amava. Se lar é onde nosso coração está, então Charlotte Walsh era o meu lar.

Isso era tudo que importava. 

 

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SEMANAS DEPOIS

 

É estranho quando eu penso em toda a minha jornada até aqui. Lembrar da garota de dezessete anos, que costumava acordar ao som de músicas da Katy Perry, é quase como ver um filme. Aquela não sou mais eu.

Eu mudei.

Eu aprendi.

Eu sobrevivi.

Foi um longo caminho cheio de dor, perda e sofrimento, mas também foi uma aventura, também foi descoberta.

Sobreviver depois do fim do mundo é uma tarefa constante, você tem que lutar como um tigre, ser esperto como uma raposa e se impor como um leão. Contudo por mais forte, esperto ou determinado que você seja a diferença entre viver ou morrer nem sempre está nas suas mãos.

Ninguém vive sozinho.

As pessoas que te cercam moldam seu mundo e são elas que fazem toda a diferença. Descobri isso nos últimos dois dias...

Fomos invadidos por sobreviventes, fomos sitiados por mortos e sobrevivemos porque estávamos juntos.

Ontem à noite foi possivelmente o momento mais inspirador da minha vida, eu vi como as pessoas agem quando são inspiradas por algo maior: Esperança.

Perdemos pessoas, mas de alguma forma ainda estamos de pé e essa cidade é a nossa casa agora. Nós a protegeremos seja do que for.

Reconstruiremos as coisas, nem que seja um tijolo de cada vez. Eu não tenho dúvidas disso.

Todos nós mudamos e continuaremos mudando, porque viver é isso mesmo.

Viver é ver o homem que você ama chegar em um caminhão tanque e colocar fogo em um lago com uma bazuca.

Viver é ver as pessoas demonstrarem coragem e lutarem juntas, mesmo quando você pensou que não restava mais nada.

Viver é ver um garoto, que é praticamente seu sobrinho, sobreviver a um tiro no olho e acordar cheio de esperanças e planos.

Viver é abraçar o seu melhor amigo, depois que você pensou que ele estava morto, por ter desaparecido por quase dois dias, e aceitar sem questionar quando ele diz: "Conheci Jesus e ele é lindo".

Viver é ter paciência e saber que você terá tempo de questionar esse mesmo melhor amigo, porque essa história é muito interessante pra simplesmente deixar passar.

Viver é entender que não é o sangue que faz uma família.

Viver é ver o amor da sua vida adormecer ao seu lado depois de dizer que te ama.

Viver é saber que você e ele estão morando juntos em uma casa só de vocês, mesmo que ele tente não falar sobre isso pra não deixar as coisas estranhas.

Viver é rir porque o seu melhor amigo deve um mês de serviços domésticos pra sua amiga, porque você se mudou antes da neve.

Viver é amar intensamente todos os dias, não importa quantos dias você tiver.

Eu sobrevivi e aprendi a viver.

Sempre desejei uma aventura eletrizante, conhecer o mundo e uma paixão avassaladora. Eu tive tudo isso e mais um pouco. Eu consegui. E isso não é pouca coisa.

Sei que meu irmão ficaria orgulhoso de mim, porque eu estou orgulhosa de mim mesma. Estou orgulhosa do quão longe cheguei e do que aprendi até aqui.

E mesmo que eu sempre tenha dito que não acredito em Deus, acho que estou mudando quanto a isso também, afinal eu consigo sentir a existência de Deus toda vez que Daryl Dixon olha pra mim e diz que me ama.

Vai ver Deus não é o cara barbudo sentado no trono, vai ver Deus é amor. Simples assim.

Eu sei que isso se parece com o fim, e de fato é mesmo o fim de uma jornada, mas também é apenas o início de uma nova história...


Zona segura de Alexandria
Charlotte Walsh

 

 

FIM

 

 

 


Notas Finais


E é aqui que a nossa jornada termina, mas a vida deles prossegue mesmo que não vejamos, espero que tenham pegado as referencias do que eu imagino do futuro (principalmente em questão ao Alex) na carta final da Char.

Espero que tenham gostado do final de Origns ♥

Obrigada a todos que me acompanharam até aqui, eu não podia estar mais feliz e agradecida, vcs foram leitoras e leitores incríveis e eu queria poder dar um abraço em cada um de vocês
Escrevo porque amo, e poder compartilhar esse amor com vocês é a coisa mais incrível de todas. Obrigada de verdade.
Muitos beijos e até ♥♥♥


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