História Twenty-Two - This is not Forever

No Capítulo Anterior…

Depois de me afastar de seu toque, eu suspirei profundamente e levantei da mesa caminhando até o casal. Envolvi Val em um abraço apertado e sorrindo lhe desejei sorte e felicidade, que vieram do fundo do meu coração. Depois me voltei para Matt, que sorriu para mim tranquilo o abracei e também lhe desejei felicidades, quando voltei a me sentar Brian estava os comprimentando.

Meu sorriso vacilou no rosto, olhei para baixo, e comecei a cutucar o guardanapo, enquanto meus pensamentos pareciam tomar conta de meu corpo. De repente me vi em frente a um enorme abismo, depois de respirar fundo fechei meus olhos e pulei. Pulei me trancando dentro de mim mesma, onde eu podia me manter segura e salva, de um mundo que gostava de me magoar e quebrar meu coração.

…

Sábado, 23 de outubro de 2015, Huntington Beach, Califórnia.

Um mês depois...

Terminei de calçar o enorme sapato, e suspirei andando em frente a parede de espelhos de Brian, olhando o que eu vestia. Uma saia de couro uma camiseta solta preta do nirvana e uma jaqueta de couro cheia de spikes. Suspirei gostando do resultado. Caminhei até o sofá conferindo se tudo que eu precisava estava dentro da minha bolsa. Brian tinha show hoje a noite, então combinei de sair com Gena, ir comer em algum restaurante, ou sei lá, ela que decide para onde iríamos, fazia tanto tempo que não saiamos juntas.

E ela ainda tinha que me contar o que estava acontecendo entre Zacky e ela, os dois nem se tocaram aquele dia aqui na casa de Brian, pareciam dois amigos não marido e mulher. Enquanto eu colocava a bolsa nos ombros meu celular começou a tocar ali dentro, suspirando peguei o celular já sabendo quem seria. Quando vi a foto do meu namorado brilhar na tela, nem cheguei a me impressionar. Suspirando atendi a chamada levando o celular a orelha.

I remember all of the things that I thought I wanted to be

Eu me lembro de todas as coisas que eu pensei que queria ser

— Oi amor — Eu disse quando atendi.

— Oi gatinha — Ele falou do outro lado da linha, e podia muito bem escutar um sorriso em sua voz. — E então vai mesmo sair com Gena?

Ele me perguntou pela décima vez naquele dia, bufei e revirei os olhos.

— Nós já conversamos sobre isso Brian — Disse grossa a ele, já começava a me irritar.

— Eu sei que nós já conversamos sobre isso — ele falou no mesmo tom que o meu — Só que achei que você fosse cair na real e iria vir para cá, não sair com ela, você pode fazer isso outra hora.

— Eu fico do seu lado toda porcaria do dia, eu posso sair com você outra hora. — Disse ríspida para o celular — Será que eu não posso ter nenhum dia da minha vida só para mim?

— Você fala como se eu te fizesse de prisioneira, você fica por que quer.

— Vai se Fuder, Brian — Disse e desliguei na cara dele, joguei o celular dentro da bolsa e bufando de frustração eu sai para fora do quarto dele descendo rapidamente as escadas.

Ultimamente nosso relacionamento tem andado com altos e baixos, é como se estivessemos andando em um campo minado. Brian tenta me agradar e fazer o que puder por mim, e eu dou patadas e falo merda a ele. É como se estivesse andando por aí com uma bomba relógio alojada no peito, ela está para explodir a cada segundo que passa, ultimamente eu tenho que me controlar mais do que o normal para isso não acontecer. O tempo anda passando tão ligeiro, e eu tenho que saber lidar com a pressão que está se acumulando para mim.

Sai rápida pela porta da frente, e fui até a garagem entrando em meu carro e dando a partida, sai para fora do terreno de Brian, chegando até a rua, e reto do outro lado dela, Gena estava parada toda produzida enquanto acenava para mim, eu fiz a volta com o carro, e parei em frente a ela, que entrou no banco ao meu lado.

So desperate to find a way

Tão desesperada para encontrar uma maneira

out of my world and finally breathe

de sair do meu mundo e, finalmente, respirar

— Hello bitch — Ela disse rindo, e eu não pude não sorrir, era exatamente disso que estava precisando, distração. Me inclinei na direção dela e nós comprimentamos.

— E então… Para onde vamos? — perguntei enquanto batucava no volante.

— Nós vamos para um bar que eu achei, e é demais, vamos beber, dançar, fofocar, paquerar alguns homens gostosos — Ela disse e fez um careta engraçada, eu joguei minha cabeça pra trás rindo dela.

— Claro que sim — Falei debochando e dei a partida no carro — E qual a rota?

Conforme fomos indo ela foi me explicando aonde era, e dez minutos depois o carro estava estacionado em uma ótima vaga, e nós duas já atravessamos a rua de braços dados caminhando até a entrada do bar. Por nenhum motivo aparente Gena estava tremendamente feliz hoje, ela entrou no bar sorrindo e assim que sentamos no balcão e o garçom veio nos atender, a primeira coisa que fez foi literalmente passar uma cantada barata nele.

Quando ele sem graça saiu para buscar nossas bebidas eu me virei para minha amiga rindo.

— O que aconteceu com você? — Perguntei rindo, ela me lançou um olhar provocativo. As bebidas chegaram e logo nossos corpos estavam vazios novamente, quando já estávamos na terceira rodada de tequila, e eu já estava no meu terceiro martini puro, é que finalmente levantamos as bundas da cadeira, paramos de conversar e fomos dançar.

Eu me sentia muito mais leve, tá talvez fosse somente o efeito do álcool correndo pelas minhas veias e me deixando mais feliz, e animada, mas eu sentia que precisava disso mais do que poderia imaginar. Por mais que eu amasse Brian, ultimamente ele estava me tomando por inteira, fazia mais de uma semana que não colocava os pés em minha própria casa, porque ele queria estar comigo. Eu o amo, mas não sou nenhum tipo de boneca.

Continuei dançando loucamente com Gena ao meu lado, a banda que tocava era ótima, cantavam os melhores clássicos do rock pelos quais eu conseguia ser completamente apaixonada. Perdemos a total noção do tempo ali, estávamos bêbadas e felizes.

Voltamos a nos jogar no balcão do bar novamente, rindo enquanto tentávamos nos acalmar de todo o exercício que faziamos.

— Eu estava precisando tanto de tudo isso — Disse colocando a mão no peito de modo dramático, minha amiga riu e chamou o garçom.

Ele veio em nossa direção com dois lindos drinks montados nas mãos, sorrindo ele colocou em cima da mesa, os olhos azuis passearam de mim para ela e então ele mexeu a cabeça tirando a franja de perto do olho.

Eu continuei olhando para ele e babando.

— Aqueles dois homens — Ele disse e se virou sorrindo divertido na direção de dois caras do outro lado do bar — Mandaram para vocês, e pediram para dizer que estão lindas.

Ele ficou vermelho do pescoço para cima, e saiu de perto da gente, eu abri um sorriso bêbado para minha amiga, que também me olhou.

Nós gargalhamos juntas, e alcançamos os drinks, olhei na direção dos dois homens, um era loiro e tinha o cabelo bagunçado no alto da cabeça, vestia roupas mais despojadas, uma calça jeans, camiseta branca e uma jaqueta de couro. Enquanto o outro era alto e moreno, vestia um terno bem engomado, e tinha um penteado cheio de gel. Os dois continuavam olhando em nossa direção, e foi quando vi Gena acenar na direção deles.

Right before my eyes I saw, my heart it came to life

Bem diante dos meus olhos eu vi, meu coração veio à vida

Arregalei meus olhos e toquei no seu braço indo para perto do ouvido dela.

— O que você pensa que está fazendo? — Perguntei a ela, que olhou para mim espantada.

— Me divertindo. Não é isso que viemos fazer aqui? — Perguntou e bebeu um gole do drink.

— Você é casada com o melhor amigo do meu namorado. — Disse séria a ela.

— Quando foi que você ficou assim? — Me perguntou olhando para mim de cima em baixo. — Era sempre você que paquerava os caras. — Ela disse e pude ver os dois se aproximando. Isso era total verdade, eu sempre gostei de paquerar até que eles não conseguissem aguentar mais, e ai eu informava que tinha um namorado. Só que de repente aquilo não me parecia nada engraçado como parecia antigamente. — Olha, cê que sabe, se não quiser azara-los, podemos mandá-los passear. — Levantou as mãos para cima, Gena era demais — Você que manda.

Deixou bem claro, e se virou em direção a pista, e logo os dois já estavam à nossa frente. O loiro conseguia ser do mesmo tamanho que eu, mesmo que eu estivesse com enormes saltos altos. Ele também tinha os olhos azuis, e em seu rosto tinha um sorriso despojado. Pude ver uma tatuagem sair da gola da camisa e terminar na metade do seu pescoço. Ótimo, tatuagens.

— Boa noite — Ele disse em uma voz suave enquanto me encarava descaradamente. Eu virei meu rosto de lado e abri um sorriso convencido a ele. — Espero que vocês tenham gostado dos drinks.

Eu me coloquei de lado para ele ver meu copo totalmente cheio, enquanto Gena devorava até o último gole da bebida, ri na direção da minha amiga, que deu de ombros para o loiro.

— Não ligue pra ela — Ela disse — Ela só bebe tequila ou bebidas fortes.

— Mas você pelo jeito gostou — Disse o moreno sorrindo.

— A ela com certeza, só toma bebidas assim — Respondi por ela revirando os olhos, como eu sentia falta das nossas brincadeiras.

O loiro a minha frente sorriu entendendo a brincadeira, esticou a mão para mim e então disse.

— Logan — Ele olhava fundo dentro dos meus olhos, eu gostei dele, tinha presença, e não entrou na nossa brincadeira idiota, eu estendi minha mão para ele apertando firmemente.

— Savanna — Falei, e sorri com toda a confiança. Ele deu risada, como se achasse graça no nome. Eu levantei uma sobrancelha a ele, que me lançou um sorriso convencido.

— Desculpe, é que eu achava que seu nome era Taylor — Ele falou, e eu pude ver um brilho provocativo no olhar dele, ele sabia quem eu era, fui pega, que merda. Gena ao meu lado não se aguentou e riu, eu revirei meus olhos para minha amiga, e me voltei para o loiro.

— Se sabe quem eu sou, deve saber que eu tenho namorado — Disse sem nenhum rodeio, e ele continuou me encarando, o sorriso se abriu em seu rosto, e ao meu lado Gena passou a nos ignorar e engatou em uma conversa com o moreno que não sabia o nome.

— Acho que não cometi nenhum crime pagando drink a uma mulher bonita, e vindo conversar com ela — Ele me ganhava a cada resposta, e eu estava começando a me irritar com isso, não aceitava perder.

— xeque mate — Falei a ele sorrindo. Ele levantou uma sobrancelha para mim, uma música do ramones começou a tocar no fundo.

— Quer dançar comigo? — perguntou enquanto esticava a mão para mim, a encarei em dúvida por um momento — Você não pode negar, nem uma música lenta é.

Balançando a cabeça eu coloquei minha mão sobre a sua, e ele me puxou em direção a pista de dança, e nós começamos a dançar um com o outro.

---

Já passava das 4h da manhã quando saímos a força do bar, por que ele estava fechando. Nós duas estávamos totalmente bêbadas, e andávamos pela rua de braços dados e com nossos enormes saltos agora nas mãos, cantamos alguma música juntas, e rimos do quão horrível isso estava saindo.

Eu não queria ir para casa, e Gena também não. Então antes de sair compramos duas garrafas de tequila, eu passei no meu carro e peguei o baseado com o qual eu não saia mais sem, e resolvemos ir caminhando até a praia, acontece que não sabíamos em que direção a praia ficava, continuamos cantando e rindo, quando eu senti o celular começar a tocar em minha bolsa.

Revirando os olhos, peguei o celular e olhei pra tela.

— Brian de novo — Disse para a minha amiga, já era a quinta vez que ele ligava, eu não estava nenhum pouco afim de atender, quando eu ia jogar o celular na bolsa novamente, Gena pegou o celular da minha mão e atendeu saindo correndo na minha frente.

— Para de ligar para ela bundão, aceite que ela está comigo agora — Ela disse enquanto ria e parava de correr já cansada. Sua expressão ficou séria e ela esticou o celular para mim. Eu revirei meus olhos e peguei o celular da mão da minha amiga levando a minha orelha.

— O que foi? — Perguntei desanimada

— Você tá ficando louca? — Ele gritou quando terminei de falar — Você não pode fazer essas merdas, sumir desse jeito e achar que está tudo bem.

— Olha aqui, — Eu gritei para ele — Primeiramente, eu não te devo merda de satisfação nenhuma, — E então disse as próximas palavras literalmente berrando pausadamente para o telefone — Eu não sou sua mulher — E então amenizei a voz e continuei — Eu não sumi, eu disse com quem estava, e você não é nada meu para controlar a hora que eu volto.

Disse de modo rápido e embolado por conta das diversas doses de álcool que havia tomado.

— Vai se fuder — Gritei para o outro lado da linha e desliguei na cara dele, logo depois desligando o telefone, joguei dentro da minha bolsa e olhei para minha amiga que tinha a sobrancelha levantada de curiosidade. — Vamos para a praia que eu te conto.

This ain't easy, it's not meant to be

Isto não é fácil, não é pra ser

Every story has its scars

Toda história tem suas cicatrizes

Disse e caminhei até ela, enganchou o braço no meu e continuamos andando, quando chegamos até a esquina, pude ver a praia. Atravessamos a rua deserta, e corremos rindo até a areia.

Quando finalmente colocamos os pés nós pequenos e infinitos grãos, corremos até perto da água e deixando nossas coisas ali saímos correndo e rindo uma com a outra, e brincávamos, não chegamos a entrar na água porque ela estava gelada demais, mas ficamos brincando até cansar de um lado ao outro da praia.

Quando finalmente cansamos, sentamos na areia e ficamos olhando enquanto o sol nascia no horizonte, abrimos nossas garrafas de tequila, e então demos um longo gole juntas. De repente estávamos quietas uma ao lado da outra, apenas aproveitando a visão que se tinha da praia. Suspirei e bebi mais um gole.

— E então — Gena disse virando o olhar para mim enquanto se sentava direito — O que está acontecendo entre vocês dois? — Suspirei pesadamente pensando, não queria falar sobre isso, mas sabia que precisava. Estava ficando cansada de guardar tudo para mim. — Vocês nunca se trataram assim. O jeito como ele falou comigo ao telefone, o jeito como você falou com ele. Isso não são vocês.

Dei uma risada crua.

— Acho que nós estamos nos perdendo aos poucos — Disse e tomei mais um gole, olhei para a garrafa e comecei a cutucar o rótulo dela, querendo tirá-lo — Eu dei um prazo a Brian.

Disse e engoli em seco.

— O que? — Gena perguntou baixinho.

— Ele tem até primeiro de Janeiro para me dizer se vai ou não querer ter filhos, se ele não quiser… Eu vou deixa-lo — Disse e tomei um gole enorme, que desceu queimando. — E o pior disso tudo, é que eu tenho absoluta certeza que ele vai me dizer não e por causa disso, ele tem agido como se eu tivesse uma doença terminal, ou... — Engoli em seco e olhei para minha amiga — Ele simplesmente não larga mais do meu pé, ele quer estar toda hora comigo, e eu o amo claro que quero estar ao lado dele a todos os minutos, só que cansa. Cansa ser tratada como um objeto que ele pode pegar e fazer o que quiser.

Soltei todo o ar bebendo mais um gole. Ao meu lado minha amiga tirou os olhos de mim e olhou para o horizonte.

— Ele te ama demais, Taylor — Ela falou respirando fundo — Qualquer um pode ver isso. E acho que para ele não deve estar sendo nada fácil perder você. — Pude escutar a voz dela embargar a olhei espantada — E por mais que você ache isso um porre, eu posso até adivinhar que quando você deixá-lo, vai estar agradecida por ter dito todas essas ultimas lembranças com ele.

But when the pain cuts you deep

Mas quando a dor te cortar profundamente

When the night keeps you from sleeping

Quando as noites não te deixarem dormir

E então ela começou a chorar, eu me sentei mais perto dela e a abracei contra meu peito, ela se agarrou em mim e chorou. Momentos mais tarde ela se acalmou e se afastou.

— O que está acontecendo? — Perguntei com a sobrancelha franzida eu estava realmente ficando preocupada com ela. Fungou e passou a mão no nariz.

Escutei atrás da gente a rua ficar movimentada, enquanto pessoas começavam a aparecer em meu campo de visão.

— Zacky estava me traindo — Ela disse e então respirou fundo. Meu queixo caiu e meu olhos se arregalaram, olhei para ela incrédula.

Era como dizer que o Fred e a Vilma de os flintstones estavam se separando. Eu cresci vendo Zacky e Gena serem apaixonados um pelo outro, vi o amor de colegial deles, se transformar em casamento e vi a felicidades deles com isso. Em que merda de momento tudo isso se perdeu? Aonde em todo esse tempo que estavam juntos Zacky se esqueceu quem ela era e lhe traiu?

Era como se meu próprio mundo tivesse caído aos meus pés.

— Faz mais ou menos um ano já, ele me contou a pouco tempo, teve a decência pelo menos de me contar, por isso eu precisei desaparecer, precisa espairecer e sabe ficar longe de tudo isso. — Ela bufou e olhou para frente, eu a entendia, às vezes era difícil, porque tudo ali é o universo deles, todos somos amigos, e família. O que um sabe o outro também sabe.

Naquele momento me perguntei se Brian sabia, se sabia ele ia enfrentar a minha fúria com certeza.

— Zacky é um babaca, nunca achei que ele fosse capaz de algo assim — Disse, eu quase sentia nojo dele.

— Também não é assim Taylor, eu tenho culpa nessa também, não estava sendo uma mulher muito presente em nosso casamento — disse e me olhou — Eu assinei os papéis do divórcio hoje.

Ela soltou o ar tranquilamente.

— Como você pode estar tão tranquila com isso? — Perguntei enquanto sentia a raiva crescer, queria muito soca-lo.

— Você mesmo deveria saber que as coisas em um relacionamento nunca são o que aparentam Tay — Ela disse tranquila e me olhou nos olhos, ela poderia ter até razão só que isso não aliviava em nada a situação. — O que está feito está feito. Amanhã eu me mudo da casa dele, para o meu próprio apartamento, e vou seguir com a minha vida, do jeito que eu quiser agora — Olhou para a praia, eu precisava de um baseado depois de tudo isso, me estiquei em direção às nossas coisas, e pouco me lixando se estávamos aos olhos de todos, levei o baseado a boca, e o isqueiro a ponta dele, o acendendo e tragando profundamente em seguida.

— Eu sinto muito — Disse para ela, a olhando. Ela deu de ombros e sorriu para mim.

— Eu estou feliz, mais feliz que antes. Eu acho que eu precisava disso — Ela falou, e voltou a olhar para frente, eu lhe estiquei o baseado que ela aceitou levando aos lábios.

Quarta-Feira, 23 de novembro de 2015, Huntington Beach, Califórnia.

Um mês depois...

— Eu preciso levantar — Brian disse enquanto me beijava docemente. Eu estava deitada nua ao lado dele, enquanto minhas pernas se misturavam nas suas, e nossos peitos nus encostam um no outro.

— Hum — Resmunguei com a minha boca colada na dele, e o puxei mais para mim entrelaçando ele com meus braços e pernas, ele soltou uma risada gostasa, se divertindo — Shows são superestimados

Falei a ele colocando o rosto no meio do seu peito, e sentido seu cheiro e sua pele.

Gena tinha total razão. Depois de voltar para casa aquele dia, percebi o quanto estou desesperada, e pude ver que Brian também está. Passamos 7 anos vivendo isso, tentando fazer dar certo, nós amando incondicionalmente e agora tínhamos nossos dias contados, o perderia daqui a um pouco mais de um mês, não poderia me dar ao luxo de ficar focando tanto em estar preocupada, que me esqueceria disso, de ter ele em meus braços, sentir seu toque e seus beijos, eu tenho que me preocupar menos e aproveitar mais dos últimos dias que temos nos amando.

Just look and you will see

Apenas olhe e verá

That I will be your remedy

Que eu serei seu remédio

— Taylor — Brian cantarolou meu nome rente aos meus cabelos, enquanto os acariciava e beijava o alto da minha cabeça.

— Não — Eu resmunguei e o apertei mais e ele riu.

— Não estou brincando — Ele disse ainda sorrindo — Nós temos 1h para nós arrumarmos e irmos.

E nisso o celular dele começou a tocar estridente na cabeceira da cama. Bufando e resmungando eu o soltei, e me virei para o outro lado, ele ria, enquanto se esticava para atender o celular.

— Brian — Ele disse atendendo, enquanto passava um braço pela minha cintura e me puxava para ele. Rindo eu me virei de frente, e o olhava fixamente, enquanto alguém do outro lado da linha gritava. — Relaxa Matt, eu já estou indo. — Ele novamente ficou quieto, e olhando para mim sorriu. — Em menos de 30min eu vou estar chegando ai.

Ele riu do que o amigo disse, do outro lado da linha e desligou o celular, me deu um beijo estalado nos lábios e então levantou nu na cama, jogou o celular na cabeceira e eu fui me levantando para acompanhá-lo no banho.

Ele se virou para trás e ergueu um dedo.

— Você vai ficar ai — Ele disse sério, eu levantei minhas sobrancelhas.

— Por que? — Perguntei seria.

— Porque se você for o banho vai ter uma hora — Ele disse se virando e entrando no corredor. Eu me joguei na cama rindo sabendo muito bem que era verdade.

Suspirando, levantei da cama e caminhei nua até o closet enquanto prendia o cabelo, abafado pelas paredes eu podia escutar Brian tomando banho.

Escolhi uma calça skinny com cadarços dos pés a cintura, e um cropped preto simples, junto com a minha indispensável jaqueta de couro. Caminhei até a meu lado da pia no banheiro e fiz uma maquiagem pesada, passei um batom vermelho sangue, Brain saiu de dentro do outro cômodo com uma toalha enrolada na cintura, veio até o meu lado, e fez rapidamente a barba, e então quando estava se virando para sair, ele me deu um tapa forte na bunda, sorri enquanto terminava de passar o batom com cuidado para não borrar.

Soltei meus cabelos, fiz uma rápida chapinha e já coloquei o baby-liss para esquentar, assim que terminei  peguei o baby-liss e comecei a encaracolar as pontas dos meus cabelos. Dei uma ultima olhada no espelho, para ver se não faltava nada, e então saí, caminhei até o closet e escolhi um coturno, sentei ali mesmo e calcei.

Sai para o quarto, atrás de Brian, que estava encostado no balcão do bar, com um copo à sua frente e o celular a mão. Caminhei até ele e coloquei minha boca rente ao seu ouvido.

— Você vem sempre aqui? — Sussurrei e um sorriso se abriu em meu rosto. Brian se virou para mim e me puxou pela cintura colando nossas bocas, eu me afastei rapidamente dele — Meu batom querido, eu não tive todo o trabalho para você tirar não.

Ele riu.

— Vou deixar isso anotado, assim quando você vier querendo, eu posso jogar isso na sua cara. — Revirei meus olhos para ele, que abriu um sorriso por ter conseguido me irritar — Você fica tão gostosa irritada.

Segurou meu rosto e me deu um selinho estralado.

— Vamos logo — Disse apontando para a porta, ele levantou dali tomando o resto do líquido no copo e eu peguei a minha bolsa, e caminhamos de mãos dadas até o carro.

---

Brian passou pela porta do camarim primeiro, e eu entrei logo atrás, ele soltou minha mão e foi comprimentar os caras, eu parei a porta olhando ao redor, o cômodo era grande, Val estava com Cash no colo no canto do cômodo, enquanto conversava animadamente com um cara a sua frente, olhei para o outro canto onde agora Brian havia se juntado com o resto dos caras, conversavam tranquilamente.

When the world seems so cruel

Quando o mundo parecer cruel demais

And your heart makes you feel like a fool

E seu coração te fizer de bobo

Suspirei pesadamente, e fui caminhando até uma mesa onde havia vários comes e bebes. Me servi de um copo de vodka com coca e gelo, e fui atacar as comidas. Estava escolhendo o que poderia colocar no prato quando, um cara se colocou na minha frente e falou:

— Acho que nunca te vi por aqui, bom eu teria lembrado se tivesse visto alguém tão linda quanto você. — O cara disse com a voz grossa, eu levantei meu olhar e ele vestia uma camiseta com a logo da banda, tinha os cabelos pretos, e a pele branca olhos castanhos me olhavam atentos. Eu voltei a olhar para a comida, ele não deveria saber quem eu era.

— Faz um bom tempo que não venho, deve ser por isso — Peguei algumas coisinhas, ele continuou na minha frente.

— O que você faz aqui? É fotografa? — Me perguntou, e eu abri um sorriso de canto para ele e estava prestes a lhe responder que era namorada de Brian quando senti uma mão em minha cintura.

— Ela é minha namorada Jackson — Brian disse ao meu lado, e o homem à minha frente ficou pálido. Eu sorri e dei um beijo no pescoço de Brian me afastando daquela situação ridícula.

Enquanto eu atravessava o cômodo até onde Val estava, podia sentir Brian me seguindo.

— Olha só quem chegou, Cash — Val disse para mim sorrindo, a comprimentei e sorri dando um beijo nas enormes bochechas de Cash. Sentei ao seu lado no sofá me virando para meu namorado em seguida.

Ele se abaixou na minha frente me olhando fixo, eu sorri para ele.

— Eu tenho que entrar no palco — Falou sério, eu suavizei o sorriso.

— Eu sei — Disse o olhando nos olhos.

— Você vai ficar bem aqui? — Ele perguntou, uma ruga surgindo na testa indicando preocupação.

— Eu vou comer, brincar com Cash — Disse me virando em direção a criança no colo da minha amiga — E depois vou ir pertinho no palco tietar pelo meu namorado. — Joguei uma piscadela para ele, que levantou e me deu um selinho, caminhando então em direção aos amigos, pegando sua guitarra e colocando o pequeno fone no ouvido. Simplesmente não conseguia desgrudar meus olhos dele.

— Fico tão feliz que as coisas estejam melhores entre vocês — Val disse do meu lado, meu sorriso murchou um pouco e olhei para ela.

— As coisas estão bem melhores mesmo — Suspirei e então olhei para eles novamente, Brian olhava para mim, e quando nossos olhares se encontraram ele sorriu, eu retribui o sorriso.

— Vai lá e detona — Disse alto para ele poder ouvir, seu sorriso se abriu mais ainda.

— Você que manda — Ele disse e então uma música começou a tocar, indicando que era a entrada deles, ele me lançou uma piscadela e saiu do camarim logo atrás dos outros três.

I promise you will see

Eu prometo que verá

That I will be, I will be your remedy

Que eu serei, eu serei seu remédio

Eu peguei uma coxinha em meu prato e levei a boca, enquanto mastigava soltei um suspiro.

— Vocês já decidiram alguma coisa? — Val disse colocando o filho no chão, que saiu correndo atrás do pai que não estava mais ali. Ela me olhou e eu soube que estava falando sobre filhos, pensei por um segundo se seria uma boa ideia contar isso a ela, Val com certeza contaria ao marido, e eu não fazia a menor ideia se Brian havia contado para alguém.

— Brian não quer — Disse e suspirei, era verdade afinal — Eu quero, o mesmo dilema de sempre

— Sinto muito — Falou e pude notar a sinceridade — Matt comentou comigo uma vez que tentou falar com Brian, mas pelo jeito não deu certo.

Eu soltei uma risada, e olhei para meu prato.

— Brian consegue ser pior que eu — Disse e voltei meu olhar para ela — Só faz o que quer.

— Foi o que eu sempre disse. Vocês dois são iguais — E riu, eu ri junto dela. Pigarreou ao meu lado e eu soube que iria trocar de assunto — Entendo se não quiser conversar comigo sobre isso, mas Matt não quis contar o que aconteceu, disse que era assunto seu e que você que tinha que resolver, mas sou curiosa e por isso vou perguntar — Ela olhou para mim por um tempo — Você está grávida?

Minhas sobrancelhas foram ao teto, o que?

— O que? — Perguntei um pouco alto, arregalando meus olhos. A loira a minha frente olhou em volta e arqueou as sobrancelhas.

— Aquele dia na casa de Brian, você disse que não estava muito bem, problemas femininos, Matt sabia mas não queria falar nada, e Brian disse que confiava em você. A única coisa que fez sentido é você estar grávida. — Ela dizia com tanta convicção, como se realmente acreditasse naquilo. Ela então arregalou os olhos — Ai meu deus — Tocou meu braço — Não estou falando que você está engravidando para prendê-lo, pelo amor de deus não.

Eu sorri para a mulher a minha frente, achando a conversa hilária. Tinha que admitir que ela tem uma mente fértil.

— Não, — Disse a ela sorrindo — Não estou grávida.

— Então o que foi que aconteceu? — Ela perguntou, parecia realmente preocupada, eu abaixei meu olhar pensando se contava para ela, mas sabia que o único jeito seria contar. Pigarreei e então eu expliquei toda a minha doença a ela, e o que acontecia comigo, ela ficou muito em silêncio, mas logo tocou meu braço e disse que eu precisava contar isso a Brian.

Eu sabia disso. Sabia que precisava, mas depois de 7 anos, contar algo assim não é fácil, afinal eu o julguei tanto por esconder coisas de mim e escondi um fato importante dele. Brian já havia presenciado alguns ataques meus, mas comparado com o que isso pode ser, ele tinha visto pouco. Continuamos conversando por mais um tempo, até que na metade do show eu resolvi ir até o palco pra ver como estava.

Passei pela porta deixando ela aberta para uma pessoa que queria entrar, e caminhei em direção à lateral do palco, quando fui chegando mais perto reconheci bastante gente da equipe deles, então parei para comprimentar, Larry estava na ponta do palco e quando me viu abriu um sorriso e veio em minha direção.

— Taylor — Eu o abracei e ele colocou o braço sob o meu ombro enquanto andávamos até a lateral de onde dava para vê-los. — Faz tempo que não te vejo por aqui — Ele disse enquanto íamos caminhando.

— Pois é, as coisas para mim estavam um tanto corridas, estava trabalhando no meu novo álbum. — Ele sorriu e me levantou uma sobrancelha, assim que paramos ao lado do palco ele tirou as mãos de mim e se afastando disse.

— É assim que se faz, garota — Eu sorri simpática a ele e me voltei para o show ao meu lado.

Os quatro andavam pelo palco como se fossem donos daquilo, depois de tanto tempo, já sabiam exatamente o que fazer, e estavam confiantes perante a tudo, continuei ali ao lado até o final cantando todas as músicas como uma fã faria.

No river is too wide or too deep for me to swim to you

Nenhum rio é tão grande e fundo para que eu nade até você

Quase no final do show, Brian veio para o meu lado da coxia, e quando me viu abriu um enorme sorriso, eu acenei e sorri de volta, depois fiz como se tivesse uma guitarra imaginária e a toquei de modo extravagante, pulei e depois sorri para ele, que balançava a cabeça enquanto tinha um sorriso bobo no rosto. Queria beijá-lo tanto naquele momento.

---

O show já havia terminado, eu estava sentada em uma cadeira no canto da sala junto com Val e Cash, a maioria das pessoas que tinham ali antes haviam ido embora, e só tinham ficado os seguranças, e algumas pessoas indispensáveis da equipe.

O meet and greet já estava na metade, os garotos estavam nitidamente cansados e suados, mas mesmo assim sorriam e conversavam com os fãs, algumas viram eu e Val no canto e vieram nós comprimentar e conversar com a gente, e outros até pediram fotos, claro não negamos.

A última leva de fãs entrou, e eles foram rápidos, flashes foram ligados e fotos batidas, papos supérfluos rolaram, e autógrafos também. Os fãs logo estavam saindo pela mesma porta que tinham entrado, e eu me coloquei de pé me espreguiçando.

Brian veio andando na minha direção sorrindo.

— O pessoal tá indo para um bar — Ele disse apontando em direção ao resto da turma — Você quer ir?

Fiz uma careta e joguei meus braços sob seus ombros.

— Não tenho certeza — Descansei minha cabeça em seu peito por um momento pensando e então me endireitei olhando nós olhos dele. — Você quer ir?

Perguntei fazendo biquinho, ele olhou para baixo quieto, quando nossos olhos voltaram a se encontrar ele tinha um doce sorriso no rosto.

— Na verdade eu estava planejando uma outra coisa para a gente — Falou, e eu me afastei um pouco dele levantando uma sobrancelha.

Come whenever I'll be the shelter that won't let the rain come through

Venha quando quiser, serei o seu abrigo e não deixarei a chuva entrar

— Uma surpresa? — Disse enquanto abria um sorriso em sua direção, ele abriu mais ainda o sorriso enquanto me olhava e quieto deu de ombros. — O que estamos fazendo aqui então?

Eu perguntei, enquanto me soltava dele e pegava em sua mão o puxando em direção a rodinha de amigos nossos que se formou no meio do cômodo, me enfiei entre Johnny e Matt.

— Só para avisar que estamos indo — Disse a eles — E vocês arrebentaram no show como sempre.

Os homens ao meu redor riram de mim.

— Vocês não vão para o bar com a gente? — Matt perguntou abrindo um sorriso cheio de covinhas.

— De acordo com meu namorado, eu tenho uma surpresa me esperando, então não, nós não vamos — Eu sorria de orelha a orelha, os olhares a minha frente se desprenderam de mim e se voltaram para o homem atrás de mim.

— Então quer dizer que… — Matt começou a dizer.

— Cala boca — Atrás de mim Brian gritou para o amigo que parou de falar rindo. Eu me virei para Brian

— Eles sabem o que é? — Brian ficou quieto e voltou a dar de ombros, bufei e comecei a andar o puxando pela mão — Agora estou ficando curiosa.

Atrás de mim escutei risadas serem dadas, enquanto puxava meu namorado.

———

Brian parou o carro rente ao meio fio, e pude escuta-lo suspirar, meu olhos estavam pregados a paisagem que se abria para mim pelo parabrisas.

A minha frente as ondas se quebravam violentas em alto mar, e desapareciam ao chegarem na areia branca. Soltei bem devagar a respiração que prendia, e as memórias da última vez que estivemos ali invadiram a minha mente com violência. Meu olhar aflito se virou para o homem ao meu lado.

— O que estamos fazendo aqui? — Perguntei e ouvi a minha voz se perder no meio da pergunta, as lembranças me voltavam a mente sem que eu quisesse, e já podia prever um fim não muito bom para essa noite, meus pensamentos me chamavam com veemência. Brian me olhava aflito, se inclinou para mim e pegou em minhas mãos, as levando para seus lábios.

— Eu sei que a sua última lembrança daqui não é muito boa. — Ele falou e engoliu em seco, eu tentava me focar em seus olhos castanhos para não ir embora, me agarrava a eles e ao som de sua voz com toda a força que eu tinha, isso não poderia acontecer, não agora, não com ele — E sei também que essa praia sempre foi o seu refúgio, eu te tirei isso. Só que eu quero que tenha isso de volta, quero que crie novas lembranças, lembranças boas que possam ofuscar nossos momentos sombrios.

Your love, it is my truth

Seu amor é minha verdade

And I will always love you

E eu vou te amar para sempre

Love you, love you

Te amar, te amar

Respirei fundo, sentindo as palavras dele surgirem efeito sob meus pensamentos. Ele me lançou um sorriso e soltei o ar que prendia acenando com a cabeça. Ele soltou minhas mãos das suas e antes de sair do carro disse:

— Espere aqui —Eu me virei para frente e encarei a praia do outro lado, esperando ele. Respirava com tremenda dificuldade enquanto tentava ao máximo me manter consciente. Ao meu lado a porta do carro abriu me assustando, olhei para cima e Brian tinha uma mão esticada para me ajudar a sair.

Fazia tanto tempo que ele não fazia isso. Eu coloquei minha mão na sua saindo para fora do carro, o vento forte bateu em meu rosto, e eu me abracei.

— Desculpe — Ele falou e me puxou para seus braços — Não imaginei que estaria tão frio assim.

— Relaxa — Respirei fundo olhando para o mar — Esse é a graça da praia afinal.

Beijou o topo da minha cabeça, e começamos a andar em silêncio em direção a praia, eu tinha conseguido me acalmar, estar sob os braços de Brian normalmente conseguia esse feito em mim, e continuamos assim caminhando pela praia abraçados. Eu estava o tempo todo matutando em minha cabeça, tentando descobrir o que ele tinha a me dizer, já que não havia nada em suas mãos para me presentear.

Talvez ele fosse me pedir em casamento, aposto que conseguiria esconder uma anel nós bolsos, comecei a tramar então um jeito de tocar os bolsos dele para ver se eu encontrava alguma coisa, só que acabei bufando para mim mesma, estava pirando só poderia ser, Brian não me pediria em casamento, estávamos a um passo de terminar, mas se ele pedisse eu iria negar?

Estava começando a ficar frustrada comigo mesma, eu deveria realmente estar enlouquecendo. Tentei acalmar meus pensamentos, mas quando a ideia de que ele me contaria que decidiu ter filhos, passou pela minha cabeça, foi como se eu sentisse a euforia me dominar.

Brian me apertou em seus braços e beijou meus cabelos.

— Pare de pensar tanto — Falou e então se afastou olhando para mim — Sua cabeça vai explodir desse jeito.

Olhei para ele cansada, que sorriu doce para mim. Finalmente chegamos até os pés das rochas e nós separamos, em silêncio começamos a escala-las. Quando chegamos até lá em cima nós sentamos lado a lado na pedra mais alta, e Brian me abraçou, e nos aconchegamos.

O vento frio da praia nós envolvia, a nossa frente as ondas quebravam fortes e raivosas contra as pedras, e nós traziam um som reconfortante. Conforme o silêncio crescia ao nosso redor, e eu me focava no mar a minha frente, as memórias da última vez que estive ali voltavam até mim, junto com o sentimento de humilhação e raiva.

De repente não sabia se havia sido uma ideia sensata de Brian me trazer ali, para me contar o que tinha para me contar.

— Eu sei que — Ele começou do nada suspirando pesadamente, me virei para ele o olhando, não queria perder uma palavra sequer, assim poderia me esquecer do que já passou e me focar no agora — as coisas tem estado meio conturbadas para a gente, e tem sido difícil para nós dois. — Ele finalmente levantou o olhar para mim — Não é segredo que nós amamos, mas de repente chegamos a uma etapa do nosso relacionamento que só amar um ao outro não está sendo o suficiente.  E não adianta negar, nós queremos coisas diferentes, e vamos sempre querer. — Ele não falou com todas as letras, só que não olhava mais para mim, tinha acabado de confessar que a resposta dele não tinha mudado, ela ainda é não, por um segundo me perguntei se era alguma coisa que eu tinha que fazer que o faria mudar de ideia.

But when the pain cuts you deep

Mas quando a dor te cortar profundamente

When the night keeps you from sleeping

Quando as noites não te deixarem dormir

“Acontece que eu quero aproveitar ao máximo esse nosso pouco tempo que temos, e eu pensei demais ultimamente — Eu molhei os lábios e virei meu olhar para o mar la em baixo. Ele desviou o olhar para mim e me encarava enquanto falava — eu queria fazer algo realmente grande, jantares e passeios não estão mas satisfazendo tudo o que eu quero. Eu quero mais, quero ter você por inteira para mim. — Engoli em seco, meu deus o que ele iria fazer? Olhei para o homem ao meu lado curiosa — Eu sei que não vai ser um pedido de casamento, — Ele falou e limpou a garganta olhando para baixo, se ajeitando um pouco tirou um envelope do bolso de trás da calça — mas eu queria que fosse. — suspirou e voltou a olhar para mim — Sei que não vai ser eu te dizendo que quero ter filhos, mas eu queria muito que fosse. — Voltou a olhar para o envelope em suas mãos — Mas eu acredito que isso, pode ser uma nova chance para nós, pode ser nosso ultimo capitulo.”

Just look and you will see

Apenas olhe e verá

That I will be your remedy

Que eu serei seu remédio

— Que merda Brian, fala logo — Disse pulando em cima dele para pegar o envelope, que ele esticou para longe de mim rindo.

— Você precisa ter paciência — Falou pra mim me segurando.

— Eu estou curiosa, você sabe que não pode me deixar curiosa — Falei e o encarei brava, ele riu e abaixou o braço, me entregando o envelope. Eu peguei de sua mão e enquanto abria Brian ia falando ao meu lado eu tratava de abri-lo rapido.

— Como você sabe, esse foi o nosso último show do ano — Falou e limpou a garganta, de dentro do pequeno envelope branco tirei quatro passagens de avião — Então eu achei que seria legal se viajássemos juntos — Olhei para ele de boca aberta — Nós iríamos para Mônaco, eu aluguei uma casa para a gente lá.

Olhei de novo para as passagens, e então para meu namorado, eu não estava acreditando.

— Eu vou entender se você não quiser ir, diante de tudo… — Parei ele no meio da fala, o puxando para um beijo, ele se assustou mas correspondeu. Quando nós separamos olhei para ele sorrindo.

— Eu adorei — Disse, e olhei para as passagens — Quando nós vamos?

— Nós vamos... — Ele disse e então procurou pela data nós papeis, me mostrando — Nós vamos essa sexta a noite, dia 25 e voltamos dia 5 de janeiro.

Parei por um momento, olhei para ele ao meu lado, que me olhava questionando. Ele sabia que tinha colocado a data de volta para depois do prazo que dei a ele, e ele tinha a esperança de que eu fosse deixar assim. Suspirei cansada, e olhei de novo para os pequenos pedaços de papel entre meus dedos, por mais que estivesse achando lindo o gesto dele, não deixaria isso quieto. Fui tomar fôlego para falar isso a ele, mas Brian foi mais rápido

When the world seems so cruel

Quando o mundo parecer cruel demais

And your heart makes you feel like a fool

E seu coração te fizer de bobo

— Eu entendo — Falou baixinho, e pude sentir tristeza em sua voz — Não se preocupe, eu vou trocar as datas de volta. Afirmei com a cabeça soltando levemente o ar do pulmão, e o olhei sorrindo.

— Eu adorei — Falei, e levei minha mão a nuca dele o puxando para um beijo doce de agradecimento.

I promise you will see

Eu prometo que verá

That I will be, I will be your remedy

Que eu serei, eu serei seu remédio

Eu então me afastei dele e franzindo a sobrancelha o olhei confusa.

— Mas vem cá onde fica Mônaco?