História Twenty-Two - Moving On

No Capítulo Anterior…

Sem mais delongas nenhuma e quase doente para sentir os lábios dela nos meus, eu me esqueci de tudo que tinha acontecido naquele dia, rezando para poder seguir em frente me inclinei sobre ela e com seu rosto em minhas mãos eu juntei nossos lábios, nossas bocas travavam uma batalha conhecida e desejada.

Foi uma simples questão de tempo até Taylor está montada em cima de mim, nós não conseguimos parar de nos beijar, e não era nada mais que isso.

Taylor se sentou no meu colo enquanto estava deitado embaixo dela, desceu os dedos até o cós da blusa e quando ia me levantar para ela tirar, a loira parou de repente.

— De quem é essa roupa? — Perguntou me olhando minuciosamente, os olhos azuis me olharam dos pés a cabeça desconfiados. — Aonde você foi?

Abri um sorriso para ela e a segurando nos meus braços me sentei ainda com ela agarrada a mim, e me preparei para explicar quem era Maggie.

…

Terça-Feira, 29 de Agosto de 2016, Huntington Beach, Califórnia.

Continuei olhando atenta para o computador enquanto girava a página para baixo, do outro lado da bancada meu namorado não largava o celular, enquanto preparava algo para o nosso jantar.

Pouco menos de um mês havia se passado desde que rolará tudo aquilo com Brian, e ao invés de nosso relacionamento ficar estranho, na verdade isso só serviu para nos unir mais ainda.

Havia chegado ontem da última cidade que estava em turnê e agora finalmente estava de férias. Há duas semanas tínhamos colocado meu apartamento a venda, e nem uma semana depois alguém já tinha feito uma oferta nele, Jesse cuidou da mudança das minhas coisas, e juntou tudo que era meu ao que era seu. A maioria das caixas ainda estava fechada, porque pretendemos nos mudar o quanto antes, então não tinha o porquê desfazer a bagunça.

Foi impossível não notar uma mudança em Jesse também, parece mais seguro, vive com seu espírito brincalhão e realmente não tem tirado o lindo sorriso do rosto. Quando conhecesse Maggie teria que agradecer muito a ela, provavelmente a noite teria outro fim se ele não tivesse a procurado.

Sei que não me contou tudo do que vem guardando para si, mas o que me contou serviu para poder perceber que a situação é mais delicada do que eu achava.

Jesse me contou que logo depois que seu pai faleceu as coisas ficaram bem ruins em sua casa, e ele não soube lidar com tudo aquilo. Contou que havia feito algumas coisas bem ruins naquela época, obrigando sua mãe a coloca-lo em uma terapia intensiva, depois de um ano ele só tinha piorado, foi então que Maggie ao ver que ele estava piorando, resolveu ajudá-lo.

Eles faziam terapia juntos desde seus 15 anos, até que há quatro meses, tinha decidido que não precisava mais, por minha causa. E agora também por minha culpa ele decidiu que seria bom continuar indo.

— Você precisa experimentar isso aqui — Meu namorado falou pegando uma colher na gaveta e levando ao molho que estava preparando, levantei meu olhar do notebook sendo tirada do meu transe e sorri em sua direção, que se virava com a colher paralela a mão, querendo que o molho não pinga-se.

Com cuidado levou a colher até a minha boca, fazia questão de olhar dentro de seus olhos castanhos, enquanto sorria.

Engoli o molho sentindo os sabores colorirem a minha língua, fechei os olhos saboreando a sensação.

— Nossa está delicioso — Disse a ele arregalando meus olhos — O que você colocou aí dentro? — Apoiei meus pés nas barras da cadeira e me pus de pé querendo ver o que havia na panela.

— Segredos de um cozinheiro — Ele falou enquanto sorria brincalhão e voltava a se concentrar na panela a sua frente.

— Você sabe que vou arrancar a receita de você não é?  — Disse enquanto voltava a focar minha atenção no catálogo de apartamentos abertos a minha frente.

— Você pode tentar, mas não acho que vai conseguir — Jesse disse e passou a cantarolar a música que saía dos alto falantes do som.

Eu continuei olhando a infestação de lugares para comprar e alugar em NY, a maioria dos apartamentos não conseguia me agradar, e Jess já tinha deixado claro que não se importava muito com o lugar onde ficaríamos desde que eu estivesse contente e me sentisse em casa.

Mas me importo com o lugar onde vamos ficar, quero algo nosso, algo que seja mais que a nossa cara,  quero um lugar que nos junte mais ainda, um lugar onde poderíamos começar a nossa família.

— NY está fora de questão — Anunciei a ele enquanto fechava a aba do navegador e abria outra, já deixando o tudo pronto para digitar na barra de pesquisa.

— Ué, por quê? — Jesse me perguntou se virando em minha direção, tinha as sobrancelhas franzidas.

— Não tem nada lá que seja a nossa cara, nada que olhe e pense “Nossa é aqui que vamos construir nossa família” — Disse apontando para o computador e levantando meu olhar para ele ao final da frase, Jess abriu um lindo sorriso e riu.

— Tudo bem, está pensando em que cidade? — Perguntou enquanto virava o computador para ficar no meio da bancada e se inclinava em direção à tela.

— Não sei... Não consigo decidir, já ouvi falar de tantas cidades boas para morar. — Jesse afirmou com a cabeça e mordendo o lábio perguntou.

— Quais cidades você tem em mente? — Me perguntou, levantei o olhar ao teto tentando lembrar-me de cabeça algumas que já havia cogitado.

— São Francisco é ótima, Boston, Chicago, Seattle, Los Angeles é maravilhosa também e Washington — Disse enquanto contava as cidades nos dedos.

— Quer continuar em cidades com praias? — Jesse me perguntou, me conhecia bem o bastante para não deixar passar o que falei de São Francisco e LA.

— Sendo sincera, sim. — Falei o olhando aliviada — Cresci em cidades praianas, e amo demais.

Jess sorriu para mim.

— Ainda bem, estava quase surtando só de pensar que teria que usar um monte de casacos em NY — Ele me dava às costas caminhando até a panela com um sorriso no rosto, adorava quando pensávamos em sintonia.

Virei o computador um pouquinho para mim, e me preparei para digitar.

— São Francisco então? — Jesse ficou alguns segundos em silêncio, e percebi que não era para lá que ele queria ir — Amor, fala comigo, me diz a cidade que você tem em mente.

Jess suspirou se virando em direção ao balcão logo depois de apagar todas as bocas do fogão.

— Não sei... — Falou se sentando à minha frente — São Francisco é tão longe. — Ele comentou fazendo careta. — Não queria ficar tão longe de HB.

Fiquei um tempo quieta olhando para meu namorado, enquanto rapidamente tentava entender o que ele queria, levantou o olhar que tinha um brilho aflito.

Estiquei minha mão até o outro lado da mesa, entrelacei nossos dedos e olhando em seus olhos falei.

— É por causa da sua família não é? — Perguntei a ele, que levantou uma sobrancelha, provavelmente se espantando por ter descoberto sozinha, abri um sorriso. — Eu não sou tão ligada com a minha família, mas entendo o sentimento.

Ele engoliu em seco e concordou.

— E então? Para onde vamos? — Dei de ombros sorrindo e me inclinando na direção dele.

— Isso é você quem vai me dizer — Falei, levantando uma sobrancelha.

Jesse sorriu para mim antes de começar a falar.

— Estava pensando em L.A. — Deu de ombros — É bem perto daqui, e é uma cidade praiana. — Jesse então voltou a caminhar cozinha adentro — Sem contar que...

Ele foi até a primeira gaveta e tirou de lá alguma coisa, voltando a ficar na minha frente, colocou dois cartões de visitas sobre a mesa, um é da Razor & Tie, e o outro é da gravadora do The Neighbourhood.

— As duas gravadoras tem filiais em L.A. — Jesse falou sorrindo.

— Por que você não me contou antes? — Disse fazendo cara de espanto, ele riu e deu de ombros.

— Não sei, queria que morássemos em uma cidade que você gostasse que te deixasse feliz. — Falou e se desencostou do balcão me olhando, foi impossível não deixar o meu sorriso não aparecer, mas em silêncio me levantei da cadeira, e contornei o balcão adentrando na cozinha e ficando cada vez mais perto dele.

Quando cheguei à sua frente passei minhas mãos pelo seu tórax, e em silêncio coloquei a cabeça em seu peito. Jesse pareceu surpreso por alguns instantes, mas logo passou os braços pela minha cintura e grudou os lábios no alto da minha cabeça.

Estava envolvida por tudo que o formava, seu cheiro, sua pele, e seu coração. Com o ouvido grudado no peito dele, conseguia escutar o coração batendo tranquilamente, os batimentos eram extremamente perfeitos.

E ali abraçada a tudo que o envolvia, o que o fazia vivo, só conseguia me sentir emocionada com o quanto as coisas tinham mudado para mim nos últimos messes, mesmo com problemas, pedras no caminho nós conseguimos passar por tudo aquilo, estamos aqui agora, abraçados e unidos, e o mais importante amamos um ao outro, queremos que isso de certo mais que tudo.

Ainda com os braços ao seu redor me afastei olhando para cima, dentro de seus lindos olhos castanhos.

— Eu amo você, Jess... Não importa o lugar para qual fomos, se você estiver lá ele será o meu lar, aí sim serei feliz — Isso colocou um sorriso bobo no rosto do meu namorado, e ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Eu amo você também — E então se curvou em minha direção, nossos lábios se juntaram e sincronizados demos início ao nosso beijo preferido, aquele que sabíamos como sempre acabava.

Queria aquilo, mas sabia que tínhamos de achar uma casa logo, e logo nossas visitas chegaria, levei minhas mãos ao seu rosto e com carinho parei nosso beijo, enquanto encostava a minha testa na dele, e nossas respirações se chocavam.

— Você sabe que sou sempre a primeira a pedir por isso, mas não podemos fazer isso agora. — Falei levantando meu olhar ao dele.

Esperávamos visitas, e sabia que não nos contentaremos com algo rápido, e não seria nada legal sermos pegos no flagra.

— Posso ligar para Zach e desmarcar — Ele disse enquanto enterrava a cabeça em meu pescoço, dando mordidinhas e beijos, foi impossível não sentir aquilo ter efeito no meu corpo inteiro, e mordi os lábios a fim de conter um gemido.

— Jess... — Chamei seu nome, meio suspirando e meio o repreendendo. Senti ele sorrir contra a minha pele, enquanto enterrava as mãos nas minhas madeixas loiras, minhas mãos tocavam sua pele com amor e desejo, enquanto sentia meu corpo inteiro se acender, e lutava contra aquilo. — Por favor.

Implorei sabendo muito bem que não conseguiria negar por muito mais tempo. Foi então que Jesse ficou estático, e depois de alguns segundos se afastou de mim.

— Como pode ser tão difícil manter minhas mãos longe de você? — Ele me perguntou enquanto me olhava intrigado, só que ainda tentava recuperar o fôlego.

— Você está perguntando para a pessoa errada, querido — Falei e ele enquanto me apoiava no balcão perto dele.

Jesse levou a mão ao meu rosto o acariciando.

— Você é linda demais sabia? — Me perguntou enquanto olhava fundo em meus olhos, não tinha como negar o olhar emotivo em seu rosto, amava como ele conseguia se abrir para mim, como eu sempre tinha certeza do que estava sentindo.

Podia ser estranho, mas sentia que conhecia muito mais Jesse, do que conhecia Brian nos últimos sete anos. Levei minha mão até a sua, entrelaçando nossos dedos, e levei a mão dele aos meus lábios beijando-o docemente.

— Obrigada pelo elogio, mas eu já sabia disso — Sussurrei contra a pele de sua mão, e ao fim da frase abri um sorriso sapeca. Isso fez Jesse rir, a minha risada favorita. — Eu te amo.

Disse para ele e então soltei sua mão, me afastando e voltando para o outro lado do balcão.

Ansiosa e querendo achar o quanto antes a nossa casa, me sentei em frente ao computador e digitei rapidamente na barra de pesquisa. Achei diversos sites com diversos lugares diferentes, me sentia perdida naquele monte de lugares, abri um a fim de somente pesquisar.

Jesse do outro lado se inclinou também querendo ver.

— Olha só essa cobertura — Ele disse apontando para a pequena foto, eu cliquei nela em seguida as fotos abriram maiores e com mais detalhes.

Ficamos em frente ao site olhando as opções por um bom tempo e nem percebemos quanto, só que infelizmente não importava qual apartamento abríssemos sempre tinha algo que não gostávamos.

— Eu estou começando a ficar bem desanimada — Falei fazendo um bico e continuando a rolar para baixo.

— Nem me fale — Jess disse tinha a cabeça apoiada na mão e olhava para a tela do PC com menos ânimo que eu, provavelmente era o fato de que nunca gostava de nenhum, mas é que quero algo perfeito, não só bom. — Acho que deveríamos agendar um horário e ir ver isso pessoalmente — Jesse comentou enquanto se afastava do balcão, caminhando até os armários.

— Na verdade é uma ideia maravilhosa — Falei olhando para as suas costas, lembrei-me de mais de um ano atras, quando eu desmoronei na sua frente, e tudo que ele fez foi não me julgar e sim me ajudar, me lembrei que naquele dia foi a primeira vez que o olhei com outros olhos, foi a primeira vez que o cobicei.

Jess virou o rosto para trás, estranhando o meu silêncio repentino, quando meus olhos encontraram os seus, eu recuperei o fôlego e voltei para o mundo real.

— Você está bem? — Me perguntou enquanto se virava em minha direção.

— Eu estou bem mais que bem. — Disse a ele enquanto um sorriso mais que sincero se abria em meu rosto.

Isso fez Jess sorrir para mim também.

— Bom, então que tal você me dar uma ajudinha aqui? — Perguntou enquanto colocava alguns pratos para baixo, e ele não precisava pedir duas vezes, eu já ia fechando o notebook e levantando da cadeira a fim de ajudá-lo.

Sexta-Feira, 01 de Setembro de 2016, Los Angeles, Califórnia.

Abri a porta do carro colocando meus saltos na calçada, fiquei de pé enquanto esperava meu namorado dar a volta, assim que ele se pôs ao meu lado entrelaçamos nossos dedos.

O sol brilhava alto e forte em L.A., e mesmo HB sendo perto, o clima parecia diferente. Eu vestia um lindo macacão branco, soltinho. Meus cabelos curtos costumam ficar bem mais soltos ultimamente.

Jesse e eu atravessamos a calçada juntos, a corretora ruiva nos esperava com um sorriso no rosto, atrás dela estava o quinto prédio que visitávamos hoje, parecia que mesmo pessoalmente, nada conseguia nos encantar.

Já estava começando a me desanimar, era como se não importasse que tipo de lugar nós víssemos, nada parecia nem mesmo bom o suficiente. Subimos junto da mulher que não parava de falar sobre as informações do apartamento, podia ver Jesse prestar atenção, enquanto eu só conseguia me sentir ansiosa.

E se não achássemos nada, o que aconteceria? Engoli em seco e ao levantar meu olhar às portas de metal se abriram, a cobertura era com certeza encantadora. Mesmo da onde estávamos tinha uma linda visão de LA, fomos caminhando para dentro do apartamento, enquanto meu salto batia oco no chão de granito. O elevador se dava diretamente na sala, que estava montada no melhor estilo programa de TV, nenhuma casa conseguia ficar assim na vida real. Era tudo perfeitamente branco demais.

A moça nos mostrou com muita paciência, e até consegui gostar do lugar, mas não sentia que era ali que formaríamos a nossa casa, a nossa família. Suspirei me sentindo mal, o que tinha de errado comigo afinal?

Soltando da mão de Jess, e não me importando com o que a mulher falava sai do quarto e caminhei pelo apartamento até a sala, querendo ver a vista que se tinha dali fui calmamente até as janelas. Meus pensamentos não conseguiam me deixar em paz, as dúvidas e inseguranças estavam me dominando, levei a unha a boca, não conseguindo evitar o velho hábito acabei roendo-a.

O pior de tudo provavelmente era o fato de que não fazíamos a menor ideia de como queríamos a nossa casa perfeita. Abracei-me, enquanto podia ver a água se chocar contra a areia da praia, que ficava uma rua a frente do prédio.

Senti duas mãos me tocarem, enquanto os dedos macios do meu homem passeavam pela pele dos meus braços para poder me abraçar.

— O que você achou? É esse? — Me perguntou enquanto beijava meus cabelos.

— Não sei... Eu acho que não — Falei resmungando, não queria dizer que não gostará, já era o quinto que negava, me sentia como se fosse uma criança mimada que não gostava de nada que me mostravam, mas eu sabia que não era assim.

— O que foi meu amor? — Jesse perguntou enquanto me girava em seus braços me fazendo ficar de frente para ele.

Suspirei, não conseguia nem olha-lo nos olhos. Depois de algum tempo em silêncio, meu namorado gentilmente levou uma mão ao meu queixo levantando meu rosto, e finalmente encarei os olhos castanhos claros.

Ele acariciava minha bochecha docemente, sabia muito bem como me fazer falar, suspirei deitando minha cabeça em sua mão, querendo sentir seu toque.

— Não gostei de nenhum. Não consigo nos ver morando aqui. — Disse a ele enquanto franzia a testa e sentindo a tristeza por aquilo me consumir.

— Não tem problema — Ele disse enquanto olhava fundo dentro dos meus olhos, e abria um sorriso reconfortante — Nós vamos continuar procurando, e vamos encontrar algo nosso, se não encontrarmos, a gente manda construir.

— Você sabe que não quero passar por um estresse que uma obra requer — Falei fazendo bico para ele que sorriu para mim, e se inclinando em minha direção mordeu meu lábio inferior.

— Se for para ter a sua casa dos sonhos, eu mesmo cuido de tudo — Disse e sorriu ao final da frase, balancei a cabeça negando, Jesse é inacreditável.

— Eu te amo — Disse a ele olhando em seus olhos querendo passar tudo que sentia em um só olhar.

— Eu também te amo — Se inclinando me deu um selinho rápido, e engatando na minha mão me levou apartamento adentro, até o outro cômodo onde a corretora estava. Assim que adentramos a cozinha, a mulher sorriu e ficou de pé.

— Então o que acharam? — mordi meu lábio inferior me sentindo mal em ter que dizer mais um não a ela.

— Na verdade, — Jesse tomou a frente falando, soltei o ar aliviada — ainda não achamos que esse seja o lugar certo.

A mulher não perdeu a postura, abriu mais o sorriso e voltou a se sentar na cadeira, depois estendeu a mão pedindo para nos sentarmos, o que fizemos.

— Eu entendo, e acho que devem escolher algo de que gostem, mas você precisa me ajudar. — Falou sorrindo, olhando de um para o outro — Quando pensam no local ideal, o que lhes vem à cabeça?

Por alguns segundos o silêncio se instalou ao nosso redor, enquanto eu e Jesse tentávamos pensar. Depois de ter passado tempo demais, resolvi ser sincera.

— Na verdade, nós não temos ideia do que estamos procurando. — A mulher afirmou com a cabeça.

— Vocês só pediram por apartamentos, não chegaram a pensar em casas ou realmente não querem? — Ela nos perguntou, virei meu olhar para o homem ao meu lado que também virou o rosto em minha direção.

— Na verdade nós não chegamos a pensar em uma casa, — Falei e direcionei meu olhar a Jess — o que você acha? — Perguntei para ele, que deu de ombros me olhando.

— Talvez seja uma opção bem mais viável, mas acho que depende bastante de quando queremos começar a formar nossa família — Ouvir a palavra família sair da boca dele fazia meu coração pular, realmente isso estava acontecendo. Me sentia desconfortável por estarmos discutindo aquilo na frente da corretora, mas sabia muito bem que Jesse não tinha o costume de se importar com coisas assim.

Senti meu rosto ficar vermelho, admito que tenho vergonha de falar a ele que queria aquilo o quanto antes, eu havia recebido tanto não para um sonho que sempre me pareceu tão simples e real, e não só para mim como para todas as outras pessoas, que pensar em falar aquilo me fazia achar que ganharia outro não, mas sabia que tinha que ser sincera. Soltando o ar juntei a coragem e deixei as palavras saírem.

— Eu quero formar nossa família o quanto antes — Sentir aquela frase finalmente sair dos meus lábios, foi como sentir fogos de artifícios brilhando em meu peito, a minha frente vi Jesse abrir um sorriso, sentia meu coração acelerado. Foi então que ele se virou para corretora e falou;

— O que você tem de casas na praia? — Não conseguia não olhá-lo, sentia meu coração se acalmar enquanto a corretora digitava algo no computador com um sorrisinho na cara.

Ele estendeu a mão para minha direção e quando nossos dedos se uniram me puxou contra seu peito, nos entrelaçamos um noutro. Sentia finalmente estar no meu lugar, que agora poderia descansar de todas as merdas que tinham acontecido. Só que se tornava quase inevitável para mim não ter medo, não era como se as coisas costumam dar muito certo para mim, sentia que acordaria um dia e Jess se tornaria uma pessoa diferente.

Mas depois de tudo que tinha acontecido, independente das minhas paranoias, sei que Jesse é o cara certo, e nunca tive tanta certeza quanto tinha disso. A corretora virou o computador em nossa direção nós mostrando algumas opções de casas na praia.

Ficamos olhando algumas, e comecei a me sentir animada, talvez estivéssemos mesmo procurando errado. Foi bem mais fácil achar algo que nos sentíssemos atraídos, e logo estávamos pegando o carro para ir olhar algumas casas.

A maioria dos bairros e cidades de Los Angeles são únicos, como se cada tipo de pessoa se encaixasse em um lugar diferente, mas depois de darmos uma olhada nas opções que tínhamos, e nós preços claro, resolvemos que com certeza Veneza era o nosso lugar, perto de Santa Mônica, ficaríamos a quadras de distância do píer com a maravilhosa montanha russa.

Acabamos visitando três tipos de casa diferentes:

A primeira era simples pequena e moderna, apesar de ser em frente à praia, ainda tínhamos que atravessar a rua, dessa vez foi Jesse quem deu o primeiro não;

A Segunda era um pouco maior e bem mais longe da praia, mas realmente tinha muita das coisas que nós queríamos, e até aquele momento não tínhamos entendido o que era. Ainda não tendo certeza se realmente queríamos aquela resolvemos continuar olhando;

Mas ao chegar à terceira casa, que em si era realmente grande e moderna embora tivesse o terreno bem pequeno, percebemos que queríamos algo um pouco maior que aquilo, é bem mais praiano, e familiar, com um terreno bem grande, para nas palavras de Jesse “As crianças poderem brincar”. Se eu tive cinco tipos diferentes de ataques ao ouvi-lo dizer isso? É com certeza tive.

A corretora ao conseguir descobrir algumas características do que queríamos, abriu um vasto sorriso, e pegou o celular na mão.

— Eu tenho uma que acho que vai ser perfeita para vocês — Disse sem nem mesmo levantar o olhar da tela.

E foi então que chegamos à quarta casa.

Abri a porta do carro enquanto secava a faixa dela. Tinha dois andares o de baixo era tudo para a garagem que tinha dois enormes portões, admito que de início adorei, mas depois pensei no pouco espaço que a casa deveria ter.

Jesse contornou o carro e parou ao meu lado, levantou uma sobrancelha enquanto unimos nossos dedos.

— O que você achou? — perguntou me olhando.

Ainda com os olhos pregados a casa suspirei.

— Não tenho opinião concreta ainda... — Disse de modo automático e Jesse riu.

Atravessamos a rua entrando no terreno da casa, nos encontrando com a corretora que sorria mais que animada, admito que a fachada da casa é bem mais que charmosa.

Ela nos levou pra um tipo porta feito na lateral da casa, não tinha portão nem nada, só um buraco na parede bem decorado, seguimos por um corredor ao ar livre, a direita se tinha um lindo jardim com diversas flores que o seguia. De repente a casa tinha ficado imensa.

— Vocês poderiam entrar também por uma porta que tem na garagem, mas queria antes mostrar isso para vocês, é com certeza a melhor parte dessa casa. — A corretora falou enquanto abria um sorriso ansioso.

Era como se a frente passeasse um tipo diferente de casa, simplesmente amará isso, e sem nem mesmo conhecer o resto da casa, já sentia que seria ela.

Ao finalmente chegarmos ao final do corredor, passamos por um portão e fomos parar sobre um deck de madeira e pude ver o quando o lugar era absolutamente lindo. O terreno era enorme e adentrava até um pouco a areia da praia, um cercado baixo corria por todo o terreno, mas não tirava nenhuma visão ao redor.

— Como podem ver essa seria a área de festas — Disse apontando para o terreno aberto, se tinha diversas mesas e um lindo jardim ali, no deck se tinha mais mesas e um lugar coberto para poder fazer comida.

Ao adentrarmos a casa dávamos para uma sala imensa que totalmente aberta seguia para a sala de jantar e a cozinha, e ali também se tinha uma escada. Tudo ali com certeza tinha o ar que queríamos familiar e praiano.

A casa era tão aconchegante e bonita que só conseguia me hipnotizar cada vez mais por ela. Depois de olharmos todos os cômodos, a corretora nos levou novamente até fora da casa, no deck de frente para a praia.

— Vou estar na cozinha se precisarem de mim — Disse antes de virar as costas e entrar na casa desaparecendo.

Ainda de mãos dadas com meu homem, sorri para ele e comecei a caminhar o levando junto comigo. Antes de sairmos do deck tirei minha sandália de salto, Jess seu tênis. Caminhamos então pela trilha de pedras, posta na área que ia cortando o terreno até finalmente sair no portão que se abria a praia.

Conforme fomos caminhando pela areia chegávamos cada vez mais perto da água, Jess soltou minha mão passando o braço pelo meu ombro, me puxando para si e me abraçando.

— O que você achou da casa? — Perguntei a ele, levantando meu olhar para o seu.

— Eu gostei — começou dizendo — ela tem um estilo bem diferente das outras que vimos até agora, só que ela é mais cara também.

Comentou enquanto fazia uma careta engraçada.

— Você sabe que nisso nós damos um jeito. — Falei levantando uma sobrancelha, e pousando uma mão sobre o peito dele.

— Claro, — Falou e bateu fraco a mão na testa, como se tivesse esquecido de alguma coisa — desculpa esqueci que você é a rainha do ramo imobiliário — Jesse disse enquanto zoava comigo, eu ri dando um tapinha nele.

— Sou em HB, e estou falando sério — Disse não conseguindo tirar o sorriso do rosto.

— Eu também estou — Ele falou sério, mas momentos depois abriu um sorriso enquanto me olhava — O que você achou? — Me perguntou dando ênfase no você.

Sorrindo, me virei de frente à praia a fim de querer olhar para o horizonte, Jesse me abraçando por trás colocou a cabeça em meu ombro em silêncio.

— Eu amei, — Disse e suspirei para então continuar — acho que essa é nossa casa, eu sinto isso aqui.

Disse e fechei os olhos respirando fundo. Jesse tinha razão, precisávamos de um recomeço, eu precisava de um. Não entendia como tudo podia ter acontecido tão rápido, mas agradecia, porque podia sentia que tudo ia dar certo, havia uma luz no final do túnel, uma luz brilhante e que transmitia um calor que me acalentava.

— Eu realmente escutei o que acho que escutei? — Jesse perguntou enquanto me afastava de seus braços e me virava em sua direção para olha-lo. Eu sorri, sabendo muito bem que ele faria alguma palhaçada. — Finalmente encontramos a casa perfeita?

— Ela não é perfeita... — Comecei a dizer, tem várias coisas que quero mudar nela, mas Jesse gargalhou alto e ainda rindo se abaixou abraçando minha barriga, e me colocou no seu ombro, desesperada pelo susto, não pude evitar em gritar. — Jesse, o que você está fazendo?

Meu namorado ria enquanto me carregava em seus ombros de volta para casa.

— Não dizem que dá sorte levar a esposa no colo para dentro da casa nova? — Ele perguntou enquanto ria e atravessava a praia de volta para o terreno.

— Eu não sou sua esposa, e nós não compramos a casa nova — Falava enquanto me debatia e ria desesperada no ombro dele — Sem contar que você está me pegando do jeito errado.

Assim que passamos pelo portãozinho do terreno Jess finalmente me pôs no chão.

— Você é um idiota sabia? — Disse a ele enquanto, me colocava no chão.

Assim que ficou de pé na minha frente, Jess tinha o sorriso mais radiante que já virá em seu rosto.

— Você pode não ser a minha esposa, — Ele falou e deu um passo à frente, colando nossos corpos e levando uma das mãos a lateral do meu rosto, enquanto a outra descansava gentilmente na minha cintura — mas eu não tenho dúvida alguma de que um dia você será, e pode não ser a nossa casa ainda, — Continuou enquanto acariciava gentilmente a minha bochecha, passei meus braços ao redor dele querendo poder nunca mais soltá-lo. — mas se aqui for para ser o nosso lugar, ela com certeza será. Eu até posso ser um idiota — Disse enquanto abria um sorriso mais brincalhão — mas sou seu idiota.

Não precisei dizer nada, ficando na ponta dos pés a fim de ficar mais alta para poder alcançá-lo, Jesse firmou a mão em meu rosto me puxando em sua direção e colando com fervor nossos lábios, o beijo não foi quente ou desesperador como aparentava que seria.

Na verdade foi diferente, foi mais íntimo, mais verdadeiro, mais apaixonado, e mais amoroso do que qualquer beijo nosso já foi. Eu não queria soltá-lo, não queria que esse momento acabasse nunca, queria que nos tornássemos infinito.

Aos poucos o nosso fôlego foi acabando e inevitavelmente nós tivemos que o romper, grudando nossas testas respirava com dificuldade, tentando recuperar meu fôlego.

Jesse me soltou momentaneamente, endireitando o rosto e me dando um beijo carinhoso na testa, depois deu um passo para trás e me olhando dentro dos olhos com o mesmo sorriso radiante falou:

— Preparada para dar a primeira oferta na nossa casa? — Retribui o sorriso dele me sentindo eufórica de felicidade, enquanto apertava sua mão o respondi:

— Estou mais que preparada para isso.