História Twenty-Two - Next Steps

No Capítulo Anterior…

Em choque não esperei ouvir a resposta de Brian, deixei os dois ali e fui para o estúdio improvisado que havia na casa, sentei em frente ao painel e fiquei por alguns minutos olhando para o nada, e pensando em nada. Minha vida estava um desastre, parecia que tínhamos passado esses seis anos construindo esse lindo castelo de cartas, e agora estava pronto para ser derrubado.

Peguei um violão que estava perto,  abri o computador em minha frente, fui até os e-mails e abri minha composição mais recente, depois de olhar para ela por um tempo, comecei a dedilhar um ritmo no violão e, a cantá-la.

…

Sábado, 09 de agosto de 2009, Huntington Beach, Califórnia.

Seis anos antes...

Estava sentada no banco do carona do carro de Jimmy, ele dirigia rápido até a nossa praia, e quando  digo nossa, quero dizer que sempre que vamos a praia é essa que viemos. Foi aqui que  o conheci, em toda a cidade esse é o melhor lugar para poder fumar maconha em paz. Então, acaba não me importando muito se estávamos atrasados para o jantar na casa de Matt, porque, antes de qualquer coisa, precisávamos fumar um.

Jimmy freou bruscamente fazendo que eu voasse para o para-brisa, se não estivesse de cinto seria algo lindo de se ver.

— Seu babaca. — Gritei para ele assim que levei o susto, com o carro já parado, Jimmy ria que se acabava ao meu lado, virei meu olhar assassino para ele que me ignorou e pegou as suas coisas antes de sair do carro ainda rindo.

Pelo para-brisa do carro eu tinha uma visão perfeita da praia, abri a porta e sai do carro lentamente sentindo o cheiro de mar e os barulhos das ondas, e por algum motivo lembrei-me de Brian.

Eu o tinha conhecido há uma semana, ele estava bêbado, eu estava bêbada, e foi à conversa mais sincera que eu já tive com alguém. Momentos depois o encontrei jogado no chão ensanguentado. O ajudei do jeito que  pude, agora, uma semana depois de tê-lo deixado em sua cama sem nem ao menos me despedir, isso me consumia. Lembranças de seu forte corpo molhado enquanto minhas mãos limpavam o sangue e passeavam com sabão pelo seu corpo, lembranças de estar em sua cama quente e confortável, rindo com ele ao meu lado. Tinha sido uma só noite, mas parecia à vida inteira.

— Vai ficar parada aí para sempre? — Jimmy gritou para mim, ele já estava na areia caminhando em direção as pedras, enquanto eu sonhava acordada com o cara que nunca mais veria. Resmunguei um “droga!” saindo correndo dali fechando a porta do carro atrás de mim.

Eu e Jimmy éramos quase um só, onde ele estava, você pode acreditar,  eu estaria também. Muitos dos nossos amigos não gostam disso, pois dizem que nós acabamos um com o outro. Talvez seja o fato de que vivemos chapados ou bêbados. Leana a namorada de Jimmy, me caça viva ou morta, normalmente ele trocava ela por mim, mas nós dois nunca chegamos a ter nada, quer dizer não sóbrios.

A questão é que nós somos como irmãos, somos uma parte um do outro, só quem realmente tem irmão pode entender. De acordo com meu terapeuta, uso Jimmy para preencher o vazio que meu irmão mais velho, Joshua, deixou depois de sair de casa e nunca ligar ou aparecer.

Jimmy ainda estava à uma boa distancia de mim, ele já chegava à nossa parte favorita da praia. Conhecíamos aqui com a palma da nossa mão.

Corri desajeitadamente  para conseguir alcançá-lo.

— Jimbo.— Disse quando cheguei ao seu lado, ofegante. — Lembra-se daquele cara que  te falei?

— O moreno gostoso que você cuidou? —  Perguntou enquanto bolava um beck cuidadosamente na palma da mão. — É, eu me lembro, você não me deixa esquecer.

— Então, você acha que seria esquisito eu aparecer na casa dele um dia desses? — Ele parou de andar e me olhou, depois passou a língua na cola da seda fechando o beck.

— É Taylor, eu acho que seria esquisito sim. — Bufou e virou à direita, subindo nas pedras enormes que ali havia. Sentamos no nosso lugar de costume e Jimmy terminou de ajeitar o beck. E então falou — Vocês estavam bêbados e você o ajudou. — Fez uma longa pausa, balançando as mãos para todos os lados e fazendo uma cara engraçada. — Cara, você deu banho nele, aposto que ele não quer olhar na sua cara.

— Você é bem antipático, né? — Eu falei, ele colocou o beck na boca e levou o isqueiro até ali acendendo em seguida. — A questão é que não consigo tirá-lo da minha cabeça. E  fiz cada coisa depois daquele dia que nunca tive coragem de fazer.

— A é? Resolveu começar a fazer xixi em pé? —  Disse e riu da própria piada, eu fechei a cara para ele.

— Você está zoando e eu não gosto nada disso. — Ele riu mais ainda. Tragou forte o cigarro e prensou. — Eu falei com os produtores de Gossip Girl essa semana. — Ele me olhou e franziu a testa como se disse “Como é que é?”. — Eu vou sair da série. Já falei com Mark, Ben e Jamie, vamos começar a trabalhar em nosso primeiro CD e assim que for possível, eu quero rodar o mundo fazendo o que eu amo fazer.

Jimmy soltou a fumaça e me olhou.

— Isso é ótimo Taylor. — Ele me passou o cigarro. — Se esse cara lhe inspirou a fazer isso, então talvez você realmente deve correr atrás dele.

———

Quando Jimmy estacionou na frente da casa de Matt,  disse:

— Apaga essa merda antes que o Matt pressinta a presença dela. — Revirei os olhos, Matt estava tentando parar, o que significava que todos deveriam parar, o que fazia todos terem vontade de matá- lo, mas Matt era o Matt,  não tinha como odiá-lo por mais de alguns minutos.

Apaguei e desci do carro, como por instinto meus olhos andaram até a casa pequena no enorme terreno, todas as luzes estavam acesas, havia dois carros na garagem. Eu já sabia que teria que lutar contra a vontade de vê-lo quando me convidaram, mas não pensava que seria tão forte.

— Taylor, acorda, o portão vai fechar. — Jimmy gritou me chamando a atenção, demorei a conseguir desviar meus olhos da casa.

— Relaxa, eu to indo. — Como se estivesse em um transe, passei pelo portão da casa, cheguei ao lado de Jimbo.

— Você tá lerda hoje em? O que foi? — Falou me olhando estranho.

— Não é nada. — Resmunguei para, querendo que me deixasse em paz.

Passamos pelo caminho de pedras até a entrada, a casa de Matt me lembrava da Casa Branca, só que em miniatura. Fomos pela lateral da casa,  quando chegamos a festa já estava rolando,  eu comecei a sentir que o beck tinha batido.

— Olha a marofa! — Zacky gritou quando nós nos aproximamos deles,  ri e dei um tapa fraco em seu braço, fui cumprimentando todo mundo e então sentei-me à mesa para conversar.

Eu achava que estava todo mundo ali, mas depois de uns depois minutos, Valary falou algo que me fez perceber que não seríamos só nós.

— Michelle acabou de me mandar mensagem dizendo que estão saindo de casa agora. — Valary disse para todos na mesa.

— Você a convidou? — Matt perguntou, seu rosto transmitia dúvidas.

— Claro que não. — Valary respondeu — Ela está na casa do Syn.

— Ela e Syn voltaram? — Gena perguntou, Syn era o tal outro cara da banda e, Michele é a namorada maníaca e irmã gêmea da Val. Então, quer dizer que eu finalmente os conheceria.

— Ela me disse mais cedo que ele não ta querendo mais voltar com ela, estranho isso né? Até semana passada ele tava rastejando por ela, ai do nada ele falou que eles deveriam sentar e conversar. Disse que viu que realmente não daria certo entre os dois. — Valary revirou os olhos e então continuou. — E agora ela está se jogando em cima dele. Minha irmã é idiota.

— Brian pode ser um tremendo galinha, mas sempre a tratou tão bem que chega a dar inveja, né Zacky, meu amor? — Zacky revirou os olhos ao ouvir isso,  Gena deu risada, eu estava paralisada, era coisa demais batendo para conseguir processar. Como assim Brian?

Minha boca secou,  sabia que deveria ser por causa da maconha, e eu desejei mais que nunca não ter fumado aqueles baseados. Levantei para ir pegar uma cerveja.

— Vai aonde, Taylor? — Gena perguntou.

— Só vou pegar uma cerveja. — Digo apontando para o freezer.

— Pode pegar uma para mim, por favor? — Disse, fazendo cara de cachorro sem dono.

— Claro que sim. — Disse, o que acabou sendo um erro, porque todos começaram a pedir para mim ir buscar cerveja.

Abri o freezer pela terceira vez e peguei 3 cervejas e  me virei para o corredor, de relance pude ver um casal andando lado a lado, ignorei e fui dar o primeiro passo para entregar o resto das cervejas.

— Taylor? — Olhei na direção da voz e quase deixei as cervejas caírem no chão. Brian estava bem ali, bem na minha frente.

— Oi. — Disse sem jeito e dei a ele um sorriso amarelo, as cervejas geladas começaram a fazer minhas mãos queimarem, então assustada segui meu caminho, coloquei as cervejas no meio da mesa sentando em meu lugar, Brian estava de mãos dadas com a mulher ao seu lado, ela vestia um vestido colado, parecia que iria para alguma boate, e não para casa de uns amigos, ela era a cara de Valary, mas enquanto V tinha os cabelos pretos, a moça era loira,  então deduzi que ela era Michelle a noiva de Brian, a única coisa que consegui pensar foi “Ótimo, peguei um cara com tipos específicos de mulheres”, levei a cerveja até a boca e encarei a mão deles, quando Brian percebeu a soltou rápido, todos resolveram então ficar em silêncio, eles não tinham ido cumprimentar os amigos porque Brian estava ocupado me encarando descaradamente.

— Brian, o que foi? — Michelle perguntou olhando para ele preocupada,  tocando em seu braço. Nesse momento  foi como se alguém tivesse posto álcool em minhas veias e ateado fogo, quis dar um soco na cara dela.

— O que você ta fazendo aqui? — Não é o tipo de pergunta que você espera de um cara, o qual você ajudou, deu banho e cuidou.

— São meus amigos, por isso eu estou aqui. — Brian olhou para os lados, estava confuso, todos estavam com cara de confusos, eu estava confusa, como podia nunca tê-lo encontrado?

— Desde quando vocês a conhecem? — Ele perguntou fazendo gestos com as mãos me indicando.

— Ela é a mulher do Chuck que a gente fala Brian. — Gena disse como se fosse óbvio, deu um sorriso  olhando de mim para ele. — Nós crescemos juntas, tudo bem que vocês são todos uns velhos e ela é mais nova, mas não é para tanto assim. — Gena não entendia, mas tentou tirar sarro da situação.

— Taylor, venha cá. — Ele me deu uma ordem como se eu fosse um cachorro, e todos os rostos  ao meu redor se voltaram para mim, eu dei uma risada crua, ele não me conhecia.

— Dá licença, eu não sou um cachorro de estimação para você me chamar assim. — Ele revirou os olhos.

— Desculpa, Taylor podemos conversar por um instante? — Ele parecia bem, seu olho ainda estava um pouco inchado, mas já estava melhor, a postura estava boa.

— Com licença. — Disse e empurrei a cadeira para trás com raiva, ela fez um tremendo barulho.

Ele se sentou na bancada em frente à pequena cozinha que tinha lá fora, sua noiva foi se sentar ao lado da irmã a mando dele.

— Você poderia ter disfarçado melhor. — Acusei, levantando uma sobrancelha para ele.

— Eles são meus amigos, não preciso disfarçar nada. — Falou dando de ombros.

— Nossos amigos. E pela sua noiva você deveria. — Ele revirou os olhos.

— Ela não é minha noiva. — Ele disse como se isso fosse um assunto banal e chato.

— Mas, não é o que está parecendo. — Disse e o olhei com raiva nos olhos. — Olha só, eu quase dei para você e, de acordo com o que você falou, ela não era mais a sua noiva.

— Só que você não deu para mim e ela realmente não é mais minha noiva, é só uma maníaca que não larga do meu pé. — Eu olhei para onde nossos amigos estavam, eles estavam nos encarando confusos. Olhei para ele com o queixo caído, eu realmente havia escutado aquilo? Ele tinha um tom sexy no sorriso e um divertimento nos olhos.

— A garota com quem você veio está bem ali, então, por favor, não faça isso. — E me virei para me afastar, mas ele me puxou de volta.

— Olhe nos meus olhos e admita. — Disse enquanto segurava meu braço rente ao seu peito, nossos rostos estavam tão perto que conseguia sentir seu perfume amadeirado e seu hálito de menta batia em meu rosto. — Admita que se sentiu diferente nessa semana que se passou, me diga que não fez coisas que nunca faria, que não se sentiu feliz sem nenhum motivo. — Qualquer diversão saiu de seus olhos, ele assumiu um tom sério, percebi que não me deixaria sair sem a sua resposta. Continuei encarando-o, olhos azuis em olhos castanhos.

Soltei-me da mão que ele prendia em meu braço,  me endireitei na sua frente com os braços cruzados na altura do peito, e então quando eu ia falar ele me cortou.

— Não faça isso, seus seios quase pulam para fora, pedindo para... — Levantei a mão para ele parar antes de terminar a frase. Voltei a me endireitar, abaixando os braços.

— Me demiti da série, eles vão começar a me cortar aos poucos, até eu sumir, conversei com os caras da minha banda,  vou começar a gravar meu primeiro CD. — A surpresa em seus olhos foi mais do que eu poderia aguentar. Ele ia falar o que  havia feito naquela semana, mas saí correndo dali, me sentando no meu lugar na mesa.

Os garotos tinham saído da mesa e estavam começando a preparar as coisas na churrasqueira, olhei de relance para Brian e ele parecia indignado. Aproximou-se da mesa, e se pois bem atrás da cadeira de Michelle, que pegou uma das mãos dele e o levou ao ombro dela, em momento algum ele deixou de me olhar. Quando percebeu que sua mão estava na dela, começou a balançar como se tivesse fogo nela. Michelle se assustou e olhou para ele.

— Para de querer ficar tocando em mim. — Ele disse baixinho só para ela escutar, mas enquanto eu explicava para as minhas amigas da onde o conhecia, eu escutava a conversa deles.

— Mas, Brian... — Ela começou a dizer e ele a cortou.

— Você apareceu na minha casa do nada, vestida igual uma prostituta. —  Apontou para suas roupas. — Eu estava vindo sozinho para a festa dos meus amigos e você se meteu no meu caminho, você nem estava convidada.

Quando terminou de falar, deixou-a ali, e foi até a churrasqueira onde os caras estavam eu fiquei olhando para ela pelo canto de olho, sentindo dó, sua cara era de uma criança que ganhou, não, ela parecia prestes chorar e fazer escândalo ao mesmo tempo, então os olhos castanhos da mulher varrerão a mesa, e se encontraram com meus olhos azuis que a encaravam, pela visão periférica vi Jimmy vir se sentar do meu lado. Michelle, não tinha  cara de bons amigos para cima de mim, ela tirou seus olhos de mim assim que Jimmy abriu a boca.

— Vai me dizer que merda é essa sua e da Briana?

Balancei as mãos para ele ficar quieto, e tentei focar minha atenção nela, que estava levantando.

— Ai meu deus! — Jimmy disse. — Por favor, não me diga que você está vigiando a Michelle, isso já vai ser demais Taylor.

— Cala boca, Rev. — Eu só o chamava de Rev quando estava prestes a gritar com ele, então ele calou a boca. Michelle caminhou até a irmã, disse algo em seu ouvido, as duas se cumprimentaram e Michelle saiu correndo da casa.

— Tudo bem, eu admito que isso foi bem interessante. — Jimmy disse, e se voltou para mim. — Agora me conta.

— Ele, Jimbo, é o moreno do qual eu te falei. — Disse a ele o olhando com os olhos arregalados, quando ele entendeu seu queixo caiu. — Eu achei que nunca ia vê-lo de novo. Agora tenho que lidar com ele ser amigo dos meus amigos. — Ótimo, pensei.

— Você está sendo dramática, Brian é um cara legal, deixe claro o que você quer dele que ele irá atender, se quiser ser só amiga, ele vai ser,  ainda o melhor que você tiver, depois de mim lógico. — Deu de ombros e piscou um olho para mim, eu não pude deixar de sorrir. — E ele pode tentar transar com você, mas tirando isso, ‘ta tudo bem. — Jimmy tentou me tranquilizar, mas só me apavorou ainda mais, meus olhos procuraram por Brian entre os meus amigos, ele estava de costas para mim com uma cerveja na mão e conversando com os amigos, parecia tão relaxado e normal.

— O problema não é com ele Jimbo, é comigo. — Apontei em minha direção me voltando para Jimmy. — Eu não sei se o que quero dele é uma simples amizade, ou só sexo. Acho que eu vou querer muito mais dele. — Olhei na direção dele novamente e Brian olhou para mim naquele instante, e sorriu. Seu sorriso provocou coisas em mim, que não eram na minha calcinha,  isso acabaria comigo e eu sabia.

— Olha Taylor, ele é meu melhor amigo e eu o conheço. — Jimbo disse, em seus olhos eu podia sentir que ele estava sendo sincero — Michelle é a prova viva de que ele não sabe como lidar com um relacionamento. Juro que se você tentar vou te apoiar, mas ele vai aprontar, porque ele é o Brian, e é isso que ele faz. Então se precisar saiba que vou catar todos os seus caquinhos.

— Você é o melhor amigo que qualquer um pode ter. — Falei para ele sorrindo, que sorriu de volta e deu de ombros.

— Pode acreditar gatinha, eu sei. — Ele piscou um olho para mim, levantou da cadeira indo até Brian, falou algo em seu ouvido, depois bateu em seu ombro e deu um sorriso caminhando até Matt que estava de frente para a churrasqueira.

Brian se virou na minha direção e nossos olhos voltaram a se encontrar, sua cara era de espanto. Fiquei louca para saber o que é que Jimmy tinha falado para ele, mas conhecendo o meu melhor amigo e vendo a cara de Brian, eu achava que Jimmy tinha falado que se ele me magoasse iria levar uma bela surra.

Dei um sorriso amarelo na direção dele,  me virei para Gena e Valary, prometendo a mim mesma o ignorar pelo resto da noite.