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História Twice. - Other side


Escrita por: annyclass01

Notas do Autor


Oi, gatões e gatonas! Boa noite!
Como sempre quero desejar as boas vindas aos que estão chegando agora e agradecer pelo apoio de todos vocês. É vocês que estão fazendo isso aqui, não sou só eu!
Obrigada mesmo <333333
Espero que vocês gostem do papai Nam narrando hoje!
Divirtam-se!

Ps.: Nunca havia dito, mas sempre imaginei a Tiffany do SNSD como a Stephanie, mas caso não queiram fazer o mesmo, fica sempre á critério da imaginação de vocês!

|ENJOY|
|NÃO BETADA|

Capítulo 18 - Other side


Fanfic / Fanfiction Twice. - Other side

 

    [...] e você será meu á qualquer custo, qualquer circunstância. Qualquer dor.

 

 

NamJoon PoV

 

    Eu estava deveras cansado. E, por incrível que pareça, era algo que eu já esperava. SeokJin e eu não estávamos em nossos melhores dias, tornaram-se raras – se não escassas - as vezes em que nos comunicávamos. Estava exausto de todas as brigas; meu marido estava cada vez mais fora de si e eu havia chego á conclusão de que ele somente precisava de um tempo consigo mesmo e mais ninguém.

 

    O único problema era que estava sendo, extremamente, difícil vê-lo daquele jeito. Longe de si eu não sabia como estavam nossos bebês, se ele estava se alimentando bem ou não, entre outras inúmeras questões.

 

    Nos últimos dias passei á vigiá-lo na madrugada; Em todas as exatas duas da manhã, me levantava e, do topo da escada, verificava a sala de estar, sempre o encontrando sonolento no sofá, enquanto cambaleava de um lado para o outro tentando manter-se acordado. Seria uma cena fofa de se presenciar, se aquilo não me incomodasse tanto. Eu não sabia o porquê daquilo, mas não queria que continuasse.

 

    Porém, eu não sabia como intervir, dar um fim àquela situação. Tinha medo de machucá-lo ainda mais, por isso apenas voltava para o quarto e, assim como sabia que ele faria, me mantinha acordado até o amanhecer.

 

    Já pela manhã, aproximadamente sete horas, estava pronto para deixar minha casa em direção ao trabalho, porém, fiquei em duvida se deveria ou não fazê-lo assim que alcancei o primeiro andar da residência. Yon que preparava a mesa me chamara para conversar, e tal dialogo me deixara deveras tenso e culpado, eu atravessava a sala quando a mesma me chamara.

 

    - Kim NamJoon! – Sabia que algo havia acontecido, visto que a outra – quem eu e Jin considerávamos uma segunda mãe – me chamara pelo nome completo.

 

    - Sim, noona. – Respondi a mesma da maneira mais dócil possível.

 

    - Por que você e SeokJin estão dormindo em quartos separados? – Questionara, ainda com a atenção voltada para as batatas que descascava.

 

    - Sua condição não está muito boa, por isso ele não está podendo subir a escadaria, já que nosso quarto fica no andar de cima e talv-

 

    - Não, Joonie. – A mais velha me interrompera, agora, voltando seu olhar em minha direção. – Disso eu já sei, o que eu quero saber é o porquê de você não estar dormindo com ele? Por que não o acompanhou nesta mudança? Por que estão tão distantes? – Yon disparara um turbilhão de questões que exigiam respostas concretas, as quais eu não possuía. Tinha certeza de que ela não acreditaria que tudo aquilo não passava de mero orgulho.

 

    - Estão havendo alguns problemas entre nós. – Falei sincero. – Talvez ele só necessite de um tempo sozinho, optei por dar isso á ele.

 

    - A coisa que ele menos precisa agora é ficar sozinho, meu filho. – Deixara seus afazeres e se aproximara de mim, alcançando minhas mãos tremulas. – Seu marido está passando por um momento muito difícil, qualquer um pode ver isso; Além de que todos nós sabemos o quanto ele é frágil, certo? – Assenti em concordância. – Então, imagine quanta pressão deve estar sofrendo.

 

    - Eu sei, Yon. – Suspirei. – Mas Jin precisa ter um pouco mais de maturidade, seremos pais em pouquíssimo tempo e ele precisa ter a consciência de que isso não é brincadeira.

 

    - Não é questão de maturidade e, sim, de apoio. Casamento é assim: “Na saúde, na doença, na alegria e na tristeza”, lembra? Você não pode deixar que meu menino se acabe daquele jeito. – Yon parecia aflita e aquilo me deixara deveras desassossegado.

 

    - Aconteceu algo com ele? – Questionei. – Seja sincera.

 

    - O vi passando mal assim que cheguei aqui. Na verdade, o presenciei saindo do banheiro meio zonzo, pálido, mas quando perguntei o que tinha acontecido ele disse que havia sido algo que comeu e não lhe caiu bem, mas, não sei porquê, aquilo não me convenceu. – Completara. – Eu sei que precisa trabalhar para construir um futuro grandioso para suas crianças, mas não se esqueça do seu marido, Joonie.

 

    - Eu não vou deixá-lo de lado, assim que chegar do trabalho conversarei com ele e juntos daremos um jeito nisso. – Talvez fossem apenas palavras para a mais velha, mas havia se tornado uma promessa para mim.

 

 

    Havia chegado ao prédio que guardava meu escritório um pouco atrasado por conta da conversa que tive com mais velha. Não que aquele atraso fosse interferir em meu desempenho profissional e me causar problemas, mas eu não tolerava imperfeições. Principalmente quando se tratava do ramo profissional que acompanhava minha família á gerações. Porém, a qualidade do serviço não se baseava apenas em uma boa aparência daquilo que se era feito; Tinha que ser perfeito desde a raiz.

 

    Meu pai me ensinara, desde pequeno, que direito era apenas para os grandes e para os que tinham a ganância necessária para querer alcançar o topo. Infelizmente, cego pelo desejo de vitória, muitas vezes, utilizei pessoas como degraus.

 

    Mas o principal ponto não é este, a questão era que eu, atualmente, não tinha a pretensão de alcançar mais “nada” profissionalmente – talvez porque houvesse alcançado meu ponto máximo -. O porquê de trabalhar tanto? SeokJin.

 

    Pode parecer apenas mais uma desculpa esfarrapada, mas todas as noites em claro não eram em vão. Eu sempre quis dar o melhor para meu marido, independente das condições, eu daria minha vida para que pudesse ver o mais velho bem. Porém, tal reflexão não era capaz de ser processada pelo outro, que ocupava a mente com um ciúme exagerado e sem fundamento algum.

 

    Sempre fora assim e era decepcionante chegar á possível conclusão de que sempre será.

 

    *Eu havia combinado de passar na casa de YoonGi para irmos juntos para a faculdade, e o fator de sermos vizinhos facilitava em muito nossa vida. SeokJin também era vizinho nosso, mas aquele dia tinha assuntos “particulares” á tratar com o Min e que, em hipótese alguma, poderiam chegar até os ouvidos do mais velho.

 

    - E aí, cara! – Cumprimentou o mais baixo assim que saíra de sua casa e se posicionara ao meu lado.

 

    - E aí! – Respondi. – Você precisa me ajudar! – Pedi – supliquei -.

 

    - Conta a novidade! Fala sério, NamJoon, acha que eu acreditaria que você estava apenas interessado em minha companhia.  – Desdenhou. – Desembucha.

 

    - Não seja tão ácido, seu anão. – Adorava implicar com o menor.

 

    - Me chama de anão de novo que quem irá te ajudar vai ser a puta que pariu.

 

    - Calma. – Levantei os braços em sinal de rendição, mas acabei rindo logo depois. – Yoon, você precisa distrair Jin até o final da tarde.

 

    - Eu não vou conseguir segurá-lo, sabe que ele não desgruda de você.

 

    - Qual é, cara?! – Acabei revirando os olhos. – Ele também é mega apegado á você, chame-o para sair, diga que é algo importante e precisa da ajuda dele, ele não vai te negar isso.

 

    - Que merda, você é insistente, em?! – Ditou. – Sorte sua que hoje teremos aula até ás três, então só preciso mantê-lo distante por mais algumas horas.

 

    - Eu te amo. – Não resisti e abracei o menor que resmungava palavrões abafados pelo rosto que era amassado por meu casaco jeans.

 

    Assim o dia correu; Eu tentando fugir de SeokJin á todo momento, torcendo para que YoonGi fosse capaz de distraí-lo á ponto de não se dar conta da falta minha presença e ás treze horas em ponto, saí em disparada para fora da faculdade rumo ao centro da cidade.

 

    Estava muito ansioso, em poucos minutos meu cunhado – um dos poucos cientes de meu plano - traria meu namorado até minha residência para podermos nos dirigir ao parque central, onde lhe faria uma surpresa memorável. Isso, é claro, se um Kim furioso não adentrasse meu quarto quase quebrando a porta no ato e logo depois partisse para cima de mim.

 

    - Eu vou te dar cinco segundos para se explicar ou para que possa inventar uma desculpa. – Dissera cruzando os braços em frente ao peito, adotando uma posição arrogante. Inconscientemente ri do bico que formava, logo sendo acertado com força no braço. – Não ria, seu idiota, eu estou falando sério. – Ditou.

 

    - Meu amor, do que você está falando? – Perguntei tentando me aproximar, mas ele sempre desviava de minhas investidas. 

 

     - Não vem com essa de “meu amor”! Eu vi você esperando YoonGi na frente da casa dele antes da faculdade, por que não me esperaram também? – Começara o discurso que eu sabia que poderia se prolongar por horas. – Ele está te ajudando com a vagabunda, é isso?! – Arregalei os olhos, de onde o mais velho havia tirado aquela história?

 

    - Que vagabunda, Jin? Desculpa, mas eu não estou entendendo. – Tentei me manter calmo.

 

    - A mesma com quem você passou o dia inteiro, NamJoon! Porque para ter ficado longe de seu namorado o dia inteiro, esta é a única explicação plausível.

 

    Aquela história paranóica inventada pela cabeça do mais velho fora o suficiente para que eu perdesse as estribeiras também. Fui em direção ao meu guarda-roupas e alcancei uma caixinha aveludada de coloração amaranth, puxando o outro pelo braço com uma força não medida, abrindo sua mão e colocando o objeto sobre a mesma.

 

    - O que é isso? – Perguntara aéreo.

 

    - A “vagabunda”, SeokJin. – Dei um riso soprado. – É esse o motivo por ter passado a manhã e a tarde inteira longe de você, correndo atrás de todos os preparativos para que tudo ficasse perfeito. – Disparei.

 

    - Para quê? – Perguntou enquanto abria a caixa, encontrando as duas alianças douradas fazendo com que seus olhos dobrassem de tamanho, logo voltando tais em minha direção e eu sabia que o mesmo havia achado a resposta.

 

    - Para que pudéssemos dar início á fase mais importante de nossas vidas. Juntos. – Era palpável a tensão e angustia dentro daquele ambiente, que se encontrava deveras quente. – Mas agora cheguei á conclusão de que não temos maturidade o suficiente para isso.

 

    Saí sem dar ouvidos aos seus protestos, alcançando minha Ducati e saindo sem rumo definido. Aquela noite bebi como um louco e chorei como um bobo.*

 

    Por tais motivos eu, muitas vezes, definia meu parceiro como alguém imaturo demais; Agia por impulso, trazendo conseqüências que machucavam não só á si, mas, também, á quem suas falácias eram direcionadas. Uma pessoa que parecia ter parado no tempo, alguém que acreditava que nosso relacionamento ainda se restringia á um mero namoro juvenil.

 

    Me doía demais pensar assim, mas era uma realidade da qual eu não poderia fugir enquanto o outro fosse seu marido e, bem, era uma dor de cabeça á qual continuaria a me prestar enquanto estivesse vivo. SeokJin seria meu até meus últimos dias – assim como eu seria seu. Saí de meus devaneios assim que escutei o ramal telefônico que me ligava á recepção tocar.

 

    - Sim? – Assim que atendi me pronunciei.

 

    - Há uma moça aqui dizendo querer conversar, urgentemente, com o senhor. Devo mandá-la entrar? – Questionou minha secretária do outro lado da linha.

 

    - De quem se trata, Clara? – Questionei curioso, logo escutando burburinhos do outro lado da linha. Talvez estivesse questionando o nome da outra.

 

    - Senhorita Hwang. – Dissera, mas, ainda assim, não conseguia me recordar de ninguém com este sobrenome. – Stephanie Hwang, senhor Kim.

 

    - Eu não conheço nenhuma Steph- Como um flash de memória, me recordei da moça que trabalhava com SeokJin. – Ah, a enfermeira? – Questionei á outra, completando meu pensamento.

 

    - Sim. – Respondera simples.

 

    - Deixe-a entrar. – Ditei.

 

    - Ok.

 

    A moça baixa dera duas leves batidas na porta antes de adentrar o ambiente onde me encontrava. Havia ficado um pouco confuso, mas, também, preocupado com sua visita, talvez algo tivesse ocorrido com os exames de Jin e YoonGi não pudera me informar.

 

    - Olá. – Cumprimentei a outra recebendo um sorriso “exagerado”, porém bonito, de sua parte.

 

    - Boa tarde, NamJoon. – Sem que fosse necessário á convidar, se sentara á minha frente se inclinando um pouco em minha direção, deixando á mostra um decote excessivo. Ousava dizer que sua vestimenta era, completamente, inapropriada para o lugar em que estávamos.

 

    - Boa tarde, o que a traz aqui? – Indaguei, desviando o olhar de seu busto até sua face, ficando constrangido ao notar que a mesma notara o quanto eu observei tal região inconscientemente. Pigarreei ao escutar uma risada baixa de sua parte.

 

    - Ao contrário do que você deve imaginar, não é por causa de SeokJin! – Fora rápida ao falar. – Bem, eu estou com alguns problemas em relação á algumas ações da empresa de minha família e gostaria muito de sua ajuda.

 

    - Ah, claro! – Como já havia dito, com a chegada de minhas crianças todo caso era válido. – Poderia me dizer do que se trata?

 

    - É uma longa história. – Dissera. – Nossa, hoje está bem quente, não é? – A outra passara a língua entre os lábios, umedecendo-os. Mas aquela ação não me trouxera as reações comuns naquele tipo de situação, quando a mesma concretizara tal ato senti uma sensação ruim percorrer meu âmago. Me recompus antes que a esta notasse que sua atitude mexera comigo.

 

    - Aceita algo para beber enquanto me conta sobre tal história? – Questionei vendo a outra assentir e optar por algo com álcool. Apenas pedi para que Clara, minha assistente, trouxesse a bebida enquanto a enfermeira falava sobre os problemas ocorrentes.

 

    - [...] e por conta disso estamos sujeitos á irmos á falência. – Finalizara enquanto alcançava a bebida em cima da mesa.

 

    - Bem, pelo que eu vi não vai ser algo fácil de ser resolvido, mas, há sim, uma solução. – Sorri, voltando meu olhar para algumas anotações, notando uma movimentação da mulher sentada á minha frente, mas não dando a devida atenção á tal ato até que senti a bebida, que antes estava em suas mãos, molhar minha camisa social. Voltei meus olhos para a outra que parecia estar assustada com o resultado de sua agitação.

 

    - Minha nossa, me desculpa! – Se levantara e viera em minha direção, retirando alguns lenços de sua bolsa. – Eu não sei como isso aconteceu, simplesmente, escorregou de minhas mãos.

 

    - Está tudo bem, não se preocupe. – Não, não estava tudo bem. Se houvesse escorregado de suas mãos teria parado no chão, não ao lado oposto de onde se encontrava.

 

    Acabei voltando á realidade quando senti os dedos finos desabotoarem algumas casas de minha blusa, dando-me conta, também, de sua proximidade desnecessária.

 

    - O que está fazendo? – Perguntei, ainda sem intervir.

 

    - Você pode pegar algum resfriado se continuar com esta roupa molhada.

 

    - Não há problemas, sério. – Insisti tentando me afastar. – Eu posso fazer isso. – Vi a mesma ficar inquieta com minha relutância e percebi que havia conseguido demonstrar que eu não queria aproximações demasiadas de sua parte. O problema foi quando ela me pegou de surpresa, agarrando a gola de minha roupa e me prensando contra um dos pilares que ficavam próximos á bancada em que antes estávamos sentados.

 

    - Não fuja, eu sei que você quer isso tanto quanto eu. – Os lábios pintados de vermelho alcançaram os meus em um beijo, demasiadamente, depravado.

 

    Antes fora de mim, agora me encontrava enojado ao escutar o som abafado de um gemido seu. Eu, nem ao menos, a tocava! Meu marido deveria estar em casa, certamente, com algumas dores, por conta do peso que estava carregando; O quão decepcionado não ficaria ao presenciar uma cena daquelas? Ao me recordar de tais fatores, recobrei a consciência e afastei a moça com força, logo depois voltando meus olhos para a porta, verificando que ninguém passara por ali.

 

    - Não direi nada á você. – Voltei meu olhar para a ruiva que tinha um olhar nada inocente voltado para mim. – Apenas se retire, agora. Antes que eu tenha que tomar medidas mais severas! – Ditei firme, me controlando para não infringir alguma lei e estapeá-la ali mesmo.

 

    - Você é delicioso, mas não se preocupe. – Pegara sua bolsa que havia caído no chão e virou-se de costas, indo em direção á saída, ainda falando. – Meu trabalho por aqui está feito. – Senti minha respiração faltar e meu cérebro se confundir quando a mesma dissera isso. – Passar bem, senhor Kim. – Debochara meu sobrenome enquanto fechava a porta e me direcionara um último contato visual.

 

    Por tudo que havia de mais sagrado, o que tinha acabado de acontecer?!

 

  ∞

 

    Cheguei ao condomínio às oito horas da noite, visto que estava aéreo demais, por conta dos acontecimentos que acometeram minha tarde, para poder produzir algo e ainda, como havia prometido para Yon, conversaria com Jin. Porém, o mesmo parecia não estar em casa visto que tudo estava escuro.

 

    Adentrei o local chamando por seu nome, mas, não obtendo respostas, apenas fui em direção ao segundo andar á fim de tomar um banho. E assim o fiz, após o ato optando por vestir uma roupa qualquer e leve, logo deixando o “sub-ambiente” e voltando ao quarto.

 

    Ao abrir a porta do banheiro, pensei que a lâmpada havia queimado, mas assim que eu que a acendera, me assustei e cheguei á conclusão de que havia apenas sido desligada por meu marido, quem estava sentado de costas para mim enquanto se acomodava em uma cadeira acolchoada no meio do cômodo.

 

    - Jin? – Chamei por si sem receber respostas. – Por que subiu? Sabe que não deveria.

 

    Os olhos negros e opacos arrepiaram-me da cabeça aos pés assim que se voltaram para mim. Não expressavam vida, nem alma. Ele brincava com um canivete e estava de pernas bem abertas, fazendo, no espaço vazio entre elas, rasgos no tecido aveludado que cobria o banco em que estava sentado.

 

    - Eu sei que engordei e fiquei menos atraente, que não fazemos mais amor por conta dessa droga de barriga. – Começou, deixando-me com uma verdadeira incógnita mental. – Sei, também, que me tornei alguém sentimental demais, insuportável, talvez. Mas... e todo o amor que eu ainda acreditava existir entre nós?

 

    - Jin, do q-

 

    - Não me interrompa enquanto falo. – Disse entredentes. – Então, seja verdadeiro com a pessoa que está ao seu lado á mais de doze anos e me diga. Por quê?

 

    - Me perdoe, mas eu não sei aonde você quer chegar. – Comecei á dar passadas calmas rumo á porta, não poderia dar moral ás conversas sem nexo algum de meu marido e fazer com que pensasse que tivesse razão em todas as bobagens que pronunciara. Mas antes que pudesse alcançar a saída, senti uma pancada forte em minhas costas e o barulho de cacos se espalhando pelo chão. Jin havia atirado um dos vasos mais caros e pesados de nossa decoração em mim. Com toda certeza estava, totalmente, inconsciente de seus atos.

 

    - MAS QUE PORRA VOCÊ ESTÁ FAZENDO? – Estourei. – FICOU MALUCO?

 

    - NÃO FALE ALTO COMIGO, SEU CANALHA! VOCÊ NÃO TEM ESTE DIREITO! – Devolveu no mesmo tom. Respirei fundo, tentando me controlar.

 

    - Olha, eu, realmente, não sei o porquê de você estar agindo assim, mas também não é de meu interesse. Apenas vá para seu quarto e durma. – Pedi, vendo-o se aproximar de mim que estava em frente á porta, fazendo-me pensar que deixaria o cômodo.

 

    Ledo engano. Parara em minha frente, deixando nossos rostos próximos o suficiente para que nossas respirações alteradas se chocassem com intensidade.

 

    - Por que mentiu todo esse tempo?

 

    - Jin, do quê você está falando?! – Com a destra alcancei meus fios, descontando todo o meu desespero em encontrar respostas que pareciam inexistentes.

 

    - POR QUE VOCÊ ME TROCOU POR UMA PROSTITUTA QUALQUER?! – Voltara a falar á toda altura. – POR QUE STEPHANIE? POR QUE NÃO ME POUPOU SOFRIMENTO, SEU MALDITO?

 

    Congelei, ele não poderia ter visto. Poderia?

 

    - Não é nada disso que voc-

 

    - NÃO NEGUE! EU NÃO SOU NENHUM CEGO E MUITO MENOS IDIOTA!

 

    Estremeci quando senti a lâmina gélida da faca em sua mão percorrer a extensão de minha clavícula fazendo um corte superficial, mas dolorido. Automaticamente, alcancei seus pulsos, o impedindo de dar continuidade á tal ação. Ele tentava me perfurar com o objeto, mas eu aumentava o aperto fazendo com que seus movimentos fossem limitados. Em questão de instantes o canivete fora ao chão e o menor parecia estar se cansando.

 

    - EU QUERO VOCÊ FORA DA MINHA CASA! – Gritara em plenos pulmões enquanto se debatia, com a força que lhe restava, para sair do aperto. – AGORA!

 

    - Para, Jin. – Pedi, ainda segurando seus braços. – Se acalme, vamos conversar.

 

    - EU NÃO QUERO CONVERSAR! TUDO O QUE VEM DE VOCÊ NÃO PASSAM DE MENTIRAS!

 

    - Meu amor, para, se você viu algo, não é nada do que você está pensando. – Soltei-o, levando minhas mãos ao rosto cálido fazendo com que mantivesse o contato e assim pudesse demonstrar o quanto estava sendo sincero.

 

    - Cala a porra da boca, e sai. – Abaixara a fronte, típico de si quando estava cansado de algo. E eu sabia que aquela situação o estava deixando exausto. – Por favor. – O pedido chegar aos meus ouvidos quase como um sopro.

 

    - Eu nunca vou te deixar, não vou á lugar algum sem você. – Toda a postura fria desmoronara, dando lugar ao SeokJin sensível que eu conhecia, não se contendo em derramar lágrimas angustiadas. – Você e nossos filhos são minha prioridade agora. Sempre foram. – Quando toquei sua barriga, que demonstrava uma aparência bastante avantajada para alguém com seus sete meses e meio de gestação, mesmo sendo gêmeos, vibrara e se encolhera. Talvez o toque de meus dedos gélidos tenha lhe assustado. – Shh. – Murmurei acariciando o volume, vendo-o formar uma careta desgostosa.

 

    - NamJoon, não... – Dissera baixo, me deixando confuso.

 

    - O que foi? – Franzi o cenho.

 

    - AH! – Me assustei com o grito fino que escapara de seus lábios, vi o mais velho de contorcer e percebi que havia de errado consigo.

 

    - Jin, o que foi? – Ele não respondera, apenas mordia o lábio inferior na intenção de conter mais sons que insistiam em escapar através de gemidos sôfregos e fechar ambas as mãos em punhos, fazendo os nós e as pontas de seus dedos perderem toda a cor. – Responde. – Insisti, me contendo para não demonstrar o quanto eu estava amedrontado. Porém, fora em vão assim que notei que sangue, junto á outro líquido mais espesso, banhavam o short que vestia, colorindo as pernas alvas com o mais intenso vermelho. – Merda. – Resmunguei alarmado, logo tentando alcançar meu celular para pedir ajuda.

 

    - Me leva para o hospital... – O pedido sussurrado e quase inaudível adentrara meus ouvidos, fazendo com que voltasse meus olhos em direção aos do outro, já semicerrados.

 

    Já não tinha mais consciência de meus atos ao ver o corpo pálido desfalecendo. Apenas sai com o mesmo em meus braços, correndo em direção ao meu automóvel, logo o acionando e saindo á uma velocidade absurda pelas ruas de Seul. Mas não importava, nada mais importava. Apenas ele.

 

    Céus, eu nunca havia me sentido tão culpado.

 

  ∞

 

YoonGi PoV

 

    Estava em uma reunião no lado norte da cidade, com os acionistas do hospital, incluindo o pai de SeokJin, sendo este o presidente, e mais dois médicos. Estavam todos envoltos demais com os slides projetados no telão que, nem ao menos, se deram conta de minha saída.

 

    - Ah, que porre! – Suspirei, por mais que fosse deveras profissional, não era segredo para ninguém que odiava aquele tipo de encontros. Eram conversas e mais conversas sem nenhum real significado a não ser o dinheiro que corria por trás de todo aquele negócio.

 

    Saí de meu próprio mundo frustrado quando senti meu aparelho telefônico vibrar dentro do bolso traseiro de minha calça, constatando ser NamJoon e não tardando á atender.

 

    - YoonGi, aonde você está?- Perguntara afoito e ofegante, me deixando em alerta.

 

    - Estou em uma reunião, por quê?

 

    - Jin está sangrando demais, eu não sei o que está acontecendo Yoon, me ajuda! – Ele parecia desesperado do outro lado da linha, assim como eu me encontrava agora.

 

    - Onde vocês estão?

 

    - Estamos chegando ao hospital. – Droga, não conseguiria chegar á tempo.

 

    - Peça para prepararem a sala cirúrgica, acho que ele está entrando em trabalho de parto. – Compartilhei minhas suposições. – Procure por JiMin e diga para se preparar, estou indo para aí agora! – Ditei, não esperando por respostas suas, correndo para o estacionamento e saindo ás pressas em direção ao meu amigo e meus afilhados. Evitando pensar no pior.

 


Notas Finais


E aí, guys?!
Preparados para os tiros que haverão no próximo?
Então preparem os coletes também!
One kiss, one cheese!


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