História Twilight - Mudança

A porta se abriu com força e do grande buraco negro que se formou ali, saiu Jungkook... huh? Agora ele pegava a minha mão e me puxava pra fora do vórtex bagunçado que, provavelmente, era meu quarto. Tudo ficou escuro e meu salvador havia desaparecido. Um. Dois. Três...
- Filha? Laura, você está bem? - abri meus olhos e me deparei com mamãe. Ela segurava um pano molhado contra a minha testa e as rugas em seu olhos estavam mais visíveis do que antes.
- O que eu fiz dessa vez?
- Você apagou quando viu todo mundo.
Ah é, a minha festa de aniversário surpresa. Eu havia chegado em casa após o curso e me deparei com toda aquela gente estranha. Devo ter desmaiado depois e acabei tendo aquele sonho... diferente?
- Que dia é hoje?
- 02 de agosto. Você dormiu por três dias!
- Sério? - me levantei rapidamente da cama, eu estava muito suada, parecia que estava com febre por esses dias e finalmente passou - Foi tanto tempo assim?
- Sim. Querida, estou preocupada com você. Percebi que esta cidade não está fazendo bem à sua saúde, não só física, como mental. - ela disse pegando minha mão, sempre que ela fazia isso, uma notícia ruim chegava - Por isso decidi que vamos nos mudar.
- Como? Mudar? Não, mãe! Eu nem consigo me acostumar nessa cidade, como vou me encaixar em outra?
- Calma Laura! Você vai conseguir, eu tenho fé nisso. Nós vamos pegar o avião amanhã de manhã, arrume as suas coisas... não! Deixa que eu arrumo, você deve estar exausta.
      Ela realmente estava tentando ser uma boa mãe, nunca agiu assim comigo desde a morte de papai. Eu também não cooperava, sempre que chegava em casa, reclamava com ela por não me entender e me trancava no quarto. Acho que estava amadurecendo, ia finalmente concordar com ela.
- Tudo bem mãe. - disse abrindo meu primeiro sorriso em anos.

                           --------------

      A vista da minha janela era bem diferente. O céu azul da minha cidade era maravilhoso comparado com a cinzenta neblina que cobria o novo lar. Em vez das árvores verdinhas para quais eu nem ligava, prédios se encontravam por todo lugar. Passei a valorizar mais a minha antiga cidade após ver esse novo cenário.
- Boas notícias! Consegui te matricular com antecedência na nova escola e você já pode ir hoje! - minha mãe entrou pulando pelo cômodo enquanto eu comia meus ovos mexidos que quase voavam pela cozinha apertada do apartamento após eu ter ouvido essas "boas notícias". Lembrei da promessa que fiz a mim mesma e me recompuz.
- Ótimo, quem sabe eu faça amigos lá?
- Ai que orgulho do meu bebê! Finalmente está amadurecendo! Que linda - ela apertava as minhas bochechas magras muito forte e seu sorriso radiante estampava todo o rosto.
- Tá bom mãe, mas eu vou sem uniforme? - que foi? Essa foi a melhor desculpa que eu arranjei pra não ir à escola!
- Tcharam! - ela mostrou um conjunto azul escuro bem parecido com o da minha antiga escola. Eeee! Parece que eu teria que ir de qualquer jeito. Choremos.
      Dei meu primeiro passo em direção aos enormes portões cor de bronze. Tum tum tum. Meu coração nervoso acompanhava as batidas da música que passava pelos fios do meu fone. A to de G to the U to the STD... conseguia ouvir meu coração batendo exatamente desse jeito.
      Entrar num local desconhecido ao som de uma das minhas músicas favoritas me acalmava um pouco e tudo não passou de uma visita ao dentista. Sendo que eu não seria atendida... ficou estranho, mas minha mente funciona assim! Fazer o quê? Enfim, pulando todo o negócio dos meus sentimentos confusos, eu estava andando pelos corredores até ser abordada por, provavelmente, uma monitora ou algo assim. Ela tinha cabelos escuros que contrastavam com a pele branca e olhos claros.
- Olá, você é a aluna nova? Laura Marinho, certo? Eu sou Clara, a representante do Conselho Estudantil. Bem-vinda ao Instituto Newsome. Eu posso te mostrar a escola? - ela falava enquanto batia o pé esquerdo no chão impacientemente, que agonia!
- S-sim, por favor. - era revigorante botar minhas habilidades de falar em prática! Eu tô ficando meio louca, ou aquela menina podia ser minha primeira amiga? Bah! Eu tô ficando louca mesmo.
      Depois de me mostrar praticamente todas as salas da enorme escola, Clara me deu um horário de aulas e me guiou até a quadra gigante do andar superior. Minha primeira aula seria Ed. Física... fudeu! Sou horrível em esportes, a única bola que eu consigo segurar sem que caia é a do sorvete. Imagine que desesperador chegar no meio do ano em uma escola cheia de gente riquinha e metida numa cidade completamente estranha e ainda passar uma primeira impressão péssima na aula... que horror!
- Bom dia alunos! Como hoje é o primeiro dia de aula do semestre, acredito que chegaram novos colegas. - a praga lançou um olhar pra mim e me chamou para o centro do círculo de alunos que se formou - a senhorita pode se apresentar? - eu meio que assenti com a cabeça e me dirigi ao meio do espaço
- O-olá, me chamo Laura, tenho 13 anos e vim de João Pessoa, na Paraíba.
      Já pude ouvir cochichos maldosos sobre a minha origem e comentários desnecessários perguntando se eu já vi água alguma vez. Francamente! Qual o problema dessas pessoas? Continuei minha apresentação:
- E sim, já vi água. Inclusive gostaria de levar vocês pra conhecer o rio da puta que pariu e afogá-los lá. - eu não pude me conter! Que abusados! Com certeza seria suspensa no primeiro dia de aula, que ótimo! Sorte minha que a professora tinha saído da quadra pra buscar as bolas.
      Todos os garotos começaram a rir, a maioria das meninas falou algo como "Ui! Tá nervosinha?" ou "Que grosseria! Essa garota é uma delinquente!" e mais alguns mimimis bestas. Voltei pro meu lugar e observei a professora voltar com bolas pequenas e vermelhas. Na hora me lembrei das goles do quadribol, mas não podia ser tão bom assim, que pena!
- A prática de hoje é queimada! - ela disse e lançou as cinco bolinhas para alguns alunos. Na hora eu me desesperei porque era um deles e joguei a bola pro alto. Sai correndo pela quadra igual a uma lagartixa eletrocutada e quase caí em cima uma garota. Percebi que alguém estava atrás de mim e fiquei sem chão quando vi a parede na minha frente. Fim da linha Laura! A garota estava com a bola na mão e se preparava pra atirar na minha face, quando o sinal tocou. Salva pelo gongo! Literalmente!
      A Clara tinha sumido e eu não sabia onde ficava o meu armário. Que droga! Acabei me perdendo no meio de todos aqueles adolescentes e dei de cara com a menina que tentou acertar a bola em mim. Suas bochechas eram salientes e os cachinhos do cabelo balançavam com o vento que corria das janelas. Como era alta! GDeus, eu me sentia uma anã perto dela! Ela se aproximou e pensei que fosse me matar. Socorro! Quero minha mãe!