História Two In A Million - Heart Like Yours Part 1

Paredes brancas, luzes fortes, conversas abafadas, barulhos estranhos, mas que diabos estava acontecendo? E por que eu estava com tanta dor de cabeça? Aquilo não parecia ser a casa de Ross, muito menos meu quarto em meu apartamento. Afinal de contas onde eu estava? Olhei em volta e havia uma poltrona, um sofá para duas pessoas, uma janela enorme, uma porta do outro lado do 'não tão pequeno quarto', uma porta mais perto a minha "cama", reparei também que havia um monitor, com meus batimentos cardíacos, com seus 'bips' a cada instante, minhas mãos estavam com fios ligados a uma bolsa de soro, se não me engano, eu conhecia aquele lugar, e não gostava nada da ideia de estar ali, pois sabia que algo bom não tinha acontecido, a última coisa que me lembrara, era estar discutindo com Andrew, depois ouvi a voz de Ross me pedindo para não desmaiar, após isso não me lembro de mais nada.

Eu podia ouvir vozes abafadas, conversando por trás da porta, mas não se dava para entender nada, muito menos saber quem estava conversando, mas de uma coisa eu tinha certeza, eu podia ouvir a voz rouca de Ross a quilômetros que eu ainda a reconheceria, era ele, mesmo estando abafada, sabia que era o "meu loiro", tentei de alguma forma me levantar, mas assim que comecei a me mexer, uma dor terrível me atingiu a barriga, fazendo-me soltar um alto gemido dor, no mesmo instante a porta fora aberta, Ross, um médico e algumas enfermeiras voaram porta a dentro rodeando minha cama em questão de segundos.

Todos tinham olhos arregalados e fixados em mim, um medo percorreu todo meu corpo e uma sensação terrível se fez presente, não soube decifra-la, tentei ignora-la, mas ela crescia cada vez mais em meu peito, Ross segurava com suas duas mãos, minha mão direita, devo dizer que ele a segurava forte como se me tentasse passar um conforto, de certo modo estava conseguindo, mas perdi  completamente aquele contato, quando desprendi meus olhos dos dele, olhando para as enfermeiras e para o médico que tinham a mesma expressão de preocupação de Ross, o mesmo tinha os olhos inchados e com uma expressão de dor e angustia nos mesmos, todos estavam me encarando, mas ninguém se atrevia a dizer nenhuma palavra, o que me deixava mais aflita com o porquê de estar no hospital e não me lembrar de nada da noite passada, se seria mesmo noite passada já que Ross não estava mais com seu terno e sim com uma de suas peças de roupas de sempre. O médico finalmente decidiu quebrar aquele maldito gelo e dizer algo, o que já era hora.

–Senhorita Marano acredito que esteja meio perdida de como veio parar aqui e o porquê mas devo fazer algumas perguntas antes ok? –ele disse e eu assenti.

[...]

            –Então quer dizer que eu tive um desmaio a duas semanas atrás e que eu estava esperando um filho? –perguntei já com lagrimas nos olhos e com voz de choro.

            Ross estava deitado ao meu lado, eu o olhava nos olhos enquanto ele secava cada lagrima que escorria por minhas bochechas, uma sensação de vazio me tomou por inteira, eu nunca havia pensado em ser mãe, Ross e eu nunca havíamos falado sobre filhos, não para valer, mas sentir que havia uma criaturinha dentro de mim e que não sobreviveu me fez me sentir horrível, Ross estava tão abalado quanto eu, mas ele estava sendo forte por mim, e isso me doía mais que tudo, não queria o ver sofrer, ainda mais por um filho que também seria dele, eu podia ver em seus olhos um brilho quase ofuscado pela magoa de não ser pai, a dor que ele sentia fez meu coração se partir ainda mais, meu choro só aumentou, Ross encostou minha cabeça em seu peito e beijava o topo de minha cabeça como se de alguma forma me confortasse, devo dizer que funcionou um pouco, ouvir as batidas lentas e fracas de seu coração me fizeram cessar meu choro, embalando meu sono profundo.

            –Laura, Laura, vamos Laura acorde meu amor. –A voz suave de Ross soava em meus ouvidos, por um instante todo o mundo pareceu ter dado uma trégua e nada havia acontecido, nossas vidas eram as mesmas de antes, tudo estava perfeito.

            Apenas por um instante, no segundo seguinte a realidade se fez presente, o mundo havia mudado, eu não me sentia a mesma Laura de antes, nem sentia que Ross e eu éramos os mesmos.

            –Bom dia honey. –Ross disse assim que finalmente abri meus olhos, estávamos em casa, uma semana havia se passado desde que havia despertado do coma e descoberto estar gravida e não estar mais gravida.

            –Bom Dia amor. –Desejei espreguiçando e dando um pequeno sorriso, Ross beijou o topo de minha cabeça e sorriu.

            Com a queda por causa do desmaio acabei tendo algumas costelas quebradas e uma linda torção no pé esquerdo graças ao salto enorme que eu estava. O médico havia me dado um atestado de 20 dias, e me disse que eu deveria fazer repouso, sem poder fazer nenhum movimento brusco muito menos carregar peso, ou seja teria que ficar em casa mofando enquanto os "outros" trabalhavam e se divertiam com suas vidas.

 Ross insistiu em ficar comigo pelo menos uma semana, tentei o impedir, mas o loiro teimoso não mudou de opinião e muito menos quis conversar sobre o assunto, disse que ficaria e ponto final, não achei ruim já que eu precisava do apoio dele, afinal o filho que eu carregava não era apenas meu, também era dele ele poderia e deveria ficar mal por ter o perdido também.

–Precisamos conversar, mas depois de você tomar banho e tomarmos o café da manhã ok? –ele disse me tirando de meus devaneios, depositando um beijo no topo de minha cabeça e saindo em seguida do quarto.

Segui para o banheiro onde tomei um bom banho calmo, deixei que a água quente do chuveiro caísse sobre meu ventre "vazio" deixando escapar pequenos soluços enquanto acariciava o mesmo, estava sendo terrível me olhar no espelho, ou tomar banho, a dor e a angustia por saber que mesmo pequenino que fosse havia um bebezinho dentro de mim, um fruto do amor entre mim e Ross, um pequeno ou uma pequena a quem teria o orgulho em dizer que é meu filho, vê-lo sorrir pela primeira vez, ouvi-lo dizer suas primeiras palavras, seu primeiros passinhos, os muitos anos pela frente, que por uma burrice acabou se terminando antes mesmo que se iniciasse. Aquela sensação me deixava cada dia mais deprimida e sensível.

Recebi a visita de muitos amigos que souberam sobre meu aborto espontâneo, e que vieram saber como eu estava, as visitas foram aumentado dia após dia, e com elas a dor estava aumentando cada vez mais, sentia falta da felicidade de antes, uma felicidade que havia sumido em meu corpo dando lugar para a dor e a tristeza, meu dias de repouso estavam me deprimindo mais e mais o que não era nada bom, mas eu havia sido avisada, aliás todos tanto meus pais quanto os pais e irmãos de Ross haviam sido informados de minha possível depressão "momentânea" e que seria algo normal, apenas terem cuidado sobre o assunto para que não se agravasse meu "problema".

Terminei meu banho, e segui para o quarto a procura do que vestir, fui ao closet e olhei o que mais seria confortável, o dia amanhecera chuvoso então resolvi colocar um moletom que mais parecia um pijama, meu preferido, peguei minhas pantufas e uma touca, segui para o quarto e me arrumei, com o desmaio acabei fraturando algumas costelas e com isso precisei usar uma cinta especial para poder me sentar e me alimentar sem que sentisse a dor insuportável que era, tempo depois ouvi Ross gritar da cozinha que o café estava pronto, desci as escadas com um pouco de dificuldade por conta da torção na queda, mas nada que precisasse engessar ou de muletas o que era um bom sinal, apenas uma faixa de precaução, cheguei a cozinha  e lá estava um maravilhoso café da manhã posto a mesa, frutas, panquecas, cereais, tudo que eu poderia querer estava aposto para mim quanto para Ross. Dei um pequeno sorriso e deixei um beijo em sua bochecha.

O café fora todo em silencio, não havia clima para uma conversa, eu sabia que em parte era minha culpa e sabia também que Ross estava sofrendo com isso, mas respeitava meu espaço, o que era bom, mas eu realmente sentia falta dos cafés da manhã em família ou nas gravações de Austin & Ally com o Cal e a Rai.

Assim que terminamos de ajeitar tudo, fomos para o quarto, meu estomago se remexia a cada passo, sabia que não seria uma conversa nada fácil muito menos uma conversa animada, o que devíamos fazer? Continuar nos evitando ao máximo e machucando um ao outro? Terminar e seguir cada um sua vida? Mas e o casamento? Todas aquelas perguntas rodeavam minha cabeça me deixando mais emotiva temendo que o pior fosse acontecer, mesmo estando mal Ross era que eu amava, ele era o meu futuro, não saberia viver sem Ross me apoiando e estando comigo.

Me acomodei de forma confortável na cama por conta da cinta e da faixa em meu tornozelo e calcanhar, Ross pegou seu violão perto da porta e em seguida se acomodou ao meu lado na cama. Ele colocou o violão em sua posição e logo com sua palheta iniciou uma melodia suave e calma, olhou em meus olhos e em seguida os fechou se entregando a música. Mas que raios ele estava fazendo?

Breathe deep, breathe clear

Know that I'm here

Know that I'm here

Waiting

Stay strong, stay gold

You don't have to fear

You don't have to fear

Waiting

I see you soon

I'll see you soon

How could a heart like yours

Ever love a heart like mine?

How could I live before?

How could I have been so blind?

You opened up my eyes

You opened up my eyes