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História Two Moons - Dancin' in Circles


Escrita por: ChanYodaYeol

Notas do Autor


HELLOOOOOOOOOOOU....
SIM, EU NÃO MORRI
Sério, me desculpem, mas essse capítulo quase sugou minha vida e ainda por cima não gostei do FINAL (pq o meio foi uma msravilha), não consegui fazer nada melhor pq ele ja estava me cansando MUITO, espero que gostem mais doq eu gostei.

PS1: Escutem Seven devils da Florence + the machine

Ps2: Não ta betado, me desculpem algum erro

Capítulo 4 - Dancin' in Circles


 

 

Luhan apertou minha mão.

— Sehun. — ele falou baixinho.

A porta foi aberta por Kyung, que carregava vários frascos. Ele parou e ficou me observando limpar o sangue do rosto de Luhan.

— Ele acordou? — perguntou.

— Não, mas às vezes falou.

— O que ele falou? — KyungSoo pareceu preocupado.

— Meu nome. — falei.

KyungSoo respirou aliviado.

Ele pegou um dos frascos e destampou, mesmo um pouco longe eu consegui sentir o cheiro forte do produto. KyungSoo levou o frasco até o nariz de Luhan, e segundos depois ele levantou de supetão e se agarrou ao meu corpo. Levei um susto, mas por reflexo, o abracei de volta.

O abraço levou apenas dois segundos, mas a sensação foi como se durasse horas, os dedos de Luhan apertando minhas costas, a respiração ofegante na curva do meu pescoço.

— Luhan, você está bem? — KyungSoo perguntou.

Ele se desvencilhou dos meus braços.

— Sim, estou. — passou a mão no rosto.

Logo em seguida olhou para mim, abaixou os olhos para meu tronco nu e voltou a olhar para meu rosto.

— Eu usei minha camisa para limpar o sangue do seu nariz. — cruzei os braços para tentar me cobrir.

— Obrigado. — Vi-o desviar o olhar do meu corpo.

— Você já está melhor? — KyungSoo perguntou para o mais velho.

— Sim. — ele passou a mão pelos cabelos.

— Eu vou voltar para o meu quarto. — O baixinho se retirou.

Um silêncio mortal se instalou dentro do cômodo.

— Eu tenho que ir. — me levantei da cama.

— Por que não fica para o café da manhã? — Luhan segurou meu braço.

Tirei o celular do bolso.

— Ainda são cinco da manhã.

— Fica até a hora do café. — ele insistiu.

— Ok, eu fico, mas o café não pode demorar muito. Eu tenho aula. — sentei-me ao lado dele.

—Você estuda o quê? — Luhan perguntou.

— Direito, quero ser juiz. — sorri. — E você?

— Eu estudava moda antes de vir para cá. — O ruivo parou e direcionou seu olhar para a janela. — Vamos para a varanda? — perguntou. — Tem uma aqui em cima também. — de repente, tentou se levantar.

Pus a mão no peito dele, o impedindo.

— Acho melhor você ficar aqui descansando. — falei.

Ele olhou para minha mão ainda no peito dele. Pigarrei e tirei a mão de seu peito. Luhan se endireitou e sentou de frente para mim, encostado na cabeceira da cama.

O silêncio se formou e a tensão era quase palpável.

— O que faz fora de casa tão cedo? — em uma tentativa de quebrar o silêncio acabei perguntando.

— É o melhor horário para cuidar delas. — respondeu, se referindo âs flores. — Não está frio de mais e nem quente. E você?

— Eu costumo correr a essa hora e a casa de vocês é o ponto de retorno. — expliquei.

— Desculpe pela camisa. — ele olhou para meu corpo.

— Sem problemas. — repuxei os lábios.

— Sehun, sobre aquele assunto que você falou para Jongin... — percebi que ele não olhava para mim, as bochechas adquiriam um tom rosado. — De já me ter conhecido.

Com um sorriso nos lábios passei a mãos nos cabelos, entretanto, eu estava morrendo de vergonha e nervosismo.

— Você não tem ideia do quanto isso pode parecer esquisito. — falei. — E não, não era uma cantada.

— Então é verdade?

Apenas assenti positivamente com a cabeça.

— Como? — questionou.

— Não sei. — respondi. — Em uma noite eu estava dormindo e tive um sonho, é meio que uma série que vem se repetindo há um ano. — achei graça com a minha comparação. — Ele nunca se completa em um dia só, leva uma ou duas semanas. — completei.

— Como é? — agora ele olhava para mim, havia curiosidade no seu olhar.

— Se passa na idade média. — comecei. — Eu sou juiz de uma cidade, meio que temos um relacionamento — fiz uma pausa.

— Que tipo de relacionamento? — Luhan estava com as sobrancelhas arqueadas.

— Namorados. — mesmo sem graça acabei falando. — Eu te condeno na fogueira. — contei o desfecho.

— Por que? — sua feição demonstrava o quanto parecia surpreso.

— Bruxaria. — sorri do quão ridículo era essa cena.

Esperei ouvir a risada de Luhan, mas ele se manteve sério e novamente com o olhar na janela.

— Insano, não é? — perguntei.

— O mundo não é somente o que você vê ou ouve. — ele estava sério.

— O que você quer dizer com isso?

— E se eu falar que eu tenho a impressão que te conheço de algum lugar? — Luhan se ajeitou na cama, cruzou as pernas e se aproximou de mim.

— Acha que eu estou brincando, não é? — mesmo sem graça, sorri,  sabendo que Luhan tirava sarro da minha cara. — Eu preciso ir. — não ia ficar vendo ele tirar sarro de mim.

Levantei-me da cama e saí em passos rápidos do quarto, já estava quase alcançando as escadas quando senti Luhan segurar meu braço.

— Sehun, eu não estou mentindo. — seu olhar era sério.

— Então me diz como isso é possível? — inclinei a cabeça para o lado e analisei o seu rosto.

— Não sei. — Enquanto pensava, o mais velho mordia o lábio inferior.

Por mais inocente que ele parecesse não me contive e o puxei. Aconteceu tudo muito rápido, quando me dei conta, já estava com os lábios colados aos seus e ele estava com os pulsos fechados em meu peito.

Os lábios macios de Luhan pareciam extremamente familiares aos meus.

Abri meus olhos, espantado.

 

Eu estava no meio de uma casa antiga, avistava as velas em candelabros presos nas paredes.

Reconheci a casa dos meus sonhos.

 

Soltei ele.

— Você viu isso? — perguntei assustado.

Dessa vez foi o menor que me empurrou contra a parede e envolveu os braços em volta do meu pescoço — colando nossos lábios de novo. Toquei os seus lábios com minha língua, pedindo passagem e ele a cedeu de bom grado. Não sei ao certo quanto tempo o beijo durou, mas quando nos separamos, estávamos ofegantes.

— Se você está falando da casa, sim eu vi. — passou a língua nos lábios.

— Como isso é possível? — questionei.

— Não sei. — ele franzia as sobrancelhas como se estivesse em conflito com algo.

— Por que eu acho que eu acho que você sabe de algo? — afastei-me dele e cruzei os braços.

— Luhan. — um chamado assustou nós dois.

Olhamos e vimos a senhora BoA vestida em um hobby preto.

— Sim?

— Podemos conversar? — ela o chamou.

— É melhor me esperar na sala. — disse para mim, logo saindo junto com BoA

Voltei no quarto e peguei minha camisa. Comecei a andar em direção à sala, entretanto, murmúrios chamaram minha atenção e logo percebi que era Luhan e a Sra. BoA conversando.

— Você precisa contar para ele. — ouvi a voz feminina falar enquanto descia as escadas.

— Não vou colocá-lo em risco. — O ruivo tinha a voz triste.

Desci as escadas e fui para a sala, me sentando em um dos sofás brancos que ficavam de frente à lareira.

Minutos depois o rapaz desceu as escadas. Seus olhos estavam vermelhos — denunciando que havia chorado. Observei quando ele se sentou ao meu lado e respirou fundo.

— Sehun. Eu não sei como falar isso sem que pareça loucura. — enquanto pronunciava as palavras, percebi que olhava para o chão.

— Só fale. Depois de toda essa coincidência que já aconteceu, não tem nada que possa ser mais anormal que isso. — ao segurar sua mão, notei que apertava o acolchoado branco do sofá.

— E se eu te falasse que eu posso fazer coisas que humanos não fazem? — seus olhos estavam na lareira.

— Que tipo de coisa? — perguntei.

Luhan soltou minha mão e apontou para a lareira.

Segui o dedo dele.

A lareira estava normal.

O olhei novamente.

— Incêndio. — fechou os olhos e respirou fundo, abrindo a mão de uma vez como se empurrasse algo.

— WOOW! — exclamei quando a lareira ardeu em chamas.

— Sehun, você tem medo de magia? — Encarava-me sério.

— Talvez.

— E se você soubesse que eu pertenço a toda essa maldição, isso não te assustaria? — continuou.

— Talvez. — eu começava a me assustar com o rumo que a conversa estava tomando.

— Você deve estar confuso. Eu, no seu lugar pensaria o mesmo sobre bruxos...

— Talvez. — algo maior que o medo martelava na minha cabeça.

— Seus lábios só sabem proferir isso? — Luhan perguntou.

Eu ainda olhava a lenha na lareira arder.

— Bem. — comecei. — Talvez tudo isso valha a pena. Você já pensou nessa opção? — meus olhos buscaram os dele.

— Você tem certeza disso?

— Eu quero entender isso que temos, essa ligação.

— Não vai ser nada agradável. — tanto eu quanto Luhan nos assustamos.

Viramos e vimos a senhora BoA descendo as escadas e vindo em nossa direção.

— O quê? — interroguei. — O que a senhora quer dizer com isso?

— Você realmente quer descobrir o motivo dessa sua ligação com Luhan? — a mulher perguntara.

— Sim. — levantei-me e falei decidido.

— Luhan, acorde os meninos, quero todos na sala redonda em cinco minutos.

O mais velho arregalou os olhos mas não falou nada, apenas assentiu positivamente com a cabeça e se recolheu. Quando o vi ele estava subindo as escadas rapidamente.

— Venha comigo. —  senhora BoA me chamou.

Sem ao menos esperar minha resposta, ela deu as costas para mim e rumou as escadas. Segui-a.

Subimos as escadas, mas quando chegamos na bifurcação da mesma, ela virou-se para a esquerda —  aquele lado da casa era novo para mim. Seguimos pelo corredor até parar em uma porta dupla. Ela as empurrou e revelou uma enorme sala inteiramente redonda, até o teto dela era redondo, como uma esfera cortada ao meio. No centro tinha uma mesa redonda de madeira coberta por uma toalha de cor roxa e cadeiras acolchoadas com um tecido roxo brilhoso.

— Sehun, você vai ter que tirar a roupa, fique apenas de roupa íntima. — BoA falou.

— O quê? —  assustado, eu perguntei.

Antes que ela pudesse me responder, a porta foi aberta e os outros residentes da casa entraram, todos vestindo capas negras.

— Até você, Jongin?

Os garotos tomaram seus lugares ao lado da senhora BoA e Luhan ficou ao meu lado

— Não queria que você descobrisse dessa forma. — Jongin me olhava com tristeza.

— Luhan, afaste a mesa do centro, vamos precisar de espaço. — a mais velha entre todos ditou.

Como um humano normal, eu imaginei que Luhan apenas se aproximaria da mesa e a empurraria com as mãos.

Me enganei.

Ao meu lado, ele apenas levantou a mão direita e a arrastou — como se afastasse algo invisível e que não pesasse nada na sua frente — ao mesmo tempo me assustei quando a mesa e as cadeiras começaram a se mover.

— Caralho! — soltei num sobressalto.

Olhei para Luhan e ele parecia concentrado demais em mover a mesa para ver meu desespero. Ele pôs a mesa no fundo da sala, deixando um enorme espaço.

— KyungSoo, poderia desenhar o círculo? — BoA perguntou para um dos garotos.

O mesmo deu um passo para frente e apenas assentiu positivamente, indo até uma grande cristaleira que guardava vários frascos de cores diferentes, KyungSoo abriu uma das portas e pegou um frasco de vidro com algo que parecia areia negra. O garoto foi ao centro da sala, se abaixou, abriu o frasco e derramou toda a areia no assoalho de madeira formando um monte. Quando se levantou, colocou a mão em cima do monte de areia, à altura do peito. No ar, puxou a mão até a altura dos olhos, virou a palma para cima, respirou fundo, se abaixou com agressividade e bateu no monte de areia.

KyungSoo se levantou e voltou rapidamente para o seu lugar.

Fiquei olhando o monte de areia que agora tinha reduzido de tamanho e estava espalhado. Meus olhos se arregalaram quando vi a os grãos se espalharem pelo chão da sala. Primeiro formou-se um grande círculo, e logo em seguida mais quatro círculos menores dentro do maior. Fiquei analisando as figuras que a areia formava: no centro ela formou duas estrelas de cinco pontas, uma sobreposta à outra, formando uma estrela de dez pontas. A areia continuava a correr por dentro do círculo maior, continuava a formar desenhos — uma lua no lado esquerdo do círculo, um sol do lado direito, as casas do zodíaco, e mais alguns desenhos que eu não consegui identificar.

— Vocês dois para o cent- Você ainda está vestido? — BoA olhou para mim.

Receoso, retirei minha camiseta, o tênis, as meias e por último a calça.

— Isso é mesmo necessário? — questionei o ruivo.

— Sim.

Olhei para o corpo do menino ao meu lado, ele já estava apenas com uma boxer azul escuro.

— Vão para o centro. — falou.

Olhei em volta e todos estavam sérios, exceto um garoto, ele me olhava de cima a baixo com um olhar de desejo.

O menor foi na frente. Assim que ele pôs os pés dentro do círculo, a areia ardeu em chamas azuis. Um grito se formou na minha garganta, mas foi sufocado assim que vi ele andar normalmente entre as chamas que estavam na altura do seu tornozelo. Olhei para os outros presentes na sala e vi que um deles tinha uma bola de fogo azul na mão direita. Era o garoto mais alto de cabelos vermelhos que estava controlando as chamas.

— Vem, você não vai se queimar, eu juro. — Luhan me estendeu a mão assim que chegou no centro.

Caminhei para a beira do círculo, levantei o pé e tentei ao máximo não encostar nas chamas, mas elas nem sequer esquentavam. Coloquei um pé dentro do círculo, as chamas mudaram de cor a assumiram um amarelado forte, e as labaredas aumentaram de tamanho ficando na altura do joelho. Meu corpo ficou tenso, o medo do fogo era maior que minha coragem de avançar.

Olhei para Luhan, ele continuava com a mão estendida para mim, me convidando a entrar em seu mundo.

Entreguei minha mão a ele e adentrei com firmeza no círculo.

— Se sentem no centro, de frente para o outro.

Fiz o que me foi ordenado. Vi em volta todos andarem e formarem um círculo maior que o principal.

As chamas continuavam a arder, mas não queimavam minhas roupas e nem minha pele. Elas diminuíram de tamanho e uma cortina de fumaça fina começou a subir.

Os garotos começaram a cantar algo, a musica me era familiar.

— Por que eles estão cantando Florence The Machine? — perguntei.

— A maioria das cantoras famosas são bruxas, suas letras são rituais antigos. — Luhan sussurrou.

Fiquei surpreso, não fazia ideia do quanto aquele mundo era grande.

— Silêncio. — fomos repreendidos por BoA. — Sehun, o fogo vai se apagar, inale o máximo da fumaça que você puder.

Como BoA disse, as chamas se apagaram e uma fumaça densa começou a subir, respirei fundo o máximo que consegui e soltei o ar. O cheiro era doce e forte. Comecei a ficar tonto, e aos poucos a minha visão foi tomada pela fumaça.

A minha última lembrança foi estar segurando as mãos de Luhan.

Cenas dos meus sonhos apareciam nas cortinas de fumaça.

~X~

Eu cavalgava em alta velocidade, já estava vendo a entrada da cidade no meio da floresta. Sorri com as lembranças que tinha vivido nesse lugar.

Mesmo com o pai que tive, eu consegui ter uma infância boa.

Me assustei com o grito na minha frente.

Puxei as rédeas do cavalo que relinchou e empinou as patas dianteiras, pousando em frente ao corpo no chão. Sai de cima do animal e fui ajudar a pessoa que estava caída.

— Me desculpe, eu não vi você, está tudo bem? — estendi minha mão.

A pessoa segurou minha mão e eu a puxei, ajudando-a a levantar. Com o impulso, o capuz caiu da cabeça do estranho.

Fiquei boquiaberto com a beleza.

Cabelos negros cobriam parcialmente os olhos, a pele era alva e lisa, os lábios rosados soltavam uma nuvenzinha de fumaça a cada respiração dele, que estava apressada.

Ele era muito belo.

— Me desculpe. — pedi mais uma vez.

— Eu que fui descuidado, não precisa se desculpar. — a voz era suave, mas estava trêmula devido ao susto.

— Você está indo para a cidade?

— Sim. — ele limpou a capa verde musgo que cobria todo seu corpo.

— Eu posso te levar. — ofereci.

— Não, obrigado. — virou de costas e começou a andar.

Fui até meu cavalo e montei; cavalguei até onde o outro ia caminhando.

— Por favor, aceite, vou me sentir menos culpado. — estendi minha mão para ele. — não quero causar uma má impressão logo no meu dia de chegada.

— Então você é novo na cidade?

— Não. Eu sou daqui, mas fui mandando embora para estudar. Foram 12 anos fora. — expliquei. — Então? Vamos? Minha mão já está dando câimbra. — menti.

Vi-o dar um sorriso assim que segurou minha mão. Botei um pouco de força e o puxei para cima do animal, e ele se sentou atrás de mim.

— Segure-se. — avisei

— Por q-

Antes dele terminar a pergunta eu bati as rédeas e o animal começou a correr em alta velocidade. Senti o garoto dar um solavanco para trás.

Ele passou os braços em voltas da minha cintura e me apertou com força, a cabeça encostada nas minhas costas.

~X~

— Precisava ir tão rápido? — perguntou assim que entramos na cidade.

— É culpa dele, ele não gosta de ir devagar. — acariciei o pescoço do alazão negro.

— Pode me deixar aqui, eu vou andando. — soltou-se de minha cintura.

— Posso levar você até sua casa.

— Não, eu estou cuidando da casa do falecido juiz da cidade. Não seria visto com bons olhos chegar no meu trabalho acompanhado, ainda mais quando o filho dele vai chegar hoje.

— O filho do juiz Oh? — perguntei.

— Sim, ele mesmo. O pobre coitado não pode nem vir se despedir dos pais, deve ter sido horrível para ele. — abaixou a cabeça.

— E foi.

O estranho levantou a cabeça, os olhos estavam arregalados.

— Senhor Oh Sehun? — ele me perguntou surpreso.

— Eu mesmo. — sorri.

— Mil desculpas. — o moreno me pediu.

— Eu que lhe devo desculpas. Eu que quase te atropelei. Então você é o famoso Luhan, o garoto que minha mãe sempre falou nas cartas?

— Não sabia que ela falava de mim nas cartas. — olhou-me, surpreso.

— Sim, ela sempre falou, você era um filho para ela. — repuxei os lábios — Vamos? — estendi minha mão para ele mais uma vez.

Luhan me entregou a mão e eu o puxei para cima do cavalo novamente.

~*~

Toda a cena se desfez em uma enorme cortina de fumaça e outra parte dos meus sonhos começou a se formar.

~X~

Era hora do café da manhã. Já fazia dois meses que havia voltado para a casa dos meus pais. Fora difícil no começo estar na casa sem eles, mas a companhia de Luhan me fazia esquecer um pouco a dor da perda.

Luhan estava sentado na mesa comigo, comia seu desjejum em silêncio. Apenas um copo de leite com mel e uma fatia de pão.

— Vou ajudar a Tituba com a cozinha. — levantou-se quando me viu encará-lo.

— Sabe que não precisa disso. Você tem seu trabalho no conselho da cidade e mora aqui comigo como meu irmão.

— Eu sei, mas eu gosto. —  observei-o se virar de costas.

— Luhan. — chamei antes que ele saísse.

E então ele se virou para mim, estava sério.

— Me desculpe por ontem, fui demasiadamente grosseiro e rude com você. — me levantei.

— Não tem problema. — sorriu e balançou a cabeça.

Luhan se virou e seguiu seu caminho, mas antes de sair da sala de jantar olhou para mim por cima do ombro.

— Além do mais, eu gostei. — disse, ainda com o sorriso no rosto, e então saiu do cômodo.

Dei um riso soprado.

~*~

Novamente tudo se desmanchou em fumaça e se reagrupou formando uma nova cena.

~X~

Luhan estava em pé na sacada do meu quarto, vestindo um hobby preto que esvoaçava quando o vento de fim de tarde batia. Caminhei em passos lentos até ele.

— O que está lhe afligindo? — abracei-o por trás e afaguei seu peito nu.

— É algo que quero lhe contar. — apertou minha mão.

A voz dele estava diferente, anasalada, como se o nariz estivesse congestionado.

— Pois me conte logo, estou ficando preocupado.

Luhan saiu do meu abraço, se afastou de mim; caminhou o tempo inteiro de cabeça baixa.

— Eu não sei como falar isso.

Ele tirou o hobby — deixando-o escorregar pelos ombros nus. Estava agora vestido apenas de calças — e se sentou na cama.

— Eu estou começando a ficar assustado, fale logo. — eu me aproximei dele, mas ele levantou a mão para me manter distante.

— Eu sou aquilo que você mais detesta. — a voz dele saiu quase como um sussurro.

— O quê? — perguntei, sem entender.

— Eu sou uma bruxa. — falou sem levantar a cabeça.

— Luhan isso é uma brincadeira de mau gosto, sabia? — fiquei irritado.

Ele sabe o quanto odeio essas criaturas nefastas e demoníacas.

— Eu não estou brincando. Eu sou uma bruxa natural, vem da linha da minha família, está no meu sangue.

O silêncio se formou no quarto. A tensão era palpável.

Eu tentava processar a informação que me foi dada. Não consegui acreditar, o ar me faltava no peito e no seu lugar a raiva me dominava.

Olhei para Luhan e ele estava sentado na cama, com a cabeça baixa, chorando.

— Por que infernos não me falou isso?! — foi a única coisa que consegui falar. — Você me enfeitiçou? — eu olhei para ele.

A raiva queimava minha garganta e ardia em meus olhos em forma de lágrimas. Eu havia me apaixonado. E fui enganado.

Luhan não me respondia, seu silêncio era agonizante.

Minha raiva falou mais alto: fui até ele e o puxei pelos braços, o fazendo se levantar da cama.

— Olhe para mim, responda minhas perguntas! — sacudia Luhan.

Ele apenas olhou para mim, os olhos estavam vermelhos e inchados.

— Acha mesmo que eu fiz isso com você? — sorriu, incrédulo.

— Me diz você, sua bruxa. — rosnei. — Vou te mandar para fogueira hoje mesmo, seu demônio.

— Não, nunca faria isso com você. — saiu do meu aperto com um puxão no próprio braço. — Me queime, mas saiba que eu te amei, eu tentei com todas as minhas forças controlar isso que senti desde o dia em que você quase me pisoteou com seu cavalo.

Vi-o pegar a camisa que estava em cima da cama e a vestir, colocando a barra para dentro da calça. O mais velho pegou a capa azul escura que eu tinha dado para ele e a vestiu.

— Eu sempre soube que isso não daria certo. — enquanto colocava o capuz, caminhava em direção à porta do quarto.

— Você não vai sair assim. — fui até ele, segurei seu braço e o puxei.

Fi-lo virar abruptamente e o capuz caiu de sua cabeça.

— Meu deixa ir. — o menor tentou puxar o braço, mas eu não deixei.

— Não. —  olhava-o sério.

Puxei-o para meus braços e o abracei.

Por mais que estivesse irritado com ele, eu o amava.

— Realmente, você deve ter me enfeitiçado. — eu o apertava forte.

Mas Luhan não me abraçava, os braços estavam soltos ao lado do corpo. Aquilo me magoou muito.

— Desculpe. — soltei. — Pode ir, se quiser.

Meus olhos ardiam pelas lágrimas que eu não queria deixar cair.

Os lábios de Luhan tremeram e ele mordeu o lábio inferior para segurar o choro. E eu observei quando ele me deu as costas e saiu do quarto. Entretanto, assim que ele saiu eu fui atrás dele — era egoísta demais para deixá-lo ir.

Luhan já estava no final do corredor, quase chegando à escada, a casa já estava ficando escura. Eu morava na antiga casa dos meus pais; depois que eles morreram eu passei a morar sozinho.

Mais uma vez puxei Luhan, mas dessa vez o encostei na parede.

— Me deixa ir. — chorava e olhava para baixo.

— Não! — dei um soco na parede, ao lado de seu rosto.

Ele ficou tenso e se encolheu.

Eu tirei o capuz da cabeça e segurei o seu rosto. Dei beijo em seus lábios.

Luhan, de início, resistiu, mas logo depois que cedeu, o beijo passou a ser necessitado e desesperado. Minhas mãos estavam no pescoço de Luhan, e assim que desfiz o laço da capa, ela caiu dos ombros magros. Desci minhas mãos para seu tronco e puxei a camisa de botões de dentro da calça, colocando minha mão por baixo dela — a pele era macia e quente. Meu membro já dava sinais de atividade. Paramos o beijo, desci para seu pescoço.

Minha mão foi descendo até chegar na calça, e quando já estava por dentro da mesma, apertei o membro levemente endurecido.

Luhan gemeu.

Me assustei com o clarão.

Olhei em volta e todas as velas dos candelabros presos nas paredes estavam acesas.

— Você fez isso?  — perguntei maravilhado.

— Desculpa. — abaixou a cabeça novamente.

— Você é uma criatura linda. — voltei a atacar a boca de Luhan.

~*~

Novamente toda a cena se desmanchou em cortinas de fumaça e se reagrupou formando uma nova.

~X.~

— Sr. Luhan, você está sendo acusado por esse tribunal por bruxaria e adoração a satanás. Isso é um grave crime perante ao homem e a Deus. Você foi exposto aos meios de interrogação do Malleus Maleficarum e foi condenado. — a cada palavra meu coração morria um pouco, não queria esse destino para meu amado. — O conselho chegou a um veredito... sua sentença é a fogueira.

O público que assistia ao julgamento aplaudia e gritava.

— Se arrepende? —questionei.

— Não, senhor. — ele me olhava calmo.

As mãos de Luhan estavam amarradas com cordas grossas, e ele vestia uma bata branca. Desci do púlpito e fui até o mais velho.

— Que Deus tenha piedade da sua alma. — falei alto para todo o público ouvir. — Vamos.

Luhan caminhava na minha frente. Levei-o até o centro da praça onde tinha uma enorme fogueira, ainda apagada. O carrasco agarrou o braço de Luhan e o levou ao pilar que ficava no meio da fogueira, e lá ele foi amarrado. Afastei-me e fiquei de frente para ele.

— Alguma última palavra? — perguntei.

— Isso não é um adeus. — sorriu.

~*~

Toda a cena explodiu, mas não foi como nas outras vezes em que ela apenas se desmanchou, ela literalmente explodiu em fumaça cinza escura e densa.

Acordei com uma falta de ar, o gosto de defumado na minha boca deixava tudo pior. Estava sentado sob os calcanhares, meu corpo estava quente, me sentia mais forte e tinha algumas linhas de fumaça deixando o meu corpo, levantei o rosto e vi Luhan. Ele estava na mesma posição que eu estava, mas sua respiração estava fraca.

— Luhan? — chamei.

Levantei meu braço e tentei tocá-lo.

— Eu estou bem. — levantou o rosto.

Percebi quando respirou fundo.

— Tem certeza?

— Sim, estou bem, só estou cansado. — rapidamente passou a mão no rosto para limpar o suor.

— Esse tipo de ritual consome muita energia, nunca deve ser feito sozinho. — BoA se manifestou.

Direcionei meu olhar para ela.

— Então porque eu não estou assim também?

— Não tem magia dentro de você. — explicou. — Conseguimos descobrir o motivo da minha ligação com Luhan.

— Qual é? — O ruivo perguntou, ainda com a respiração um pouco irregular.

— Nesse último momento das visões, quando Sehun condenou Luhan.

— Todos vocês viram? — interrompi.

— Sim, todo vimos. — repreendeu-me com o um olhar. — Posso continuar?

— Me desculpe.

— Voltando, quando você do passado condenou o ele do passado — apontou para mim e em seguida para Luhan. — E ele falou que aquilo não era um adeus, inconscientemente ele rogou aos deuses antigos que concederam esse último desejo a um servo fiel. Ou seja, vocês estão tendo essa nova vida para terem seu amor revivido e completo.

— É muita informação para uma pessoa só. — levantei.

Um som tirou toda a tensão do quarto.

Meu celular começou a tocar no bolso.

Corri e peguei ele. Era Junmyeon.

— Cadê você?

— Desculpa hyung, acordei me sentindo enjoado, não vou hoje. — fingi voz fraca.

— Quer que eu suba e fique com você? Estou na porta da sua casa. — Suho pareceu preocupado.

— Não! — falei apressando, percebi a besteira que fiz e tentei consertar. — Não precisa, parece ser uma virose, não quero que fique doente por minha causa. — forcei uma tosse.

Todos ao meu redor me olhavam sem entender o que acontecia.

— Então tudo bem, te passo toda a matéria quando chegar em casa, ok?

— Obrigado.

— Se cuida. — ele falou antes de finalizar a chamada.

— Eu tenho que ir para casa. — vesti a calça. — Luhan, podemos conversar a sós? — chamei. — Me deem licença.

Retirei-me da sala e esperei Luhan no lado de fora.

Eu não sabia o que falar, só queria minha vida normal de volta, tudo normal, apenas com meus sonhos anormais.

— Eu não sei o que falar. Só quero minha vida normal de volta, apenas esses sonhos como algo anormal. — andava de um lado para outro.

— Então nunca mais volte aqui, faça de conta que nunca me viu e que isso nunca aconteceu. É bem simples. — falou calmo.

— Eu queria fazer isso, mas toda vez que vou dormir acabo sonhando com você, não quero passar a minha vida toda com isso. Eu sinto como se fosse meu dever ficar com você, mas isso é tão estra...

Antes que pudesse completar meus pensamentos, o menino de cabelos ruivos passou os braços em volta do meu pescoço e me puxou para um beijo.

Os lábios eram extremamente familiares, como se eu os beijasse todo dia. Segurei a cintura dele e apertei o lugar, Luhan abriu a boca em um arfar, aproveitei e aprofundei o beijo enquanto ele puxava o cabelo da minha nuca.

Separamo-nos ofegantes e corados.

— Me desculpe. — ele tocou o lábio inferior com o indicador.

— Sem problemas, foi gostoso.

Não conseguíamos nos encarar, apenas olhávamos para baixo, não queria ter que encará-lo, era vergonhoso e estranho.

— Então é isso? Estamos destinados um ao outro? — sorri com o quão ridículo e clichê essa frase soou. — Nunca imaginei que algum dia falaria isso para alguém.

— Nem eu imaginaria que sentiria esse sentimento de novo. — as feições de Luhan mudaram para triste.

— Por que diz isso?

— Vim para cá com o pensamento de me isolar do mundo, nunca mais ter nenhum tipo de vínculo amoroso.

— O vínculo de vocês dois foi o que ocasionou o acidente em Pequim, você não pode pertencer a ninguém a não ser Sehun e nem ele a não ser você. — BoA saiu da sala explicando.

Me perguntava o que seria esse “acidente em Pequim”.

— Podemos tornar isso o mais normal possível?

— Como? — pareceu surpreso.

— É, algo mais normal, não vai ser algo que diz que eu estou atado com alguém que vai me fazer automaticamente começar um relacionamento. — olhei para Luhan que tinha um olhar incrédulo. — Um jantar, um encontro, qualquer coisa que não envolva um ritual, invocação satânica ou algo do tipo.

— Você reage muito bem às coisas. — ele me olhava confuso.

— É que na verdade isso é muito surreal para ser verdade, eu acho que a ficha ainda não caiu. — sorria de nervoso.  

— Isso é um convite para um encontro? —  perguntou. — Mesmo depois disso tudo que você viu e conheceu?

— Se você quiser.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado, me digam, ok?
Mil desculpas por esse final péssimo.
Vou tentar responder todos os comentários pendentes o mais rápido possível.
Queria agradecer muito a Lia @yunit por ter betado maravilhosamente esse capitulo... MUTO OBRIGADO

Ah, como é o "círculo mágico" : http://media-cache-ec0.pinimg.com/736x/93/07/34/9307342d9fcf44bdb0c4e5f542535f10.jpg

Até o próximo... amo vcs

~XOXO


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