Mais um dia, e mais uma cobrança;
Ela adentrou o pequeno apartamento de dois cômodos e deixou a bolsa e sapatos pelo caminho. Deixou seu corpo cair no sofá-cama. Em sua mão ela ainda segurava firmemente a nota que estava pregada na sua porta quando entrou. Três dias para pagar o aluguel de dois meses atrasado ou seria despejada!
Há cerca de sete meses havia trancado sua faculdade devido a falta de dinheiro pra mantê-la, a três desempregada. Não estava sendo nada fácil esses últimos anos, mas esse estava sendo o pior de todos. Nível alto de impostos, desemprego em superalta.
Haruno Sakura não sabia mais o que fazer de sua vida. Mal havia dinheiro para se alimentar, quem dirá conseguir ao menos comprar uma passagem de volta para o interior, onde seus pais moravam. Esses por sinal estavam tão endividados quanto ela!
Sem escolha as lágrimas rolaram livres por seu rosto. O que estava acontecendo com sua vida?! De uma excelente e astuta estudante e futura promissora enfermeira, ela estava sem estudos, sem emprego e em três dias, com certeza, sem casa também.
“O que eu faço?” Ela repetia a si mesma, tal pergunta.
O que mais ela perderia?
O que tinha a mais pra perder?
Entre lágrimas ela olhava em volta, tentava pensar em uma solução, mas já não havia mais. Havia pego dinheiro emprestado mês retrasado de seus amigos Ino e Kakashi e ate agora ainda não havia pago.
“Moveis…!”
Rapidamente ela se levantou do sofá-cama e correu ate a bolsa logo discando o número de Kakashi, cuja tinha como amigo “colorido”. Conheceu-o na faculdade, ele é professor de história, completamente fora de seu curso. O que a fazia se sentir livre da culpa de estar com um professor.
“Srta. Haruno! O que devo a honra a sua ligação?” Ele pareceu alegre com a ligação dela, afinal, quem sabe eles poderia ter um tempinho a sós em uma cama?!
“Eu preciso de um favor, Eu sei que já pedi vários…”
“Relaxa, Haruno, diga-me do que precisa e eu ajudarei com prazer!” Cortou-a. Ela mordeu o lábio sem graça, por mais quanto tempo teria que passar por essas situações, quanto mais favores teria de pedir?!
“Preciso levar umas coisas ate um lugar…” Não gostava de deixar que as pessoas vissem a situação que estava, e muito menos a que passaria de agora em diante, mas… que escolha tinha?
“Vou pegar o carro, passo ai em meia hora, pode ser?”
“Sim, ótimo!” Calculou rapidamente o tempo. “Não espera, pode ser em uma hora?”
“Você está fora de casa, certo? Faz assim eu chego em meia hora e espero você ai na porta, ok?” Ela concordou e logo desligou, indo apressada a colocar os sapatos e ir em direção a casa de penhor mais próxima, cerca de três quadras e meia dali.
O senhor, o dono, parecia não querer negocio com ela, mas devido ela tanto insistir acabou aceitando. Sakura o disse quem em pouco tempo traria o que desse, logo se dispondo a correr ate o apartamento.
Kakashi estava de máscara de enfermagem, como de costume, e a aguardava encostado diante ao carro dele.
“Senhorita Haruno!” Mesmo com a marcara, Sakura via pelo olhos dele o sorriso que possuía mostrando sua satisfação em vê-la. “Então, o que precisamos levar?”
“Alguns moveis…” Murmurou desviando o olhar e coçando a nuca.
“Vai se mudar?”Começou se desencostando do carro e logo acompanhando-a ate o apartamento dela, que infelizmente era no segundo andar, o que significava um certo esforço ao descer os tais moveis.
“Não.” Murmurou sem graça. Se manteve em silêncio ate chegar na porta, ela sabia que ele ainda aguardava por mais informação. “Vou…” limpou a garganta sem graça. “Vou penhorar alguns moveis.” Por que tinha que passar por essas situações, ela se perguntava.
Kakashi segurou seu braço fazendo-a se virar para si.
“Sakura…?” Começou, seria novamente devido por dinheiro? “Você precisa de algum, eu posso emprestar…”
“Não, não!” Se apressou forçando um sorriso enquanto começava a preparar o sofá-cama, retirando o colchão de solteiro que usava sobre o mesmo para ter mais conforto. “Não se preocupe com isso. É que eu achei uma cama de verdade em promoção ai vou vender essa velharia e a cômoda…”
“Você tem certeza disso?” Ele sabia que provavelmente a situação não era bem assim, notava que ela estava estranha.
“Claro!” Sorriu rapidamente. “Ele é levinho, quer tentar descer ele, enquanto eu tiro minhas coisas de dentro da cômoda?”
“Pode ser.” Murmurou logo começando a empurrar o mesmo enquanto a via jogando as roupas apressadamente num canto ao chão.
A medida que ia descendo aquele sofá-cama ele refletia, ela andava estranha nas últimas semanas, mal falava com ele por telefone, cuja segundo ela teve de trocar e pegar um modelo antigo devido a um pequeno defeito que deu no seu. Parou por um segundo olhando para escadas acima, cuja havia acabado de descer. Haruno tinha poucas roupas ou era impressão sua ou estava apenas paranoico diante ao que sabia da situação dela?
Ele sabia que estava desempregada, apenas isso, e que seus pais estavam mandando dinheiro para ela sempre que podiam para ajudar no aluguel.
Aluguel… A carta vermelha caída no vão da almofada fina chamou-o a atenção.
Era isso então?! Ela estava a ponto de vender seus moveis para tentar ao menos pagar ou conseguir um tempo a mais com o dono do imóvel?!
Será que ele tinha o suficiente para pagar esses dois meses? Ele sabia que seria difícil de convencê-la a deixá-lo, ela já devia uma grana para ele e uma amiga.
Com certa dificuldade ele colocou em cima do carro o sofá-cama, afinal, ele era leve pra empurrar, mas levantá-lo já era outros quinhentos. Ajudou-a descer a cômoda, teve que deixar o porta-malas aberto e abaixar o encosto dos bancos traseiros. Assim que começou a dirigir, não se conteve diante o silêncio, ele via que ela estava agitada.
“Quanto você está devendo de aluguel, Haruno?”
“Nada. Relaxa!” Forçou um sorriso olhando-o rapidamente e logo voltando para a rua;
“Olha eu não tenho muito. Mas vou te emprestar o que der está bem? Ate amanha eu consigo arrumar uma cama, só aguenta essa noite.” Sorriu e tirou uma mão do volante e segurando a mão dela tentando passar alguma segurança e acalmá-la.
Ela entretanto, não se conteve. Ela começou a chorar copiosamente. De uma garota independente e dona de si agora ela era de dar pena e ter que se agarrar a toda ajuda possível, sem nem ao menos saber se seria capaz de algum dia retribuir.
Kakashi parou o carro e assim que o fez ele soltou o cinto logo puxando-a de encontro dela a abraçando apertado, tentando mantê-la calma.
“Se acalma. Logo tudo vai melhorar! Lembra que eu disse estou vendo com um conhecido, ele disse que conhece alguém que logo vai abrir uma vaga de empregada em uma mansão, o salário é bom! Aguenta só mais um pouquinho, ok?” Afastou-a começando a limpar as lágrimas dela.
Ele conseguiu, quando chegaram na loja, fazer um bom acordo com o dono, não foi muito, mas ao menos era melhor do que ele havia proposto de primeira quando ela veio primeiro. Apos isso ele precisava fazer ela esquecer sua situação, mesmo que por umas horas…
Não havia uma cama, mas aquele colchão foi bom o bastante para mantê-los, mais da metade da noite, acordados, deixando-os cansados o suficiente para que ao menos aquele colchão parecesse como uma nuvem naquele final de noite e começo de dia.
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