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História Ugh! - Retorno


Escrita por: haikyuo

Notas do Autor


Então, eu meio que estava com o segundo capítulo já pronto, só precisei dar uma polida e acrescentar algumas coisas, por isso não teve uma demora considerável para sair. Talvez o terceiro demore um pouco, pois mal comecei a escreve-lo, mas vou tentar o meu melhor para deixá-lo pronto e bom o mais rápido possível.
Espero que gostem e boa leitura!
💛

Capítulo 2 - Retorno


O que eu temia ocorreu: não havia ninguém no pátio da escola.

A palestra de início letivo já deveria estar ocorrendo no auditório e eu acabei me atrasando dez minutos por conta das paradas que o ônibus fizera ao longo do caminho. 

"7:11, não acredito." choraminguei em meus pensamentos após checar a hora no celular.

Corri para atravessar a entrada e a funcionária presente na portaria arregalou os olhos para mim após levar um breve susto. 

— Me diz que ainda posso entrar! — juntei as mãos já suplicando. — Por favor...

— Pode sim. — ela sorriu para mim. — As turmas estão reunidas no auditório, é caloura aqui?

— N-não, eu já estudo aqui há anos. — só então percebi que a antiga funcionária da portaria havia sido substituída.

— Então pode encontrar o caminho, certo? — perguntou ela sorridente.

Assenti e voltei a andar em passos pesados pelo corredor logo após atravessar mais uma porta dupla.

O auditório ficava logo no outro prédio da escola, então acabei levando consideráveis minutos até chegar lá. Pude ouvir a voz do diretor do outro lado de mais uma porta dupla semelhante às outras — de madeira bege com uma janelinha em cada porta — e meu coração bateu mais forte. Essa era aquela parte da história em que você entra atrasada em um local lotado e todos olham diretamente em sua direção.

Abri a porta da direita e, na mesma hora, todos os alunos sentados nas poltronas pararam os olhos em mim. Professores sentados em algumas cadeiras distribuídas pelo palco também me avistaram. O diretor, por sua vez, apenas me olhou pelo canto dos olhos, mas não parou o discurso. 

Procurei frenéticamente por um lugar perto de algum conhecido, mas nem sinal de minhas amigas, eram muitos alunos reunidos em várias poltronas juntas.

— Que feio chegar atrasada. — o sussurro entrou pelo meu ouvido e percorreu todo o meu corpo.

Aquela voz.

Add apareceu logo depois de mim, após abrir a porta esquerda, e todos se voltaram para ele também. A única diferença foi que a maioria se dispersou do discurso para fofocar sobre o colírio de 1,89m ao lado do palito ruivo de 1,68m. 

Ele ficava irresistível naquele uniforme. Usava a social com os primeiros dois botões de cima abertos e gravata vermelha frouxa. Além do peitoral, aquela abertura mostrava o colar preto que pendia em seu pescoço envolto em um choker liso da mesma cor.

"Eu amo chokers..." pensei ao ver o dele. "Será que fico bem com um também?"

Meus olhos seguiram para a orelha direita dele que estava à vista para mim. Os dois piercings pretos ali presentes o deixavam com um ar mais sexy do que ele já naturalmente tinha.

"Será que ele chorou na hora de furar a orelha?" continuei o questionário em meu consciente. 

O cabelo platinado estava o de sempre: para o alto e bagunçado.

Eu começava a entender o motivo pelo qual tanta gente tirava um tempo para admirar esse garoto. Mesmo não apaixonada por ele, eu o achava "anormalmente bonito", título usado para definir a beleza de Add no primeiro ano do ensino médio. Também temos o famoso "um pôster que ganhou vida". Esse era particularmente o meu favorito, pois havia sido criado exclusivamente por Ara, no momento que a mesma viu Add pela primeira vez.

Será que eu era a única pessoa que se lembrava do Add de seis anos atrás? Ele mal tinha jeito para falar com garotas. Para falar a verdade, as garotas riam e debochavam dele, o faziam de gato e sapato. Achavam que a inteligência absurda dele seria um motivo para justificar uma "chatisse" inexistente e nunca mostrada por ele, mas que, para elas, estava lá. E agora todas essas mesmas garotas, após presenciarem um novo e melhorado Add, aderiram ao conceito "rapazes inteligentes" e estavam suplicando por pelo menos uma noite com ele.

Eu, por outro lado, ainda sabia que o Add tímido e desajeitado ainda estava ali, escondido no mesmo corpo do atual bad boy. Depois de todos esses anos ele começou a aparentar ser forte e bom o suficiente, mas treze anos ao lado dele me mostraram que, apesar de tudo, Add conseguia ser tão frágil quanto porcelana.

Enquanto eu sonhava acordada sobre nossa história de vida, Add escolheu o lado direito para seguir, o que passava bem em frente ao palco.

— Add! — sussurrei um tanto alto e agarrei as costas da social dele com uma das mãos para que eu não me perdesse da única pessoa que eu reconhecera àquela manhã. 

Não só alguns alunos e professores, Eve também deveria estar nos observando naquele momento. Eu sentia os olhos dela em cima da minha mão agarrada à blusa de Add, talvez torcendo para que a mesma caísse do meu pulso.

"Não era assim que eu queria começar a manhã, eu juro." choraminguei mentalmente para Eve, onde quer que ela estivesse naquele enorme auditório.

Add encontrou dois lugares na ponta da oitava fileira e se moveu para o lado para que eu me sentasse primeiro, e logo depois se sentou ao meu lado. A garota à minha direita pegou o celular rapidamente, com certeza para alertar às amigas de que estava próxima dele.

— Eu vi uma fã tirando fotos suas na décima fileira. — brinquei.

— Até porque uma imagem minha vale milhões. — ele sussurrou de volta e acabei rindo baixinho.

— É um absurdo. — sussurrei após entender algumas palavras do diretor sobre o terceiro ano.

— Minha fama ou beleza?

Dei um tapinha no braço de Add e ele logo sorriu. Talvez fôssemos as únicas pessoas que ainda faziam piadinhas sobre ele mesmo.

— Acredita que vamos ter aula à noite?

— Acredita que vou faltar aula à noite?

— Não vai mesmo...

— E por que não?

— Add, você continua o mesmo nerd de anos atrás, sei que não precisa de pontos em matemática, — apertei o braço dele em um pedido de ajuda. — mas eu preciso.

— Eu cobro caro. 

— Por uma barra de chocolate você sempre me ajudou a não reprovar nas recuperações finais.

— Dessa vez irei cobrar duas. 

Mais uma informação importante sobre o modelo: chocólatra.

Paramos de sussurrar assim que sentimos os olhos do professor de biologia em cima de nós.

Ao final do discurso, o diretor deu boas vindas aos calouros e encerrou a palestra no mesmo momento que o sinal das nove tocou. 

Add e eu nos levantamos ao mesmo tempo, mas ele se retirou na mesma hora ao avistar os amigos.

Assim que me virei, avistei as seis já se aproximando.

— Amor! — Rena me abraçou e apertou com toda a força que tinha. — Como passou suas férias? Eu estava morrendo de saudades de você!

Ela estava linda, como sempre. Tinha o cabelo claro e esverdeado preso em um rabo de cavalo que, em dias "importantes" como este, era enfeitado com uma fita preta. Rena era uma das minhas amigas mais próximas, assim como Ara.

— Eu apenas dormi e tentei não socar Elsword durante o dia. — falei e todas riram, menos Eve.

— E olha quem já está emburrada. — Lu apontou para a platinada ao lado com os olhos.

Eve era extremamente linda, não parecia real e sim uma boneca. Eu podia entender a paixão que Add sentia toda vez que meus olhos encontravam o dourado frio e profundo dos dela, capazes de intimidar qualquer um. Ela era extremamente inteligente, assim como o "namorado talvez ex", mas, diferente dele, Eve não conseguia se dar bem no assunto esportes.

— Elesis ainda é melhor amiga do Add, sabe? — Ara cruzou os braços e permaneceu ao meu lado. — Você pode não gostar disso, mas eles tem o direito de se falar.

Ara era basicamente a imperfeição perfeita. Fez duas mechas brancas no cabelo preto após perder uma aposta que fizera na festa de fim de ano com Rose e acabou que o estilo realmente combinou com ela. A diferença genética em seus olhos — um era amarelo mostarda e o outro vermelho vivo — deixava qualquer um hipnotizado. Lembro-me de que Ara sempre ficava em primeiro lugar na lista de mais bonitas da turma na oitava série.

Eve não respondeu, apenas forçou um sorriso para mim.

— E vocês não vão se resolver? — perguntou Rose para a platinada enquanto ajeitava o próprio rabo de cavalo loiro. — Já vai fazer uma semana após o banho de Cuba Libre.

Rose era a mais velha e mais alta entre nós, 1,88m, menor que Add por apenas um centímetro. Ela se juntou ao grupo na nona série e já de cara mostrou ser profissional nos esportes em períodos de educação física. Logo no primeiro ano, se tornou capitã dos times de vôlei e futebol da escola, mas em exatas nunca conseguia passar de 6 pontos.

— Podemos NÃO falar sobre o Add? — a voz de Eve era direta e tensa. — Obrigada.

— Cruz credo, não quero ficar perto de carente mal amada não. — Lu abanou a mão no ar e se retirou do auditório sem a gente.

Luciela era extremamente popular na escola, até mais do que Add e Ara. A típica garota rica que todas queriam ser amigas por interesse, e eram essas mesmas pessoas que acreditavam na máscara de menina perfeita que Lu conseguia usar tão bem. Apesar disso, sempre que estava com a gente, essa mesma perfeição sumía, e ela mostrava seu verdadeiro eu: preguiçosa, comilona e pior do que Rose no boletim, mas em humanas.

— E o seu irmão? — Aisha chegou por trás e apoiou os braços em cima de meus ombros. — Não vai vir?

— Você tem muito mal gosto. — revirei os olhos.

— Como se ele é seu irmão? — ela se afastou para o lado.

— Sempre nasce um patinho feio na família, não é mesmo?

As outras riram, inclusive Eve. 

Aisha era uma amiga de longa data, nos conhecemos há nove anos, e ela sempre foi apaixonada pelo meu irmão. Elsword, por outro lado, sempre evitava contato com ela por querer manter a imagem de galã difícil. A verdade é que ele estava tão apaixonado quanto ela, mas sempre me pedia para não contar nada. 

— Como em todo começo de ano letivo, ele só deve ter chegado agora pouco no segundo horário. — dei de ombros. — Não me surpreende.

— Um verdadeiro bad boy... — Aisha suspirou encantada.

— Bad boy? — Rose fez uma careta. — Meu tênis surrado é mais bad boy do que aquele garoto.

Saímos do auditório e, enquanto as outras conversavam logo atrás, Rena correu até mim e me puxou mais pra frente.

— Consegue guardar um segredo? — me perguntou.

— Depende.

— Conhece aquele famoso ditado? — ela se agarrou no meu braço. — Duas podem manter um segredo se uma estiver morta.

— Pode falar que eu te mato logo depois. — sorri.

— Eu... Fiquei com o Raven. — sussurrou ela.

Arregalei os olhos e mal percebi que minha boca já estava no chão.

— Não faz essa cara! — ela olhou preocupada para trás, mas nenhuma das meninas estava prestando atenção em nós.

— E ele beija bem?

— Não só isso... — Rena mordeu os lábios e ergueu as sobrancelhas.

Pensei por alguns segundos e só então me toquei dos fatos.

— Vocês transaram! — dei um pulinho seguido de uma risada.

Rena me puxou para baixo na tentativa de me conter.

— Le, fala baixo! — ela já estava completamente vermelha. — É um segredo, tá bom? Se Ara souber, ela vai me matar.

Realmente, Ara aparentava não gostar de Raven. Desde o momento em que Rena dissera que o achava "bonitinho", a morena soltou o famoso "você é boa demais pra esse traste".

— Seus pais permitem relações com fumantes? — perguntei.

— Ele nem tocou no cigarro quando estava comigo.

— Seria Rena a própria inibidora de nicotina? 

Ela riu, o que aliviou o vermelho em suas bochechas.

— Sua vez. — disse Rena.

A encarei confusa.

— Minha vez? 

— Não vai me dizer que não rolou nada de secreto nessas férias?

Me lembrei dos últimos dois meses em casa, sem fazer nada, apenas ouvindo música e tirando duas semanas para ir à praia com a família. 

— Nadinha. — respondi.

Rena me olhou decepcionada. Se tem uma coisa que ela amava era trocar segredos comigo. Confiávamos uma na outra e era ótimo ter alguém para dividir algo que qualquer outra pessoa acharia banal. Eu amava isso nela, eu sentia segurança ao contar as coisas para ela.

— O que significa sonhar que está transando com alguém que não deveria? — perguntei de repente.

— Você sonhou com quem?! — dessa vez foi ela quem arregalou os olhos e deu um pulinho.

— Vocês! — Ara nos deu um susto ao pular exatamente entre nós, cortando a conexão das mãos de Rena com meu braço. — Temos liberdade até a hora do almoço, o que querem fazer?

As outras se aproximaram também.

— Que tal Eve começar a contar o que aconteceu? — sugeriu Rose. — Eu estou começando a ficar preocupada.

— E eu curiosa! — Ara se virou para Eve. — Conta!

Todas paramos no meio do corredor e encaramos a platinada.

— Não vou falar nada aqui. — ela reparou as pessoas passando em volta.

— A nossa sala deve estar vazia já que não estamos tendo aulas no momento. — comentou Rena.

 

 

A sala de aula, assim como todas as outras dessa escola, era composta por várias mesas de madeira sustentadas por pernas de ferro, separadas em seis fileiras iguais, cada uma acompanhada de uma cadeira de mesmo material para os alunos se sentarem.

Aisha se sentou em cima da última mesa da sexta fileira, logo ao lado da janela, e Eve se sentou na cadeira. Ara e Rose puxaram outras duas para perto e se acomodaram também. Rena e eu pegamos a mesa da frente juntas e colocamos ao lado da de Aisha, ficando de frente para Ara e Rose que estavam próximas à Eve. Me acomodei na ponta da segunda mesa e Rena se sentou entre Aisha e eu logo após ajeitar a saia do uniforme. 

Assim como os meninos, usávamos social branca e gravata vermelha. Eu só percebi que Rose estava sem a gravata quando ela retirou o acessório da mochila que estava no chão com as nossas, e iniciou o nó na altura do peito.

— Pode começar. — Aisha cruzou as pernas e todas nos viramos para Eve.

— Sinto que depois que transamos, nada está a mesma coisa. Ele não está a mesma coisa. Pode ser paranóia da minha cabeça, mas eu sinto que ele está distante de mim. — falou ela de uma vez só.

Tentei não parecer surpresa, mas meus olhos deveriam estar tão arregalados quanto os das outras.

— Então foi isso, ele te usou. — concluiu Aisha.

Meu coração ferveu. Eu sabia que ela era a única ali que dizia "odiar" Add e, mesmo sabendo que ele era um amigo importante para mim, insistia em criticá-lo sem pensar duas vezes. Lembro-me da última vez que Aisha disse atrocidades sobre ele bem na minha frente e acabei ignorando-a por um mês completo.

— Ele não faria isso! — defendi Add.

— Como sabe? — Aisha se virou para mim com nojo no olhar. — Ele já te fez carinho e te prometeu o mundo na cama também?

Não. Nós dois nem nos tocamos nesse sentido ao longo desses treze anos de amizade, apenas em meu sonho. Eu só descobrira o que era sexo após ter sido abusada fisicamente pelo irmão de minha própria amiga. Nada saiu do jeito que eu planejava em relação a esse assunto e isso era o que mais me deixava frustrada. 

Aisha não fazia ideia do que era ser drogada e usada da pior maneira possível. Aren me machucou e roubou uma parte de mim que eu nunca teria de volta. Ele destruiu não só a mim, mas também uma experiência que sempre me disseram que seria uma das mais importantes em minha vida. Enquanto ele saiu da festa sendo considerado mais um "conquistador", eu saí do mesmo local sendo chamada de "puta de aluguel". Eu odiava Aren, mas acabei guardando isso para mim assim que soube que ele e Ara acabaram discutindo feio após o ocorrido. Ela disse que eu poderia denunciá-lo para a polícia e que aguentaria o que viesse depois, mas eu permaneci calada. Uma parte de mim não suportaria ver a família de uma amiga arruinada por minha causa. A outra parte insistia em me lembrar de que eu deveria falar e que era o certo a se fazer. Meu corpo se tornara uma zona de conflitos e eu não sabia mais como me resolver comigo mesma.

Rena me abraçou assim que percebeu o reflexo das lágrimas em meus olhos, e as outras também não deixaram de notar, aquilo me marcaria para o resto da vida.

— Me desculpa. — o arrependimento estava estampado no rosto de Aisha. — Eu não quis... Me desculpa, Le.

— Sei que você odeia o Add, mas eu também acredito que ele não seja assim. — Ara permaneceu me apoiando, creio que acabou pensando no irmão. — Não dessa forma.

— É bem difícil defender garotos sabendo que a primeira coisa que eles pensam é e sempre será sexo. — pelo visto, Rose concordava com Aisha.

Rena não declarou em voz alta de que lado estava, mas assim que apoiou a cabeça em meu ombro, eu soube.

— A culpa não foi dele. — declarou Eve. — Eu que decidi isso, ele mal comentou sobre.

— Então o que acha que aconteceu para ele ter ficado dessa maneira? — perguntou Rena, ainda estava abraçada comigo.

— Talvez ele não queira mais, mas eu quero! — dessa vez quem começou a formar lágrimas foi Eve. — Eu amo o Add, amo mesmo, mas dói pensar que talvez ele queira se distanciar de mim.

"Há um ano eu pensava estar apaixonado por ela." a voz dele ecoou em minha mente, mas resolvi não comentar sobre.

Eles precisavam de tempo. É normal se sentir confuso durante um relacionamento, certo? Os dois se resolveriam e isso tudo acabaria sendo só um mal entendido. 

— Ele te ama, Eve. — falei olhando diretamente nos olhos dela. — Desde a primeira vez que te viu, Add sempre foi completamente apaixonado por você.



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