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História Ugh! - Embaixo da macieira


Escrita por: haikyuo

Notas do Autor


APÓS 84 ANOS E XINGAMENTOS DO MARCOS ESTOU POSTANDO AQUI MAIS UM CAPÍTULO. Estou tendo muitos bloqueios de criatividade no momento, por isso peço perdão. Marquinho esse cap é pra você amore, pode parar de reclamar já.
boa leitura! <3

Capítulo 4 - Embaixo da macieira


O quarto de Luciela era realmente grande. Móveis brancos e modernos se destacavam contra as paredes cinza em tom pastel, mas o que mais surpreendia era a enorme cama circular no centro do cômodo.

Lu entrou no closet e logo saiu com uma mala grande e preta em uma mão, e uma rosa e média em outra. Jogou as duas na cama e se virou para as meninas.

— Podem usar o que quiserem, menos os lápis de cores múltiplas à base de pó dourado.

— Mas era exatamente esse que eu queria! — Eve emburrou a cara.

Lu abriu as malas e as bocas logo chegaram ao chão.

— Tem pouca coisa, mas tenho certeza de que consegue escolher outro lápis. — ela piscou para Eve.

— Pouca coisa? — Elesis observou toda aquela maquiagem organizada em várias seções em ambas as malas. — Isso é mais do que eu vou ter em toda a minha vida.

— Olha só! — Ara se dirigiu até a cômoda perto da janela, já pegando o celular para conecta-lo à caixa de som média presente ali.

— Tem mais alguém na sua casa? — perguntou Rena já alertando.

— Só as empregadas. — Lu deu de ombros. — Vai fundo.

Ara sorriu e um momento depois o quarto inteiro já estava tomado por um som potente e dançante. Ela tirou os sapatos, correu até a cama e logo puxou Elesis para subir na mesma. A ruiva retirou os sapatos com o auxílio dos pés e se juntou a morena em meio a risadas e pulos.

— Se essa cama quebrar, vocês vão pagar cada centavo! — alertou Lu enquanto retirava as malas de perto delas.

— Acho meio impossível impor limites nessas duas. — Rose riu.

— Então, vamos nos arrumar? — perguntou Eve já com cinco lápis em mãos.

 

 

 

— Seus olhos são tão lindos, isso vai realça-los ainda mais. — disse a morena enquanto aplicava a maquiagem em Elesis.

— OK... — a ruiva tentou não piscar enquanto Ara trabalhava em seus cílios.

— Eu quero que Ara faça minha maquiagem também, ela é carinhosa, diferente de certas pessoas. — declarou Aisha e Lu logo parou de delinear.

— Continua reclamando que eu arranco o seu olho. — a albina mirou a ponta do delineador bem no olho da outra. — Quer?

Aisha deu a língua, mas deixou Lu continuar o trabalho.

— Qual batom combina mais com essa roupa? — Rena havia escolhido duas cores, uma em cada mão, rosa bebê e vermelho marcante.

— Depende. — Ara terminou a maquiagem e se virou para a esverdeada. — Vai beijar quem?

Rena e Elesis se entreolharam por um segundo, o que fez a morena bufar de raiva.

— Eu estou cansada disso! — gritou e todas as outras prestaram atenção também. — Por que eu não posso saber?

— Ara-

— Cala a boca, Le, eu quero ouvir a Rena falar! — ela cruzou os braços e metralhou a esverdeada com o olhar. — Sabe que eu vou te perseguir a festa inteira pra descobrir quem é, não sabe?

— Por que isso é tão importante pra você? — rebateu Rena.

— Por que isso é tão importante a ponto de você pedir pra Elesis não me contar?

— Porque você vai dar seus ataques e me criticar como sempre faz!

Lu deu uma risadinha enquanto passava o batom nos próprios lábios, se orientando pelo pequeno espelho do blush.

— Pensei que fosse minha amiga! — Ara se aproximou, mas Rena deu um passo para trás.

— E eu sou!

— Amigas compartilham essas coisas!

— Que drama, Ara. — Lu revirou os olhos.

— Se acalmem! — Rose interrompeu a discussão e se meteu no meio das duas. — Esse drama todo por causa de homem...

— Eu só quero saber quem-

— Raven! — gritou a esverdeada.

Todas se viraram diretamente para ela. Elesis não deixou de ficar surpresa também, pois nunca achou que Rena cederia tão facilmente ao drama de Ara.

A morena franziu o cenho e abriu a boca em um "o" indignado. O silêncio permaneceu até que ela conseguisse pensar no que dizer.

— Você beijou aquilo?

— Eu transei com ele.

Todas abriram as bocas, em choque.

— Quem diria. — Lu sorriu voltando a atenção para o batom e espelho.

— Não acredito que fez isso. — Ara desviou o olhar, ainda tentando processar a informação.

— Por que você detesta tanto ele? — dessa vez foi Rena quem se aproximou. — Raven é um amor de pessoa!

— Ele dividiu o cigarro com você? — perguntou a morena em deboche. — Que amor!

— Ele nem tocou em cigarro, Ara!

— Por enquanto.

— Aposto que Ara é apaixonada por ele, secretamente. — brincou Lu.

— Nem pensar! — o nojo era aparente no rosto da morena.

— Ele é bonito... — comentou Aisha.

— Beleza não define caráter! — Ara se manteve na defensiva.

— Raven só deve fumar às vezes. — Elesis tentou defender Rena. — Add também fazia isso.

No mesmo segundo, Eve se virou para a ruiva. A indignação estampada em seu rosto fez com que Elesis se calasse e recuasse na mesma hora. Add não havia comentado sobre aquele fato com a platinada, pois não queria que ela soubesse, mas, como sempre, Elesis acabara de estragar seus planos.

— Eu não vou fumar, OK? — prometeu Rena já segurando Ara pelos braços. — Eu prometo.

— Se ele fizer algo com você...

— Confia em mim!

Ara finalmente engoliu o orgulho e envolveu Rena em um abraço apertado.

— Então, estamos todas prontas? — perguntou Rose já esperando as outras na porta do quarto.

Elesis estava simples: regata cavada preta, short jeans escuro, Converse preto e uma pulseira de braço dourada como único acessório.

Ara estava de short preto, blusa branca e larga, e um salto preto que a deixava alguns centímetros maior que Elesis.

Eve resolveu optar por um vestido preto e curto. Acima do peito, a renda florida cobria partes de um tecido transparente que ia ate o final das longas mangas que se alargavam no final. Também estava de salto e mais alta que a ruiva.

Rose estava esportiva, como sempre. Calça jeans escura e uma regata vermelha original dos Bulls de número 45 estampado na frente e nas costas.

Aisha, como o usual, explorou seu lado mais gótico. Escolheu um vestido tomara que caia preto de renda com saia rodada. As duas partes do cabelo roxo estavam presas para cima com dois laços pretos. Estava calçando um salto consideravelmente menor do que os das outras, então ainda ficava alguns centímetros mais baixa que Elesis.

Rena aparentava ser a mais "clean" do grupo.  Vestiu um macaquinho jeans claro, salto bege e o rabo de cavalo estava enfeitado com uma fita branca.

Lu estava vestida com uma social branca e saia de couro preta. Seu salto era azul marinho assim como seus brincos e colar. Como Aisha, Luciela também usava o cabelo branco preso dos dois lados, só que para baixo.

— O batom! — Rena se voltou para os dois frascos em sua mão.

— Rosa. — disse Ara antes de se virar para a ruiva. — O vermelho é da Elesis.

 

 

 

Como o planejado por Lu, chegaram em frente à casa de Ciel às onze em ponto.

— Eu nunca havia andado de limusine antes. — Rose ainda estava pasma após sair do veículo.

A casa de Ciel era como a de Luciela: enorme e luxuosa. Os pais de ambos eram sócios, então os dois já se conheciam há bastante tempo. As amigas sempre acharam que a menina sentia certa paixão por Ciel, mas, como a albina sempre negava, elas ainda não tinham certeza absoluta sobre o caso.

Assim que atravessaram a porta, todos próximos à entrada se viraram para elas.

— Somos as mais atrasadas da festa. — sussurrou Rena.

— Onde ele deixou as guloseimas? — Lu já foi abrindo caminho no meio do público sem se importar com os olhares.

— Eu preciso ir ao banheiro. — declarou Elesis.

— Para de ser chata? — Ara a olhou, irritada. — Você tá linda com esse batom!

— Você passou demais, eu preciso tirar o excesso!

— Le, tá ótimo assim! — disse Aisha. — Se destacou muito com essa roupa.

— Obrigada pelos elogios, mas estou falando sério. — a ruiva acenou para elas já subindo a enorme escada de vidro.

No andar de cima, o largo corredor também estava lotado.

"Direita." se lembrou e seguiu por essa direção. Havia cinco banheiros espalhados pela casa inteira, dois no primeiro andar, dois no segundo e um no terceiro, mas Elesis nunca conseguira marcar onde cada um ficava. Como o corredor era lotado de portas, alguém acabaria se perdendo, no caso, ela.

A maioria das sociais organizadas pelas turmas do ensino médio sempre ocorriam na casa de Ciel. O local era tão grande que parecia a boate perfeita e, para a sorte de todos, os pais dele nunca estavam presentes. Viagens de negócios? Ninguém sabia.

Elesis bateu na porta duas vezes e esperou, sem resposta. Bateu novamente.

— Tá ocupado! — uma voz rouca e feminina gritou do outro lado.

Ela se afastou um pouco e esperou alguns minutos. Quem precisava desse tempo todo para usar o banheiro?

— Que linda, quer dançar?

A ruiva se virou e deu de cara com o que parecia ser três modelos de capa de revista.

Add estava de social preta, calça jeans escura e Converse branco. Diferente do uniforme, ele abriu três dos primeiros botões, deixando a pele mais exposta. Usava o mesmo colar e choker de sempre.

Ao seu lado esquerdo, Raven estava vestido com uma blusa branca coberta dos lados por uma jaqueta de couro preta. Sua calça era mais escura que a de Add e seu sapato era do mesmo material da jaqueta. Raven também era atraente com aqueles olhos amarelos profundos e cabelo preto espetado. De um dia para o outro, uma parte dos fios ficou cinza, mas Elesis não fazia ideia de como isso havia acontecido. O moreno era um pouco mais alto que Add, intimidando qualquer um à sua volta.

Ao lado direito do platinado, Chung estava vestido com uma blusa branca e lisa, como a de Raven, mas essa estava coberta dos lados por um casaco de moletom cinza claro. Também estava usando calça jeans, um pouco mais clara que a de Add, e Converse vermelho. Chung continuava sendo o mais baixo entre os três, mas cresceu consideravelmente do fundamental para o ensino médio.

— O gato comeu sua língua? — perguntou Add.

— Se comeu, por favor, devolva. — respondeu ela.

— Isso foi uma cantada? — ele sorriu e mordeu o lábio inferior. — Eu sou comprometido.

— Caso não tenha percebido, eu estava olhando para o Chung. — falou a ruiva e os outros dois riram.

— Tenho certeza de que seus olhos estavam em mim.

— Claro que não. — negou a verdade. — Afinal, sua namorada está no primeiro andar te procurando, acho melhor todas as meninas tirarem os olhos de você essa noite.

— Todas, inclusive você. — provocou Add.

Assim que ele se aproximou, Elesis deu um salto repentino para trás.

— Principalmente eu. — respondeu a ruiva tentando se manter firme.

Add a olhou lentamente da cabeça aos pés. Sentir o olhar dele por todo o seu corpo era como ser diretamente tocada e isso a fez vibrar. Ela estremeceu e ele percebeu por conta do suspiro que a mesma tentou sufocar.

— Não se meta com idiotas. — o rapaz se virou e começou a andar em direção à escada.

— Então vou ficar bem longe de você! — gritou a menina para que ele pudesse ouvir em meio ao som alto.

Add não se virou, mas era evidente que achou graça e sorriu para o deboche de Elesis, como sempre fazia. Raven piscou para ela como se dissesse "até mais" e tomou o mesmo caminho, já pensando em procurar por Rena.

A ruiva se voltou para Chung que ainda estava parado em sua frente.

— Eu não tenho nenhuma namorada pra encontrar. — ele deu de ombros.

— Eu só preciso tirar o excesso de batom, prometo que te faço companhia.

— Excesso? — Chung analisou os lábios dela. — Parece perfeito assim.

Ela o encarou por longos segundos e sentiu seu rosto esquentar, mas foi ele quem ficou vermelho primeiro.

— Ou não. — ele voltou atrás um pouco nervoso. — Quer dizer, eu não sei nada sobre batom…

— Um drink? — a ruiva sorriu para ele já segurando sua mão.

— Eu nã-

Antes que Chung pudesse terminar, Elesis o puxou rapidamente pelo corredor.

 

 

 

— Acho que não vou conseguir. — Chung olhou para o copinho de tequila no balcão à sua frente.

— É só lamber o sal, virar o copo e morder o limão, simples assim. — explicou Elesis rapidamente. — No três?

— OK... — suspirou.

A ruiva derramou um pouco de sal nas costas da mão dele e da dela também. Ele parecia nervoso, mas se tem uma coisa que o loiro nunca fazia era vacilar.

— Um, dois... — se entreolharam. — Três!

Lamberam o sal e viraram a tequila ao mesmo tempo. O líquido desceu queimando e Elesis amava aquela sensação. Assim que morderam os limões, a menina mal pôde conter o riso ao ouvir Chung choramingando.

— Você foi ótimo! — gritou em meio a música alta.

Chung fez um sinal negativo com a cabeça enquanto ainda mordia o limão. Ele era do tipo de garoto que costumava passar as noites jogando ou estudando, raramente bebia e, quando bebia, era sempre o primeiro a cair.

O bar ficava no canto da sala de estar, lugar onde as pessoas estavam dançando e curtindo a festa. Como a casa de Ciel era consideravelmente afastada das outras do bairro, não haveria nenhum vizinho reclamando de som alto e estudantes bêbados. Os principais convidados estudavam na escola de Elesis, mas a ruiva sempre avistava um grande número de alunos de escolas diferentes e outras pessoas que pareciam ser bem mais velhas do que ela.

— Querem mais alguma coisa? — perguntou o barman.

— Um Martini. — pediu a menina com um sorriso no rosto.

— E o senhor? — se virou para Chung.

— Nad-

— Ele quer o mesmo! — interrompeu Elesis.

O barman assentiu e foi preparar as bebidas.

— Não sei se é uma boa ideia. — o loiro a encarou ainda em choque após a tequila.

— Você precisa se descontrair, menino. — sorriu para ele.

— E você? — ele apoiou a cabeça na mão e a encarou.

— Eu?

— Não prefere beber com o Add do que comigo?

De um segundo para o outro, o rosto de Elesis já estava mais vermelho do que seu próprio cabelo, mas ela estava torcendo para que aquele calor repentino fosse só efeito do álcool.

— O Add tá com a Eve. — lembrou ela.

As bebidas chegaram.

— E isso te incomoda? — Chung não tirou os olhos da menina nem por um segundo.

— E por que incomodaria? — ela virou metade do Martini, tentando conter o nervosismo.

— Tem tensão sexual entre vocês, todos percebem isso.

A ruiva engasgou na mesma hora com o que acabara de ouvir.

— Claro que não! — gritou após tossir, indignada.

Chung bebeu um pouco do Martini e fez uma careta por conta do gosto forte.

— Se você diz...

— Ei! — Ara agarrou o menino por trás. — Vamos dançar, vocês estão muito parados!

— Eu não sei dançar. — disse o rapaz.

A morena pegou o copo de Martini e fez com que o loiro bebesse todo o resto de uma vez só.

— Eu te ensino! — gritou ela já puxando-o para longe.

Chung e Ara começaram a dançar freneticamente no meio das pessoas na sala de estar. Elesis ainda estava no bar, bebendo e tendo uma crise por conta do que Chung dissera. Virou mais duas tequilas e já estava zonza o suficiente para começar a questionar coisas que tanto a incomodavam.

O que ele quis dizer com "tensão sexual"? Para a ruiva isso era claramente impossível. Add e ela eram e sempre seriam apenas amigos, era no mínimo estranho pensar que as pessoas realmente achavam isso. Claro que o corpo dela sempre respondia de forma estranha toda vez que ele se aproximava, mas isso era normal, certo? É normal sentir um nervosismo perto de uma pessoa tão intimidadora e atraente como ele.

Começou a bater as unhas contra o balcão, impaciente enquanto esperava o barman encher mais um copo.

O que Add realmente significava para ela? Por todos aqueles anos ao lado dele, essa foi uma das perguntas que ela nunca parou para responder. Ele sempre esteve lá, mas, para a ruiva, isso já era normal. Desde o primeiro dia que se olharam e começaram a brincar com bloquinhos de madeira, tudo parecia anormalmente simples. Tê-lo ali, ao seu lado, era exatamente como montar uma pirâmide com aqueles bloquinhos: simples.

Até que Eve chegou e estar com ele já não era mais usual. Pela primeira vez em muito tempo, Elesis sentiu falta. Ela estava sentindo falta de Add. Queria estar bebendo com ele e não com Chung, nem com qualquer outra pessoa. Ele certamente faria uma piada sobre o vermelho do seu cabelo e esconderia o limão para que ela suplicasse por ajuda após virar a tequila. Ficariam a noite toda discutindo sobre o futuro e quais seriam os planos para o mesmo. Add diria que não queria ter filhos, Elesis afirmaria dizendo que ele criaria apenas gatos. Ele desviaria o olhar e daria uma risada diferente de todas as outras, uma tímida e abafada, e se perguntaria em sua mente como aquela menina o conhecia tão bem. Permaneceriam calados por conta da troca de olhares que os faria perceber que, durante treze anos, sempre tiveram um ao outro.

— A senhora está bem? — o barman a encarou, parecia preocupado.

Elesis assentiu com dificuldade, pois tudo à sua volta já estava girando.

Se levantou em um salto e conseguiu se manter de pé. Estava tão frustrada que só pensava em encontrar Add e dizer para ele o que realmente estava sentindo e o quanto sentia sua falta àquela noite. Atravessou a multidão, esbarrou em vários corpos. Que horas eram? Passara um considerável tempo apenas parada em frente ao bar, remoendo e se lamentando.

— Te achei!

Alguém a puxou pelo braço, fazendo-a se virar. Assim que os olhos da ruiva conseguiram focar, se deparou com uma Ara bêbada e sorridente em sua frente.

— Aonde pensa que vai? — choramingou a morena. — Você não virou uma comigo ainda!

— Você viu o Add? — perguntou.

— O que quer com ele? — Ara emburrou a cara e puxou Elesis para perto. — Eu me mordo de ciúmes, sabia? Eu que deveria ser sua melhor amiga, não ele!

— Eu te amo da mesma forma! — Elesis riu.

— Foi nele que você pensou quando me beijou?

O sorriso da ruiva desapareceu com a pergunta. Não, Add mal passou pela sua cabeça no momento que tiveram no provador da loja. No fundo ela sabia que não era a mesma coisa. Mesmo que quisesse, nunca seria Add ali.

— Eu não me importo. — Ara sorriu mal tirando os olhos dela.

Sem esperar mais, a ruiva se lançou contra a morena, selando um beijo na mesma.

 

 

 

— Luciela.

A voz vibrou no ouvido de Lu e percorreu todo o seu corpo até chegar em seus pés.

— Ciel. — ela se virou para dar de cara com o próprio.

Ele era realmente alto, estava de calça jeans preta e uma camisa azul marinho do mesmo tom que o salto da menina. Mesmo com aqueles sapatos, Lu mal conseguia alcançar os ombros do maior.

— Eu amei o seu cabelo! — disse ela após comer um chocolate da mesa de guloseimas no canto da sala de estar.

— Mesmo? — Ciel ajeitou o cabelo platinado com uma mecha azul destacada na frente.

— Não é tão ruim quanto o antigo. — debochou a albina já caçando mais doces.

O garoto revirou os olhos, já esperava por isso. Luciela sempre o tratava da pior forma possível, mas, diferente do que ela achava, ele sabia exatamente o que toda aquela rejeição representava.

— Quer dançar? — estendeu a mão para a menina.

— Não. — o cortou na mesma hora.

— Não sabe dançar? — provocou ele.

— Com você não. — ela sorriu.

— Vai me tratar assim depois que nos casarmos?

— Eu? Me casar com você? — Lu riu alto. — Até parece.

— Se o seu pai-

No mesmo segundo, a menina o empurrou contra a parede e o calou na mesma hora.

— Meu pai não precisa de nada seu. — os olhos azuis geralmente frios da albina agora estavam fervendo de raiva. — Eu não preciso de nada seu!

— E como você pretende dar conta de uma empresa já em pedaços? — Ciel sorriu um segundo após perceber que sua pergunta afetou diretamente a menor. — Eu compro suas ações, mas você precisará ser boazinha comigo.

— Boazinha? — Lu cerrou os punhos. — Eu vou pisar em você.

Ciel sabia muito bem da crise que a empresa do pai de Luciela estava enfrentando. Como ela seria a próxima a assumir o lugar do pai, a pressão só aumentava e a preocupação era constante. De certa forma, caso seu pai não resolvesse as coisas o mais rápido possível, caberia a ela carregar aquele fardo. Sua vida fora formada e moldada a partir daquela empresa. Sonhos e desejos para o futuro? Luciela mal sabia como era fazer suas próprias escolhas.

— Eu me preocupo com você, Lu. — declarou Ciel em um tom mais leve.

— Vai se foder. — ela o empurrou novamente e se retirou no mesmo segundo.

 

 

 

Elesis andou até a porta do banheiro utilizando a parede como apoio por conta da tontura. O corredor estava vazio, todos deveriam estar no quintal ou na sala de estar. Tentou abrir a porta, estava trancada.

— Sério? — choramingou.

Subiu até o terceiro andar e procurou por outro banheiro. A porta no final do corredor estava entreaberta, seria uma má ideia checar?

Terminou de abrir a porta lentamente, a única luz que iluminava o quarto era a do abajur em cima do criado-mudo ao lado da cama. O cômodo era tão grande quanto o de Lu, as paredes pintadas de preto e os móveis em tons escuros.

Encontrou uma porta, com certeza era um banheiro. Assim que foi tentar abri-la, percebeu que estava trancada.

Ugh! — resmungou.

No mesmo momento a porta se abriu. Passou a noite planejando em sua mente confusa as coisas que diria caso o encontrasse, mas, agora que ele estava bem na sua frente, não sabia mais o que falar.

— Você vive no banheiro? — perguntou Add, quebrando o silêncio.

— Vou procurar outro.

Assim que se virou, foi puxada de volta na mesma hora. Seu corpo colou no dele e aquilo fez com que a menina se derretesse em um segundo. Sentiu o bafo de cachaça bater contra o seu rosto, ele deveria estar tão bêbado quanto ela. A ruiva esperou que Eve também saísse do banheiro para separar os dois, mas longos segundos se passaram e ninguém mais apareceu.

Add começou a empurrar Elesis que se agarrou a ele na mesma hora. Estava zonza e dando passos cegos para trás com completo receio de esbarrar em algo. Após seis passos, os dois acabaram caindo sobre a enorme cama. Antes que a menina pudesse se levantar, o rapaz se colocou sobre ela, olhar focado e rosto próximo.

— Lembra quando éramos pequenos e, embaixo da macieira do quintal da sua avó, você me desafiou a te beijar?

— Você ainda se lembra disso? — ela riu baixinho.

— E eu recusei, porque era um covarde e não sabia me comportar perto de garotas.

"Então foi esse o motivo?" pensou a ruiva.

— Depois daquele dia eu sempre desejei que você me desafiasse novamente embaixo da mesma macieira, — Add piscou lentamente. — mas você nunca mais voltou lá comigo.

O coração da menina estava acelerado e batendo mais forte que o normal. A confissão a pegou de surpresa e ela não sabia direito como reagir. No momento do ocorrido, ele apenas se recusou a beija-la, dizendo que não perdia tempo com garotinhas apaixonadas. Eram crianças, ingênuos. Aquilo não significaria nada para eles, apenas a descoberta de uma nova experiência. A pequena Elesis ficou irritada por ter sido "rejeitada", mas Add logo conseguiu seu perdão ao escalar a árvore e colher uma maçã para ela.

— Não estamos embaixo de uma macieira agora. — sussurrou a ruiva. — E não somos mais crianças.

Elesis estava tentando conter as lágrimas. Ela odiava se lembrar que estava envelhecendo e, além de outras coisas mais, sentir que estava perdendo Add a cada dia que se passava. Era tudo tão fácil e menos assustador quando eram pequenos. Não sabiam o que era amor de verdade, as mentes de ambos eram limpas e leves, não precisavam dizer absolutamente nada para completarem um ao outro.

O corpo de Elesis suplicou por Add no momento que se encontraram pela primeira vez na festa, mas ela acabou ignorando toda a vontade de tê-lo por perto. Ela queria sentir o gosto, mesmo que fosse apenas o de cachaça, ela queria saber como era cada canto daquela boca que todas sonhavam em beijar. Não parava de pensar em Eve, mas no momento não queria mais se preocupar com o dia seguinte. Add estava exatamente onde a ruiva queria e era apenas nisso que ela queria focar. Futuro e passado não existiam mais contanto que ele estivesse ali.

— Eu te desafio a me beijar.

Os olhos púrpura foram diretamente para a boca vermelha dela, Add sorriu sonolento.

— Eu não posso. — falou baixinho.

O coração da menina doeu ao ouvir, mas manteve os olhos fixos nos dele.

— Eu ainda sou o mesmo covarde que não soube o que fazer embaixo da macieira. — ele encostou a testa na dela e as pontas dos narizes se encontraram. — Eu não posso ter um pingo de você, mas quero saborear cada gota. Seu cabelo, seus olhos, corpo e mente, tudo isso me deixa frustrado, eu não consigo te decifrar.

Elesis tentou alcançar a boca dele, mas o rapaz logo afastou seu rosto do dela.

— Add... — choramingou ela.

Ele mordeu o lábio inferior ao ouvir a súplica, lutando contra o desejo ao vê-la entregue daquela forma. Sem esperar mais, selou um beijo no pescoço da menina, fazendo-a estremecer da cabeça aos pés. Elesis pensou que ele continuaria, mas tudo o que recebeu foi o silêncio.

— Add? — a ruiva chamou, mas ele não respondeu.

Empurrou o corpo dele fazendo-o cair de barriga para cima ao seu lado na cama. Estava dormindo.

Elesis tomou tempo para respirar e processar o que acabara de acontecer. Mesmo um pouco tonta, começou a reparar em cada detalhe do rosto dele, do cabelo, do corpo. Add conseguia ser mais lindo ainda dormindo, completamente calmo e em paz. O peitoral dele aparentava ser mais confortável do que qualquer outro travesseiro presente naquela cama e foi exatamente ali que ela aconchegou a cabeça. Ele se mexeu um pouco ao sentir o toque, mas continuou na mesma posição, respirando calmamente.

Não fazia parte dos planos de Elesis dormir na casa de Ciel àquela noite, mas, assim como Add, acabou apagando por conta do sono.



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