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História Última Chance - A Seleção - Sarah


Escrita por: JustSerendipity

Notas do Autor


Esta é minha primeira Fic, espero muito que gostem!!!

Capítulo 1 - Sarah


Fanfic / Fanfiction Última Chance - A Seleção - Sarah

Ouvi meus pais brigando. Coloquei os fones de ouvido e torci para eles pararem logo. Ouvi um barulho muito alto, desci as escadas correndo, parei no penúltimo degrau e olhei para a cozinha. Pratos estavam quebrados, com os cacos espalhados pelo chão. Minha mãe estava de costas para meu pai, com os olhos cheios de lágrimas e a mão na bochecha vermelha.
Pensei em fazer alguma coisa, mas parei. No dia seguinte seria a Seleção. Haveriam fotos. Minha mão foi automaticamente para minha têmpora esquerda, que ainda doía após a última discussão com meu pai. Subi as escadas correndo, com lágrimas nos olhos. Fechei e tranquei a porta. Me forcei a respirar normalmente e rezei para ele não subir as escadas. Ouvi um barulho no corredor, eu sabia que meu pai tinha a chave do meu quarto, ele tinha o controle de tudo.
Corri para minha cama e fechei bem os olhos, bati palmas e a luz apagou, entrei embaixo das cobertas e respirei fundo. Alguém abriu a porta, meu coração disparou. A luz do corredor invadiu o quarto, o choro da minha mãe ainda não havia parado. Meu pai sentou no pé da cama, ficou parado ali, respirando normalmente, como se bater na esposa fosse tão normal quanto escovar os dentes.
Contei mentalmente quantos segundos ele estava ali. Após dois minutos e quarenta e quatro segundos ele levantou, me deu um beijo na testa e foi embora. Fiquei em minha cama, tremendo da cabeça aos pés, aterrorizada só em pensar que ele poderia voltar a qualquer momento. Ele havia deixado a porta do quarto aberta então não ousei me mover. Passei a noite inteira na mesma posição, chorando de forma silenciosa e aterrorizada demais para conseguir dormir.
Quando desci as escadas na manhã seguinte ainda haviam cacos da mais fina porcelana espalhados pelo chão. Peguei uma panqueca com mirtilos que havia sido deixada pela empregada e voltei para o quarto. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo, passei um batom vermelho claro e soltei o cabelo novamente. Passei a manhã prendendo e soltando o cabelo de várias formas, até que fiz uma trança satisfatória, meu cabelo castanho escuro jogado para o lado. Passei um pouco de blush e lápis. Sorri e fiquei encarando o meu próprio reflexo no espelho. Quem não me conhecia nunca diria que eu estava triste e com medo. Quando eu sorria eu conseguia enganar qualquer pessoa. Me aproximei do espelho, meus olhos castanhos estavam um pouco vermelhos após a noite mal dormida mas tentei ignorar isso. Contei as sardas que haviam em meu nariz. Eu sempre tive exatamente doze sardas.
Passei mais um pouco de batom e me vesti. Meu pai havia saído para trabalhar, eu não tinha ideia de onde minha mãe estava, provavelmente em algum salão de beleza encontrando a melhor base para cobrir a marca de tapa em seu rosto. Me aproximei e espelho uma última vez e levantei a franja, ainda havia uma marca arroxeada onde ele havia me batido.
Lembrei da primeira vez que percebi que minha vida não era perfeita. Conseguia ouvir os gritos de minha mãe vindos do quarto ao lado. Respirei bem fundo várias vezes, abri o chuveiro, torcendo para o barulho da água abafar os gritos. Na primeira vez que eu criei coragem para ver porquê minha mãe gritava eu tinha doze anos. Ele estava saindo de cima dela. A cama deles estava bagunçada  e a luz desligada. Perguntei o que estava acontecendo. Minha mãe tentou gritar alguma coisa mas meu pai veio correndo até mim. Ele me segurou e me levou até o meu quarto. Me arrastou até o banheiro e me mandou entrar no banho. Comecei a chorar muito, por um instante ele ficou parado, como se percebesse que eu era sua filha, mas no instante seguinte ele me empurrou para baixo do chuveiro. Passei um tempo embaixo da água, chorando e temendo enquanto observava ele do lado de fora do box, ele não encostou em mim naquela noite. No dia seguinte minha mãe gritou novamente, mas eu estava assustada demais para fazer alguma coisa.
Uma semana depois ele bateu nela na minha frente, e quando eu a defendi ele me bateu no rosto. Meu lábio ficou inchado e sangrando.O hematoma em minha testa me lembrava que eu não podia defender minha mãe. Coloquei a franja novamente por cima do machucado. Com sorte ninguém veria.
Saí de casa e fui até o departamento onde ocorreria a inscrição. O príncipe Alex havia atingido a maioridade fazia poucos dias, e todas as mulheres pareciam ter ido até o departamento se inscrever na Seleção. Fiquei triste pelas Seis que estavam suadas e com aparência nervosa. Era provável que eu passasse. Estava maquiada e não era feia, minhas roupas estavam em bom estado e eu nunca fui nem gorda e nem magra demais. Claro, eu tinha muita sorte. Era uma Dois.
Algumas meninas de minha escola sorriram ao passar por mim, quase todas tinham algum acompanhante. Mães, irmãs e amigas, mas eu estava completamente sozinha.
Respondi a ficha e tirei a foto, sorri da forma mais bonita que consegui e voltei para casa o mais rápido possivel. Eu não devia nem mesmo ter saído.
Quando cheguei em casa meu pai ainda não estava. Ele era produtor musical e tinha os melhores contatos, e, felizmente passava boa parte do tempo fora. Minha mãe havia parado de trabalhar assim que casou com ele. Talvez ela devesse ter continuado trabalhando, ter conseguido o próprio dinheiro, mas em vez disso ela era apenas um fantoche para meu pai.
Tirei a maquiagem do rosto e coloquei a roupa mais simples possível, para parecer que não havia saído de casa. Meu pai não queria que eu me inscrever na Seleção. Ele não queria perder o mais novo brinquedo.
A semana seguinte à inscrição demorou muito para passar. Eu, minha mãe e meu pai jantavamos juntos todas as noites e ele parecia nem mesmo lembrar que havia batido em minha mãe poucos dias atrás. O hematoma em minha testa continuava roxo e amarelado, muito escuro, então comecei a passar maquiagem para esconde-lo.
Certa noite meu pai avisou que iria passar duas semanas fora, levando a mais nova estrela da música em uma "pré-turnê". Segundos após ele sair de casa levando sua mala, minha mãe peguntou se eu havia me inscrito. A Seleção era a única forma de pararmos de sofrer abusos. Minha mãe chorou quando eu disse que havia me inscrito. Nos abraçamos e agradecemos pela nossa sorte, na noite seguinte sairíam os resultados.
Fiquei caminhando pela sala enquanto falavam. O apresentado sorria e falava com a Família Real mas eu nem ouvia nada. Finalmente começaram a dizer os nomes das Selecionadas. Passaram três meninas, depois quatro, depois quatorze. Passaram vinte e cinco meninas, trinta, trinta e cinco. Estava tudo acabado. Eu não havia entrado.
No palco todas as luzes foram desligadas. O apresentador disse algo sobre ser um ano muito especial. Não seiam trinta e cinco meninas. Seriam trinta e oito. Chamaram uma menina chamada Anyia, e que tinha cabelos tão escuros que a noite pareceria cinza. Então disseram meu nome. Sarah Melrose Wespa. Chamaram mais uma menina mas eu nem ouvia seu nome. Os gritos da minha mãe encheram a sala, meu olhos se encheram de lágrimas e eu senti muita esperança.


Notas Finais


Sintam-se a vontade para comentar, críticas, sugestões etc são bem vindos!
Muito obrigada por ler até aqui e até o próximo capítulo!


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