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História Última Chance - A Seleção - Partituras


Escrita por: JustSerendipity

Notas do Autor


Voltei!!! Espero muito que gostem desse capítulo novinho...
No próximo vai ter mais sobre a Sarah e a vida que ela levava antes de entrar na Seleção, estou muito ansiosa!!!
Muito obrigada por todos que acompanharam e comentaram! Amo vcs!!
Aproveitem! ❤

Capítulo 17 - Partituras


Fanfic / Fanfiction Última Chance - A Seleção - Partituras

Alex P.O.V.

Quando eu tinha onze anos meu cavalo morreu. Ele se chamava Snow, era completamente branco e foi o primeiro cavalo que eu já tive. Quando ele morreu eu senti um buraco em meu peito. Era uma dor estranha, como se tudo estivesse frio ao meu redor. Agora eu sentia esta mesma dor.

Caminhei com Sarah até o lago que havia na floresta, ela estava estranha, e evitava me olhar. Eu não sabia o que fazer, mas sabia que não podia deixar ela ir embora! Eu... Eu não consegui acreditar que havia estragado tudo o suficiente para ela querer ir embora. Mas acho q a culpa não era minha.

Quando sentamos em frente ao lago ela começou a tremer. Tremer de verdade, acho que estava com muito frio, pois havia vento e Sarah estava usando apenas um vestido curto. Oferecer meu casaco a ela parecia a coisa mais natural de se fazer. Eu queria abraçar ela, fazer ela parar de sentir frio, parar de ficar triste. Eu só queria que ela me explicasse o que estava acontecendo.

Ela disse que eu não sabia nada sobre ela. Seu lábio inferior tremendo, ela passou a mão no cabelo e começou a mexer nas unhas. Eu sabia que ela fazia isso quando mentia. Assim como sabia que ela colocava o cabelo atrás da orelha quando estava envergonhada, e que não parava de mexer as pernas quando estava ansiosa. Eu também sabia que ela juntava as mãos quando estava feliz e que ela odiava passar frio, sabia que quando se concentrava em algo ela mordia os lábios distraidamente, ela fazia isso sempre que estava lendo um livro que gostava em especial.

Eu sabia tudo isso e gostaria de saber ainda mais. Comecei a ficar irritado. Nós dois sabíamos que ela estava mentindo quando disse que não sentia nada por mim, e eu sabia que ela realmente acreditava que havia um muro entre nós, me impedindo de ver como ela estava triste e insegura naquele momento, embora tentasse parecer corajosa e decidida.

 "Você sabia que quando mente, seu lábio inferior treme? Você mexe os dedos incessantemente e mexe no cabelo, mais do que o normal" falei irritado.

Sarah pareceu muito surpresa com o que falei, acho que ela realmente achava que eu não a conhecia.

Me aproximei dela, e senti algo importante se rompendo quando ela abriu a boca.

"Tá legal! Você quer a verdade? Eu estou indo embora porque sou uma idiota! Eu achei que você fosse só um merdinha qualquer, então eu menti para poder entrar aqui! Você não sabe nada sobre mim, Alex! Você sabia que meu pai me batia? Você sabia que eu tenho uma cicatriz enorme na perna da vez que ele me esfaqueou? Você sabia que eu tenho medo? Eu morro de medo o tempo inteiro! E toda a vez que você me dá a mão, ou oferece seu casaco eu acho que você vai me machucar!" Sarah disse e senti meu mundo desabando. Como eu não percebi nada daquilo? Por que eu não insisti para que ela me contasse a verdade quando teve aquele ataque de pânico?

"Você acha que me conhece, Alex. Mas na verdade eu nem poderia estar aqui. Eu quebrei tantas regras só para poder entrar na seleção..." Sarah continuava falando, ela começou a tremer e chorar. Tudo o que eu queria fazer era abraça-la. Segurar ela tão firme até perder seu medo. Mas não fiz nada disso, ela havia dito que ficava com medo de mim, e essa era a coisa que eu menos queria no mundo, especialmente naquele momento.

Então eu me desculpei. Como eu queria poder fazer algo mais útil, mas tudo o que eu poderia dizer parecia tão fútil! Então ela continuou com tantas verdades ao mesmo tempo que era difícil de digerir.

Samantha. Era um nome bonito, combinava com ela, mas não tanto quanto Sarah. Ela era Sarah para mim, mesmo que não fosse Sarah de verdade.

"E daí se você mentiu na ficha de inscrição? Sar... Samantha. Isso não é importante" falei. De forma estranha ela parecia menos real para mim agora. Era como se Sarah fosse apenas uma fantasia, alguém de um sonho que havia se tornado real. E eu sabia que não estava pronto para abandonar ela.

Sarah continuava a me explicar tudo e isso só me fez sentir pior, eu era a pior pessoa do mundo. Finalmente eu havia encontrado alguém que eu poderia cuidar, alguém que eu prezava, e nem mesmo havia percebido o quanto ela sofria. Tentei muito ficar parado, mas ver as lágrimas em seu rosto me machucava. Estiquei o braço lentamente e sequei suas lágrimas. Ela não recuou desta vez.

Ela pediu novamente para ir embora. Senti vontade de chorar, mas não quis chorar na frente dela, naquele momento ela estava vulnerável e precisava de alguém para se apoiar. Então tentei parecer forte por ela. Não conseguia entender por que ela não havia me contado. Talvez eu pudesse ter feito algo, qualquer coisa que a impedisse de sentir tanta dor.

Ela me empurrou para longe após explicar seus motivos. Me fez sentir ainda pior saber que estava olhando para ela de forma diferente, mas a verdade é que eu estava. Ela não era mais a garota perfeita, que amava ler e olhava encantada para mim quando eu tocava piano ou fazia algum desenho. Ela era real. E isso só me fez sentir por ela ainda mais.

Então Samantha me empurrou novamente. Ela era bem mais forte do que parecia, eu não podia fazer quase nada por ela, mas se ela queria ficar sozinha, eu permitiria. Me afastei e observei de longe enquanto ela soluçava. Cada passo para longe dela me fazia sentir mal, continuei observando ela de longe, observei enquanto ela levantava e rezei para que ela se virasse para me ver, mas ao invés disso ela correu para frente e se jogou no lago. Fiquei em choque por alguns segundos, então saí correndo. Meu casaco ainda estava largado na pedra de qualquer jeito, ele havia escorregado um pouco por causa do musgo, tirei a camisa e mergulhei.

A água gelada pareceu tirar o ar de meus pulmões, mas fui mergulhando cada vez mais fundo. Era difícil enxergar embaixo d'água, mas então vi ela. Estava deitada no fundo, não consegui ver seu rosto, mas ela parecia chorar. Abracei Sarah e me impulsionei para cima. Larguei Sarah no chão, peguei meu casaco e a cobri o mais rápido que consegui. Se ela estava gelada antes, agora parecia até morta. Estava pálida demais, gelada demais. Seus lábios roxos e seu queixo tremendo. Por um segundo pensei que ela estava morta, que eu havia chegado tarde demais, mas então ela abriu os olhos.

"O que você pensa que estava fazendo?" Perguntei gritando. Meu alívio não havia levado embora minha raiva.

"Que merda VOCÊ pensa que estava fazendo?" Ela me respondeu.

"Salvando você, sua idiota! Ainda bem que ouvi quando você pulou na água!" Nunca havia ficado tão feliz por ouvir alguém gritando comigo, mas por outro lado ela não parecia muito agradecida, nem um pouco agradecida na verdade.

Abracei Sarah, notei que ela continuava gelada, envolvi ela com o casaco mais uma vez, mas ela me afastou.

Sarah levantou-se rapidamente e atirou o casaco em mim. Ela começou a caminhar para longe, então voltou e começou a gritar.

"Me deixa ir embora! Eu não quero mais ficar aqui!" Ela gritou parecendo desistir de todo o resto. Respirei fundo, eu não manteria ela presa, se era isso que ela realmente queria...

"Você pode ir embora se quiser, mas eu imploro que fique" falei me sentindo mal, sentia que não tinha mais forças para mais nada.

"Eu sinto muito, Alex. Gostaria de poder ser a garota certa para você, mas eu não consigo. Você merece alguém muito melhor do que eu, e eu me importo demais com você para ficar aqui. Sinto muito por estar quebrada" Ela disse se afastando. Minha vontade era correr atrás dela e abraça-la, talvez ela realmente estivesse quebrada, mas eu nunca estive procurando por alguém perfeito. Eu procurei por alguém que aceitasse meus erros, alguém que eu pudesse apoiar. Alguém que eu amasse.

Eu realmente pensei que poderia amar ela. Acho que eu estava enganado. Ela falou que gostaria de ser a pessoa certa para mim. Mas me parecia impossível explicar que ela era a pessoa certa. Que eu amava suas imperfeições e sentia que nunca haveria ninguém melhor.

Observei Sarah voltar ao castelo, estava com tanto raiva de tudo. Com tanta vontade de gritar e socar algo! Esperei ela entrar no castelo, então pensei no que deveria fazer. Me vesti novamente, meu casaco estava úmido, mas me pareceu melhor do que nada.

Caminhei até o avião que levaria Sarah embora, entrei e fui caminhando entre os bancos. Coloquei meu casaco em uma das poltronas, queria poder mostrar a ela que ela precisava ficar.

Voltei ao castelo e troquei de roupa, meu cabelo ainda estava molhado, mas não me importava muito com isso naquele momento, eu estava começando a sentir frio, mas estava com medo que ela fosse embora sem que eu pudesse me despedir. Refiz meus passos até chegar no avião novamente. E lá estava ela.

Sarah também havia trocado de roupa, seus cabelos estavam úmidos e seus olhos vermelhos. Ela segurava firme em meu casaco, eu sei que ela me viu. Não ousei me mover. Quis que ela sentisse que eu não iria tentar impedi-la, apenas apoiar suas decisões. O avião começou a se mover, vi ela indo embora, e senti o peso do mundo em meus ombros.

"Não... Alex, o que está acontecendo? Sarah falou comigo... Por que ela foi embora? Eu... eu achei que ela era A garota" Spencer falou. Ele havia chegado repentinamente, formavamos um grupo estranho: eu, um príncipe completamente perdido, Spencer, um guarda que aparentemente era amigo da garota que eu gostava; e Aurora, que parecia nem mesmo perceber o que estava acontecendo.

"Eu também achei" falei a Spencer e comecei a caminhar de volta ao castelo, tentando não pensar no que tudo aquilo significava.

A verdade era que eu realmente gostava dela, e agora eu continuaria minha vida longe dela. Mas isso não significava apenas que eu nunca teria um futuro com Sarah, isso significava que eu casaria com alguma outra pessoa. Alguém que eu não amava. Seria com enganar alguém para sempre. Cheguei em meu quarto, tranquei a porta e gritei o mais alto que consegui. Caminhei até o meio de meu quarto, embaixo da cama, escondida, havia uma caixa. Ela estava cheia de rascunhos e desenhos. Alguns eu havia feito enquanto observava Sarah, outros só lembrando.

Rasguei todos os desenhos. Deixei os restos de papel amassado voarem pelo quarto, sentei no chão e tentei não pensar em nada. Eu ainda me sentia culpado. Olhei novamente na caixa. Havia uma partitura, a música que eu havia tocado para Sarah antes do aniversário de minha mãe. Tentei, mas não consegui tirar a partitura da caixa. Seria como apagar para sempre aquilo que tinha acontecido.

Guardei a caixa novamente embaixo da cama. Como alguém pode me fazer sentir assim tão mal? O que aquela menina tinha de tão especial a ponto de me fazer sentir tanta culpa, tanta dor?

Me atirei na cama, alguém estava batendo na porta, mas não me importei nem um pouco. Continuei deitado tentando ignorar as batidas.

"Alex! Alex abre a porta!" Spencer gritava. Aqueles barulhos me fizeram entender porque Sarah havia se jogado no lago, onde não havia nenhum tipo de som e ela não seria encontrada. "Alex, é importante!" Spencer gritou.

Levantei e me dirigi até a porta, estava preparado para mandar ele embora, mas quando abri a porta levei um susto ao ver que ele não estava sozinho. Minha mãe estava ao lado de Spencer, ela parecia não saber como agir, mas estava ali.

"Ela foi embora?" Minha mãe perguntou. Era no mínimo estranho ter minha mãe falando comigo assim. Não que ela fosse uma mãe ruim, ela só... não costumava estar muito presente.

Falei a ela que sim, abri espaço para que ela e Spencer pudessem entrar no quarto. Minha mãe franziu os lábios ao ver os pedaços rasgados de papéis voando pelo chão, Spencer parecia estranhamente intimidado pela rainha. Voltei a sentar na minha cama, minha mãe sentou ao meu lado, Spencer sentou em um banco em frente ao criado-mudo de madeira escura.

Ficamos todos em silêncio por alguns minutos, ninguém parecia saber muito bem o que me dizer.

"Alex, querido. Eu sinto muito, mas você sabe que está cada vez mais próximo de escolher sua futura esposa, não sabe?" Minha mãe começou a falar. Ela parecia estar travando uma batalha interna entre ser mãe e ser rainha. Ela respirou bem fundo antes de continuar "e a ida de Sarah apenas diminui seu prazo. Já está na hora de você mandar algumas meninas para casa, formar a Elite e, por fim, casar com a menina que escolher" ela disse.

Expirei todo o ar de meus pulmões ficando irritado.

"Eu sei disso! Eu não sou idiota! Mas eu não consigo pensar nisso agora. Eu estava mantendo as outras garotas até ter certeza, mas a única menina que eu realmente me importava acabou de ir embora! E honestamente eu nem sei se queria casar com ela. Eu queria apenas... estar com ela, sem precisar forçar um casamento... apenas esperar até que nós dois estivéssemos prontos" falei levantando. Minha mãe pareceu demorar para compreender tudo o que eu havia dito. "Eu não quero casar com nenhuma das meninas que está aqui! Eu nem mesmo quero me casar!" Gritei. Começando a caminhar pelo quarto.

"Alex. Você precisa pensar acima disso. Precisa aceitar que tem um dever. Sinto muito se você realmente gostava da menina e ela pediu para ir embora, mas agora você vai ser forte, erguer a cabeça e aceitar que não poderá ficar com ela. Você casará com uma das incríveis moças que estão aqui, e com o tempo, vai aprender a amar ela". Minha mãe falava de forma firme, era difícil acreditar no que estava ouvindo.

"Foi assim com você? Meu pai 'aprendeu a amar você' por não ter nenhuma opção melhor?" Perguntei sabendo que não estava fazendo a coisa certa. "Mas isso não vai acontecer comigo! Eu prefiro mandar todas as meninas que estão aqui embora do que fingir que amo alguém!" Eu disse saindo do quarto.

Não sabia para onde estava indo, mas queria apenas ficar sozinho. Caminhei por um tempo até chegar na torre onde Sa... Samantha ficava. O chão estava empoeirado e levemente úmido, mas sentei mesmo assim. Ninguém conseguiria compreender o que eu estava sentindo naquele momento.

Fiquei na torre até anoitecer, não estava com vontade de encarar todas as selecionadas e minha família no jantar. Quando o céu já estava completamente escuro e eu já estava ficando com frio, voltei para dentro. Fui direto para meu quarto, me atirei na cama e adormeci.

Passei a semana inteira assim. Evitava todo mundo, não falei nem mesmo com Spencer, quase não conseguia dormir e a dor não passava.

"Alex. Cara, é importante" Spencer falou batendo na porta. Deixei ele entrar após ficar pensando por um bom tempo se realmente devia, ele entrou em meu quarto e me olhou preocupado.

"O que houve?" Perguntei querendo que ele fosse embora de uma vez.

"Você precisa se arrumar! Não acredito que você esqueceu!" Spencer disse.

"Esqueci o que?" Perguntei.

"Hoje são as entrevistas!" Ele disse.


Notas Finais


Muito obrigada por ler! Por favor comentem o que acharam!
Por favor perdoem qualquer erro...
Obrigada!❤


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