História Última Chance - A Seleção - Selecionada

Dois dias depois de serem anunciadas as Selecionadas um homem apareceu em casa. Começaram a fazer um monte de perguntas tipo meu peso, data de nascimento etc.
Ele me falou das milhares de regras que eu teria que seguir. Não sair do palácio, não namorar ninguém além do príncipe, eu não poderia decidir nenhum encontro com o príncipe, brigas e sabotagens contra as outras selecionadas era desclassificação imediata... passaram-se o que pareceram horas, mas finalmente ele levantou e foi embora, dizendo que voltaria no dia seguinte com uma costureira.
Minha mãe passou todo o tempo com um sorriso enorme, segurando forma minha mão.
Subi até o sótão de nossa casa enorme e pesquei do meio das tralhas um calendário, ele estava ali em cima desde o meu aniversário, quando já não havia mais nada que valesse a pena contar os dias. Marquei com uma caneta cor-de-rosa os dias que faltavam para ir até o castelo e com uma caneta preta marquei quantos dias faltavam para o meu pai voltar. A marcação preta estava a dois quadrados de distância da cor-de-rosa.
Na hora de jantar recebemos uma ligação, minha mãe atendeu o telefone saltitante mas assim que colocou o fone na orelha seu sorriso desapareceu. Ela ficou parada, ouvindo e balançando a cabeça para cima e para baixo. Após alguns instantes ela desligou o telefone e voltou a sentar-se na mesa como é nada tivesse acontecido.
"Quem era" perguntei.
"Era..." Ela parou por alguns instantes, me olhou fundo nos olhos, minha mãe não sabia mentir. "Era o seu pai, ele falou que você está proibida de ir até aquele castelo."
Suspirei, eu já imaginava que algo assim aconteceria, mas já não cabia a ele a decisão, eu havia assinado os últimos papéis naquele mesmo dia. A decisão não cabia nem mesmo a mim.
"Ele está fazendo coisas importantes, não vai voltar antes e arriscar perder dinheiro." Falei.
Isso pareceu acalmar minha mãe. Ela começou a respirar mais calmamente.
"Eu te amo, sabia?" Ela falou. "Eu sei, também te amo" respondi.
Passamos o resto da noite conversando sobre a seleção. Minha mãe falava sobre como eu venceria, ela falava sobre como eu usaria os vestidos mais bonitos... Eu não queria realmente vencer a Seleção. Eu já tinha uma vida boa, nunca passei frio nem fome, tudo o que eu precisava era sair de casa, arranjar um emprego e tirar minha mãe de casa. Minha mãe realmente achava que eu queria vencer a Seleção, que eu estava apaixonada pelo Príncipe e pronta para ser uma rainha. Eu não podia dizer para ela que estava indo por sua causa. Ela continuou falando sobre como eu ficaria linda em um vestido rosa....apenas concordei com a cabeça. Naquela noite eu finalmente dormi bem.
No dia seguinte o mesmo homem apareceu, junto com uma costureira simpática chamada Kendall, ela me perguntou como eu gostava de vestidos, quais eram as minhas medidas, se eu tinha preferência por alguma cor...por fim, fomos para o meu quarto para tirar as medidas. Kendall passou quase dez minutos me enrolando com uma fita métrica, quando saímos do quarto minha mãe estava tomando chá junto de Jasper. Fiquei um pouco surpresa ao perceber que não tinha perguntado o nome do cara. Ele fez mais algumas perguntas, minha mãe ofereceu chá para mim e Kendall, que aceitou.
No final do dia eles foram embora, falaram que eu estava pronta e que no dia seguinte deveria ir até o aeroporto, mais duas meninas iriam se encontrar comigo lá. Passei a noite vendo os rostos de todas as Selecionadas, eu sabia que não fazia muito sentido pois eu sempre tive uma péssima memória e tinha certeza que no dia seguinte já teria esquecido tudo. Fiquei me perguntando o que as outras selecionadas estavam fazendo. Quando percebi que não conseguiria dormir levantei da cama e fui até a sala. Fiquei assistindo reprises de entrevistas com a família real. Alex tinha cabelo loiro, e era bem forte. Fiquei pensando se achava ele bonito. Ela era bonito, claro, mas era estranho pensar no príncipe como uma pessoa real.
Perto das duas da manhã eu fui para cama, sabia que precisava dormir pelo menos um pouco. Quando acordei meu estômago estava cheio de borboletas. Me vesti com a roupa padrão das Selecionadas e um tênis preto. Minhas pernas tremiam sem parar e a cada dois segundos eu olhava para o relógio. Quando finalmente vieram me buscar eu percebi que só tinha a minha mãe para me despedir. Peguei a mala que havia arrumado na noite anterior e estava praticamente vazia e me deixei guiar por Armando, o segurança (o nome dele não é Armando, eu o dei esse apelido porque ele parece muito com um armário).
A viagem até o aeroporto durou muito tempo e nem Armando e nem o motorista falaram uma palavra sequer durante o trajeto. Desembarquei sentindo que as borboletas em meu estômago podiam levantar vôo tão forte que eu iria flutuar para longe. Haviam duas meninas me esperando lá, e elas não podiam ser mais diferentes.
Uma delas era negra, tinha a pele bem escura e cabelo encaracolado, a outra era albina, seus cabelos e pele eram brancos, seus cílios quase transparentes e seus olhos de um azul tão claro que pareciam água.
"Olá! Somos as irmãs Mellington, você é Sarah, muito prazer!"
"Oi, desculpa eu realmente não sei o nome de vocês."
"Meu nome é Anastásia." A garota albina falou. "Eu sou Luana." A negra disse. Apesar de terem a pele, os os olhos e os cabelos diferentes elas tinham os traços do rosto iguais, elas até se moviam de forma parecida.
Entramos juntas no avião e resolvemos sentar uma ao lado da outra. Perguntei de que casta elas eram, "Casta cinco." Elas disseram juntas. Aquilo já estava me assustando. Ambas estavam com um heléboro preso no cabelo, igual ao meu. Fiquei me perguntando quem havia decidido qual flor seria destinada a cada província. Minha boca estava seca de nervosismo e eu estava enjoada. Parecia que tudo tinha acontecido muito rápido, não parecia verdade. Porém quando o avião pousou eu estava tão estranhamente normal. Parecia que todo o nervosismo tinha desaparecido. Com Anastásia e Luana parecia exatamente o oposto, elas que estavam tão normais e tranquilas durante o trajeto agora pareciam prestes a ter um ataque de nervos.
Fomos caminhando juntas do avião até a limusine preta estacionada e pronta para nos receber. Eu já tinha andado e limusine duas vezes, ambas em estreias de cantores agenciados pelo meu pai. As gêmeas pareciam completamente encantadas por tudo. Elas olhavam em volta e Luana passava a mão repetidas vezes na almofada de camurça. Elas eram muito queridas e quando perguntei se não ficariam bravas uma com a outra caso fossem eliminadas elas simplesmente responderam que ficariam feliz pela outra. Tinha momentos em que elas falavam tão juntas que pareciam a mesma pessoa, se eu fechasse os olhos não saberia diferenciar as suas vozes.
Quando descemos da limusine muitos fotógrafos nos aguardavam, Anastásia ajeitou o heléboro em meu cabelo e me disse que eu estava linda, sorri para elas, extremamente feliz por não estar indo enfrentar os fotógrafos sozinha. Elas desceram com os braços entrelaçados e logo Luana me abraçou também, um calafrio percorreu meu corpo mas sorri como se nada estivesse acontecendo. Eu odiava ser tocada.
Passamos pelos fotógrafos sorrindo e demos alguns autógrafos, era estranho alguém querer alguma assinatura minha, mas as pessoas me olhavam tão agradrecidas que valia a pena. Após varios minutos tirando fotos nós saimos do meio da multidão, Luana me abraçou novamente, sorri meio sem-graça, me sentindo desconfortavel, mas continuei abraçando-a.
Em algum momento o cansaço me atingiu, mal percebi os caminhos por onde estávamos passando, só notei que havia os chegado quando vi o Palácio. Era o lugar mais lindo que eu já havia visto. Luana e Anastásia pararam de falar e se abraçaram mais, eu fiquei completamente tonta, tudo era enorme desde as colunas de mármore até o piso de ladrilhos brancos e brilhantes. As cortinas tinham metros e metros e as janelas pareciam intermináveis. Tudo era claro e limpo, o ambiente tinha pouquíssimos móveis mas todos combinavam tanto com o salão que era difícil imaginar algum simples detalhe diferente. Uma mulher passou correndo por nós, começou a falar rapidamente nos dizendo para segui-la. Passamos por um corredor tão comprido que achei que quando chegássemos já seria noite. O corredor de iluminado por uma janela enorme e enfeitado com cortina verdes. Na outra parede haviam quadros. Havia a imagem de um homem e uma mulher juntos e um menino de cabelos loiros e olhos castanhos, com certeza era Maxon, em todas as minhas aulas de história eu aprendi como ele mudou o mundo. No quadro seguinte aparecia Maxon mais velho, junto de uma mulher com cabelos incrivelmente ruivos e olhar penetrante, com certeza a rainha America. Junto deles estava uma menina muito bonita, ela parecia ter, ao mesmo tempo, o soriso do pai e o olhar penetrante da mãe. No quadro depois desse havia a mesma menina, mas com uma aparência mais madura, ao seu lado estava um homem muito bonito e duas crianças, uma menina de cavalo loiro e um menino e cabelo ruivo.
Passamos por mais um quadro, este mostrava o menino de cabelo ruivo e sua esposa, ela tinha cabelos castanhos que caíam até a cintura, perto dela estava o rei atual, que estava tentando salvar a todos de grandes desastres econômicos que ocorreram após problemas com rebeldes assassinos. Tudo estava bem, até que um grupo resolveu se revoltar novamente, agora a última casta é a sexta, mas todas as cartas estão mais pobres.
O último quadro mostrava o rei Alexander  e a rainha Felícia junto de um Alex alguns anos mais novo do que o que eu vira na televisão alguns dias atrás. A mulher nos disse para atravessar a porta e depois receberiamos mais instruções. Abrimos a porta e encontramos o que parecia ser o maior salão de beleza do mundo. Fiquei feliz por estar abraçada em Luana, eu sabia que não aguentaria aquilo sozinha.