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História Última Chance - A Seleção - Pesadelo


Escrita por: JustSerendipity

Notas do Autor


Voltei com um capítulo um pouco mais pesado, várias respostas sobre a vida da Sarah...
Espero muito que gostem! ❤

Capítulo 22 - Pesadelo


Fanfic / Fanfiction Última Chance - A Seleção - Pesadelo

Sarah POV


Quando Alex me acordou eu já não estava mais brava com ele. Eu não esperava que ele entendesse o porque eu havia mentido. Estava quase anoitecendo quando chegamos na praia. Foi impossível ficar brava ali.

Saí do carro, nós éramos os únicos ali, a praia estava completamente desperta, subi e sentei no teto do carro, Alex me acompanhou. Eu estava muito próxima dele, mas sentia que isso era bom.

Eu me sentia mal quando pensava nele. Eu queria abraçar Alex, queria me sentir segura, mas ao mesmo tempo queria que ele fosse embora. Queria que ele casasse com outra menina, alguém que pudesse beija-lo sem sentir medo.

"O que você quis dizer com 'não existo de verdade'?" Alex perguntou.

Senti sua mão sobre minha perna, mas não me importei, era bom sentir que ele estaria ali por mim naquele momento.

"Eu nunca fui registrada. Eu não tenho certidão de nascimento, carteira de identidade nem nada assim" falei "por isso eu poderia ter colocado qualquer nome na minha ficha de entrada da Seleção, porque não tem nenhum registro meu" eu falei. Por mais idiota que pudesse parecer isso me magoava muito. Era como... era como se eu não fosse importante o suficiente para ter um nome.

"Ah. Por isso eu não encontrei nada" Alex falou.

"Como assim?" Perguntei sem entender.

"Quando você foi embora eu busquei tudo sobre você. Primeiro eu procurei os registros de nascimento de todas as Samanthas de Iléa, e quando não encontrei procurei por todas as Sarahs. Você não tem ideia de quantas Samanthas e Sarahs existem. Eu levei muito tempo" ele falou sorrindo.

"Obrigada por me procurar" falei.

Sua mão continuava em minha perna.

"Obrigado por me deixar encontra-la" ele falou.

Observamos o sol se pondo no mar. Acho que eu comecei a chorar em algum momento, porque Alex me abraçou firme, me mantendo segura e aquecida. Comecei a bocejar e percebi que estava muito cansada, mas não queria sair dali ou me mover, tudo parecia perfeito exatamente onde estava, e eu estava com medo de estragar tudo. Alex falou que eu deveria dormir, seu tom de voz preocupado me convenceu a tentar.

Quando já estava completamente escuro nós voltamos para o carro, deitamos o banco de trás e esticamos os cobertores, formando uma cama improvisada, Alex se ofereceu para dormir no banco da frente, ele disse que eu realmente deveria tentar dormir, antes que eu ficasse pior. Talvez fosse por estar na praia, ou talvez por estar com Alex, mas eu já não estava com tanto medo de dormir.

Deitei no canto do banco, deixando bastante espaço para Alex, não demorou quase nada para eu adormecer.

Eu estava parada em frente a minha casa, aquela em que vivi com meu pai. Eu sabia que não podia entrar, independente do que acontecesse, eu não deveria entrar. Ouvi passos atrás da porta, tentava me mover, mas não conseguia sair do lugar. Então vi minha mãe pela janela. Eu tinha certeza absoluta de que era ela no andar de cima, sabia que eu não podia deixa-la sozinha. Não havia muito o que eu pusesse fazer, mas adentrei a casa mesmo assim.

Subi as escadas correndo até entrar em meu antigo quarto, tudo parecia quebrado, o espelho estava rachado, minha penteadeira estava tombada, com um dos pés quebrados e o tampo trincado, as paredes estavam rachadas e com manchas de umidade e mofo, a única coisa que estava intacta era a cama; ela estava inteira e limpa, com cobertas brancas e limpas e travesseiros e almofadas.

Minha mãe não estava em lugar nenhum, mas a porta estava fechada atrás de mim, bati e chutei a porta várias vezes, mas ela não abria.

"Você não vai conseguir abrir assim, Samantha" disse meu pai. Ele estava sentado no banco azul que ficava em frente a penteadeira.

"Onde ela está?" Perguntei tentando ficar firme.

"Ela está bem. Como você está, Samantha?" Ele perguntou levantando e me empurrando com força.

Dei alguns passos vacilantes para trás, ele me empurrou novamente, me fazendo cair sentada na cama.

Ele estava usando as roupas de sempre, uma camisa e uma gravata, calças sociais e sapatos, como se tivesse recém voltado do trabalho, mas tinha uma cicatriz em seu rosto.

Então ele se afastou, subitamente desinteressado.

"Você me deu muito trabalho, Samantha" ele falou voltando a sentar no banquinho azul "precisei inventar uma história para justificar a cicatriz".

Me levantei da cama, tentando me dirigir até a porta novamente.

"Eu não faria isso se fosse você" Alex falou aparecendo ao lado de meu pai.

"Alex? Por favor, precisamos sair..." Comecei a falar, Alex se aproximou da cama e sentou, me puxando para sentar ao seu lado.

"Está tudo bem Samantha, não se preocupe" Alex disse me tranquilizando.

"Alex..." Comecei a falar, mas então ele me abraçou firme, tentei me mover, mas Alex me segurava muito forte. Então ele finalmente me soltou, mas colocou a mão sobre minha perna. Meu pai soltou uma risada.

Alex me olhava assustadoramente.

"Está tudo bem, Samantha" Alex falou antes de me beijar violentamente, por mais que eu tentasse me mover Alex continuava me beijando.

Sua mão direita pressionava minha perna, sua mão esquerda segurava minha cabeça, machucando meu pescoço e me obrigando a beija-lo. Alex me soltou, apenas por um segundo, colocou a mão em meu rosto delicadamente.

"Você é tão linda" ele disse acariciando minha bochecha.

Alex segurou minha mão com carinho, então levou aos lábios e beijou minha mão delicadamente, como se eu fosse quebrar a qualquer momento. Alex colocou a mão em minha perna novamente, desta vez por baixo da saia de meu vestido. Ele me empurrou com força me fazendo deitar. Então passou as pernas por cima das minhas, me impedindo de levantar e sentando em minha cintura, seus joelhos apertando forte minhas costelas. 

"Alex... por favor" falei tentando empurra-lo para longe.

Alex segurou minhas mãos acima de minha cabeça e tirou lentamente uma das alças de meu vestido. Comecei a chorar, ele então beijou meu pescoço, e separou minhas pernas, machucando meus quadris e me impedindo de respirar. Alex deitou-se sobre meu corpo, me machucando e me segurando firme pelos pulsos. Senti ele mordendo meus lábios, o gosto de sangue e as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Alex levantou por um momento e retirou a outra alça de meu ombro, então começou a abrir o cinto e os botões de sua calça jeans. Quando deitou sobre mim novamente eu já não conseguia respirar, Alex puxou meu rosto me obrigando a olhar para ele.

"Você não precisa mentir. Eu sei que você quer isso" ele falou apertando minhas pernas e se debruçando sobre meu peito. Eu tentava gritar e me mover, mas Alex apenas ria dos meus esforços para me libertar. Ele levantou minha saia até acima de minha cintura, passou os dedos pela minha barriga. Ele lambeu meus lábios e enfiou a língua em minha boca. Apertou com força minhas pernas, então se afastou por um momento e abaixou as calças.

"Por favor" chorei, Alex se aproximou de meu rosto e mordeu meus lábios novamente, eu já não tinha mais forças para lutar contra ele.

Acordei chorando. O carro estava abafado e escuro. Alex estava com o braço sobre minha cintura, ele dormia profundamente, acho que havia se mexido enquanto dormia, mas sentir a pressão de seu corpo em minhas costas me dava ânsia de vômito.

Abri a porta do carro e desabei na areia fria. O vento me deixou gelada no mesmo instante. Chorando e tremendo, sem forças para levantar ou me mover. Alex havia acordado, mas eu ainda tremia de medo. Abracei meus joelhos, soluçando tanto que mal conseguia respirar.

Alex encostou em meu ombro, me encolhi com seu toque. Virei o rosto para ele, mesmo no escuro eu podia ver que ele estava preocupado, era Alex, não aquela versão estranha de meu sonho. Ele sentou ao me lado e colocou um casaco sobre meus ombros, mas eu quase não senti. Eu sabia que ele estava falando alguma coisa mas eu não conseguia fazer nada, nem compreender o que ele dizia. Alex me abraçou, então colocou a mão sob minhas pernas e me levantou, me puxando para junto de si.

Ele me carregou até dentro do carro, sentou no banco e me colocou encolhida sobre suas pernas, eu tremia muito, Alex continuava me abraçando e conversando comigo calmamente, ele passava a mão pelo meu cabelo, me tranquilizando. Me emcolhi em seu peito e continuei soluçando e tremendo por um longo tempo, mas Alex parecia não se importar.

Continuei sentada em seu colo, quando parecia que ia parar de chorar eu recomeçava, me sentindo idiota por chorar tanto por causa de um sonho, mas ao mesmo tempo sentindo tanto medo que parecia que nunca melhoraria.

Depois de muito tempo eu consegui parar de chorar, mas continuei tremendo por um longo tempo. Minhas mãos trêmulas abraçavam meus ombros, minhas costelas doíam, eu me sentia completamente sozinha e perdida.

Aquele sonho levara embora todo o calor do mundo, me deixando em um lugar frio e escuro, tremendo e soluçando. Alex levantou meu rosto delicadamente, ele estava falando algo, mas eu não o ouvia e não conseguia entender o que ele tentava me dizer. Ele me abraçou novamente e continuou passando a mão em meu cabelo. Eu conseguia senti-lo respirando e ouvir seu coração batendo, imaginei que meu coração deveria estar disparado naquele momento, me perguntei se eu pararia de sentir medo.

Alex colocou um cobertor sobre meus ombros, aos poucos fui parando de tremer. Quando estava melhor eu levantei do colo de Alex, sentei ao seu lado sem falar nada, ele me cobriu com o cobertor novamente e passou o braço sobre meus ombros, deitei a cabeça em seu peito e ouvi seu coração batendo, até o sol começar a nascer; quando deitei no banco com a cabeça apoiada em sua perna e adormeci.

Acordei não muito tempo depois, Alex ainda estava acordado, ele parecia estar um pouco cansado, mas muito preocupado. Levantei de seu colo e olhei para ele, depois me afastei devagar.

"Você pode ir se quiser" falei evitando olhar para Alex novamente, meu cabelo caiu em meu rosto e continuei com a cabeça abaixada.

"O que? Sarah, eu não vou a lugar nenhum, está bem?" Ele disse sem conseguir me olhar, então ele colocou meu cabelo atrás da orelha e olhou bem em meus olhos "eu não vou a lugar nenhum".

Concordei com a cabeça, eu não duvidei de Alex nem por um segundo. Levantamos juntos, saímos do carro, mas eu não conseguia fazer nada. Sentamos juntos no capô do carro e o comemos o último pacote de biscoitos prontos. Eu não queria falar nada sobre o que tinha acontecido, mas tentei me preparar para responder a Alex tudo tudo que ele quisesse saber, ele tinha todo o direito de me fazer perguntas, e eu sabia que já estava na hora de contar tudo a ele.

"Sarah, você não precisa me responder se não quiser, mas eu realmente quero saber o que está acontecendo com você" ele disse.

Pensei bastante em como colocar em palavras o que eu estava sentindo. Como descrever a sensação de pânico e solidão?

"Eu tive um pesadelo. Foi... bastante real" falei, Alex me esperou continuar antes de falar qualquer coisa. "Foi... foi como estar presa de novo" falei.

Alex segurou minhas mãos, ele parecia saber o que fazer para me tranquilizar.

"Você não precisa falar sobre isso. Você pode esquecer" ele falou.

"Eu não quero esquecer. Eu quero parar de sentir medo, eu quero poder dormir sem ter um ataque de pânico, Alex... Eu quero poder ficar com você" falei.

"Acha que vai se sentir melhor se me contar o que aconteceu?" Alex perguntou.

Movi a cabeça em negativa.

"Ainda não" falei.

"Foi com seu pai?" Ele perguntou.

Eu disse a ele que sim. Alex ficou em silêncio, nós dois precisávamos de um tempinho para processar o que estava acontecendo.

Alex desceu do carro e me ajudou a descer também.

"Eu tenho algumas ideias para hoje, mas tem algumas coisas que precisam ser feitas. Acho que a gente precisa de um café da manhã decente. Vou no posto de gasolina que tem seguindo a estrada, você quer ir comigo?" Ele perguntou sorrindo.

Sorri me sentindo infinitamente melhor, mas disse que não. Eu precisava ficar sozinha por um tempo. Alex pareceu me entender. Ele entrou no carro e saiu dirigindo. Fui no banheiro químico que ficava a vários metros de onde estávamos. O vento gelado havia expulsado as outras pessoas da praia, então eu estava completamente sozinha.

Tirei os tênis e sentei na beira da água. Eu já não sentia mais vontade de chorar, ou medo, eu me sentia apenas vazia.

Observei o Sol subindo no céu, depois e comecei a cantar uma música que meu avô havia cantado para mim algumas vezes, quando eu era pequena.

"Está se sentindo melhor?" Alex perguntou, levei um susto, eu nem mesmo havia ouvido o barulho do carro "te trouxe uma coisa" ele disse me entregando uma barra de chocolate "eu costumava ir até a cozinha roubar chocolate quando estava triste." Alex falou.

Agradeci a ele pelo chocolate. Alex continuava me olhando preocupado.

"Sarah... o que aconteceu?" Ele perguntou. Me preparei para o que eu estava prestes a fazer. Eu sabia que Alex queria entender o que eu estava sentindo, e ele merecia saber toda a minha história.

"Eu tive um pesadelo. Mas foi bem real..." falei. Alex me esperou continuar.

"Quando eu tinha doze anos, meu pai mudou. Ele sempre foi mal com minha mãe, ele nunca era gentil comigo, mas era tudo o que eu conhecia. Mas, um dia ele... Ele me acordou no meio da noite, e falou que precisava de um favor. Ele me fez prometer que faria qualquer coisa por ele, então ele me beijou. Ele me machucou e eu não queria fazer nada, eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Por que ele estava me machucando. Então..." minha respiração começou a falhar, sequei uma lágrima que escorria pelo meu rosto, sabia que se parasse naquele momento eu nunca mais conseguiria me libertar daquilo.

"Então ele deitou em cima de mim, abriu minhas pernas e... Eu não conseguia fazer nada. Eu não queria nem respirar. Implorei para ele parar, chorei tanto e pedi para ele parar, mas ele continuava em cima de mim, meu corpo doía tanto que achei que não fosse mais conseguir me mover nunca mais. Então ele me beijou novamente e foi embora. Eu lembro de passar o dia inteiro deitada, do mesmo jeito que ele me deixou, sem conseguir me mover."

"Eu chorei muito. Achei que... pensava que deveria ter feito algo diferente. Minhas pernas doíam muito, eu não conseguia sair do quarto. Quando vi o sangue eu chorei" terminei de falar e percebi que tremia um pouco, abracei meus cotovelos e continuei.

"Eu sabia que ele tinha me quebrado por dentro e sabia que se me movesse, todas as peças dentro de mim se perderiam para sempre. Depois disso ele não fez mais nada, mas ele não precisava. O estrago já estava feito. Quando eu tinha quatorze anos ele... Ele começou a dizer que eu estava muito bonita." Comecei a chorar. Alex tentou segurar minha mão, mas eu não queria que ele encostasse em mim naquele momento.

"Ele... Ele começou a me observar sempre. Ele passava as noites no meu quarto. Quase sempre sentado no pé da cama, mas as vezes... as vezes ele deitava comigo. Então ele foi contratado por uma empresa e começou a passar bastante tempo fora, mas quando ele estava em casa era igual. Ele me acordava para... Ele me estuprava como se não estivesse fazendo nada de errado. Foi com quinze anos que eu parei de dormir. Eu tinha muito medo de acordar e encontra-lo... fazendo algo comigo.

Depois de um tempo eu comecei a achar que era minha culpa. Talvez ele estivesse certo, talvez aquilo fosse amor".

Alex me abraçou, nós dois tremíamos, Alex chorava, eu soluçava sem conseguir parar.

"Você salvou minha vida, Alex. Acho que ele teria me matado" falei.

Alex me soltou de seu abraço. Ele parecia ter apanhado, mas eu provavelmente estava ainda pior.

"Por que você está me contando tudo isso?" Alex perguntou.

"Porque foi com isso que eu sonhei" falei.

Alex parecia estar com raiva, muito mais do que ele qualquer momento que eu já tivesse visto.

"Você sonhou que ele..." Alex perguntou sem coragem de terminar de falar.

Baixei a cabeça, completamente envergonhada e sentindo o peso da culpa. Balancei a cabeça negativamente.

"Me desculpa!" Gritei me atirando em seus braços, Alex me abraçou novamente.

"Ei... shhh, calma. Por que está se desculpando?" Ele perguntou.

"Porque era você no sonho, não ele" falei olhando para seu rosto. Várias emoções cruzaram o rosto de Alex em pouco tempo, mas ele não parecia estar bravo comigo. Ele com certeza estava bravo, mas ainda não havia desistido de mim.

Nos separamos, levantei da areia e caminhei até o carro, eu sentia náuseas. Deitei no banco de trás do carro, apoiei a cabeça em meus braços e dormi. Eram em torno de três da tarde quando eu dormi, mas só acordei no dia seguinte, perto das onze da manhã, havia um cobertor sobre minhas pernas. Eu estava com medo de olhar para Alex, estava com medo da forma como ele olharia para mim.

"Bom dia. Você dormiu por um longo tempo" Alex disse. "Algum pesadelo?".

"Não, nenhum pesadelo" falei.

Ter contado tudo para Alex foi muito difícil, mas agora eu me sentia milhões de vezes melhor. Antes parecia que estava mentindo para ele, agora eu tinha certeza que ele sabia quem eu realmente era.

"O que você quer fazer hoje?" Alex perguntou sentando no capô do carro.

"Acho que tudo que eu ainda não fiz" falei.

Alex levantou e abriu os braços em direção ao mar.

"Isso não vai ser muito difícil" ele falou então desceu do carro. Alex pegou sua mala e começou a caminhar em direção ao banheiro químico. Ele voltou algum tempo depois, usando uma bermuda e sem camisa apesar do frio.

"O que está fazendo?" Perguntei rindo. Ok... Ele é muito bonito. Tipo, muito mesmo.

"Vem... esta vai ser a primeira vez que você vai entrar no mar" ele disse.

"Não, Alex. A água deve estar gelada, eu... não!" Falei ainda rindo.

"Vamos lá! Eu te dou privacidade. Você pode trocar de roupa, depois eu até deixo você me afogar se quiser" ele falou se afastando.

Olhei em minha mala, eu não tinha nenhuma roupa de banho, ficar apenas com a roupa de baixo estava completamente fora de cogitação por vários motivos. Eu tinha dois short que Carl me convenceu a comprar, mas a cicatriz aparecia. Respirei fundo e suspirei, eu não deixaria aquilo estragar meu dia. Alex estava bem longe, de costas para mim, fiquei atrás do carro e coloquei e troquei a calça comprida por um short jeans verde, coloquei uma regata cinza bem velha, depois caminhei até onde Alex estava, ainda sem estar completamente certa sobre aquilo.

Alex segurou minhas mãos e começou a andar de costas, sorrindo e me guiando para dentro da água gelada.

"Se você mergulhar vai se acostumar com a temperatura da água mais rápido" Alex falou mergulhando. Era bem fácil de falar, a água gelada estava me fazendo tremer, meu queixo batia de frio, mas obedeci. Mergulhei, deixando as ondas me levarem para cima e para baixo.

Comecei a rir, atirei água em Alex e ri ainda mais quando caí sentada por causa de uma onda. A areia arranhando minhas pernas, a água gelada me dando arrepios e Alex rindo e atirando água em mim. Mergulhei quando uma onda enorme atingiu meu rosto, engoli muita água salgada e comecei a tossir, ainda rindo. Eu não me sentia feliz daquele jeito em muito tempo. Quando saí da água eu tremia de frio, mas estava feliz. Alex saiu junto, fomos até o carro apenas para perceber que não sabíamos o que fazer. Colocamos as duas toalhas que tínhamos nos bancos e Alex falou que poderia dirigir até um hotel. Me enrolei em uma toalha e Alex colocou uma camiseta, fechamos os vidros por causa do vento.

 Os bancos do carro ficaram encharcados, meu cabelo molhado pingava o piso do carro, evitamos ao máximo molhar as roupas e os cobertores, mas não havia muito a ser feito. Entramos no salão de um motel, o cara atrás do balcão nos entregou a chave do quarto sem se importar muito conosco.

"Pode usar o banheiro" Alex falou "Você está tremendo" ele disse.

Tomei banho, lavei bem o cabelo e coloquei as roupas mais quentes que tinha. Saí do banheiro e encontrei Alex sentado no chão, novamente sem camisa. Ele passou por mim quando se dirigiu ao banheiro, parecendo muito feliz.

Já era noite quando saímos para comer alguma coisa.

Encontramos um restaurante pequeno e que alegava ter a melhor macarronada do mundo. Pedimos para uma garçonete de meia-idade embrulhar tudo para nós e levamos o jantar de volta para o quarto de hotel. Sentei na cama com as pernas cruzadas, minha última calça limpa estava em uso, o que era levemente preocupante considerando que não tinha nenhum lugar para lavar roupa e eu não sabia quando iria voltar para casa. Alex sentou junto à mim na cama e comemos a suposta melhor macarronada do mundo.

"Acho que eles estão certos" falei depois de terminar de comer o primeiro prato "essa realmente é a melhor macarronada do mundo".

Alex riu e concordou com a cabeça.

"Eu concordo. Nunca provei nenhuma macarronada melhor!" Ele disse.

Tentamos assistir um pouco de televisão, mas depois de uma hora de pura estatística nós desistimos de continuar lutando para  assistir qualquer coisa. Deitei na cama.

"Você não se sente mal?" Alex perguntou.

"Com o que?" Perguntei a ele.

"Comigo. Você não se incomoda de dividir uma cama?" ele perguntou envergonhado.

Sacudi a cabeça em negativa.

"Não me incomodo mais, antes eu ficava assustada... mas eu não estou mais com medo" falei.

Alex deitou também, mas deixando uma grande distância entre nós dois. Não demorei para adormecer.

Acordei com a luz do Sol atravessando uma fresta da cortina. Não queria me mexer, nem fazer nada. Eu sentia que Alex estava atrás de mim, mas não estava mal com isso, parecia algo bastante simples. Eu sentia sua respiração em meu pescoço, ele devia estar com calor e bastante próximo, pois eu me sentia quente.

Me movi, fui escorregando lentamente para fora da cama, Alex acordou com o barulho.

"Você está bem? Aconteceu alguma coisa?" Ele disse preocupado.

"Está tudo bem, eu só acordei" falei.

Alex sentou na cama, eu não sabia o que fazer.

"No que está pensando?" Alex perguntou.

Eu ri. Ele era a única pessoa do mundo inteiro que me perguntava isso.

"Vamos combinar uma coisa, pode ser?" Falei sentando na cama novamente "Eu faço uma pergunta, e você precisa ser completamente sincero com a resposta, depois você me pergunta o que quiser" falei.

Alex concordou.

"Você realmente beijou todas as selecionadas?" Perguntei.

Alex corou levemente.

"Sim, mas eu quero explicar" ele falou "antes da Seleção começar Spencer falou que eu tinha muita sorte por ter trinta e oito mulheres ali por mim. E eu achei que seria muito legal... Você sabe... Mas então eu tive meu primeiro beijo, e foi incrível. Quando eu tentei beija-la novamente você se afastou, então eu resolvi beijar outra garota. Quando eu estava beijando era bom, mas eu não senti nada, sabe. Não foi nada incrível. Mas eu continuei beijando todas elas, eu achei que iria sentir a mesma coisa que no nosso" Alex falou ainda um pouco vermelho.

"Mas vocês..." perguntei baixinho.

"Não. Eu não dormi com ninguém. Não parecia certo" ele falou. "Minha vez: você tem medo de mim?" Alex perguntou.

Abri a boca para responder, Alex não falou nada, mas me olhava atento.

"Sim, um pouco. As vezes eu me assusto por nada, e eu sei que você nunca faria nada, mas as vezes eu não consigo evitar ficar com medo" falei tentando explicar da melhor forma possível "o que nós somos?" Perguntei.

"Eu não sei. Acho que já passamos da fase de amigos, mas eu realmente não sei. Você gostaria de falar com seu pai?" Alex perguntou após responder minha pergunta.

"Não. Eu espero nunca mais falar com ele na minha vida. Você me abraça?" Eu disse. Alex pareceu não entender minha pergunta "Quando eu estou dormindo, você me abraça?" Repeti.

"Ah. Bom, naquela noite da praia você parecia com frio. Eu sinto muito, nunca pensaria que você teria um ataque de pânico" ele falou.

"Está tudo bem, você não tinha como saber" eu falei.

"O que vai acontecer quando eu voltar?" Alex perguntou.

"Eu não tenho a menor ideia" falei.

"Você se sente insegura? Quando eu encosto em você" Alex falou.

"Depende. Às vezes sim, mas às vezes parece... parece normal" falei.

"Talvez a gente só precise de um limite" ele disse.

Ergui as sobrancelhas sem entender.

"Um limite?" Perguntei.

Alex estava sentado, mas se aproximou bastante, nossos ombros se encostando.

"Você se incomoda se eu segurar sua mão?" Ele disse segurando minha mão de leve. Disse a ele que não me importava. "E assim?" Ele perguntou colocando a mão em meu ombro.

"Ainda está tudo bem" falei. Alex passou o braço pelos meus ombros, quase me abraçando. Concordei com a cabeça.

Alex colocou levemente a mão em meu pescoço, eu estava começando a ficar nervosa. Minha respiração oscilando. Alex colocou a mão em minhas costas, e foi baixando lentamente pela minha coluna.

"Como você se sente?" Ele perguntou em um sussurro.

"Acho que bem" falei simplesmente.

Alex saiu do meu lado e sentou de frente para mim, sua mão direita ainda parada na base de minha coluna, me empurrando delicadamente para frente. Ele colocou a mão esquerda em minha cintura, aproximando o corpo do meu.

Fiquei absolutamente parada, incapaz de me mover. Alex movia a mão esquerda até minha perna. Sua mão repousou bem acima da cicatriz. Retirei sua mão de minha perna, Alex concordou com a cabeça e se afastou.

"Acho" ele falou com a voz baixa e um pouco rouca, então pigarreou e continuou "Acho que fizemos algum progresso".

Levantei da cama, meu corpo inteiro quente e formigando, eu ainda sentia o local onde Alex havia pressionado minha coluna, tão firme e delicadamente.

"O que fazemos agora?" Perguntei, levemente ofegante.

"Acho que o que nós quisermos" ele disse, então levantou e me deu um beijo na testa antes de pegar a mala e ir ao banheiro.


Notas Finais


O que acharam? Foi meio difícil de escrever este capítulo, com certeza foi bem intenso!
Comentem o que acharam! Espero que tenham gostado!


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