1. Spirit Fanfics >
  2. Última Chance - A Seleção >
  3. Terapia e Desculpas

História Última Chance - A Seleção - Terapia e Desculpas


Escrita por: JustSerendipity

Notas do Autor


Mais um capítulo! Espero muito que gostem!!!

Capítulo 27 - Terapia e Desculpas


Fanfic / Fanfiction Última Chance - A Seleção - Terapia e Desculpas

Quando acordei eu estava mais cansada do que na hora em que fui dormir. Na noite anterior eu havia pedido para minha criadas não me acordarem. Como sempre elas fizeram o que pedi, então não havia ninguém no quarto. Eu não iria tomar o café da manhã no salão, eu tinha outras coisas importantes para fazer.

Coloquei uma calça jeans, uma camiseta e um casaco de lã, o tempo agora era realmente inverno e estava muito frio. Meu cabelo estava uma bagunça, meu rosto estava cansado e com olheiras profundas. Tentei sorrir para meu reflexo, mas eu não conseguia. Quando terminei de me vestir notei a bandeja de madeira pintada de branco em cima do criado-mudo. Sentei na cama com a bandeja na minha frente. O copo de água estava ali. O comprimido ao seu lado. Os dois ainda em cima da bandeja de madeira pintada de branco. Fiquei encarando o comprimido por um longo tempo. Finalmente consegui engolir o comprimido, seguido de vários goles d'água. Depois saí do quarto e fui a terapia.

Passei pela enfermaria até um pequeno escritório que eu nem sabia que existia.

O escritório era pequeno, mas bastante aconchegante. Haviam quadros coloridos nas paredes e uma estante grande de madeira escura mostrando vários livros grandes. Me perguntei se todos aqueles livros eram sobre psicologia. Minhas mãos estavam suando e eu estava cada vez mais nervosa, então conheci Harry.

Harry era um homem baixinho, devia estar pelos quarenta anos e usava óculos fundo de garrafa. Ele tinha um sorriso gentil e tentava me tranquilizar.

"Olá Sarah. Meu nome é Harry Fisher. Eu trabalho com a família real faz alguns anos, então acho que posso dizer que você está em boas mãos. Eu gostaria de dizer que você está completamente segura aqui. Você pode dizer o que quiser, e nada será levado para fora. Nem mesmo por ordens reais. O que você disser é completamente confidencial" Harry falou com um sorriso gentil.

"Tudo bem. Acho que isso ajuda um pouco" concordei.

"Por que você acha que está aqui?" Ele perguntou depois que sentei em uma poltrona confortável de couro marrom. Segurei uma almofada amarela e pensei um pouco sobre o que ele estava me perguntando.

"Porque eu estou doente. E você vai tentar me consertar" falei.

"O que você espera dessas sessões?" Harry perguntou.

"Você quer dizer o que eu quero que melhore?" Eu disse e Harry confirmou "eu quero... Poder abraçar as pessoas. Poder dormir sem ter pesadelos" eu disse.

"Que tipo de pesadelos você tem?" Harry falou.

"Eu... Eu estou sempre sendo seguida. Machucada" falei tentando evitar o assunto.

"Sendo seguida por quem? É alguém que você conhece?" Harry perguntou ainda me olhando.

Levei um longo tempo para responder. Eu não queria chorar, mas estava me sentindo completamente vulnerável.

"Quase sempre por Alex" eu disse baixinho me sentindo envergonhada.

"Sarah, o príncipe Alex fez algo que deixou você desconfortável? Ele ameaçou você ou a obrigou a fazer algo?" Harry perguntou. Seu tom neutro agora mostrando preocupação.

"O que? Não! Alex nunca me machucou nem nada assim. Eu só... eu tenho medo de que... se eu deixar as pessoas se aproximarem, elas vão me machucar" falei abraçando a almofada amarela e começando a chorar.

"Você sente medo do príncipe Alex?" Harry falou.

"As vezes. Mas não é culpa dele, quer dizer: Alex sempre tentou me ajudar. Eu só... Eu tenho medo de todo mundo" disse me sentindo culpada.

"Você sabe por que tem medo de que as pessoas se aproximem?" Harry perguntou.

Fiquei em silêncio por um longo tempo. Eu não queria falar sobre aquilo, eu não queria deixar alguém que eu nem conhecia falar sobre meus problemas como se soubesse algo sobre mim. Então lembrei de Alex. Ele estava tentando me ajudar desde o primeiro dia, mesmo sem saber o quanto eu precisava de ajuda.

"Por causa do meu pai" falei quase sussurando.

"O que seu pai fez?" Harry perguntou. Ele tinha um talento especial para fazer perguntas que eu não queria responder.

"Ele batia na minha mãe, e... Ele batia em mim" falei começando a chorar.

"Você sente que Alex vai fazer a mesma coisa?" Harry perguntou.

"Eu... Eu não sei. Quer dizer, eu sei que Alex nunca me machucaria, mas..." falei e fiquei em silêncio.

"Sarah, você vê alguma semelhança entre seu pai é Alex?" Harry falou.

"Não, eles não são nem um pouco parecidos" falei "Alex é gentil, meu pai não, ele... não. Alex não é nem um pouco parecido com ele, em nenhum aspecto" assegurei.

"Exatamente. O que seu pai fez foi horrível e muito cruel, mas isso não significa que outras pessoas vão fazer o mesmo" Harry falou parecendo satisfeito com minha resposta.

"Eu sei... Mas isso só me faz sentir culpada por ter medo de Alex" falei me sentindo confusa e sem saber como explicar tudo o que eu sentia.

"O que você sente quando está com Alex?" Harry perguntou.

"Quase sempre eu me sinto bem. Segura e... amada" eu disse me sentindo um pouco melhor.

"E o que você sentia quando estava perto de seu pai" ele perguntou.

"Medo. Vergonha. Culpa" falei quase sussurando. Cada palavra doendo.

"Por que você sentia culpa?" Harry perguntou.

"Porque era o que ele dizia. Ele dizia que era tudo culpa minha. Que... que eu tinha sorte por estar sendo estuprada" falei "que se eu fizesse direito ele não precisaria bater em minha mãe". Falei chorando e soluçando enquanto abraçava a almofada amarela.

"Eu quero que você saiba que nada é culpa sua. Nem o que aconteceu e nem o que você sente agora" Harry disse.

"Isso deveria me fazer sentir melhor?" Perguntei soluçando.

"Não exatamente. O nosso objetivo hoje é tirar de seus ombros todo esse peso que você está carregando a um longo tempo. Você acha que conseguimos?" Harry perguntou.

"Sim. Eu tenho certeza que conseguimos" falei.

"Então você está livre para ir. Mas eu quero que volte em alguns dias. Ainda temos muito o que conversar" Harry falou. Eu concordei com ele.

Saí da terapia me sentindo melhor. Não perfeita, mas melhor.

Quando cheguei no corredor de meu quarto vi Alex. Ele estava parado na porta segurando uma folha de papel. Me aproximei para entrar no quarto.

"Sarah, por favor..." Alex falou " Por favor, só... lê isso" ele me entregou o papel.

Entrei no quarto sem falar nada. Me joguei na cama e fiquei encarando o teto. Eu não queria ler, o machucado de Alex ainda doía demais, mas ao mesmo tempo eu queria entender tudo aquilo. Então comecei a ler.

"Sarah. Eu sinto muito por tudo o que você está passando, e me sinto horrível por ser minha culpa. Eu não fui justo com você, o que fiz foi horrível. Mas eu quero mudar, quero faze-la entender. Eu morreria por você, eu faria qualquer coisa por você.

Quando brigamos eu me senti a pior pessoa do mundo. Você não tinha culpa de nada, e estava certa quando disse que eu não entendia, mas eu quero entender. Quando você me mandou ir embora eu achei que tivesse estragado a melhor coisa que já me aconteceu, eu estava com raiva e muito triste, eu sei que isso não justifica nada, mas espero que você consiga entender.

Quando esbarrei com a outra selecionada  eu vi que ela estava ali apenas por mim, e fiquei feliz. Eu beijei ela, e foi horrível. Eu fiquei com nojo de mim mesmo no mesmo momento, mas estava com raiva, então continuei beijando ela, então entramos em um quarto e deitei na cama, mas então pensei no que eu estava fazendo. Então eu me senti ainda pior, e fui embora. Percebi que não queria magoar você, eu quero ser a pessoa que te alegra, a pessoa em que você confia, não alguém que a faça chorar.

A única coisa que realmente aconteceu foi um beijo, mas não foi assim que pareceu. Eu senti raiva de mim, e tanta vontade de voltar no tempo que você não acreditaria. Eu entenderia completamente se você quiser ir embora, ou nunca mais olhar para mim novamente, mas você não deveria fazer isso. Eu te amo muito, Sarah, e sei que você também me ama, ao menos um pouco. Por favor me dê uma chance para consertar o que fiz. Eu quero ficar com você, aqui ou em qualquer lugar.

Aqui vivem as estrelas

Os planetas e o amor

Aqui jaz a juventude

E todo o seu esplendor

Aqui mora a liberdade

Nos olhos do meu amor".

Eu me sentia mal pelo que Alex havia feito, mas eu entendia seus motivos. Alex estava certo quando falou que eu o amava, eu só havia demorado um longo tempo para perceber isso. Levantei da cama e me olhei no espelho. Eu não estava usando nada de maquiagem, minha pele imperfeita; meu cabelo imperfeito. Mas Alex me amava, então eu me sentia linda. Saí do quarto correndo, eu precisava encontra-lo.

Demorei mais tempo do que queria para encontrar Alex. O castelo era bem grande e ele não estava em nenhum e lugares onde eu procurei. Nem seu quarto, nem na biblioteca, nem na sala do piano ou a torre. Levei um longo tempo para descobrir que ele estava na cozinha. Quando ele me viu sua expressão mudou, Alex pareceu ficar um pouco nervoso.

"Posso falar com você? Em particular?" Perguntei. Alex e eu saímos da cozinha e caminhamos em silêncio até o Jardim.

Alex sentou no banco e me esperou sentar também. Havia uma distância estranha entre nós dois.

"É verdade? Isso o que você escreveu?" Perguntei mostrando a carta.

"Sim. Tudo isso é verdade" Alex disse.

"Você é um idiota se pensa que eu vou embora assim tão fácil" falei com um pequeno sorriso.

"Espera, você não está indo embora?" Ele perguntou sorrindo e segurando minha mão.

"Não. Foi só uma briga. Uma briga horrível e por um motivo horrível e que eu espero que nunca se repita, mas eu não estou indo embora" falei.

Alex me abraçou, senti o cheiro de loção pós-barba e hortelã e me senti muito segura.

"Eu te amo muito, Sarah. Você não acreditaria no quanto eu te amo" Alex disse.

"Eu acho que acreditaria sim" falei "mas o que acontece agora?" Perguntei.

"O que nós quisermos que aconteça, eu acho" Alex falou me abraçando novamente.

Voltamos para o castelo, eu estava faminta e bastante cansada, então fui até meu quarto. Alex não parou de sorrir nem por um segundo durante todo o caminho de volta. Entrei no quarto e fiquei sorrindo por um longo tempo, me sentindo como se flutuasse.

April, June e July ficaram felizes em saber que eu estava bem, e ficaram ainda mais felizes quando contei a elas que estava tudo certo entre Alex e eu. Esperei enquanto elas me maquiavam e arrumavam meu cabelo, conversamos sobre Alex, sobre o tempo. Dezembro estava quase no fim. Era difícil de acreditar que haviam passado meses desde o começo da Seleção.

O resto do dia foi até tedioso comparado a manhã agitada que tive, mas quando fui dormir naquela noite eu não estava com medo de ter pesadelos.

Acordei na manhã seguinte e fiquei deitada na cama apenas ouvindo a chuva caindo. Chovia tanto que parecia ter anoitecido e o tempo estava muito frio. Minhas criadas me vestiram e arrumaram, então me entregaram um copo d'água e um comprimido, que engoli sem reclamar e finalmente saí para tomar tomar o café da manhã.

Entrei no salão e percebi que a família real estava ali. Matilda, Aniya e Gabriella também. Não perguntei onde estavam as outras garotas, eu sabia que elas haviam ido embora. Fiquei um pouco triste por não ter me despedido ou falado melhor com nenhuma delas quando voltei, mas percebi que elas não queriam falar comigo. As unicas pessoas que realmente se importavam eram Matilda e Aniya, que foram falar comigo e me dar as boas vinda. Sem contar que Matilda havia me impedido de sangrar até morrer durante o ataque rebelde.

Abracei as duas e fiquei muito feliz quando ambas retribuíram o abraço. Passamos todo o tempo conversando, e rindo de piadas. Gabriella parecia não querer conversar, então a deixamos ficar em silêncio. Quando voltei para o quarto pensei em como eu gostaria de manter Aniya e Matilda por perto se pudesse. Era bom sentir que eu tinha amigas.

"Sarah... posso falar com você?" Alex perguntou entrando no quarto.

"Claro. O que aconteceu?" Falei.

"Juro que não é nada de ruim. Na verdade é algo incrível" Alex falou e me levantou até a sala do piano.

Abri a porta com um pouco de medo do que me esperava. Comecei a chorar quando a vi. Minha mãe estava ali, bem na minha frente. Mais magra do que deveria, parecendo cansada e com os olhos vermelhos, mas sorrindo muito e me abraçando firme.

Sentei no chão ainda abraçando minha mãe, chorando de felicidade e me sentindo tão aliviada. Parecia que eu finalmente estava conseguindo respirar depois de tanto tempo. Quando finalmente parei de chorar eu consegui ouvir as explicações de Alex e tudo tudo que havia acontecido com minha mãe.

Minha mãe contou que havia saído de cada duas semanas antes da minha volta. Ela tentou enviar cartas, mas nunca conseguiu. Ficou morando em um motel durante todo aquele tempo, sem saber que eu estava procurando por ela. Até o dia em que ela viu que eu havia sido eliminada, passou semanas tentando enviar cartas ou falar comigo, mas ela não sabia onde eu estava. Até a Condenação, quando ela me viu de volta no castelo e percebeu que eu estava segura e que meu pai estava preso. Os guardas enviados por Alex encontraram minha mãe poucos dias depois disso.

Passei a tarde junto dela, e quando anoiteceu nós continuamos juntas. Nos separamos quando já era muito tarde, minha mãe foi até seu próprio quarto no castelo e eu fui para o meu. Abracei Alex, sem palavras para explicar quão grata eu estava.

"Muito obrigada por isso" falei abraçando ele. Alex tirou o cabelo dos olhos e sorriu para mim.

Alex se aproximou e colocou os braços em minha cintura, eu sabia que não queria me afastar. Alex me beijou, um beijo tão intenso, fiquei em completo silêncio, sentindo meus lábios formigarem e me sentindo incapaz de fazer qualquer outra coisa, apenas respirando lenta e pesadamente. Eu não queria me afastar, eu queria abraçar Alex, e ficar daquele jeito para sempre. Por fim nos separamos. Entrei no quarto e fechei a porta, ainda respirando com dificuldade e sentindo exatamente onde Alex havia me abraçado.

No dia seguinte eu continuei tomando os remédios, eu sabia que ainda estava mal e doente, e sabia que desculpar Alex havia me feito sentir melhor, mas eu ainda não estava completamente bem. Mas eu me sentia melhor, e eu tinha muita esperança de que tudo faria certo. Fui até a terapia me sentindo feliz como não me sentia há muito tempo.


Notas Finais


Gostaram? Por favor comentem o que acharam... muito obrigada por lerem!
Bjs! ❤


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...