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História Última Pena Negra - Assassino dos curiosos


Escrita por: AmigaInvisivel

Notas do Autor


To atrasada, mas cheguei! Boa leitura anjos.

Capítulo 5 - Assassino dos curiosos


    -Senhorita?

    - Alec! – Virei para trás bruscamente e lá estava meu colega de escola com um sorriso fraco no rosto, percebi que “senhorita” tornou-se meu apelido.

    Por instinto dei um passo para longe dele que não só percebeu como fez o mesmo e levantou as mãos como um rendição, meus olhos já tinham se acostumado com o escuro então encarei-o numa investigação silenciosa.

    - Desculpe-me pela desconfiança, mas er... Anjo o que faz aqui embaixo? – Perguntei num tom próximo do agudo, tossi de leve para a voz voltar ao normal e Alec tentou esconder uma risada.

    - Eu que deveria te questionar isso, afinal moro aqui.

     Analisei a minha volta, com a pouca iluminação percebia-se que estávamos em um labirinto no subsolo de um parque de diversões, repleto de rachaduras e sujeira. Olhei para a figura elegante e calma na minha frente tentando associar o lugar à pessoa.

      - Não exatamente aqui... – Ele falou com sua voz tranquila, sem gozação da minha dúvida que era um tanto absurda. – Eu posso te mostrar, confia em mim?

     Ele estendeu a mão para mim, mas a retirou quase instantemente e ofereceu um sorriso encorajador.  Mesmo com toda estranheza da situação o local era familiar, assim como o cheiro do Alec. Passamos por túneis e mais túneis até finalmente chegar a uma porta preta de um material que não reconheci. Ele abriu timidamente e como um cavalheiro me fez passar primeiro.  As paredes eram cinza escuro, havia um sofá branco com uma manta verde em cima, prateleiras repletas de livros e CDs e uma bancada americana com banquinhos pretos.

     Corri os dedos por uma estante repleta de fotografias, sem jeito com a situação. Olhei para Alec que parecia preocupado comigo.

    - Você mora sozinho? – Perguntei meio sem jeito.

    - Não tenho pais, se é essa a sua dúvida. – Ele foi pra frente e eu recuei. – Pode abaixar a guarda comigo, não vou te machucar... Meu máximo será cuidar de você, alias pretendo fazer isso neste momento, já está tremendo de frio.

    - Não preciso. - Digo apesar de querer um cobertor mais do que tudo.

    - Não quero uma pessoa desmaiada na minha sala.

    - Ah...

    Sentei em seu sofá com uma manta e ordens de tirar os sapatos, por isso deixei as botas marrons escuras no canto da sala. Alec decidiu preparar um café para nós dois, deixando eu e a minha curiosidade sozinhas num lugar desconhecido. Levantei indo em direção a um baú que ficava de baixo de um abajur, abrindo o com cuidado. Nele havia uma bola de beisebol e jogos de tabuleiros, um em especial me chamou a atenção.

    Um barulho de tilintares voltou a minha atenção para as minhas costas, meu companheiro de classe que colocava duas xícaras em uma mesinha de centro.

    - O mistério é o assassino dos curiosos não? – Ele parecia um pouco irritado com a situação.

    - Entre pedir permissão ou pedir desculpas, a segunda opção é a minha favorita. Mas reconheço que agi mal, desculpa? – Dei ênfase no meu pedido, Alec pareceu entender e riu. – Por um acaso esse jogo aqui não seria banco imobiliário...

    - O próprio. – Ele me interrompeu com sorriso nos lábios – Você como uma garota crescida não gostaria de jogar, eu acredito.

    - Claro que não, só se você insistir muito...

 

    Depois de uma longa partida, aonde eu sai vitoriosa e Alec incrédulo, guardamos tudo e caímos esparramados no sofá.

     - Por que fez tanta questão de comprar a França? – Sussurrei para não acabar com a paz do ambiente.

     Nessa edição do jogo as propriedades para adquirir eram os países de todo o mundo. Alec poderia ter vencido se não tivesse investido tanto dinheiro justamente nessa casa, a sua persistência acabou me causando uma vontade de saber o por que. Alec demorou a responder, olhava para o teto da casa e tomava o cuidado de não se aproximar de mim. Seus cabelos castanhos estavam bagunçados, soltou um suspiro e finalmente disse:

    - Tenho boas lembranças de lá... – Ele ficou de lado para poder me encarar, seus olhos tão calmos e intensos ao mesmo tempo. – Fiz amizades que me ajudaram a superar.

    - O que aconteceu? – Questionei temendo ser muito intrometida.

    - Falhei com um amigo muito querido, fui fraco.

     - Por que tenho a impressão que há uma mulher envolvida?

     Alec riu baixo parecendo esgotado de tudo.

     - Porque é mais esperta que a maioria. – Sua voz carregava uma angustia há muito tempo escondida.

     Não suportei vê-lo daquele jeito e pulei para perto, no mesmo momento seus olhos se arregalaram, fiz sinal para que continuasse quieto. Observava suas íris castanhas com tons de âmbar, a serenidade foi substituída por desejo, levantei para tocar em seu rosto. Não pude tocar, pois ele se levantou com agilidade indo para o outro lado da sala. Estava estético encostado na parede, quando fui me explicar ele cortou a frase pedindo licença e se retirou.

     O que foi que eu fiz? Ou melhor, tentei. Meu coração batia rápido e os pensamentos se embaralhavam, decidi ir embora antes que tomasse uma atitude impulsiva. Enquanto colocava meus sapatos percebi o quanto Alec me anestesiava, causando uma sensação incapaz de não focar em seu cheiro floral e amadeirado, nos braços fortes ou no sorriso pacifico e tentador... Rebecca! Sempre dei em cima de meninos, às vezes até de garotas, era divertido provoca-los e me divertir com seus embaraços, mas era apenas isso.

    O colar da loja de penhores voltou à tona nos meus pensamentos, as visões de repetiam, as luzes piscavam e minhas pernas bambeavam percebendo tudo que estava evitando até agora, acabei batendo a coxa na estante repleta de fotografias. Arrumei cada uma de pressa esperando que Alec não visse. Levantei a última reparando na foto.

    Paf!

    Derrubei o porta-retratos no chão. Não pode ser... Não! Lágrimas de raiva e tristezas rolavam do meu rosto enquanto me dava conta da verdade na minha frente. Finalmente retirei a venda que me cobria e percebi tarde de mais que fui esfaqueava no mesmo tempo que o rapaz misterioso me encantava.

     - Senhorita? Becca! – Alec tinha voltado para a sala, mirava-me com atenção e medo.

      Um riso nervoso se misturou com o meu rosto molhado, lancei um olhar de nojo para meu antigo amigo esquecido e sai correndo em direção à porta. Ele acabou me alcançando, jogou-se na minha frente com olhos vermelhos e as costas caídas.

    - Não foi fraqueza, Alec. O que você fez se chama covardia. – Ele abriu a boca para me contestar, mas desviei dele antes.

    Um puxão na minha mão me fez trombar com o seu corpo. Alec ficou pálido e sem reação soltou-me, não entendi o que aconteceu, mas corri para bem longe dele. Dessa vez sabendo muito bem onde estava e como voltar para casa.

   

    P. O. V  Alec

    Risos, passos e olhares perdidos.

    Eu não pensei nas consequências... Foi estupidez levar a Becca para casa, havia milhares de objetos que ela poderia ligar ao passado, e foi isso que aconteceu. Mas quando eu a vi caída no chão, com a jaqueta de couro e os cabelos bagunçados, seus olhos cinzentos procurando o desconhecido com audácia, algo nada frágil, mas com medo, não pude ignora-la. E agora estou aqui, sentado nas escadarias de ColdHigh esperando ela aparecer para poder me explicar.

    Nada de motos pretas, nenhum sinal dela. Talvez tenha pedido para a avó deixa-la em casa, entretanto conhecendo como eram os pais dela duvido que fara algo assim, ela virá para mostrar que não se abalou, mas eu sei que é mentira. Lembro-me da cena, encarava-me com desprezo e nojo, como pude fazer isso com ela? Apesar de ter crescido muito, percebi o quanto a mulher que é agora me afeta... Estou pulando de um precipício e a descida é maravilhosa.

    Seu cheiro de rosas e sabonete de hortelã ainda está presentes no sofá, a sua pele estava tão próxima a minha e o medo me absorveu por completo. Essa garota está me deixando doido e não faz nem um mês que apareceu... Droga! Preciso parar, até cheguei imaginar sentir quando ela caiu nos meus braços, se tivesse deixado as emoções de lado naquela hora talvez a Becca estivesse aqui comigo ouvindo sobre quem ela realmente é.

     A fotografia continua destruída... A imagem de uma pequena menina de cabelos inteiramente negros no meu colo, em seu luau de aniversário. A promessa que eu fiz a seu pai não é tão forte quando a dela. “Papai disse que cuidará de mim. Será como eles? Chegará e arruinará a minha vida para melhor. Promete que estará comigo, Anjo?”.

    Sim, senhorita...

    - Becca! – Olhei para o final do corredor, lá estava ela.

     Corri até ficar na sua frente.

      - Escu...

    - Não. – Sua voz era uma geada no nosso passado. – Mentiu para mim... E sabe o pior? Eu ainda não me lembro de nada, só de você chegando à festa.

    Uma dor atingiu o meio peito ao ver a menina que costumava fazer dormir demonstrar tanto ódio para mim.

   - Eu confiava em você! – Ela continuou e quando tentei intervir me acertou um tapa no rosto. Não esperava isso, sem chances de ter tempo para imaginar, mas eu senti.

   Um braço forte deu um puxão jogando a Becca para longe de mim.

    Jon aparece, ficando no meio de nós dois. O que ele está fazendo aqui? Nesse mundo? Minha repulsa por ele aumentou, ele não sabe no que está se metendo, nunca soube.

     - Saia. – Minha tranquilidade foi substituída por uma fúria esquecida.

    - Alguém precisa vir até aqui fazer isso.

    Sem pensar direito dei um soco em seu nariz. Ele pulou para cima de mim chutando o meu estomago, quando ia me vingar Becca apareceu na minha frente. Olhou profundamente para mim e segurou na mão de Jon, saíram juntos em direção ao estacionamento.

    Algo se rompeu dentro de mim.


Notas Finais


Anjos, esse foi mais curtinho porque o próximo será tenso... (Pausa dramática, por favor). Espero que tenham gostado <3


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