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História Última Pena Negra - Mentiras ao vento


Escrita por: AmigaInvisivel

Notas do Autor


Boa madrugada anjo da noite! Sentiram cheiro de cap novo? Espero que gostem e boa leitura.

Capítulo 6 - Mentiras ao vento


    O couro preto do banco do Lincoln Continental mais o aquecedor ligado eram o que me salvava da fria manhã tempestuosa de ColdHigh, enquanto eu tentava não pensar nas consequências. Tirei a atenção da paisagem das árvores molhadas mirando para o rapaz de cabelo platinado dirigindo, a sua boca estava em uma linha rígida e seus olhos negros vagavam pela estrada, minha cabeça latejava com a aproximação.

   - Irá fazer um furo na minha cabeça se continuar me encarando assim. – Disse Jon com sua voz gelada.

    - Talvez seja a minha intenção. – Respondi segurando o cinto do carro.

    Justo hoje minha avó decidiu me dar uma carona para a escola, deveria pedir a Amy para que me levasse para casa depois. O meu plano era avisar a minha amiga e matar o resto das aulas, mas não esperava sair com o Jon. Lembrei-me do Alec e das mentiras que me contou, a foto que achei fez uma ferida em mim.

    - Você está pensando nele, certo? – Perguntou, abri a boca para protestar, mas ele continuou. – Não quero parecer um babaca então aprenda a ouvir a verdade como ela é.

    - Não te acho isso... – Disse com um sorriso charmoso, Jon olhou como se eu estivesse bêbada. – Está mais para idiota arrogante. – Terminei irônica.

    Ele riu baixo, gosta de ironia e sarcasmo assim como Ben.

    - Para onde estamos indo? – Questionei não suportando mais a dúvida. Por precaução deixei a minha mão próxima a maçaneta da porta pronta para rolar, a velocidade não tão veloz do carro ajudava.

    Alguns minutos se passaram enquanto Jon pilotava, quando eu estava a ponto de fugir dali ele finalmente falou.

    - Becca você é inútil assim, por isso preciso que confie em mim. – A lembrança de Alec pedindo a mesma coisa veio na minha mente, fechei os olhos com força. – Temos grandes problemas e a sua memória ajudaria agora.

   Fiquei parada sem saber o que pensar sobre isso, quem é meu aliado? Decidi que Jon ainda não era de confia e que iria pular, entretanto Jon para o carro bruscamente e diz olhando nos meus olhos:

    - Eu sei de tudo. Pode tentar me machucar ou matar, mas até agora sou o único que quer mostrar o que realmente se passa nessa cidade. Tem que fazer uma escolha entre ignorar-me ou descobrir quem é você.

    - Como sabe disso? – Disse cortante, meu sangue estava frio e a mente se embaralhava.

    - Mas você mesma já falou... – Mostrou os dentes em um sorriso. – Precisamos saber na onde está o colar do seu pai e... Não confia em mim né?

    - Jure.

    As letras só se formaram sem um por que, mas sabia que era isso o que deveria fazer. Seus olhos profundos como a escuridão por um momento pareceram iluminados.

    - Sua memória deve estar melhor do que eu pensava – Sussurrou ele. – Eu, Jon, juro ser leal a Rebecca Cipriano enquanto a bondade reinar nela.

    - Juramento complexo, não?

    - Dou o meu máximo. E agora, vai contar?

    - No meu sonho. – Ao contrário do que esperava, ele pareceu acreditar. – Estava em uma floresta, cercada pelo verde e bem no meio havia uma loja de penhores. Paredes verdes se descascando, a placa de tão velha que parecia cair... Um colar de prata com corrente fina e um pingente pequeno e pontudo na vitrine.

    - Isso será uma moleza. – Seus olhos faiscavam e um sorriso folgado tomou conta do seu rosto. – Está com o Pepper, umas palavras duras e ele nós entrega.

 

 

    Chegamos a um local idêntico ao dos meus sonhos, mas não havia uma floresta. Um vento frio atravessou os nossos corpos, Jon colocou o braço nas minhas costas sutilmente e me encorajou para seguir em frente, o gesto mais gentil desde que nos conhecemos.

    Ao abrir a porta um sino soou na loja escura e sombria. Percebi que sentia algo forte com Jon assim como Ben, os dois tinham uma energia que vibrava. Uma cortina se abriu revelando um homem com rosto redondo e cabelos dourados, estava vermelho e suado. Ao se deparar comigo seus olhos se arregalaram e seu corpo se curvou numa postura amarga.

    - Pepper, lembra-se de Rebecca Cipriano? – Jon falou com superioridade e divertimento.

    - Como poderia esquecer... – A voz do homem gorducho parecia de uma criança e ainda assim encheu de malicia. – A questão é se ela se lembra de nós, Jon.

    - Exatamente por esse motivo precisamos de uma corrente em especial. – Respondeu o loiro platinado.

    Eu deveria contar que estou os ouvindo conversarem sobre mim?

    - Anjos... – Chamo com uma voz mais aguda do que gostaria. – Eu não sei como o colar foi parar em suas mãos, por algum motivo, e bem, eu o quero de volta. Então como faremos isso?

    Ele gaguejou antes de falar e por fim questionou:

    - E o que eu ganharia se o entregasse? – Sua voz era fina e alarmada. – Seus pais prometiam muita coisa também, garota. E aqui estou eu, nesse meio de mundo...

    - Pepper! – Jon rasgou interrompendo ele. – Sua situação não é favorável, você sabe disso. Eu estou pedindo, não me obrigue a ser mais pratico que o Jev e a Nora. Se nós ajudar será recompensado. – Pepper pareceu ter gostado do que Jon prometeu.

    Estranhei ambos falarem como se fossem conhecidos dos meus pais, principalmente usar o real nome de meu pai, Jev. Também fiquei com a impressão que “nós” não se referir a mim e ele, mas pessoas mais poderosas porque o rosto de Pepper foi tomado por uma ambição e segurança que eu não tinha visto desde que entrei.

    Com precaução o homem-criança caminhou até um cofre e fez sinal para que seguíssemo-lo, dei uma olhada para vitrine e percebi que não havia nenhum colar lá. Ele apontou para uma sacola preta de veludo, Jon pegou com pressa e saímos de lá no mesmo instante, minhas mãos tremiam.

    Entramos dentro do carro, Jon olhava para o celular com toda a sua concentração.

    - O que foi anjo? – Questionei com medo da resposta.

    Jon não respondeu de imediato.

    - Canalha. – Ele trovejou ligando o carro e acelerou.

    A chuva voltou trazendo uma tempestade de emoções. Não sei em que maluquice estava me metendo, antes era como se tudo isso fosse um dos meus sonhos estranhos e agora a mínima ideia de descobrir a verdade faz o meu coração pular do peito.

    - A sacola deveria impedir que localizassem você, mas Pepper armou uma armadilha.

     Tirei a corrente da sacolinha, deixando estendida na palma da minha mão.

    - Era para acontecer alguma coisa? – Minha voz transbordava frustação.

    - Está segura? Certo, o melhor jeito é colocar no pescoço... É meio obvio. – Jon tentava parecer superior aquilo, mas o desespero tomava conta dos seus olhos negros. Essa era a sua armadura.

    Crash!

    O Lincoln começou a girar, olhei para trás vendo uma caminhonete preta. Rodas deslizando, mentiras ao vento e colisão com a realidade. Paramos no barranco com a parte da frente amaçada, acabei fazendo um corte na cabeça, olhei para o lado e Jon parecia intocável. Ele tirou o cinto e fiz o mesmo, nossos olhares se encontraram: Estávamos em perigo.

    Dois homens apareceram na porta de Jon que fez sinal para que eu saísse do carro, mas o meu corpo parecia congelado.

    - Pronto para a parte dois? – Perguntou um deles com uma voz arrastada.

    Abri a porta e corri o mais rápido que pude. Como se estivéssemos ao lado um do outro, um deles apareceu na minha cola, era mais alto que eu e seu corpo musculoso. Com facilidade ele me alcançou, me jogou contra uma das árvores da estrada, passei por baixo do seu braço, seguindo em frente no máximo que as minhas pernas podiam. Percebi que estávamos perto da praia da vila esquecida. Fui empurrada para uma cerca que dividia a estrada com a areia.

    Ele cheirava a bebida e decepção, segurava meu pulso esquerdo tentando pegar o outro. Usava o seu peso para se favorecer, percebi um pouco tarde que era o colar que ele buscava e conseguiu. Dei um chute nas suas pernas o fazendo soltar a corrente, o pingente acabou cortando a minha palma na hora que fui pegar e tudo escureceu...  

    Vi o meu nascimento, a imagem tremia ao som de uma profecia já esquecida sendo recitada: “A união dos pecados da terra será a chave para a porta dos mundos. Aos dezesseis anos, destrancará o reino e o par alado surgirá para o bem ou para o mau”. A próxima imagem foi da madrinha Vee vestindo um manto escuro, Alec me abraçando e entregando o mobile de anjo, Ben sendo enviado do céu e, por fim, a morte. Não foi à casa que pegou fogo, era o inferno queimando com os meus pais no meu lugar.

    Abri os olhos e deparei com o homem tentando recuperar o colar que eu segurava forte. Todas aquelas cenas se passaram sós para mim e o tempo tinha parado. Percebi que o idiota na minha frente nem faz ideia. Tenho que me livrar dele, não será difícil.

    Afinal eu sou o anjo amaldiçoado.


Notas Finais


Anjinhos, desculpa a demora para postar, foi a minha colação esses dias e a minha rotina tava uma loucura. Eu vou tentar postar dois cap por semana,pois está no começo ainda, mas serão como menos palavras... Adoro vocês e obrigada por continuarem lendo!


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