O sol tímido iluminava o quarto me despertando, abri os olhos sonolentos e ainda meio atordoados, levantei. Fui me arrastando até o banheiro, lavei meu rosto e me olhei no espelho. Hoje iriamos visitar o templo para comemorar o ano novo, a data é chamada de “Hatsumode - Primeira visita do Ano ao santuário ou templo”. A Sra. Irie já tinha deixado meu kimono pronto, sem querer acabei acordando cedo.
Lembrando agora como tinha sido falar para eles minha decisão, a Sra. Irei ficou triste obviamente, mas disse que só deixaria eu partir para o estrangeiro se eu ficasse para a primeira semana do ano novo, ela queria que fossemos ao templo para que eu tivesse uma viagem abençoada. Ela foi à mãe que não tive, e seria eternamente grata tudo que ela tinha feito por mim e meu pai.
O quarto estava todo iluminado pelo sol, então fui direto até o kimono em cima da minha cama, ele era lindo, azul com desenhos de flor de cerejeira. Ali admirando minha roupa, ouvi uma batidinha na porta.
-Kotoko? Você vai querer ajuda para se vestir? – A Sra. Irie estava linda com seu kimono rosa com desenhos de paisagem.
- Quero sim, obrigada, sempre me atrapalho toda na hora de vestir.
- Como foi a despedida com seus amigos? A Satomi esta bem?
- Ahh foi incrível, fomos à casa da Satomi. Ela e os bebês estão bem e com saúde, depois de lá jantamos comida mediterrânea.
- É mesmo, deve ter sido incrível mesmo. – Ela concordou enquanto amarrava o laço na parte de trás da roupa – Depois que voltarmos do templo, farei um almoço de agradecimento, eu convidei Naoki e Sahoko, tudo bem para você?
- Por tudo bem. Agora eles podem vir aqui sempre que quiserem, pois querendo ou eles não se sentem confortáveis comigo aqui, não é mesmo?
- Não é verdade Kotoko, o Naoki que é um idiota. – Disse ela me girando para olhar se tudo estava em ordem.
- Mesmo assim, esse tempo fora será melhor pra todos, no fim das contas. – Falei para encerrar o assunto, senti meu coração bater rápido ridicularmente.
- Terminamos com a roupa, agora... Ao cabelo.
Não tocamos mais no assunto, mas em saber que eu iria vê-lo, me senti nervosa.
*
O Templo estava lotado de pessoas e pedidos, o meu foi bem simples, só queria que o ano que se iniciava fosse de aprendizado e novas experiências. Caminhei entre os devotos, para me dar de cara com Naoki e Sahoko junto aos Iries me esperando, fiquei totalmente sem jeito.
- Sempre atrasada né? Sabe quanto tempo estamos te esperando aqui? – Ele falava na tentativa de me ofender.
- Sou grata pela honra da espera de vocês - Passei por eles e entrei no carro ao lado de Yuki. Não esta com vontade de receber as provocações dele, não hoje.
Chegamos a casa e de longe percebemos uma movimentação da casa, é claro que a Sra. Irie já tinha contrato um Buffet para fazer o “simples” almoço. Desci do carro e fui direto para meu quarto, se colocar o kimono era difícil, tirá-lo era outra missão. Procurei uma roupa decente, hoje seria o último jantar com os Iries e principalmente com Naoki. Ouvi uma batida na porta, mas o zíper do vestido que eu tinha escolhido estava dando trabalho, então pedi que aguardasse um pouco quem quer que estivesse do outro lado. Depois de uns minutos consegui fechar o bendito zíper.
- Pode entrar, por favor – Falei isso enquanto passava um pouco de blush.
- Desculpe se eu estiver atrapalhando Kotoko, mas podemos conversar? – Era a Sahoko ali no meu quarto, como sempre linda e elegante, obviamente eu nunca chegaria aos pés dela.
- Sra. Irie, não atrapalha, entre, por favor. – Falei me levantando.
- Ohh por favor, não se levante, serei breve.
- Certo, então... Em quê posso ajudar?
- Como disse, serei breve. Vim desejar boa sorte para você na sua partida e quê você possa chegar em segurança lá. Além disso, será um alivio não ter você aqui, talvez só assim o Naoki possa gostar de mim sem a sombra da sua presença entre nós. Não estou insegura sobre meu casamento, apenas será melhor para todos. Espero que você entenda meu lado e não procure mais o Naoki ou a família dele, afinal, você não é nada nessa família e você morou aqui de favor por tempo demais. – Ela falava com segura, antes de sair me cumprimentou e com um sorriso cínico saiu do quarto. Eu estava em choque demais para falar qualquer coisa.
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