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História Último Sussurro - Unique


Escrita por: BornToLiberte

Capítulo 1 - Unique


Desde que nos encontramos eu sempre estive ali, ao seu lado. Estive amando-a e apoiando, tentando proteger e cuidar acima de tudo. Caitlyn ainda era xerife de Piltover, era extremamente ocupada e isso fazia com que ela me esquecesse algumas vezes, dando prioridade total ao trabalho. 

Por mais que eu trabalhasse no mesmo lugar eu era encarregada de patrulhar e manter a ordem, ou seja, nunca via Caitlyn no trabalho afinal eu estava sempre nas ruas e ela no escritório. Por isso, fora do horário de serviço eu sempre acabava pondo tudo de lado para tentar me aproximar dela novamente, ainda que eu tentasse chamar atenção de Cait, ela permanecia daquela forma agindo como se eu não fosse nada além de um fantasma incômodo do passado, que mesmo que ela não quisesse tinha que permanecer ali, eternamente atrás dela.

Quando a noite chegava era a mesma coisa sempre: Transávamos e depois acabávamos caindo de exaustão, adormecendo instantes depois. Mas era apenas isso, no dia seguinte logo cedo ela partia sem que eu pudesse escutar seus passos pela casa e então eu resolvi dizer o quanto aquilo me incomodava, eu realmente não suportava mais aquilo. Eu amava Caitlyn, mas ela estava cada vez mais distante e se eu realmente ia perdê-la, preferia que fosse de uma só vez, como um grande corte em vez dessa tortura que estava sendo vê-la partir sem ter nada o que fazer.

—Caitlyn... —Ela deu aquele sorriso que eu tanto amava e ainda sim me mantive firme. —Temos que conversar.
—Diga, meu amor.
—Você está cada dia mais distante e isso machuca pra caralho, você sabe que eu te amo e que quero estar para sempre ao seu lado, mas se algo está acontecendo é melhor me falar logo. —Falei séria e ela olhou para o chão, algo estava errado. 
—Não... Nada está havendo. 
—O que está havendo, Cupcake? — Insisti e ela suspirou. 
Quando Caitlyn ergueu novamente a face vi que seus olhos lacrimejavam, o que me pegou realmente de surpresa, além de claramente me assustar. Coloquei sua mão sob a minha, automaticamente entrelaçamos nossos dedos e ela os pressionou com força. 
—Eu...
Ela se interrompeu e ficou em silêncio por alguns momentos, parecia estar ponderando minha reação. Será que ela estava me traindo? Ou já não me amava mais? Mil coisas passavam pela minha mente como  um turbilhão e eu comecei a ficar realmente preocupada, então me tirando de um mar de pensamentos, ela puxou o ar e soltou quase em um sussurro. 
—Eu... Eu estou morrendo, Vi. 
Eu fiquei paralisada, meu coração parecia ter parado e eu me preparei para a risada dela, deveria ser uma brincadeira, não é? Ela não podia estar falando sério, eu já me preparava para reagir brigando com ela quando notei que ela não parecia estar brincando, ali meu mundo caiu, me sentia sufocando e quando decidi falar algo ela voltou a falar. 
—Quem diria que o câncer chegaria em mim primeiro? Você com seus cigarros e violência e eu com a burocracia, no final, a morte chegou até a minha porta. Não é engraçado, Vi? —Caitlyn parecia pronta para chorar e continuou com um sorriso infeliz. —Ele se espalhou por todo o meu corpo e está me matando rapidamente, não pretendo fazer nada que não seja aproveitar meus últimos dias. 
—Não vai fazer nada? Pelo amor de Deus Cupcake, você precisa fazer algo! Caralho! —Minha voz transbordava raiva, não dela, mas do universo e ela começou a chorar compulsivamente, relutante em me olhar nos olhos. 
—Não quero morrer aos poucos em um hospital. —Ela falou entre soluços.
E eu notei que agora eu também chorava, eu não tinha palavras, não tinha mais nada a não ser a minha Caitlyn, meu cupcake e eu não podia perdê-la de forma tão estúpida. Ela me beijou, um beijo casto e então sussurrou em meu ouvido: “Desculpe por não lutar, eu amo você”.

Todos os dias a partir daquele dia pareciam fúnebres e arrastados, lentos e infelizes. Ela saiu da polícia que sempre foi seu orgulho e estava realmente decidida a morrer, aquilo era como morrer junto, cada segundo parecia um inferno. 
Todos os médicos diziam que ela não ia sobreviver, mesmo que iniciasse o tratamento aquilo seria suicídio já que seria um tratamento agressivo e ela já estava em um estado avançado da doença. “Quanto tempo até...” Ela perguntou e o médico se limitou a dizer “Viva todos os dias como se fossem o último”.

Ela foi forte, meu Cupcake estava tentando e realmente se esforçando para não se deixar abater, mas depois de três meses ela já estava extremamente cansada e fraca, no início fingimos que estávamos apenas de férias, mas no final... Ah, o maldito final.
Eu não estava pronta, não para observar o amor da minha vida deitado em uma maca respirando através de tubos e máquinas. Não estava pronta pra perder Caitlyn, eu nunca estaria pronta para aquilo. Ela estava se alimentando por soro e quase incapaz de conseguir falar, eu chorava enquanto ela dormia e enquanto estava acordada ficava sentada segurando sua mão. Era uma tortura, eu imaginava como alguém aguentava aquilo sem perder a sanidade, era como ver a vida passar por seus olhos enquanto você esperava, com dor e tristeza, a morte levar a pessoa que você mais ama. 

—Vi... —Era apenas um sussurro e eu me aproximei. —Obrigada por tudo, meu amor.—Ela sussurrou com um olhar sereno. 
—Não se preocupe, Cupcake. —Sussurrei beijando sua testa e ela sussurrou:
—Eu te amo, Vi... Mas agora... Vou descansar. —Ela disse e fez um gesto para que eu me aproximasse, quando o fiz ela selou nossos lábios, pela última vez. Eu me afastei brevemente assim que nossos lábios se descolaram e sussurrei um "eu te amo", eu sabia que aquele seria o último que Caitlyn escutaria e tentei sorrir de forma sincera, esperei que seus olhos se fechassem, mas Deus sabe que aquilo não era o que eu esperava, Caitlyn sorriu brevemente e seus olhos foram lentamente perdendo o brilho, aqueles olhos que sempre estavam cheios de vida e pareciam reluzir agora estavam opacos. Naquele momento eu entendi, a vida de Caitlyn estava partindo, ela estava realmente indo embora. 

Os aparelhos ao meu redor apenas afirmaram quando fizeram aquele desagradável e ensurdecedor som, todos começaram a entrar rapidamente tentando me tirar do quarto e eu não resisti, me deixei ser levada para o lado de fora e os observei pelo vidro tentando trazê-la a vida novamente, com uma mísera fagulha de esperança de que eles fossem conseguir trazer minha Cait de volta. 
Mas infelizmente eu sabia, eu infelizmente sabia... Ela não ia voltar. Minutos depois tive a certeza, meu Cupcake havia partido. Os médicos registravam o horário de óbito e eu não  me segurei mais, deixei-me cair no chão e me encolhi abraçando meu corpo, me permitindo chorar compulsivamente e gritar até meus pulmões arderem. Não faríamos mais amor, não veria mais Caitlyn reclamar sobre a toalha molhada que deixei na cama de novo e nem teria mais a chance de dizer que a amava, meu coração apertou-se com força e chorei como se não houvesse mais amanhã, porque para nós duas, não havia mais. 

Eu chorava a procura de alívio para minha dor, o sofrimento do meu Cupcake havia acabado e aquilo deveria acalentar meu coração, mas o meu? O meu sofrimento estava só no início.


Notas Finais


Muito obrigada pela leitura, espero que tenham gostado!


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