Algum estudo de alguma universidade britânica uma vez constatou que as pessoas não são intuitivamente preparadas para lidar com seus reflexos. Mesmo assim, eles sempre nos intrigaram e nos levavam a admirá-los às margens dos rios em um tempo remoto em que espelhos ainda eram artigo de luxo. Nós somos instigados por aquilo que não entendemos.
Talvez por isso ele me assusta e me interessa tanto. É meu reflexo. Ele deixa a mostra em cada atitude a parte de mim que eu teimo em esconder. Ele é tudo que eu finjo não ser e sabe exatamente quem sou. Ele é meu espelho humano e isso me empurra em sua direção com maior força do que sou capaz de resistir. Enquanto eu tento dar a todos a paleta das cores mais quentes da minha alma, seus olhos são capazes de ver a frequência das cores frias do meu espectro, como se tivessem sido projetados exatamente para essa função. Sua visão privilegiada dos meus desejos, medos e contradições mais profundos me torna vulnerável ao seu poder. E é por isso que eu o mantenho por perto, porque, cientificamente, a luz é invisível até que seja refletida e atinja os olhos de alguém.
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