História Um abraço entre Estrelas - Quebraram a Lua

Quatro e quarenta e sete da tarde.

Enquanto meu coração gelava ao mesmo tempo em que o barulho do flash ecoava vindo da porta, logo após veio uma luz de celular, fazendo assim que não desse para ver ninguém. Anne, a líder de torcida começava a aparentar uma cara de nervosismo, ela pegou sua bolsa e saiu da sala sem dizer nada, e eu tenho a leve impressão que isso vai sobrar para mim. Pego a minha bolsa e coloco o caderno de volta, saio de lá um pouco aflito, eu já falei sobre o namorado dela? Bem, não é assunto para o momento. Enquanto eu estava andando pelos corredores, como eu tinha aula vaga agora, tinha poucas pessoas nos corredores, inclusive o Dylan, então, não tenho muitas opções para conversar, vai ser com ele mesmo que eu vou ter que desabafar.

- Hey, Dylan! – Digo me aproximando dele com uma cara de ‘’Nossa, fiz merda, me ajude!’’ –

- O que você fez agora, mano? – Ele me olha com uma cara que eu já havia visto antes. Na primeira vez, a muitos anos atrás quando eu fiz xixi na cama na casa dele –

- Sabe a Anne? – Suspiro e olho para ver se não tinha ninguém por perto –

- Sim, conta logo e pare de enrolar, Andy. – Ele parecia bem atento ao seu livro que estava em suas mãos quando ele dizia aquilo. –

- Ela deu em cima de mim, meio que, bem, ela deu em cima de mim. – Engulo em seco –

- PERA, OQUÊ? – Ele disse em um tom alto - Opa, desculpa a reação, é que assim, ela não tem namorado? Você tá bem encrencado, mas, você perdeu o bv? – Ele disse brincando –

- Não tem graça...o que eu faço? Me ajude, vai. – Digo quase implorando –

- Por que está tão preocupado? Não é como se tivessem tirado foto da cena dela quase te beijando? É? Não é, então fica calmo, cara, eu cuido de você. – Disse com um sorriso no rosto –

- Na verdade, deixa pra lá, eu só pirei porque ela tem namorado. – Digo mentindo e me afasto um pouco  –

Cara, eu não ia dizer que realmente fizeram aquilo, ele iria dar um de herói e tentar me salvar de qualquer coisa que poderia acontecer, e não quero que o Dylan se machuque no meu lugar se algo acontecesse.

- Bem, cara, eu vou para o pátio, qualquer coisa é só me procurar. – Ele disse sorrindo quando o sinal bateu e foi embora, mas de qualquer forma, eu tenho aula, não posso me preocupar com essas coisas.

Vou caminhando para a minha sala fingindo que nada tinha acontecido, pelo menos tentando, ainda estava passando por momentos que o meu cérebro tentava fingir que realmente não aconteceu nada.

Chegando na sala de biologia, me sentei em uma cadeira do lado da janela, eram cadeiras duplas, mas eu estava só, até o momento que um grandalhão, aparentemente do grupo do Connor senta no meu lado, não é por nada não...mas esse cara, ele parece um ogro de cabelos loiros. Ele ficava brincando com o lápis de uma maneira que me deixava com medo que ele enfiasse aquilo no meu pescoço para me matar. Enquanto isso, a professora de biologia entrava na sala com provas em mãos, o que fazia com que a turma inteira ficassem nervosos, causando um grande alvoroço já que eles não paravam de falar desde o momento em que eles viram a prova nas mãos da professora.

Mais alunos do clube de futebol americano da escola sentaram ao meu redor. Em torno de uns...quatro, não cheguei a olhar. Mas, mas não tem como com a frase que eu escuto, Eu queria poder não ter ouvido aquilo, quando um deles se aproxima do meu ouvido e diz:

- É melhor você tentar fugir antes que a gente lhe pegue, estou apenas avisando. – Disse o garoto em um tom de raiva.

Não tinha opção a não ser sair de lá, então, levanto tentando não olhar para trás e saio pela porta sem a permissão do professor e vou até a direção do pátio, mas, eu estava bem longe, em um corredor sem ninguém, até que eu escuto o barulho da porta da sala de aula de biologia se abrindo junto com o barulho dos tênis dos moleques, eu não podia correr, eles faziam atividade física todos os dias, se eu corresse, eles iriam me pegar, então, continuei caminhando. Mas eles me alcançaram, e me botaram contra a parede...quer dizer, armários.

- Ele teve a oportunidade de correr, mas ele não correu, ele está tentando se manter o sabichão, galera? – Disse que estava me prendendo, fiquei de boca calada, obvio.

- Talvez – Disse um deles – O faremos com ele? Ele merece uma surra por pegar a namorada dos outros! – Disse com outro com um sorriso estampado no rosto.

- Todos votam sim? – Pergunta o garoto na minha frente.

- Sim – Responderam todos, fazendo com que assim, eu levasse um soco forte na barriga, se já não bastasse depois do soco, eu tomava uma grande sequência de murros em meu rosto, já estava sentindo o gosto de sangue em minha boca.

Foi no momento em que me jogaram no chão e começaram a parte dos pontas-pés, mas pararam, de uma hora para outra, pararam. E eu continuava encolhido no chão do corredor, e fiz um pouco de esforço para ver o que estava acontecendo.

Era o Connor e uma outra pessoa do lado dele, um outro garoto. Se eu não voltasse morto para casa hoje, eu não sei no estado que eu ficaria, talvez vários roxos no corpo. Mas o que ele me disse, de certa forma me surpreendeu.

- Saíam! – Ordenou ele falando em um alto tom de voz que até eu ficaria intimidado, se já não estivesse acabado.

- O que? Foi você que disse que estava bravo com o garoto – Ele coloca o pé sobre minha cabeça e faz um pouco de pressão.

- MAS EU NÃO DISSE QUE DEVERIAM BATER NELE! – Disse ele com raiva, eu estava esperando uma frase do tipo: ‘’Deixa, eu mesmo o esmurro com meus  próprios punhos.’’

mas me surpreendi mais uma vez, dessa vez era o amigo de Connor empurrando o grandalhão que estava pisando na minha cabeça.  

- Pare com isso, John, não tem pra que machucar tanto o garoto – Ele entra em minha frente, fazendo com o que o grupinho do Connor se afaste.

- Qual é o problema de vocês dois? Já fizemos pior com outras pessoas. Estão mesmo amarelando? – Diz outro garoto uma expressão de alguém mais surpreendido do que eu mesmo

Enquanto isso, Connor se agachava e me ajudava a levantar, eu pensei que ele ia me puxar pelo braço e chutar a minha cabeça, mas ele só pegou em minha mão e fez um pouco de esforço para me levantar sem me machucar. Eu era magro, então, já sabe, né, aquilo já bastava para me colocar em pé.

- Me desculpe por isso – Diz ele olhando para mim, eu nunca notaria que os seus olhos era de um azul intenso, era...encantador.

Dezenove minutos depois

- Vem cá, deixa eu tirar isso daqui...tem sangue nos seus lábios – Eu fico sem reação e me mantenho parado na cadeira na frente de Connor,  ele encosta a mão no meu rosto e limpa o sangue com o polegar.