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História Um alguém especial - 1


Escrita por: FrancisClay

Notas do Autor


Ola meninas, enfim voltei. Ainda se lembram de mim...espero que sim..rsrsrsr. Bem fiquei com sdds de vcs e retornei dessa vez com uma adaptação de uma história que li há algum tempo. Eu gostei muito pois tem todos os elementos da vida de uma pessoa normal. Sim teremos comédia, drama e é claro, romance. Aproveitei o inicio da primavera para reaparecer pq sem duvida é a minha estação preferida, somada a esse mês que tb sou apaixonada. Bem, sem mais delongas, vamos a mais essa historia Clarina para somar a outras maravilhosas que estão postadas nesse universo. Como sempre, nunca é demais lembrar, relevem os erros de português...

Capítulo 1 - 1


— Vou virar lésbica.

— Como é????

Não vejo alternativas para minha pessoa. Meus relacionamentos são sempre recheados de caos, incertezas e o pior: traições. Por que sempre atraio tipos assim para minha vida? É carma, sina, macumba… é trabalho feito, só pode ser!

Vanessa, minha melhor amiga, bate com o copo na mesa e me encara, efusiva. Sei que ela gritará verdades na minha cara e não estou a fim de sermões hoje. Ajeita a franja ruiva para o lado e estreita os olhos, mirando-me bem lá no fundo e com uma cara de deboche solta uma piadinha no momento mais difícil de minha vida. Aff!!! Até parece que todos os momentos de minha vida não são assim. Droga de vida. E enquanto estou confabulando comigo mesma Vanessa dispara com sua língua afiada.

— Como assim...você vai mudar de time??? É isso mesmo que estou ouvindo??? Ou ta falando isso só pra me agradar e deixar a mamãe aqui feliz por ter todos os homens disponíveis do mercado?? Por que fala sério, você nunca perdoa um???

Ela falava e eu sentia que queria tirar uma com a minha cara. Só podia ser isso. Eu cheia de problemas e ela com suas brincadeiras irritantes.

— Van!!! Será que poderíamos focar aqui no que é importante de verdade nesse momento? Bufo desanimada.

Mas ela com certeza estava a fim de me tirar do sério então continuou irritantemente e de forma incisiva. Ah!!! Tenham certeza, ela sabia fazer isso com maestria. Então continuou falando de forma debochada.

— A não ser...(parou por um instante e parecia pensar) MARINA MEIRELLES!!! Você já ficou com mulheres alguma vez? Você já tem experiência no assunto?? Me conta mulher.

Ela estudava minhas expressões e aguardava uma resposta minha. Confesso que fiquei sem palavras. Parei pra pensar um pouco e fui jogada de volta ao meu passado de adolescente conturbada. Afinal isso fazia parte de meu passado quando morava em Parati com meus pais. Nunca mais havia pensado nisso com o tempo. Não posso negar que ter tido vamos dizer “um namorico de juventude sem compromisso” com minha melhor amiga foi legal na época, mas enfim quem nunca teve uma experiência dessas que atire a primeira pedra. Tá...tá bom...confesso, não foi um simples namorico de juventude sem compromisso. A Clara foi a minha primeira experiência quando eu não tinha nenhuma ainda e sim me marcou muito. Mas fiz merda, como sempre e consegui estragar isso também. Céus, eu devia ser impedida de ter relacionamentos porque definitivamente sou um fracasso colossal nessa área. Volto de meus devaneios com uma Vanessa me observando atentamente. Resolvo mudar o foco da conversa. Afinal isso era passado e lá deveria ficar. Sério gente, isso foi há muito tempo atrás e como puderam constatar não acabou bem. Como disse antes consegui estragar algo tão inocente e puro. Até hoje não entendo por que fiz isso, ela não merecia. Mas quem merece ne?  Pensando bem, acho que meus relacionamentos depois dela estavam fadados ao fracasso por que eu merecia pelo que fiz a ela. Bem, paciência, vamos deixar isso enterrado no passado. Não posso muda-lo. Tenho que conviver com isso. Talvez ela nem se lembre mais disso ou de mim. Mas retornando a realidade...

— Van, larga mão de ser doida, meu negócio é homens. Homens, lembra? Pensando bem, acho que nem isso, afinal meu dedo com certeza é podre para relacionamentos duradouros. Mas foco aqui ta bom. E antes que fale, sim acho que estou seriamente encrencada agora.

Vanessa me olhou novamente com seu olhar acusador e preparava seu discurso que no fundo eu sabia que ela estava certa. Mas...

— Nem vem, não quero ouvir. – balanço as mãos, defendendo-me de sua fúria sábia.

— Caramba, Nina. (Ah! Antes que eu me esqueça e dessa forma de ela me trata...na verdade é a forma como todos que me conhecem me tratam. Mas isso não importa agora por que sei que vem sermão dos bons ai...Que seja, vamos a ele).

— Se você me escutasse, não se meteria com tipos como o Roger. O babaca é um pegador, um galinha filho da mãe e ainda assim, você assumiu o risco. Para piorar a situação, deu-lhe um chute no saco e quebrou o nariz do cara, no meio de uma reunião importante para a agência. Perdemos o cliente e você a compostura e o emprego. – ela para e respira antes de arrematar: – Porra, você tem merda na cabeça?

— Van, não me crucifique. – jogo a cabeça para trás, entregando os pontos. – Você tem razão em tudo e eu a odeio por isso.

— Claro que me odeia, sou sua amiga e digo as verdades na sua cara!

— Droga, Van, o que farei da minha vida agora? – encolho os ombros, batendo com a testa na mesa do Starbucks. – Como pude ser tão burra?

Ah! Queridas, deixa eu esclarecer mais uma característica minha, burrice ao quadrado é minha marca registrada desde os doze anos de idade. Esse traço marcante da minha personalidade estourada e um tanto desequilibrada, já me meteu em altas confusões. Algumas até bem sérias que acabaram por ferir a minha alma.

O que eu tinha na cabeça para acertar o Roger daquela maneira ao final da reunião? Nem sei se realmente estou apaixonada pelo cara! Agi de forma intempestiva, sem pesar as consequências. E agora, pagarei em dobro por tamanha estupidez.

— Aproveite a demissão por justa causa e tire umas férias. Vá visitar o seu velho, passe um tempo com seus avós. Fará bem a você.      – Vanessa se desarma e toma minhas mãos entre as suas. – Marina, enquanto você respirar, sempre haverá uma saída.

— Belas palavras. – deixo um sorriso lacônico escapar. – Sei lá, acho que Deus desistiu de mim. Não tenho salvação, Van. Antes que perguntem sim, também sou melodramática ao extremo, que posso fazer faz parte do que eu sou. Minha amiga já esta acostumada com isso, ou não...

— Ah, cale a boca, também não precisa ser tão dramática. – Van recosta na cadeira e suspira alto. – A indenização vai acabar com suas economias, já pensou no que vai fazer?

— Que saco. – chacoalho a cabeça, descrente. – E nenhuma agência de São Paulo receberá meu currículo depois do que aprontei. Cavei minha própria sepultura e me atirei de cabeça.

— Nada que o tempo não resolva.

— Talvez eu deva mesmo ir para Paraty. – digo, resoluta. – Ajudar os velhos na pousada, chorar no colo do meu pai, curtir uma solidão à beira mar... não será de todo o mal. Mas é melhor eu deixar meu revólver por aqui, ou atirarei nas têmporas na primeira oportunidade.

— Melodrama barato esse. – Van revira os olhos, no maior tédio. – Sabe que pode sempre contar comigo, não sabe? – ela enfatiza.

— Obrigada, Van. É muito bom ter você na minha falida vida.

                                                                        ====================

       Como não sou de ficar esperando as coisas acontecerem juntei tudo que pude coloquei no meu carro e 3 dias depois estava eu na estrada  com  Highway to Hell rolando nas alturas enquanto afundava o pé em Lúcifer, meu Jeep Troller para lá de incrementado. Aos prantos, minha voz atinge as alturas, acompanhando com a cabeça as batidas da bateria e os acordes de Angus e Malcolm Young.

As unhas cor de ameixa arranham o volante de plumas avermelhadas quando relembro o que se passou e para onde estou indo. Faltam sessenta quilômetros para o meu destino.

Quando as coisas não saem como deveriam, fujo para o colo do meu pai. Ele sempre sabe o que fazer, mesmo que a coisa esteja preta para o meu lado. Estou no fundo do poço e só ele poderá me salvar.

Ouço a sirene e olho pelo espelho retrovisor. Mas que merda! Meus olhos correm até o velocímetro e xingo alto, esmurrando o volante com o punho fechado. Mil vezes merda!

Meu pé desacelera e dou seta para a direita. Bufo alto antes de desligar o som e o motor do carro. Não tiro o cinto de segurança, mas já me preparo para o que virá. Abro a janela lateral e aguardo a aproximação do policial rodoviário.

— Documentos. – a voz grave e altiva me faz gelar.

— Um minuto. – abro a bolsa e saco os documentos lá de dentro. Por sorte está tudo em dia, como meu velho ensinou.

Estendo a carteira com todos os documentos relevantes. Através do meu Ray Ban zerado, noto que esse é o típico policial metido a besta, com “oclinhos Police” e cara de malvado.

— Seu velocímetro está com problemas? – ele indaga, num tom arrogante.

— Acho que não. – limito-me na resposta.

— Estava quarenta por cento acima da velocidade máxima permitida. – ele checa a documentação. – Para onde está indo?

— Paraty.

— Talvez não chegue lá inteira se mantiver essa velocidade. – ele baixa os óculos para me encarar. – Pode sair do carro, por favor?

— Claro. – arquejo inconformada antes de desatar o cinto de segurança. – Eu realmente não percebi que estava correndo tanto.

— Nenhum motorista pé de chumbo percebe. – o policial franze os lábios e engulo em seco. – O que são essas caixas? Você tem a nota fiscal desses produtos?

As caixas a que ele se refere são da minha mega coleção de sapatos. Duzentos e oitenta e dois pares no total. Gosto de mantê-los em suas caixas originais, onde faço uma janelinha e nomeio um por um. Não sou louca, apenas gosto de sapatos.

— Não são produtos, são sapatos. Estou de mudança para Paraty e esses são meus móveis.

– reviro os olhos quando o policial arqueia as sobrancelhas, incerto.

— Tudo isso são sapatos? Para uso pessoal? – ele bate com a caneta Bic na boca, mirando-me.

— Algum problema com isso? – há certa irritação no meu tom e o policial percebe.

— Abra o porta-malas e essas caixas. Farei uma averiguação mais detalhada.

Como assim uma averiguação mais detalhada? Esse policial está de sacanagem comigo, só pode.

— Está de brincadeira, não é? – levo as mãos aos quadris. – Olhe, seu policial, eu tive uma semana do cão. Perdi meu namorado, meu emprego, minhas economias, o chão onde pisava… eu perdi tudo, menos meus duzentos e oitenta e dois pares de sapato. E, claro, não perdi o Lúcifer aqui.

        – bato uma das mãos na lataria do carro. – Por favor, dê logo essa multa e me deixe seguir viagem. Tenho litros de lágrimas para chorar no colo do meu velho pai.

Assumo uma postura ereta e tombo a cabeça de lado, aguardando a reação do homem da lei. E a resposta vem, totalmente inesperada.

— Siga-me até o posto policial mais a frente. Não só ganhará uma multa como também passará horas a fio aguardando que uma minuciosa averiguação seja feita nesse tal de Lúcifer. – ele chega mais perto e sinto o bafo de café nas fuças. – Mocinha, se não quiser se encrencar ainda mais, sugiro ficar de boca fechada.

Mas que merda!

                                                                         ====================

Três horas depois…

— Aqui está a multa e uma advertência. Só não irei apreender a sua carteira porque estou com pena de você, Marina.

Fiquei amiga do policial rodoviário Pacheco após três horas de averiguação sob o sol escaldante. Contei a ele e seus colegas todos os meus infortúnios, desde aquela última apresentação na agência.

A princípio, houve certa comoção entre os homens da lei, que ficaram chocados com a forma pela qual tratei do assunto traição. Mas isso foi só no início da narrativa, afinal, tão logo cheguei ao âmago da história, aqueles fardados começaram a me dar tapinhas nas costas e recebi vários incentivos para nunca mais me deixar enganar.

— Até que ficar presa nesse posto policial não foi de todo o mal, Pacheco. Estou mais calma, prometo não pisar tão fundo no acelerador do Lúcifer. – digo, jogando a bolsa por sobre o ombro, pronta para voltar à estrada.

— Mude o nome desse carro, não atrai boas vibrações.— Você é do tipo místico? – um sorriso me escapa pelos cantos da boca.

— Olhe, vou dar um conselho…

— É de graça? Porque como eu disse, estou sem um puto de um centavo. O Roger fez o favor de me ferrar.

O policial tira os óculos do rosto, guardando o objeto no bolso frontal do uniforme. Aproxima-se com a cabeça baixa e ergue as sobrancelhas na minha direção. Seus olhos cor de amêndoa me atravessam e sinto que lá vem uma lição de moral daquelas. Porque será que todos “adoram” me dar sermão??? Aff!! Vamos a ele, fazer o que ne???

- Manda Pachecão....sou toda ouvidos. E ele disparou...

— O que é seu está guardado e virá no tempo certo, independente da velocidade com que você corra. A ansiedade é uma distração inútil, digo isso com propriedade. Desacelere. Acredite em um poder superior. Não estamos sozinhos, alguém olha por nós.

— Isso é papo de espírita. Ou crente. Ah, você é evangélico, Pacheco? – quando quero me defender, faço isso. Tiro sarro, na maior cara dura.

— Gostei de conhecer você. – ele apenas sorri, recolocando os óculos de sol. – Deixe o que passou para trás. Encare sua chegada em Paraty como um recomeço, uma nova chance. Será legal, você vai ver.

— Valeu mesmo, Pacheco. E desculpe as piadinhas. – sinto-me mal de repente.

— E, Marina – ele balança o indicador na altura do meu nariz. –, se eu parar você novamente por excesso de velocidade, apreendo a carteira e o tal de Lúcifer, compreendido? Já passei um rádio para todos os postos policiais até Paraty e eles ficarão de olho em você.

— Beleza, Pacheco. – estendo a mão. – Foi legal conhecer você, pensei que todos os policiais eram malas sem alça.

Pacheco dá uma gargalhada e retribui o cumprimento. Não saberia dizer a idade dele, mas pelos cabelos brancos, chutaria uns quarenta e cinco anos.

— Até mais, garota.

≈≈≈

De volta à estrada.

Mantenho Lúcifer sob rédea curta, não permitindo que o velocímetro ultrapasse os cento e dez quilômetros por hora. Não é nada fácil, só para constar.

Meus olhos se revezam entre a estrada e o retrovisor, mas minha mente viaja a centenas de milhas daqui. Penso nas palavras do policial Pacheco e também da minha melhor amiga, Vanessa. É impressionante, mas sempre que preciso escutar umas verdades, elas surgem dos lugares mais inusitados e de pessoas por vezes inesperadas.

Talvez Pacheco tenha razão quando diz que alguém olha por nós. Bem, no meu caso, esse alguém parece ser cego.Só mais vinte quilômetros e estarei em casa. Meu estômago se remexe feliz quando penso na comidinha caseira da pousada e nos bolinhos de chuva do café-da-manhã.

Meus lábios sorriem instintivamente quando imagino os milhões de beijos e abraços que darei nos meus avós. Faz dois anos que não venho a Paraty, são eles que costumam me visitar.

Meus olhos se umedecem quando penso no meu pai. Faz seis meses que não nos vemos fisicamente. Ele tem trabalhado muito, assim como eu. Nossas conversas acontecem nos finais de semana, pelo Skype. Por mais que eu o veja do outro lado do monitor, não é a mesma coisa. Preciso de contato físico, aliás, estou precisando mesmo é de um abraço bem apertado, daqueles de estalar todos os ossos. E só o meu pai é capaz desse feito.

 


Notas Finais


Bem....por hoje é isso. Prometo já no primeiro capitulo que não vou abandonar a historia. Jamais...salvo por motivos que eu não possa controlar ou por algum motivo a história não agradar, rsrsrsrs...ah!!! prometo também me esforçar pra postar uma vez por semana. Enfim....tenham um bom fim de semana e ate o próximo capitulo...
Ps.: Já mencionei que estava com sdds de vcs. Rsrsrsrs
Fuiiiiiii e não deixe de comentar o que estão achando.
Bjos dessa humilde escritora.


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