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História Um alguém especial - 11


Escrita por: FrancisClay

Notas do Autor


Boa tarde meninas, como já foi dito antes hoje é dia de DR...rsrsrsrs...Vamos combinar que já está na hora de algumas explicações da Srta. Marina né??? Bem, vou parar de enrolar, vamos ao capítulo. Boa leitura.

Capítulo 11 - 11


 

Clara não responde. O silêncio agora é desconfortável, inquietante. Uma tensão se instala na boca do meu estômago e torço para que cheguemos logo à ponte.

— Por que me traiu naquela noite, Nina?

A pergunta me fuzila e as pernas bambeiam. Paro de andar e estou cabisbaixa, sentindo-me um lixo. Em algum momento essa pergunta viria à tona, mas não me sinto preparada para essa conversa. Ainda assim, forço-me a responder quando Clara ergue meu queixo, indagativa.

— Eu estava bêbada.

— Isso não é desculpa.

— É claro que não. – concordo, inspirando o ar profundamente.

— Sempre tive certeza dos seus sentimentos por mim. Sei que quando sua mãe foi embora, você surtou achando que não merecia nada de bom. E eu tenho consciência de que sempre fui sincera com você. – ela faz uma pausa e seus olhos se aprofundam. – O que houve naquela noite, Nina?

— Eu fiquei com medo, tá legal? – lágrimas irrompem, sem aviso. – Eu temia que você pudesse me deixar também.

— E por isso você me traiu? Para me afastar e fugir de uma possibilidade inexistente? – ela parece confusa com minha confissão. – Nina, sei que é maluca, mas isso é demais.

— Eu sei tá bom.  Nem os psiquiatras me entendem. – resmungo. – Naquele momento eu achei que era o certo a fazer. Estava tentando evitar um sofrimento futuro… caramba, eu não aguentaria se me abandonasse, Clarinha.

— Eu não acredito nisso, não pode estar falando sério. Por que achou que eu a deixaria? – ela sacode os cachos, indignada. – Nina, eu amo você. – e então, perplexa com a própria revelação, ela remenda: – Eu… eu… eu amava você.

Não me importo que ela tenha consertado a declaração. Suas palavras ressoam por todas as minhas células que, em júbilo, explodem em sensações e sentimentos avassaladores.

Clara é o homem perfeito. É o cara que descrevi naquele papel amarelado e amassado. E tenho vontade de me matar por ter perdido a chance de ser feliz. Como fui burra e não dei valor a quem estava a meu lado sempre que precisei. Será que está tudo perdido mesmo? Quer saber, não vou ficar com essa dúvida.

Num ímpeto desenfreado, me atiro sobre ela, numa sede intermitente. Meus braços envolvem seu pescoço quando nossos lábios se tocam, vorazes, incontroláveis.

Ela me puxa para mais perto e suas mãos grandes me prendem num abraço sufocante. Tombo a cabeça de lado e o gosto da sua boca é incrivelmente entorpecente, tanto que já estou viciada.

Meus dedos se agarram aos seus cabelos volumosos, numa ânsia irrefreável. Ela se inclina sobre mim e ergo uma das pernas, enlaçando seu quadril. Ah, agora a coisa pega fogo.

Mas que droga, eu sempre estou errada.

Clara, como que tomada por um alerta de perigo extremo, me afasta nervosamente. Está ofegante e com cara de quem cometeu um grande erro. Ela não me encara nos olhos e me sinto uma biscate, da pior categoria.

A garota está noiva, merda!

— Nina, eu…

— Desculpe, a culpa foi minha. – seguro as lágrimas, doida para enfiar a cabeça num buraco e não sair de lá antes dos oitenta anos.

— Eu preciso ir. – ela parece perdida, não sabe nem que direção tomar.

Clara finalmente se localiza e sai andando, sem se despedir ou olhar para trás. Estou travada no lugar, apenas observando enquanto ela se afasta, a passos apressados.

Bem que aquele garoto poderia voltar com sua gangue, armados até os dentes. Eu abriria os braços e me deixaria ser metralhada. Os moleques não teriam noção do tremendo mal que estariam extirpando desse planeta. Tenho certeza de que Deus seria benevolente e abriria as portas do Paraíso para eles.

                                                                                     ≈≈≈

 

Não consigo dormir.

Depois que desabafei com a Van, pelo computador, chorei por horas a fio, até as lágrimas secarem. Não estou me sentindo melhor, muito pelo contrário. Sei que a Samantha não merece o meu arrependimento, mas ainda assim, meu remorso é inevitável.

Levo o antebraço à testa e acabo de sorrir timidamente, com os lábios retesados. Rememoro uma das cenas mais cômicas que vivenciei ao lado de Clara. Foi na nossa primeira noite…

Estávamos acampando com dois casais de amigos. As três pequenas barracas já estavam armadas na praia quando a tempestade despencou dos céus. Corremos para nos proteger das gotas pesadas e gélidas, bem como dos raios apavorantes que riscavam a escuridão.

A fogueira se apagou por completo quando fechei o zíper da barraca para duas pessoas. Hesitei quando me vi sozinha com Clara. Eu tinha dezessete e ela dezoito anos. Sabia que não tinha escapatória e tenho que confessar que eu estava um tanto aflita.

Ela acendeu a lamparina e pedi que apagasse. Clara não discutiu e ficamos na penumbra. Eu arfava com as possibilidades e senti calafrios quando suas mãos quentes alcançaram meus ombros.

Eu jurei não cair na gargalhada e me contive.

Comecei a tatear e encontrei seu rosto. Meus dedos deslizaram por seu pescoço, ombros, braços, peitos e então, me detive em sua camiseta. Fui enrolando o tecido, puxando para cima. Ela colaborou e nos livramos da primeira peça de roupa.

Seus lábios se colaram em meu pescoço, enquanto ela arrancava minha saída de banho. Fiquei apenas de biquíni e estremeci quando seus dedos acariciaram minhas costas.

Estava escuro e não via praticamente nada além daquele vulto que se levantou e arrancou a  bermuda. Ah, Deus, minha primeira vez realmente iria acontecer. Um pânico se instalou na minha garganta, mas não recuei e nem pedi que parasse quando deitou-se ao meu lado, puxando-me para mais perto.

Alisei seu peito franzino e permaneci por tempo indeterminado naquele local. Suas mãos, que antes estavam em minha cintura, agora subiam perigosamente. Ela me beijou com vontade e acariciou meus seios, agora ligadões em seus movimentos circulares.

Enlouqueci.

Subi por cima dela e os beijos ficaram mais profundos, úmidos e estonteantes. As mãos de  Clara se firmaram em meus glúteos rígidos de tensão e porque não dizer, de tesão.

Despi-me de qualquer medo com relação ao que estava a ponto de acontecer. Sentia sua pulsação se acelerando, juntamente com a minha. E então, minha mão direita resolveu passear por aquela pele macia, deliciosamente em brasa.

Enfiei-me para dentro de sua calcinha e qual não foi minha surpresa ao me deparar com sua intimidade encharcada. Aí foi demais.

Levantei-me no susto. Antes que Clarinha se desse conta, abri o zíper da barraca e saí feito uma louca debaixo da tempestade. Corria como se assim pudesse salvar a minha vida.

Quando relembro da cena, começo a rir sozinha, incrédula com tamanha inocência. Já tínhamos tido alguns momentos de intimidade, mas eu nunca me deixei chegar tão longe.

Voltando ao patético cenário, eu corri muito. Caí duas ou três vezes no trajeto, mas eu não voltaria para aquela barraca nem arrastada! Eu queria sim fazer amor com a Clara, mas a que preço? Aquilo que presenciei ao colocar a mão por dentro de sua calcinha e perceber o quanto ela estava excitada me assustou de um forma indescritível. Só ai  então percebi que não sabia como me portar diante de tudo aquilo. Não me condenem. Eu me assustei, tá bom? E pensar de fato como poderíamos consumar aquilo tudo me apavorou, sei lá ...fiquei perdida. Ficou na dúvida se  seria doloroso e talvez não tão prazeroso. Continuei fugindo, sem olhar para trás.

Mas então, senti mãos se fechando em minha cintura. A queda foi inevitável e caí com a cara na areia. Lembro que me debati, pedindo que Clara esquecesse do assunto e me deixasse sozinha.

— Nina, eu nunca a machucaria. – ela disse acima da chuva, mas não relaxei. – Precisa confiar em mim.

— Não dá, Clara. – afastei-me e eu estou assustada, ok.

Ah, que estúpida!

Mas enfim, continuemos a narrativa:

— Eu resisti até hoje e não me importo de esperar o tempo que for preciso. – ela me lançou aquele olhar cheio de sentimentos e significados. – Não acontecerá nada que você não queira.

Uma sensação de segurança se apossou da minha insanidade desmedida. Eu precisava mesmo ter fugido daquela maneira? O amor que ela sentia por mim era escancarado, por que então esse pavor em elevar nossa relação a outro patamar?

Senti-me envergonhada.

Sentada sobre a areia molhada, puxei Clara para um abraço, com o intuito de me esconder daqueles olhos questionadores. Um estranho frenesi tomou conta do meu corpo quando seus braços se fecharam ao meu redor, protetores.

Fantasias, das mais loucas, começaram a me cutucar. Imagens do seu corpo sobre o meu, na areia da praia, debaixo dessa chuva toda… ah, isso seria incrível.

— Eu quero aqui e agora. – comuniquei, resoluta.

— Não precisa ser hoje.

— Mas eu quero.

— Acabou o clima, Nina.

— Você já disse isso antes e eu provei que estava errada. – meus lábios encheram seu rosto de beijos, escorregando até sua boca molhada. Não demorou muito e estávamos as duas rolando na areia, pilhadas.

A partir daí não fiz nenhuma besteira. Deixei-me guiar pela intuição e pelas vontades do meu corpo. Eu clamava por ela, num desejo que me arrebatou.

E caramba, foi bom demais!

Estava tudo perfeito: a chuva, a praia, aquele fogo interno, as palmeiras que balançavam com o vento, nossos corpos unidos numa dança instintiva, selvagem, transcendental.

Naquele dia, eu me deixei amar loucamente, afastando o medo insano, aquela voz vinda diretamente do meu ego que, vez ou outra, queria detonar com tudo. Debaixo daquela tempestade, eu a amei mais do que a mim mesma. Volto a realidade e descubro que minha felicidade sempre esteve em minhas mãos e eu consegui estragar tudo. Busquei em tantos lugares e com tantas pessoas o que eu já tinha. Lágrimas vem com força total e neste momento gostaria imensamente que essa dor da perda parasse. Por que Marina? Porque você tinha que destruir um sentimento tão puro. São tantas perguntas e analisando bem acho que não sei realmente a resposta pra nenhuma delas. Suspiro profundamente e outras memórias de nós duas invadem minha mente. É, parece que a partir de agora é assim que irei viver. De lembranças de momentos bons com a Clara que até agora não dava o valor devido, bufo inconformada.

                                                                       ≈≈≈

 

Já é fim de tarde quando escancaro a porta do meu quarto para Vanessa entrar. Ela deixa as malas num canto e se joga na minha cama, retomando a conversa iniciada ainda na recepção da pousada.

— E então, vamos colocar o plano em prática? – ela incita e eu recuo.

— Nem pensar! Não vou melar esse noivado, isso é demais até para mim. – um tanto estressada, deixo-me cair ao seu lado. – Van, e se eu só estiver com ciúmes?

— Ah, no começo pensei mesmo se tratar disso.

— Quando sua opinião mudou? – indago, ansiosa.

— Você sempre mascarou o amor que sente por ela. Vira e mexe a garota entrava nas nossas conversas. E os seus relacionamentos sem futuro? Meu, você realmente não queria se envolver, já que seu coração sempre pertenceu e sempre será de Clara.

Fito minha sábia amiga. Há um sorriso de entendimento brincando entre suas sardas fofas. Os cabelos ruivos estão espalhados sobre o lençol e ela me encara como se soubesse o que direi a seguir:

— Se ela se casar, serei a mulher mais infeliz desse mundo.

— Eu sei, por isso cheguei em boa hora. Ainda há tempo de ferrar com tudo.

                                                                                                   ≈≈≈

 

Levo Vanessa para um tour pela pousada. Ela esteve aqui por três vezes, mas algumas coisas mudaram desde sua última visita. Meus avós a adoram e Espírito também. Aliás, meu pai até saiu mais cedo do hospital para o jantar em homenagem a essa visita mais do que aguardada.

Relembramos momentos hilários da faculdade e da agência de propaganda. Van conta como chutei as bolas do Roger, durante aquela reunião importante para a empresa. Minha avó chora de tanto rir. Que bom que minhas histórias os divertem.

Após o banquete, resolvemos sair à caça de uma balada. Estou usando um vestido azul curto e uma jaqueta jeans por cima. Van preferiu uma bermuda preta de alfaiataria e uma blusinha branca de gola rulê. E nos pés, sapatilhas mega confortáveis.

Não há nada de interessante nessa cidade hoje. Poucos bares estão abertos e o único que nos chama a atenção pode se mostrar uma péssima ideia. Após deliberarmos os prós e contras, desistimos. Quando já estamos virando as costas, eis que uma voz rouca e extremamente sexy chama o meu nome.

Guilherme.

— Finalmente deu as caras, Nina. – ele se aproxima e não há para onde fugir.

— E aí, Gui. – noto que ele e Van trocam olhares quentes e tenho que me conter para não rir. Apresento minha melhor amiga no mundo e não é que o Guilherme está jogando o maior charme para cima dela? Galinha, sempre galinha.

— Sejam bem-vindas ao Boteco Nas Costas do Padre. – ele toma as mãos de Van, desferindo um beijo em ambas. Que malandro safado.

Nas Costas do Padre não era o nome oficial do bar. Mas Guilherme, como todo criativo inveterado, mudou a alcunha do boteco que se localiza atrás da igreja. O padre não deve ter ficado lá muito satisfeito.

— É um imenso prazer conhecê-lo. – minha amiga diz, com sua melhor voz sedutora. Ah meu Deus, devo me preocupar? Enfim, ela sabe onde está se metendo, já contei poucas e boas do Guilherme.

— E então, vamos entrar? – ele pergunta, sorrindo para Van.

— O bar está lotado, talvez um outro dia. – digo, puxando-a pelo braço.

— Nada disso. O bar está cheio, mas estou com uma mesa bem em frente ao palco. Estamos só eu e um amigo. Será um prazer ter a companhia de tão belas mulheres.

Devo vomitar agora ou mais tarde? Guilherme é tão meloso que chega a me causar náuseas.

— Nina? – ele me encara, aguardando uma resposta.

Meu olhar recai sobre Vanessa e suas pupilas parecem pular dentro das órbitas. Sei que ela quer ficar e não tenho como negar isso.

Contrariando todo o meu bom senso – já não tenho muito mesmo – decido:

— Ok, vamos ficar . Apesar de ninguém mais me interessar além de Clara chego a conclusão que umas horas jogando papo fora com um estranho, já que Vanessa e Guilherme parecem estar num mundo particular, não irão me fazer mal e assim talvez por algum tempo essa tristeza que me consome possa diminuir. Enfim, vamos nos divertir.

 


Notas Finais


Hoje fico por aqui. Espero que tenham gostado. Até semana que vem. Um bom fim de semana e um ótimo feriado prolongado (pelo menos o meu vai ser e vou estar viajando) e antes que perguntem ate quinta feira.
Bjos
Fuuuuiiiiii


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