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História Um alguém especial - 18


Escrita por: FrancisClay

Notas do Autor


Boa tarde meninas. Enfim quinta feira...Bora saber o desenrolar dessa despedida de solteiro? Então vamos ao capítulo. Boa leitura.

Capítulo 18 - 18


 

Olhares furtivos. Sorrisos encenados. Descontração teatral. É assim que estou me portando desde que cheguei ao luau. Clara já se deu conta da minha presença e sua reação deixou meu ego satisfeito. Ela ainda não se aproximou, mas tudo leva a crer que o fará.

Clara parece estar ensaiando uma forma de se dirigir a mim, leio isso nas entrelinhas dos seus movimentos corporais. Está tensa e quando nossos olhares se cruzam, soltam faíscas etéreas que chegam a incendiar a pele.

Presa numa roda de amigos, sinto seu desconforto ao longe. A cada cinco segundos leva a mão aos cachos dourados, alisando os fios para trás. Morde o lábio, olhando para as estrelas. Noto que sua respiração é curta e rápida. Sei que sou a causa de sua inquietação e a cada minuto que passa, tenho certeza de estar agindo corretamente.

Não posso perder essa mulher sem ao menos lutar.

Tenho consciência de que não a mereço. Clara é tudo que sempre sonhei em um relacionamento e ainda assim eu a perdi. Sou a causa da minha infelicidade, a única responsável pela situação crítica na qual me encontro.

Darei a ela um tempo, meia hora é o suficiente. Se Clara não se prontificar a ter uma conversa definitiva, irei até lá. Peço que Van me avise do horário, enquanto finalizo mais um copo de chopp.

— A doutora maravilha está lutando bravamente. – Van observa.

— É o que parece. – concordo. Mas que história é essa de doutora maravilha?? – dou um sorriso travesso das colocações de Vanessa.

— Sério??? Por onde passo só ouço elogios a essa mulher. Como pessoa, como profissional, enfim... e mais só de conseguir se reerguer depois do abismo que você a jogou Nina. Fala sério... essa mulher merece um troféu por ter que decidir entre você e a biscate.

— Hein – dou um tapa em seu braço mas tenho que concordar com suas palavras. Mesmo assim finjo indignação.

— Desculpa Nina, mas certas verdades não podem ser mascaradas. Mas voltando ao assunto... Olha ela... Definitivamente sua presença causa efeitos alarmantes. É notório e chega a me dar pena.

— Pena? – indago.

— Coloque-se no lugar dela. Tente imaginar a batalha interna que ela está vivendo nesse exato instante. É a despedida de solteira da garota e ela provavelmente está pensando em trair sua futura esposa com a namorada do passado, a mulher que realmente ama. – sinto-me horrível de repente. Não digo nada e Van continua: – Nina, não deve estar sendo fácil para a Clara. Você a traiu e saiu da vida dela sem aviso. Ficaram dez anos afastadas e agora, você ressurge das cinzas do passado, trazendo um amor avassalador à tona. É natural que ela esteja pirada, sem saber o que fazer.

— Você disse que eu deveria vir, me incentivou. – estou confusa. – Van, talvez eu esteja agindo mal, forçando uma situação que não deveria em hipótese alguma acontecer. – cabisbaixa, levanto apenas os olhos para fitar Clara. – Eu só quero que ela seja feliz.

— Mesmo longe de você? – ela questiona e não preciso pensar para responder.

— Mesmo que seja com outra mulher. – revelo, numa tristeza que me esmaga.

— Uau, você acaba de passar no meu último teste.

— Como é? – uno as sobrancelhas, intrigada. – Está me testando, Van?

Ela eleva uma das mãos, tocando meu rosto. Fixa meu olhar, tombando a cabeça de lado e sorrindo. Passei no tal teste e agora estou doida para saber qual o significado disso.

— Seu amor por essa mulher é real, Nina. E a prova disso é que você quer que ela seja feliz, mesmo que com outra pessoa.

— Duvidava do meu amor por ela? – questiono, indignada com a falta de confiança em minhas palavras, nos meus sentimentos.

— Não é isso. – ela toma minhas mãos. – Nunca duvidei do seu amor ou da intensidade dos seus sentimentos. Só queria saber até onde estaria disposta a ir, o que faria por essa mulher. E cara, você acaba de me surpreender. Nina, posso jurar que essa foi a coisa mais madura e sábia que você já disse.

— Sem ela nunca estarei completa. – confesso, entre lágrimas. – Precisei ferrar com a minha vida para entender isso.

— Vou mais além: você precisou crescer, amadurecer, viver para entender isso. Ninguém passa por essa existência sem cometer deslizes, Nina. Tudo bem que seu caso é extremo, mas algo me diz que essa lição você aprendeu e passou para o outro estágio com louvor.

— Eu preciso ter uma última conversa com ela. Não posso continuar com a minha vida sem ter certeza de que me perdoou. – miro Vanessa e enxugo as lágrimas. – Deseje-me sorte.

— Boa sorte, Nina.

Numa sincronicidade impressionante, Clara também toma sua decisão. Essa conexão é tão absurda que, por alguns instantes, congelo no lugar. Nossos olhares estão enlaçados e, mesmo as pessoas que passam entre nós, não são capazes de quebrar o elo.

Deixo que ela venha ao meu encontro. Dou uma olhada para trás e vejo Guilherme e Espírito se juntando a Van, incitando-me a continuar, a não desistir da única batalha pela qual vale a pena lutar.

Clara está próxima demais. Tenho vontade de me jogar sobre ela, abraçá-la até sufocar, despindo-me de qualquer proteção, libertando-me das amarras que me prendem à sanidade.

Perco as forças quando ela toma uma das minhas mãos. As pálpebras estremecem e se fecham, deixando-me a sós com as sensações e sentimentos borbulhantes. Deus, como sou capaz de amar tanto?

— Vamos dar uma volta. – ela se aproxima do meu rosto em chamas e sussurra.

Não respondo, mas concordo com a cabeça. Nossos dedos se entrelaçam e caminhamos lado a lado, sem qualquer palavra que possa atrapalhar esse momento perfeito.

Penso se ela não se preocupa com o possível falatório, se não liga para o fato de Samantha vir a descobrir sobre nossa escapada. Pelo visto, ela não está incomodada e relaxo.

Na beira do mar, com os pés descalços, vamos nos afastando da festa. A música vai diminuindo, assim como a iluminação. Por incrível que pareça, não estou aflita e muito menos ensaiando mentalmente o que dizer a seguir. Não quero planejar, tudo o que acontecer a partir de agora será natural e deverá soar como verdadeiro.

A brisa solta seu uivo noturno. Já estamos longe o bastante, nos aproximando das rochas na ponta da praia. A lua cheia está alta, cercada por estrelas piscantes e um halo prateado imaterial. Sinto uma paz profunda se aconchegando, fortalecendo-me.

— Não estou aqui para melar o seu casamento ou ferrar com a vida que escolheu. – meu tom é amoroso, mas firme. – Se você pedir, posso ir embora amanhã mesmo de Paraty, não quero ser o motivo da sua infelicidade em nenhum nível. – ela me encara com uma expressão insondável. – Por favor, me perdoe pelo que fiz a você. Não medi as consequências, agi de forma imatura, feri quem não merecia. Eu me arrependo todos os dias, Clara. Tentei apagá-la da minha vida, mas cheguei a conclusão de que é impossível, porque você faz parte de mim e sempre fará, independente do que aconteça daqui para a frente. Não sou tão egoísta como você pressupõe e sério, eu só quero que seja feliz. Preciso que acredite em mim e me perdoe. Quero ouvir você dizer, só assim terei paz de espírito.

A expressão de Clara não se altera. Quando expiro o ar e baixo o olhar numa tristeza narcótica, ela toma meu rosto entre as mãos, acariciando minhas bochechas com a ponta dos polegares.

— Quer que eu seja feliz? – ela questiona, retesando os lábios a seguir. Noto que os olhos verdes estão marejados, não suporto assistir à cena.

— Se você estiver feliz, vou ficar bem.

Seus olhos se aprofundam quando se aproxima. Suas mãos agora se enroscam nos meus cabelos e sinto que vou desmaiar. Caramba, só agora me dou conta de que eu morreria por ela, faria qualquer coisa por sua felicidade.

Vejo meu reflexo em tons esverdeados quando seus dedos correm até meus lábios, desenhando seu contorno. Arquejo, em súplica.

Não preciso pedir, ela sabe o que deve fazer para matar a minha sede, aplacar a minha fome.

Fraquejo quando Clarinha desliza aquelas mãos enormes pelas laterais do meu corpo, enlaçando minha cintura. Nem penso em recuar quando sua respiração se confunde com a minha. Meus olhos se fecham e tomo fôlego enquanto seus lábios provocam os meus, roçando bem de leve, me levando a loucura. Clara está me desafiando e estou adorando esse jogo.

Onde isso tudo vai dar, realmente não sei. A única coisa que quero nesse momento é jogar Clara sobre a areia e me entregar a ela, como se fosse a última vez.

Certo, ela quer provocar? Então terá que aguentar as consequências.

Esse roçar de lábios acaba de despertar minha Deusa Selvagem, meu lado obscuro e altamente perigoso. Meus dedos se fecham em seus cabelos esvoaçantes, agarrando-os com uma fúria abrasadora.

Ela arfa quando finco os dentes em seu queixo e sinto um sorriso tímido em seus lábios. Isso é tão excitante. Preciso me controlar para não machucá-la. Mordo com força suficiente para deixá-la maluca, a ponto de entregar o jogo. Não irei beijá-la, a iniciativa deverá partir dela.

Vou escorregando os lábios por seu pescoço, umedecendo sua pulsação acelerada. Sinto suas mãos ansiosas subindo por minhas costas, erguendo meus cabelos no alto. Clara morde meu ombro, sua língua quente e úmida corre pelo meu pescoço, chegando ao lóbulo da orelha. Ela mordisca e perco o ar. Aliás, acabo de perder também a compostura.

Com uma rasteira precisa, jogo Clara ao chão, caindo ávida sobre ela. Suas mãos cálidas descem com cobiça, friccionando o tecido do vestido com força, detendo-se em meus quadris inquietos.

Quando me dou conta, rolamos na areia e Clara está com aquele corpo escultural sobre mim. O peso dela faz uma pressão deliciosa e eu quero mais, desejo cada parte daquele corpo, eu preciso tocar sua alma.

Ela finalmente cede e me beija.

Sua língua é voraz e preenche todas as lacunas. Nunca ninguém me beijou dessa forma, nenhum homem atingiu o âmago com tanta precisão. Sim...a Clara é perfeita até nisso. Como pude tentar me enganar por tanto tempo. Essa completude que estou sentindo, onde duas peças se encaixam perfeitamente, é a prova de que Deus pensou em tudo. É a certeza de que existe alguém para nós, de que não fomos criados para a solidão.

— Nina, eu amo você e amo demais. Não respondo com palavras, não ainda.

Deslizo minhas mãos pelas laterais de seu corpo tentando abaixar seu vestido tomara que caia. Ela me auxilia nessa tarefa com louvor e se livra da peça por inteiro. Finco as unhas em sua bunda redonda, malhada, enrijecida. Percebo que ela veste uma lingerie da mesma cor de seu vestido. Ela é maravilhosa. Tudo nela é perfeito. Ela é perfeita. Seu corpo corresponde e ondula de desejo, pressionando-me mais e mais contra a areia.

Ofegante, quase enlouqueço quando me deparo com sua calcinha minúscula por baixo de seu vestido arrasador. Com uma destreza fenomenal, Clara se livra do meu vestido que nos atrapalhava. Estou perdida naquela boca insaciável, que agora morde meu lábio de forma prazerosa, enquanto minha calcinha sai de cena.

Opa, como isso aconteceu tão rápido?

Ouço o farfalhar das árvores mais ao longe. A brisa sopra mais forte, como se assim pudesse aplacar o fogo que nos consome. As ondas quebram em intervalos irregulares e começo a pensar como sobrevivi por dez anos longe dela. Está mais do que na hora de colocar em palavras o que sinto por Clara… não que palavras consigam expressar os sentimentos avassaladores que me condenam pela eternidade.

— Eu quero você, Clarinha. Mais do que isso ....eu preciso de você.....agora.

— Eu sou sua, sempre fui. – ela balbucia e eu derreto.

Agora tudo se encaixa perfeitamente nesse momento e deixo que ela me possua introduzindo em mim seus dedos magníficos. Nossa!!! Como senti tanta falta dessa química que tínhamos todo esse tempo em que estive longe dela. Só agora me dou conta disso. Sou arremessada então ao passado em outro momento feliz e muito importante de minha vida. A minha primeira vez. Aquela que com certeza me marcou de uma forma irreversível e só agora dou o devido valor a esse momento único. A força do seu amor reverbera por todo o meu corpo, me levando ao delírio. Seus movimentos são ansiosos, eu diria desesperados. Estou em êxtase, caminhando a passos rápidos para o nirvana.

— Não faz ideia do quanto me segurei… não imagina o quanto eu quis você assim, só para mim. – ela murmura, num tom estrangulado enquanto toca seus lábios por todo meu rosto e dando uma atenção maior a meu pescoço e antes que eu perceba sinto seus lábios quentes e ansiosos em contato com meus seios. Sua ânsia em senti-los me enlouquece. Com certeza só ela tem o dom de toca-los devidamente. Perco de vez o ultimo resquício de sanidade recebendo todo prazer que é possível neste instante. Sinto ondas de prazer invadir meu ser. Sinto todo o amor de Clara por mim e agora tenho a certeza que nada e ninguém poderá nos separar.

Ah, agora eu morro de vez.

Mas antes de morrer e renascer, preciso fazer um parênteses nessa narrativa extasiante. Garanto ser de extrema importância.

Com exceção de Clara, sempre que me vi na cama com outros caras, precisava exercitar o meu cérebro, excitando-o com imagens de policiais bonitões, encanadores fortões, surfistas suados ou, no pior dos casos, o corpo de bombeiros em peso.

Atingir o clímax só acontecia com os olhos bem fechados e juro que, na maioria das vezes, era na Clara em quem eu pensava. Só de me lembrar dos momentos que passamos juntos, era o suficiente para um orgasmo.

Com Clara é tão diferente do comum. Tenho vontade de permanecer com os olhos abertos, talvez para ter certeza absoluta de que é ela mesmo quem está aqui, me enlevando ao Paraíso.

Sempre foi assim, desde a primeira vez. Não preciso de qualquer esforço mental ou imagens sacanas. O que nos envolve ultrapassa os limites mundanos. O amor comanda as reações corporais e sua presença é o que basta para me levar aos céus.

Fecho o parênteses e arranho suas costas quando meu amor se torna insuportável. Eu a quero, mais do que qualquer coisa no universo. Ela é minha, forjada especialmente para mim.

— Nina, case comigo. – ela pede entre gemidos e eu enlouqueço.

Meu corpo ondula e o dela por conseguinte. Minhas unhas rasgam seus braços trêmulos e suados. Seu beijo é tão profundo, tão significativo, que de repente me sinto sem peso algum, como se estivesse flutuando.

Clara perde as forças e seu corpo se esparrama sobre o meu. Sem fôlego, eu a abraço, deixando as lágrimas queimarem meu rosto, morrendo na areia da praia. Retire tudo o que eu disse sobre deixar essa mulher viver ao lado de outra mulher. Isso só acontecerá por cima do meu cadáver.


Notas Finais


Por hoje é só. Espero que tenham gostado. Desejo a vcs um Feliz Natal em família e que o espirito natalino esteja presente hoje e sempre. Um bom fim de semana. Até semana que vem.
Um beijo no coração de todas vcs... Que Deus abençoe a todos nós.
Fuuuuiiiiii


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