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História Um alguém especial - 21


Escrita por: FrancisClay

Notas do Autor


Olá meninas enfim cheguei com o capitulo final. Agradeço de coração todos os comentários, sugestões e principalmente o carinho destinado a minha pessoa. Vcs me fizeram muito feliz durante esse tempo em que mantivemos o contato semanal. Vou leva-las no meu coração. Sem mais delongas vamos ao capítulo. Boa leitura e pela última vez relevem os erros.

Capítulo 21 - 21


Finalmente estou deixando o hospital para trás. Graças a Deus!!! Não estava suportando ficar nem mais um minuto neste ambiente depressivo. Essa “estada” forçada já deu para os próximos mil anos. Se bem lembram desde que voltei pra Parati essa já é a segunda vez que quase passei dessa pra melhor. Melhor...melhor...aham. Não sei quem inventou essa de melhor porque pra mim melhor é continuar viva e muita bem viva por aqui mesmo. Mas se continuo aqui é por ainda tenho muito que aproveitar. E vou agarrar essa “nova vida” com toda força.  Chega de ficar flertando com a morte toda hora. Quero viver em paz agora.  Mas em contrapartida esse tempo passado aqui apôs o incidente quase fatal com a maluca da Samantha serviu de certo modo pra que eu repensasse tudo que se passou até hoje comigo. Sim pessoas, eu estou crescendo e acredito eu pra melhor. Já não era sem tempo não acham? Foi por viver tanto tempo com esse complexo de Peter Pan e dando cabeçadas por ai que quase arruinei minha relação com minha família amada e principalmente foi tanto tempo negando meu verdadeiro e único amor que quase perdi a mulher da minha vida. Enfim acordei há tempo e hoje posso afirmar que sou muito feliz. Sei que ainda estou me recuperando dos últimos acontecimentos desastrosos mas vamos combinar que nada é tão fácil quando falamos de Marina Meirelles. Não gente...calma lá...isso não é um puro e simplesmente drama. Vocês foram testemunhas de muita coisa que aconteceu comigo, principalmente desde da minha saída intempestuosa de São Paulo até que chegamos a esse ponto de minha vida. Enfim aqui estamos para que eu possa prosseguir minha caminhada com quem é importante pra mim. (Nossa!!! Tô parecendo minha mãe falando).  Meus familiares maravilhosos, meus amigos inigualáveis. Hum...retificando, a Vanessa tá mais pra uma irmã do que tudo e por último mas não menos importante Clara Fernandes...ops !!! Já ia me esquecendo a Dra. Clara Fernandes, minha mulher, minha amante, minha amiga, meu tudo....entenderam....minha e somente minha.

Enquanto estou divagando observando as paisagens pela janela Clara conduz o carro em silêncio imagino também pensando de alguma forma em nós. Olho em sua direção e tenho em contrapartida o sorriso mais lindo que existe nesse mundo e todo meu diga-se de passagem. Tá gente, sei que estou sendo repetitiva, mas fazer o que? Essa mulher desperta esse sentimento de posse em mim. Podem me culpar por isso? Tenho certeza que fariam a mesma coisa e defenderiam com unhas e dentes se tivessem uma mulher maravilhosa assim em suas vidas. Mas voltando ao sorriso da Clarinha. Ah seu sorriso!!!! Seu sorriso é aquele misto de que ao mesmo tempo que aquece meu coração o fazendo bater descontroladamente faz também minha alma sentir a serenidade na esperança que seremos muito felizes. Se algum dia tive dúvidas agora tenho certeza. Clara Fernandes é meu porto seguro de onde nunca mais quero deixar.

Hoje é sábado e Clara está cheia de segredinhos, nem imagino o que esperar quando chegar à pousada. Desato o cinto de segurança e deito a cabeça em seu ombro, aconchegando minha mão em local proibido para qualquer outra pessoa seja homem e principalmente mulher.

Ofegante, ela acaricia o dorso da minha mão com a ponta dos dedos, detendo-se sobre a aliança de compromisso que, aliás, também está usando no anelar direito. Não há sinais daquela alergia e estou sorrindo mentalmente. Volto dos meus devaneios com sua voz maravilhosa.

— Meus pais ligaram. Virão para o nosso casamento.

— Jura? Vão se abalar lá da Austrália? – levanto a cabeça para fitá-la.

— Só você consegue proezas como essa. Eles te adoram e ficaram enlouquecidos quando contei as novidades.

— Falou sobre o restante? As marcas de guerra? – questiono.

— Não há necessidade em preocupá-los.

Clara estaciona a Pajero e não vejo movimento na pousada. Passa das dez da manhã e ninguém, com exceção da Clarinha, apareceu no hospital hoje. Isso está me cheirando a algo que obviamente me fará chorar.

Ela enlaça minha cintura e a imito. Abraçadas, caminhamos preguiçosamente pelo estacionamento, passando pela piscina que me causa calafrios, vencendo o jardim central, até entrarmos no gazebo.

Finjo surpresa, mas não. Tanto que as lágrimas já vertiam ainda no jardim, mesmo sem saber o que haviam aprontado para a minha chegada. Caramba, tem gente saindo pelo ladrão por aqui.

Rostos conhecidos, amigos de longa data, minha família reunida. Cara, o que mais quero da minha vida? Há tanto amor nesse gazebo, tanta felicidade, que não estou cabendo em mim.

Cumprimento um por um, despendendo tempo suficiente para todos. Recebo as boas-vindas com um sorriso impresso no rosto, uma expressão que será minha marca registrada a partir de agora.

Satisfeita com a socialização, sento à mesa com Vanessa e Guilherme. Esses dois trocam carícias e olhares apaixonados o tempo todo, é tão lindo de ver. Clara toma assento ao meu lado, trazendo bolo de cenoura com a cobertura chocolate que só minha avó é capaz de fazer.

Faço menção em usar o garfo, mas ela não permite. De uma forma extremamente sensual, pinça um pedaço com os dedos e leva até a minha boca. É óbvio que quero gargalhar, mas me seguro. Quando a iguaria já está na minha boca, fecho os lábios em torno dos seus dedos, lambendo a seguir. Boquiaberta, ela ofega e eu engasgo, entre risos.

— E então, já marcaram a data? – Van pergunta, deitando a cabeça no ombro de Guilherme.

— Ainda não.

— E o local? – Gui questiona.

— Na praia, é lógico. Precisa ser em Trindade, acha que a prefeitura fecha um local para nós? – indago.

— Consigo isso para vocês. – Guilherme dá um beijo nos cabelos de Vanessa e me derreto com a cena.

— E a lua de mel Nina? Pensam em viajar? – Van me encara e o que noto é uma alegria incontida, nunca vi minha amiga tão feliz assim antes.

— Se quiserem velejar, tenho um veleiro zerado que ganhei no poker. – Guilherme confessa, entre sorrisos vitoriosos.

— Ganhou um veleiro jogando poker? – Clara se sobressalta. – Seu sortudo filho da mãe.

— Velejar é muito romântico. – mira Clarinha e ela concorda. – Poderíamos passar uns dias em Angra ou Ilha Bela. – sugiro.

— Qualquer lugar com você está perfeito. – ela diz e eu solto um suspiro apaixonado no ar.

— Nina, posso falar com você? – Van dá um beijo em Guilherme e se levanta.

— Claro. – colo meus lábios nos de Clara e mordisco de leve, só para provocar. Ela me encara com desejo e, um tanto contrariada, acaba deixando que eu vá.

                                                                                             ≈≈≈

 

Passamos pela piscina e eu me encolho, abraçando-me. Van percebe meu desconforto e passa o braço sobre meus ombros, puxando-me para mais perto. Continuamos caminhando até um banco de madeira mais ao longe, debaixo de um coqueiro gigantesco, rodeado de margaridas.

— Estou de mudança para Paraty. – ela conta e me pega desprevenida.

— Está brincando! Jura?

— Já liguei para o Roger e pedi demissão. Só preciso ir até São Paulo para acertar a entrega do apê e preparar a mudança.

— Ah, Van, que notícia incrível. – tomo suas mãos, beijando-as. – Cara, podemos abrir uma agência, algo diferenciado. E você pode ficar com o meu quarto pelo tempo que quiser. – ofereço, eufórica.

— Não vou precisar do seu quarto. – ela revela e baixa os olhos, com um sorriso secreto nos lábios.

— Certo, conte tudo.

— Vou morar com o Guilherme. Pronto, falei. Ai. Meu. Deus.

— Sei que vai dizer que está tudo acontecendo rápido demais e tal, mas eu estou perdidamente apaixonada e a recíproca me parece verdadeira, Nina. Conheço o tipo, sei que galinhas não tem salvação, mas há algo diferente nele, não sei explicar. Quando disse que estávamos pensando em abrir uma agência por aqui, ele nem pensou para fazer o convite, foi logo falando: “Venha morar comigo.” – ela muda o tom da voz teatralmente para encenar o Guilherme.

— Van… – ela não me deixa falar.

— Nina, acompanhei todos os seus casos amorosos toscos, fui contra sua relação com o Roger, detonei com você quando se envolveu com aquele idiota da academia. Mas, sério, o Guilherme não é como eles.

— Van... – novamente ela me corta.

— Sei que posso estar pagando a droga da minha língua, que se esse relacionamento não der certo, você vai dizer “eu avisei.” – a imitação dela da minha pessoa não é das melhores. – Sabe, estou a fim de arriscar para ver no que vai dar. Pode parecer loucura, mas estou com a nítida impressão de que serei feliz ao lado dele.

— Van... – ela faz menção em continuar a se defender e eu estresso. – Porra, me escute!

— Tá, fale. – ela recua e tenho vontade de rir.

— Van, não vou julgá-la. Para falar a verdade, eu dou a maior força.

— Sério? Nem uma liçãozinha de moral? – ela une as sobrancelhas, incerta.

— Nadinha. Só precisa me prometer uma coisa.

— O que é? – ela aguarda, ansiosa.

— Seja muito feliz.

Ah, essa frase foi o que bastou para essas duas loucas aqui abrirem o bocão e começarem a chorar. Abraçadas ao máximo da capacidade permitida, fazemos juras de amor e amizade eternas. Só me dou conta de que não estamos mais sozinhas quando escuto alguém pigarrear.

Clara e Guilherme se entreolham, interrogativos. Enxugo as lágrimas que escorrem sem controle e Vanessa funga ao meu lado. Nesse instante, tenho a sensação sublime de que a felicidade plena existe e pode acontecer para qualquer um de nós. Eles se juntam a nós e informamos a Clara da grande notícia do novo casalzinho de Parati. Clara fica num misto de felicidade e preocupação por Vanessa mas sabe que aquele Guilherme de nossa juventude já não existe mais pelo menos tem demonstrado isso desde que conheceu Vanessa então apesar de feliz vai continuar com um pezinho atrás. – solta um sorrisinho contido que não passa desapercebido por mim.

- Que foi meu amor?

- Nada meu anjo. Apenas pensando o quanto você está me fazendo feliz de uns tempos pra cá e que não imagino mais minha vida longe de você então brindemos a isso mas sem álcool pra você por enquanto mocinha. Quero você 100%. Afinal você está longe de mim há muito tempo e a saudade é enorme.

Se a intenção da Clara foi me tirar do eixo ...parabéns. Me sinto em chamas agora. Claro que isso não passou desapercebido por ela que tinha um olhar sacana pra mim e pra meu desespero também não passou desapercebido de Vanessa e Gui que tentaram pegar no meu pé. Cortei o assunto rapidamente.

- Gente ....que tal juntarmos as outras pessoas que estão aqui, afinal isso é uma comemoração pra todos nós com o fim de um pesadelo.

Todos concordaram e saímos abraçados em direção aos outros que conversavam e riam de forma animada. Ao aproximarmos de meus pais ali agarradinhos feito dois adolescentes me senti recompensada. Não sabe como fico feliz em vê-los assim. Espero que se acertem de vez e que enfim possamos ser uma família equilibrada. Fiquei por muito tempo tentando em vão odiar minha mãe a culpando pelas burradas que fiz e pela maneira como conduzia meus atos e minha vida mas estava enganada e agora que consegui fazer as pazes com meu passado me sinto mais leve e por isso consigo enxergar a minha mãe como amiga e sentir todo o amor que ela tem por mim. Olho meu pai e vejo em seu rosto o retrato da felicidade. Seus olhinhos até faíscam de tanto amor. A festa prosseguiu por um bom tempo ainda mais num certo momento pedi licença a todos pra que eu pudesse descansar um pouco afinal meu tempo de molho tinha sido matador. Ai credo!!! Que péssima escolha de palavras. Apesar da estar morrendo de saudades de minha Clarinha eu não tinha forças ainda para saciar a saudade devidamente. Céus!!!  Será por quanto tempo essa palavra irá me incomodar....morte e tudo que a cerca. Ainda tenho pesadelos daquele dia. Só de pensar no meu desespero em perder a Clara só isso já me basta pra ter calafrios. Espero que essas lembranças daquele dia passe o mais rápido possível. Não quero nunca mais cogitar a ideia de perdê-la. Clara me acompanha até o quarto e fica deitada ao meu lado apenas me cobrindo com seu carinho. Obviamente não tenta nada demais. Não vou insistir por que quero estar bem para cumprir minha promessa de fazê-la feliz pelo resto de sua vida. Nesses pensamentos acabo adormecendo profundamente e com a certeza que seus braços protetores estarão lá quando eu acordar.

 

                                                                                                ≈≈≈

 

        Cinco anos se passaram. Como devem pensar sim eu me casei com Clarinha. E como idealizamos foi celebrado na praia. Ainda recordo como se fosse hoje. Eu num vestido branco e flores nos cabelos. Mas meu melhor não era o vestido ou qualquer outro objeto que eu usava pra tentar ficar linda pra minha mulher e sim o sorriso que eu estampava em meu rosto. Como minha mãe mesmo disse. “Marina minha filha você está brilhando de tanta felicidade. Sua luz está se sobressaindo em tanta beleza”. Sim...era dessa forma que eu me sentia...iluminada e abençoada também. Com Clara não era diferente. Seu brilho estava diferente naquele fim de tarde. Eu poderia ficar aqui horas e horas descrevendo a perfeição que se apresentava a minha frente e nem assim seria justo com tanta beleza. Como podem imaginar a celebração foi realizada por minha mãe que estava radiante pela felicidade de nós duas, pelo olhar atento de amigos próximos, meus familiares e os pais de Clara e como padrinhos mais do que especiais Vanessa e Guilherme. Van estava empenhada em me fazer borrar toda a maquiagem pois não parava de chorar. Eu entendo. Possivelmente também será assim quando eu for madrinha de seu casamento com Guilherme. E se me segurei nas lágrimas com a Van o mesmo não foi possível com as palavras de minha mãe. Pode passar uma eternidade que as palavras dela ficarão marcadas para sempre em minha memória........

           “ Amigos queridos….a mim foi dada a missão de ser a porta voz da união dessas pessoas maravilhosas que estão a minha frente e que são a meu ver o retrato mais próximo de duas pessoas que se amam incondicionalmente. Digo mais… duas almas unidas no espaço e no tempo e que nada e ninguém seria capaz de separar. Houve percalços…sim…mas o que seria da vida se não tivessemos esses sobressaltos pra que pudessemos entender de vez qual o sentido verdadeiro do amor. E o tempo provou isso. Essas duas almas gêmeas tiveram separadas por um tempo e por obra do destino ou de forças maiores voltaram a se unir. Tenho a felicidade sublime de tê-las proxima a mim. Uma.. a filha amada que por muito tempo mantive afastada por motivos que já foram superados e entendidos. Sim havia a distância geografica mas não a distância do coração. A mantive conectada com meu eu superior e dessa forma tive a protegendo por todos esses anos e mandando boas vibrações.

         (Minha mãe me dizia isso olhando nos meus olhos e eu entendia perfeitamente o sentido de suas palavras. As lagrimas já desciam livremente por meu rosto fui despertada quando senti a mão de Clara tentando impedir minhas lágrimas de descerem e enquanto olhavamos um nos olhos da outra minha mãe voltou a falar).

         O que dizer de você Clara….minha outra filha só que de coração. Sua bondade e coração puro é o que tem mais de precioso. Seu poder de perdão é invejavel. Ninguém poderia recriminá-la se você se tornasse uma pessoa amarga e que ficasse o resto da vida remoendo rancores. Você na sua plenitude enquanto ser iluminado conseguiu enxergar uma luz em seu sofrimento. A sua postura nobre foi impar. E quem ganhou nisso tudo foi o amor…esse amor eterno de vocês que como disse vai alem dessa vida. Me perguntaram uma vez qual seria na minha opiniao o segredo dos casamentos duradouros então recitei um poema de autor desconhecido mas que me marcou e muito e agora compartilho com vocês.

Qual será o segredo dos casamentos duradouros?

No casamento, as pequenas coisas são as grandes coisas.

É jamais ser muito velho para dar-se as mãos, diz ele.
           É lembrar de dizer “te amo”, pelo menos uma vez ao dia.
           É nunca ir dormir zangado.
           É ter valores e objetivos comuns.
           É estar unidos ao enfrentar o mundo.
           É formar um círculo de amor que una toda a família.
           É proferir elogios e ter capacidade para perdoar e esquecer.
          É proporcionar uma atmosfera onde cada qual possa crescer na busca recíproca do bem e do belo.
          É não só casar-se com a pessoa certa, mas ser o companheiro perfeito. E para ser o companheiro perfeito é preciso ter bom humor e otimismo. Ser natural e saber agir com tato.
          É saber escutar com atenção, sem interromper a cada instante.
          É mostrar admiração e confiança, interessando-se pelos problemas e atividades do outro.
          Perguntar o que o atormenta, o que o deixa feliz, por que está aborrecido.
          É ser discreto, sabendo o momento de deixar o companheiro a sós para que coloque em ordem seus pensamentos.
          É distribuir carinho e compreensão, combinando amor e poesia, sem esquecer galanteios e cortesia.
          É ter sabedoria para repetir os momentos do namoro. Aqueles momentos mágicos em que a orquestra do mundo parecia tocar somente para os dois.
          É ser o apoio diante dos demais.
         É ter cuidado no linguajar, é ser firme, leal.
         É ter atenção além do trivial e conseguir descobrir quando um se tiver esmerado na apresentação para o outro.
         Um novo corte de cabelo, uma vestimenta diferente, detalhes pequenos, mas importantes.
         É saber dar atenção para a família do outro pois, ao se unir o casal, as duas famílias formam uma unidade.
         É cultivar o desejo constante de superação.
         É responder dignamente e de forma justa por todos os atos.
         É ser grato por tudo o que um significa na vida do outro.

O amor real, por manter as suas raízes no equilíbrio, vai se firmando dia a dia, através da convivência estreita.

O amor, nascido de uma vivência progressiva e madura, não tende a acabar, mas amplia-se, uma vez que os envolvidos passam a conhecer vícios e virtudes, manias e costumes de um e de outro.

O equilíbrio do amor promove a prática da justiça e da bondade, da cooperação e do senso de dever, da afetividade e advertência amadurecida.

            Bem … vou me calar por um tempo pra que possam fazer suas juras….Agora é com vocês meninas.

            Ficamos de pé de frente uma pra outra e unimos as mãos. Num consenso silencioso Clara deixou que eu começasse por que sabia que se falasse primeiro eu não teria condições para falar nada depois. Fiquei nervosa por um momento que pareceu uma eternidade. Enfim as palavras sairam….

“Nós somos muito diferentes, mas somos diferentes de um jeito que eu acho perfeito, porque a gente se complementa. Você é tudo o que estava faltando na minha vida. E eu espero, sinceramente, poder ser o mesmo pra você. A gente se conhece desde de pequenininhas e você sempre esteve sempre próxima a mim. Acho que o destino quis assim. Mesmo com minhas cabeçadas na vida você sempre esteve lá por mim...por nós e até um certo momento não via dessa forma. Seu amor sempre perdoava meus deslizes. (Clara tentou dizer algo mas a impedi suavemente colocando meus dedos sobre seus lábios).

Não Clara...eu preciso dizer isso e sei que já sabe disso tudo e que me perdoou mais eu preciso tirar isso de vez do meu coração e quero que todo mundo saiba o quanto é maravilhosa e que vou fazer de tudo do possível ao impossível pra torna-la a mulher mais feliz deste mundo. Sim...essa será  a minha missão. (Nesse momento nós duas já não conseguíamos mais segurar as lágrimas e pra minha surpresa Clara ainda iria me surpreender ainda mais).

           Marina meu amor...

O casamento é um de um laço de amor. Um laço que deve ser leve como um abraço, não apertado como um nó, mas firme o suficiente para não se desfazer com o vento.

     O casamento deve ser feito de amor, de respeito e admiração. Deve sobreviver ao fim da paixão, a tormentas e qualquer tipo de tentação. Num casamento deve haver diálogo, não discussão. O importante não é saber quem tem razão, mas encontrar um consenso.

        Num casamento, as duas partes devem aprender a ceder. Se apenas um cede, sem nada em troca receber, a frustração se instala e a amargura pode começar a crescer.

As mágoas e tristezas que surgem não devem ser guardadas, devem virar palavras, que sejam escritas ou faladas. As palavras emudecidas, viram rancor. E não há nada melhor para acabar com o rancor do que um baú de memórias cheio de amor.

  O casamento deve ser um compromisso feliz e espontâneo. Não um encargo pesado, uma obrigação. No casamento deve haver união, porque quando duas pessoas se juntam é para remar na mesma direção.

O casamento é apenas o começo! Um laço de amor que pode guardar um presente maravilhoso para o futuro.

       Enquanto eu ainda absorvia as palavras de Clara minha mãe deu prosseguimento a cerimônia....

         Enfim quero parabenizar o casal por este momento tão sublime que é o da união entre duas pessoas que se amam.

       Que vocês sejam cobertas de bênçãos, felicidades e plena harmonia e que o caminhar dessa nova vida seja sempre para vocês caminhos de flores e esperança e a constituição de uma nova família sempre dentro da mais pura felicidade.

       Parabéns por esse passo tão importante e de tamanha grandeza em suas vidas e que hoje e sempre vocês sejam muito felizes. Podem se beijar meus amores”.

 

Ah!!! Que dia maravilhoso. Como disse ficará marcado para sempre. O importante é que somos felizes e enfim encontramos a paz tão desejada. O que quebrou essa paz de início foi receber notícias da maluca. Acreditam?? Sim. Hoje recebemos uma carta de um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro. Demorei horas para criar coragem e ler o conteúdo, com medo do que iria encontrar. Pensei que se tratava de algum tipo de ameaça, mas não. Era um pedido de desculpas e parecia sincero. O papel timbrado e pautado do hospital, dizia:

“Clara e Nina,

Demorei anos para ter coragem de escrever essa mensagem. Não há um dia que passe sem que eu lamente pelos meus atos. Não há desculpas, nem palavras que possam amenizar a minha culpa.

Espero que estejam felizes, casadas, com filhos. Desde a infância sempre soube que vocês haviam sido feitas uma para a outra e absolutamente nada poderia mudar esse fato.

Talvez um dia eu saia daqui e quando isso acontecer, não devem temer. Superei meus traumas, ressentimentos e frustrações. Sou uma nova pessoa e torço para que um dia me perdoem, essa seria uma libertação para mim.

Felicidades,

Samantha Bragança.”

 

É fim de tarde e Clara está com a cabeça aninhada em meu colo. Acaricio seus cachos dourados, namorando aquele rosto angelical com um sorriso maroto no rosto.

A praia está tranquila, quase deserta. Um casal passeia à beira-mar e um grupo de garotos joga futebol ao longe. Os bares começam a fechar e o sol está dando um espetáculo em tons avermelhados.

— Acha que devemos responder a carta? – Clara interpela.

— Não sei. – dou de ombros. – Eu já perdoei, e você?

— Também.

— Então escreva algo sucinto. – sugiro.

— Porque eu? A criativa aqui é você.

— Está tirando o corpo fora na maior cara dura, doutora?

— Quer brigar, Nina? – ela faz a cara mais fofa deste mundo e eu derreto.

— Hum, não é má ideia. – umedeço os lábios de forma sensual. – Adoro uma reconciliação.

— Não me provoque desse jeito. – ela murmura e ajeita uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Mesmo após cinco anos de casadas, continuo arrepiando ao seu toque.

A vida não poderia ser melhor. Tanto é verdade que meu lado drama sumiu por completo. Certo, confesso: de vez em quando eu até gosto de um drama, só para dar uma agitada nas coisas.

Vanessa e eu montamos a tão sonhada agência de propaganda e como mamys havia previsto, a maioria das contas da cidade fazem parte do nosso portfólio de clientes. Meus pais estão morando juntos há três anos. Minha mãe se mudou para cá e tem um consultório de terapias holísticas ao lado da agência. É um entra e sai de malucos que chega a dar medo.

Meus avós continuam firmes, fortes e lúcidos à frente da Pousada das Margaridas. Vivem como se fossem imortais e adoro pensar que estarão ao meu lado para sempre.

Espírito está morando com aquele carinha dos cabelos compridos, o que conheceu no boteco Nas Costas Do Padre. Falam em adotar um filho e acho a ideia excelente.

Vejo Vanessa, Guilherme e a pequena herdeira Sara bem distantes. Caminham, sem compromisso, pelas areias fofas e ainda quentes após um dia de sol escaldante.

O barrigão de oito meses não passa despercebido. Ela está tão radiante que chego a ficar emocionada com a cena. Cauã será muito bem-vindo, minha afilhada estava mesmo precisando de um irmãozinho.

— A Van está linda com esse barrigão. – comento.

— Mulheres grávidas são lindas, tanto que chegam a brilhar.

— Nesse caso, doutora, acho melhor deixar seus óculos de sol no jeito.

Ela ergue o tronco, num sobressalto. Seus olhos verdes translúcidos se atiram dentro dos meus, buscando compreender o que acabei de dizer. Clara fica ofegante de repente e me seguro para não rir.

— Nina, o que está querendo dizer?

— Cansei da vida boa, preciso de algum drama.

— Você… você… você… – ela gagueja e me mantenho séria. – Nina, não brinque com isso. Nesse ponto já não consigo me segurar. Deixo um sorriso escapar e elevo minhas mãos, acariciando seu rosto, beijando seus lábios trêmulos, descendo pelo pescoço pulsante, aproximando-me de seu ouvido.

— Oito semanas, Clara. – sussurro e enlaço seu pescoço.

Clara não esboça reação, aliás, acho que parou de respirar. Droga, será que a notícia a deixou em choque?

Bem, deixa eu atualizar vocês dos acontecimentos. Gente é tanta coisa, mas me acompanhem. Desde que casamos, na verdade bem antes eu sabia que o sonho da Clarinha era ser mãe. Acho que esse seu espirito de ajudar os outros de uma maneira ou outra sempre me pareceu uma necessidade subtendida que gostaria de formar uma família. Eu até entendo, ela sempre foi muito família e como não tinha irmãos e seus pais sempre viveram viajando a deixando com os avós ela meio que desenvolveu essa necessidade. O que ela não sabe é que comecei a fazer o tratamento pra fertilização por incentivo dela, apesar dela não me pressionar mas enfim resolvi dar essa alegria a meu amor. Fiz tudo em silencio com a ajuda de Vanessa e meus pais que me ajudaram buscando a melhor clinica disponível e enfim meus esforços deram certo. Espero que a Clarinha não fique brava. Apenas quis fazer uma surpresa e acho que sua felicidade é tamanha que já estou perdoada. Recuo e a encaro. Ela está boquiaberta e parece assustada. Será que eu tinha que ter contado de outra maneira? A Van disse que eu deveria prepará-la antes da notícia, afinal, como ela bem lembrou, o Guilherme ficou tão chocado com a primeira gravidez que acabou tropeçando na corda da âncora e caindo do barco.

— Clarinha, você está aí? – estalo os dedos na altura de seus olhos.

Clara acorda do transe. Suas mãos ansiosas tomam meu rosto de assalto enquanto ela vasculha minhas reações, de maneira aflita. É como se estivesse buscando uma confirmação e não sei o que pensar.

— Eu vou ser mãe? Vai me dar um filho, Nina? – nesse ponto, seus olhos estão marejados e fico toda sentimental.

— Sei que esse é o grande sonho da sua vida, Clara. Não topei antes porque queria recuperar o tempo perdido. – faço uma pausa curta. – Eu realmente precisei ter você só para mim nesses cinco anos, mas está mais do que na hora de iniciarmos uma família, de nos preocuparmos com alguém além de nós mesmos. Finalmente me sinto preparada para ser mãe.

— Você faz ideia do presente que acaba de me dar?

— Na verdade, tem mais uma coisinha que preciso contar. – hesito.

— O que é? Algum problema com a gravidez? – ela chacoalha meus ombros. – Nina, fale logo.

— Então meu amor. Você como médica sabe que esses tratamentos são meios incertos e que algumas situações diferentes podem acontecer.

- Nina, não faz assim comigo poxa. Fala logo. Há algum problema com sua gravidez.

- Calma Clara não é isso. É que esse presente virá em dose dupla.

Droga!

É sério mesmo que ela acaba de desmaiar? — Clara, fale comigo. Clara, acorda! E pelo visto, o drama não terá fim.


Notas Finais


Bem é isso meninas. Espero que tenham gostado do desfecho. Não digo adeus mais um ate logo. Quem sabe não apareço novamente nesse mesmo batlocal....rsrsrsrs...Um bom fim de semana...fiquem com Deus e até.
Um beijão a todas.
Fuuuiiiiiii


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