História Um amor em meio às trevas (Saphael) - Negociações

Simon estava do lado oposto ao de Raphael na longa mesa que tinha lugar para pelo menos 12 pessoas, eles estavam na sala de reuniões e apenas o acusado, o líder e os membros do conselho ocupavam a mesa. Não era como a estrutura dos julgamentos da Clave mas os vampiros não se importavam com o fato de possuírem uma estrutura um pouco mais simples.

Além dos líderes do conselho havia outros membros do clã na sala, acomodados em sofás e poltronas acolchoados. Todos ansiavam pela decisão de Raphael e esperavam ouvi-lo dizer o mesmo que disse no dia em que Simon fugiu com seus amigos caçadores das trevas e Camille.

- Muito bem, vamos iniciar esta sessão. – interveio Raphael – Primeiro vamos ouvir o réu e depois os membros do conselho, como sei que ninguém vai defendê-lo além dele mesmo presumo que terei que levantar algumas questões, não para defender ou condenar, mas para que todos aqui reflitam sobre certos pontos.

Simon deu um sorriso tímido, mas não teve coragem de olhar para o seu “vampirão”, e ao que parece ele foi o único a perceber aquilo porque o outro retribuiu o gesto da forma mais discreta que pôde.

- Pra começar vamos ouvir o Simon, afinal o resultado dessa discussão determinará o futuro dele.

- Muito bem – disse o mais antigo dos membros do conselho –, pode começar garoto.

- Bem, eu não sei se o que vou falar terá alguma influência sobre a opinião que vocês tem ao meu respeito, mas não foi minha intenção traí-los. Eu só ajudei a Clary e os outros a tirarem a Camille daqui porque ela tinha um livro com o feitiço que acordou a mãe da Clary, e isso precisava ser feito porque ela é uma importante peça para determos Valentine. Eu não tenho nada contra ninguém aqui e nunca quis traí-los, vocês me acolheram na hora que eu mais precisei e eu voltei justamente para me desculpar, porque sei que feri os princípios de vocês. Mas a Jocelyn foi esposa do Valentine, ela fugiu dele uma vez com o cálice mortal e conseguiu esconder sua filha dele por todos esses anos, se tem alguém que pode nos ajudar a detê-lo esse alguém é ela.

Todos se olharem ao ouvir o depoimento do novato, o que ele disse fazia sentido, mas ainda não era o suficiente para justificar seus atos.

- Meu jovem – o vampiro voltou a dizer –, você realmente fez algo que pode nos beneficiar no final das contas, mas isso não justifica ter desobedecido ordens diretas de seu líder e feito o que seus amiguinhos queriam quando deveria estar ao nosso lado.

- Isso mesmo, nem sei por que estamos aqui discutindo pontos de vista quando o próprio Raphael já havia lhe condenado à morte, afinal de contas não há outro caminho, não é? – disse o braço-direito de Raphael com um sorriso maléfico.

- Bem... – foi a vez de Raphael se pronunciar – Como eu já disse a todos aqui presentes, não creio que seja o momento oportuno para acabar com a raça do novato, por mais que ele tenha feito por onde. Sei que não sou de voltar atrás nas minhas decisões, mas não estamos em posição de perder nenhum soldado, Valentine está formando um exército para destruir todas as criaturas do submundo e seus resultados já começam a aparecer, já perdemos mais vampiros do que esperávamos e Simon pode ser útil a nossa luta. Além disso...

- Além disso o quê, Raphael? – perguntou o primeiro a contestar Simon.

- Além disso vocês não pararam para pensar que o Simon tem certa influência que nenhum de nós aqui tem, ele tem amigos caçadores das trevas e também certa proximidade com o líder dos lobisomens, sei que não são nossos companheiros favoritos, mas matá-lo ou deixá-lo vivo pode significar escolher entre uma forte aliança ou nossa ruína.

Simon não conseguiu não sorrir ao ver Raphael o defendendo, ele queria voar no pescoço dele e o abraçar, derrubando-o daquela cadeira e rolando com ele no chão como dois cachorrinhos, mas se controlou.

- O que você quer dizer? – o outro perguntou.

- Vocês já pararam para pensar no que vai acontecer quando os amigos do Simon descobrirem que o destruímos? Porque eles sabem que ele veio pra cá e não poderemos esconder por muito tempo que ele está morto se fizermos isso – Raphael se pegou ao seu argumento tentando desenvolvê-lo melhor – Não sei se isso ficaria em pune, e se os caçadores se unirem a matilha para vingar esse vampirinho que vocês estão vendo, não sei se teremos chance.

De repente os vampiros que estavam acompanhando a discussão começaram a cochichar entre si e foi perceptível o impacto que aquele argumento provocou em todos os presentes naquela sala.

- Não podemos acabar com o Simon simplesmente por raiva e ignorar que isso vai trazer consequências, por isso que estou disposto a reconsiderar a sentença que havia dado antes, vocês querem arriscar começar uma guerra por causa dele?

A pergunta de Raphael foi retórica, mas ele esperava que sua argumentação fosse o suficiente para encerrar o assunto, pelo menos por um tempo. Qual não foi sua surpresa quando o vampiro mais velho se pronunciou.

- Entendo seu ponto de vista, Raphael, mas ainda acho que devemos punir o novato com a mesma pena de todos os que já infringiram as regras, se houver consequências estaremos aqui para lidar com elas.

Mas aquilo foi demais pra ele.

- Basta! – Raphael bateu forte na mesa enquanto se levantava – Isso não está aberto a discussão. Eu não quero perder mais nenhum soldado, muito menos todos ao mesmo tempo, não vamos matar o Simon só porque vocês estão com raiva dele e provocar uma guerra. Ele vai ficar sob minha supervisão a partir de agora e não irá mais sair deste hotel sem que esteja acompanhado de um de nós, e apenas quando precisarmos o enviar para algum tipo de missão. Esse assunto não está encerrado, ele infringiu as regras e deve ser punido por isso, mas por enquanto o manteremos vivo caso ele seja útil e quando toda essa loucura passar, nos reuniremos novamente para tomar a decisão final.

Todos assentiram e começaram a se retirar, no final das contas só Raphael e Simon ficaram na sala.

- Eu sinto muito – Raphael disse acariciando o rosto desolado de Simon – mas nós vamos arranjar um jeito de resolver tudo isso, ganhar mais tempo é importante para descobrirmos como.

Simon se levantou e Raphael o abraçou com força dando um leve beijo em seu pescoço.

- Eu não vou deixar que nada nem ninguém te machuque!

Simon sorriu e se apertou ainda mais em seus braços, sentindo-se o homem mais protegido e feliz do mundo.