História Um amor em meio às trevas (Saphael) - Acordo

Assim que chegaram ao restaurante de fachada da matilha, Simon e Raphael se depararam com dois lobisomens que guardavam a entrada.

Raphael o olhou com cara de poucos amigos e Simon sorriu, pegando sua mão.

- Está tudo bem, ninguém vai brigar esta noite!

Ele tentou retribuir o sorriso, mas saiu meio forçado. Depois relaxou um pouco e perdeu-se nos olhos do amado, ignorando tudo ao seu redor.

- Tudo bem, amor, o que importa é que você está ao meu lado.

Eles caminharam de mãos dadas até a entrada do restaurante e Simon falou com um dos homens na porta.

- Luke já está sabendo da nossa vinda, algum de vocês poderia avisá-lo que estamos aqui?

- Vocês podem entrar – um deles disse olhando para as mãos deles entrelaçadas – Já fomos avisados da sua vinda e nosso líder os aguarda lá dentro.

Eles entraram, soltando as mãos e foram para o salão principal onde Luke estava sentado, conversando com alguém que se retirou ao vê-los se aproximarem. Havia alguns lobisomens em forma humana sentados nas mesas ao redor, mas eles não demonstraram nenhuma reação além do olhar de repugnância que lançaram aos dois vampiros que haviam entrado.

- Muito bem, rapazes – Luke falou chamando-os para mais perto – Vamos conversar! – depois se dirigiu aos lobos na sala – E vocês comportem-se! Se não for incômodo, nos dêem licença!

Todos entenderam o recado e enquanto Simon e Raphael se juntavam ao líder da matilha em uma mesa, os lobisomens deixaram o salão.

- Muito bem, – ele foi o primeiro a falar – eu soube que houveram desavenças entre os nossos esta noite. Imagino que seja por isso que estejam aqui! – dessa vez ele se dirigiu a Raphael.

- Exatamente. Foi muito covarde da parte dos seus lobisomens, já que não fizemos absolutamente nada contra eles. Pelo contrário, com exceção do que o Simon fez, nós nem sequer os atacamos.

- Eu sei – Luke disse pesaroso – Fico feliz que Simon tenha impedido que algo pior acontecesse. Mas você sabe como estas coisas funcionam, Raphael Santiago, tão bem quanto eu. Nossas raças não se dão bem, e isto é uma briga de séculos, são os instintos.

- Sei sim, mas isto não significa que da próxima vez eu vá levar em questão os instintos antes de vingar meus vampiros.

Luke o olhou severamente, visivelmente incomodado com a ameaça.

- Tudo bem – Simon entrou na conversa – Todos entendemos que somos inimigos naturais há séculos e que não nos tornaremos amiguinhos do dia pra noite, mas isto não pode acontecer sempre que nos encontrarmos, Luke, sei que você concorda comigo.

Ele então se dirigiu a Simon, parecia ser mais fácil conversar com ele.

- Eu sei, Simon, mas nem todos são tão ajuizados quanto você! – ele deu um sorriso camarada e Simon retribuiu.

- A questão é que precisamos parar com isso, para o bem de todos nós. Entendo que não teremos uma relação de amizade devido às circunstâncias, mas precisamos da sua ajuda para que incidentes assim não voltem a acontecer. Não podemos simplesmente esbarrar uns nos outros por coincidência e travar uma guerra, porque ambos sabemos que independente se serão vampiros ou lobisomens as vítimas de uma briguinha sem motivo, isto vai desencadear uma luta bem maior.

Simon fez uma pausa e analisou a expressão do amigo.

- O que realmente queremos combinar com você Luke é um tipo de acordo, garantimos que manteremos os vampiros sob controle nesse aspecto e precisamos que você faça o mesmo com seus lobisomens. Assim não perderemos nossos amigos e aliados e ninguém se machuca. Precisamos da sua ajuda! E em troca lhe garantimos que todos nós iremos nos comportar e esquecer o que aconteceu esta noite.

Ele pensou naquelas palavras por alguns instantes enquanto Raphael olhava alarmado para Simon, ele não duvidava que seu ‘vampirinho-adolescente’ seria capaz de resolver aquela situação, mas vê-lo liderar daquela forma, usando até certa gentileza para garantir que alcançaria seus objetivos, deixou o atual líder dos vampiros surpreso.

- Tudo bem, Simon, aceito o acordo de vocês. Não se preocupem que terei uma conversa séria com os rapazes e os manterei longe de vocês, mesmo que voltem a se encontrar por aí. Dou minha palavra!

- Ótimo! – Simon concordou – Ficamos combinados assim então!

Simon sorriu como o garoto simpático e gentil que geralmente era e estendeu a mão pra Luke, que a apertou retribuindo o sorriso e em seguida estendeu a mão para Raphael, que também a apertou mas com uma expressão mais séria.

Raphael queria falar algo, mas não havia mais o que ser dito, o acordo havia sido feito e ele preferia não estragar tudo com suas palavras rudes.

Assim, eles se despediram e saíram daquele lugar de volta à sua casa.

Mas antes de irem direto para o hotel deram uma paradinha no caminho para conversar um pouco.