História Um amor em meio às trevas (Saphael) - Reencontro

No dia seguinte Simon comunicou aos amigos a sua decisão de ir ao hotel Dumort conversar com Raphael, todos – exceto Clary – acharam que ele estava louco, mas o rapaz soube persuadi-los de que queria apenas pedir desculpas ao líder do clã e tentar explicar mais uma vez seus motivos.

Tanto Isabelle quanto Clary se ofereceram para acompanhá-lo devido aos riscos de sua decisão, Alec não se pronunciou mas no fundo também o acompanharia se ele desejasse, mas Simon disse que queria ir sozinho e que eles não precisavam se preocupar.

A melhor parte é que em nenhum momento Clary demonstrou saber que ele desejava ver Raphael por motivos além de um pedido de desculpas, e isso o deixou ainda mais grato já que ele não quis demonstrar para os outros suas reais intenções.

Ele esperaria até a noite para ir até o hotel, afinal vampiros não saem no sol.

Raphael estava no salão principal, desfrutando de um bom bife sangrento e distraído com um dos quadros presentes no local quando ouviu passos arrastados e grunhidos que o fizeram instantaneamente se levantar em estado de alerta.

Alguns segundos depois Simon estava em seu campo de visão sendo arrastado por dois brutamontes e vários outros componentes do clã os acompanhavam. Quase todos estavam ali, certamente desejando ver como o novato seria castigado por seus atos já que conseguiu fugir da última vez.

Raphael ficou imóvel quando viu aquela cena, o que estava acontecendo? Como livraria Simon daquela situação? Ele pigarreou com um ar de tédio e assumiu sua carapuça sem emoção.

- Ora ora, o que temos aqui!

- O traidor voltou, Raphael. Só estamos esperando suas ordens para acabar com ele! – disse um dos vampiros que seguravam Simon, visivelmente satisfeito com o que acreditava ser o destino do novato.

De repente Raphael sentiu borboletas no estômago, mas manteve a postura séria e imparcial.

- Eu preciso falar com você. – disse Simon em um tom de súplica, ele não demonstrava ter medo do que pudesse lhe acontecer, seu medo era que tudo aquilo acabasse sem poder conversar com seu “amigo”.

- Conversar sobre o quê, Simon?

- É particular. Mas é um assunto do seu interesse.

Todos os outros riram em deboche mas tiveram que se conter ao olhar para a expressão desafiadora de Rafael.

- Tudo bem, Simon, vamos conversar. – e depois se virou para os outros – Deixem-nos a sós!

- Mas, ele... – um dos vampiros tentou argumentar.

- Eu não estou pedindo... – Raphael mostrou as presas.

Em seguida todos eles saíram da sala e deixaram Simon e Raphael em companhia um do outro.

- Eu sabia que podia contar com você! – Simon foi o primeiro a falar como sempre, com aquele sorriso de moleque que Raphael adorava.

- Você não pode aparecer assim do nada, principalmente depois do que fez, parou pra pensar nas consequências?

- Parei sim, mas cheguei a conclusão que não importava, eu só precisava te ver mesmo que fosse pela última vez.

Raphael sorriu. Depois voltou a assumir sua postura séria e perguntou com certa preocupação:

- O que aconteceu?

- Aconteceu que eu sinto a sua falta. Sei que é estranho ouvir isso, acredite em mim, eu estou me sentindo muito estranho ultimamente. Mas você se tornou parte da minha vida, Raphael, e te machucar me machuca também. Eu sinto muito por ter te desapontado, juro que não foi minha intenção. Eu só precisava te dizer isso de alguma forma, mesmo sabendo que talvez seja a minha última oportunidade de te ver.

- O que deu em você, Lewis? Desde quando é tão sentimental?

(Por dentro ele estava soltando fogos de artifício!)

- Eu não sei – Simon começou a se aproximar e percebeu que isso deixou o outro meio desconsertado. – Eu só queria te mostrar que me importo com você, que não queria te machucar, pelo contrário, eu faria qualquer coisa pra te ver feliz! – ele parou a cerca de dois passos de Raphael.

- Qualquer coisa mesmo? – o outro desafiou.

Simon sorriu, de repente suas bochechas ficaram levemente vermelhas e ele olhou para os pés como se estivesse procurando um buraco abaixo de si, talvez tivesse ido longe demais.

Foi aí que a mágica aconteceu. Raphael não aguentou mais e levantou sua cabeça colocando um dos dedos em seu queixo, no instante seguinte eles estavam se olhando nos olhos, perdidos em um mundo que pertencia só aos dois. Ele deu mais um passo, mas não conseguiu avançar, e foi a vez de Simon agir.

Nenhum dos dois pareceu se importar com o que aconteceria depois ou como realmente aquilo aconteceu, mas em alguns segundos suas bocas estavam coladas uma na outra, seus corpos se chocavam e se apertavam um contra o outro e eles não lembravam mais nem os próprios nomes.

Foi Simon que tomou a iniciativa. Ao ver aquele gesto tão carinhoso de Raphael ele não se controlou, simplesmente apoiou a mão esquerda em seu pescoço e o puxou para mais perto até que seus lábios se encontrassem. Ele ainda não tinha certeza, não sabia nem qual seria a reação do outro, mas queria aquilo mais do que tudo no mundo.

Eles se beijaram pelo que pareceu uma eternidade. Começaram com carinho, descobrindo os contornos do outro e tentando preenchê-lo totalmente, mas depois suas línguas começaram a pedir por mais, unindo-se como duas almas que estavam separadas e finalmente se reencontraram.

Simon não sabia o que Raphael estava sentindo, mas não podia imaginar sensação melhor do que aquela, não conseguia pensar em parar, e o mais importante, não se arrependia nem um pouco. Imaginava que o outro também estivesse gostando, pois mesmo que ele quisesse não poderia forçá-lo a fazer aquilo, e considerando que ele não o havia soltado nem empurrado deveria esperar por aquele momento também.

Mas eles não poderiam se beijar pra sempre, e quando se desvencilharam ambos estavam ofegantes.

- Wow... Raphael, eu... – mas antes que ele pudesse pensar no que dizer ouviu uma voz grave atrás de si.

Em seguida os vampiros que o levaram até ali apareceram aos poucos.

- Então, Raphael, já decidiu o que vamos fazer com ele?